07 março, 2008

Rui Moreira e Artur Santos Silva



Os nomes de Rui Moreira e de Artur Santos Silva têm estado nas bocas do mundo portuense.

Apesar da muita parra da seriedade de Rui Rio, a uva tem sido pouca, e os resultados apresentados em relação às expectativas criadas pelos seus apoiantes, são francamente modestos.

Para não fugir à regra politiqueira, só agora - que estão à porta as eleições autárquicas - começam a vislumbrar-se algumas benfeitorias na cidade. Algumas ruas pavimentadas, uns buracos tapados, alguns jardins medianamente arranjados, umas poucas casitas recuperadas do centro histórico, dá para perceber a preocupação do conflituoso autarca com a próxima época de caça (ao voto). O populismo do costume...
Apesar disso, as atenções dos tripeiros parecem voltar-se para outras personalidades do burgo. Rui Rio, tem o respeito de grande parte do eleitorado, mas poucos gostam dele. Daí que, a discussão sobre quem melhor poderia substituí-lo na Presidência Câmara comece a ficar animada.
Santos Silva, é outra figura que tem sido lançada como provável candidato e considerada consensual em certos círculos. Há quem defenda ser o único capaz de fazer convergir opiniões favoráveis entre PS e PSD.

Parecendo igualmente credíveis as duas candidaturas, Rui Moreira tem todavia, algumas características em relação a Santos Silva que podem dar-lhe alguma vantagem. Uma delas, não despicienda, é a sua grande capacidade de comunicar para um eleitorado heterogéneo. A outra, é a da ser mais jovem e praticamente desligado de vincadas ligações político-partidárias . Santos Silva, tem um perfil mais reservado e elitista, o que poderá eventualmente comprometer-lhe a candidatura.
Por outro lado, Rui Moreira representa para os eleitores portistas uma séria reserva para a futura presidência ao Futebol Clube do Porto, que é o único facto susceptível de gerar alguma hesitação nesse eleitorado, mas que seria facilmente ultrapassado com uma atempada definição, sobre a sua vontade e opção.

De resto, são dois homens do Porto, competentes, participativos, cultos e também sérios.

O ideal para os portuenses, seria aproveitar as potencialidades de ambos, porque o Porto bem precisa de gente com ambições cívicas, qualificada e honesta.

05 março, 2008

"ACERCA DOS OPTIMISMOS AVULSOS"

Há quem diga que o Norte, e o Porto em particular, se queixa demais do que não faz e, em vez de reagir e lutar contra as adversidades para as vencer e ultrapassar, se refugia na lamúria e no "sacudir a água do capote próprio", responsabilizando Lisboa e o Governo por tudo de negativo que aqui vem acontecendo de há umas décadas para cá.

Algo me diz que os efeitos da ressaca pós-centralismo (se é que, alguma vez terá fim) estão para dar e durar. O centralismo vigente é como um tumor, deixa metástases por onde passa, e se há organismos que lhe resistem, outros há, que supondo tê-lo controlado já estão contaminados sem disso se darem conta.

Vejamos: começando por Belmiro de Azevedo no tôpo da pirâmide da sociedade civil, passando pelo senhor António da padaria da esquina, prosseguindo por todos aqueles que estão empregados, até à imensa fila dos que não têm essa sorte, seria bom que, definitivamente, soubéssemos a qual destes quadros se referem os "optimistas" deste país.

Este hábito - que já se tornou doentio - de carregarmos na tecla do pessimismo para justificar a depressão do Porto e do Norte, tem der ser refreado quanto antes, sob pena de nos vermos ainda mais privados da atenção do Estado Central do que já estamos. Além de mais, não é rigoroso nem sequer honesto, cair-se sistematicamente na esparrela de fazer-se do positivismo uma espécie de caldeirada onde se misturam peixes de tipos e qualidades diferentes.

Com o respeito que lhe é devido, pela idade e pela reputação que conseguiu granjear, haverá pessoa mais optimista que o Dr. Mário Soares? E daí? Esse optimismo, foi-lhe porventura suficiente para evitar a estagnação social e económica do país?

Ainda hoje, podemos ver na página do JN com a rúbrica "Termómetro", dedicada a frases de figuras públicas, como é o caso de uma do Dr. Soares a confirmar o seu típico optimismo: "tenho confiança no futuro de Portugal e dos portugueses, sempre tive". Fica-lhe bem, mas não chega. Os portugueses precisam de factos, de resultados optimistas, não de previsões otpimistas. As previsões optimistas quando repetidamente defraudadas soam como uma burla.

Já sabemos que não é com derrotismo e lamentos que se progride, mas para lá chegarmos não é suficiente reclamarmos a livre iniciativa dos cidadãos ou o apelarmos ao empreendedorismo sem dizermos concretamente para quem estamos a falar.

Perguntem aos milhões de portugueses que, durante décadas a fio, entre os 50 anos de ditadura e os quase 34 que já viveram de "democracia" (as aspas são incontornáveis), se viram obrigados a sair do país para não morrerem de fome. Perguntem agora, aos milhares de jovens licenciados que não conseguem empregar-se nem vislumbram possibilidades a medio prazo de o conseguirem e que começam também eles agora a procurar alternativas no mercado estrangeiro. Perguntem-lhes se é de optimismo que eles querem ouvir falar quando andam a exigir-lhes mais e mais qualificações. Para quê? Para se verem depois empurrados para a emigração?

Ontem mesmo, a RTP mostrou um documentário sobre emigrantes portugueses em Vancover, no Canadá, onde aparentemente prosperaram; mas o que seria feito deles se se deixassem ficar por cá? Que oportunidades lhes teriam sido dadas neste país de burocratas e corruptos?

Não foi, seguramente, o "optimismo" nacionaleiro que os ajudou a contornar os obstáculos, foi algo mais concreto, como a coragem de partir e a fé nas condições oferecidas por um país que não era o seu.

Deixemo-nos sim, é de lamúrias falsamente optimistas, porque essas mais do que constituirem um estímulo para a superação de dificuldades, são um subterfúgio para não ver a realidade e um óptimo aliado das (ir)responsabilidades do Estado.

É nestas ambiguidades que o Centralismo aposta e se conserva. Na germinação de dúvidas sobre as nossas próprias capacidades e valores.
Já quase conseguiu retirar-nos a fama de povo trabalhador (o portuense), só falta mesmo é limparem-nos o cérebro.

04 março, 2008

Santa Carolina é humana


e a Santa faltou ao tribunal...

Santa Carolina, padroeira da Justiça Centralista também adoece. E também tem casos com a Justiça.

Em Portugal abundam fenómenos deste género.

Casa Pia: o silêncio continua

As criancinhas que se cuidem...

VENCEDOR DA TAÇA DA LIGA DE ANDEBOL


SPORTING - 18 // FUTEBOL CLUBE DO PORTO - 23

Não foi o Benfica, foi o Futebol Clube do Porto, o glorioso genuíno, autêntico, não o fanfarrão e megalómano...
Em 5 edições desta competição venceu 3. Nada mau.
Como não foi o Benfica, as televisões centralistas, como é costume, omitiram "democraticamente" o acontecimento.
Só por essa razão o Renovar o Porto "substitui" quem tinha o dever de informar.

03 março, 2008

O Novo código penal e Paulo Portas

Alguma vez na vida este rapazinho com grande talento para o teatro, mestre a agravar a voz quando fala à plateia e que tão bem sabe dar-se ares de importante, seria dirigente de um partido político se dependesse de mim? Hélàs, como não depende...

Quem diz Paulo Portas, diz outros melros parecidos, de outras simpatias partidárias do nosso cenário político. Ainda estão em exercício, e enquanto não formos capazes de os irradicar dos bastidores do poder,o país vai continuar a definhar. Eles não vão mudar nunca e enquanto estiverem em actividade Portugal terá o mesmo destino.

Ana Gomes, a euro-deputada socialista por quem tenho particular simpatia, disse aquilo que todos nós vamos comentando entre paredes, que o novo código do Processo Penal foi concebido para "proteger" alguns tubarões da nossa vida política de prestarem contas à Justiça. É óbvio que todos nós nos inclinamos mais para fazer fé nessas notícias do que para delas duvidar e não é porque gostemos de maldizer, mas porque à luz do que vamos lendo e sabendo, confirmando e depois vendo silenciado até ao esquecimento final, só podemos é continuar a desconfiar desta gentinha. Disse bem, desta gentinha, porque é mesmo de gentinha que se trata.

Paulo Portas afirmou em plena Assembleia da República ter perdido o respeito ao 1º. Ministro, e eu digo e escrevo aqui que já perdi o respeito pelos dois, há muito!

Não é de polémicas difamatórias a coisa que mais aprecio. Pelo contrário, desprezo-as, tal como abomino os seus autores. Mas já simpatizo bastante com os não alinhados, com os "anti-yes man", com os que colocam a consciência à frente da obediência, com os não carreiristas, com os que não fazem da honestidade uma pastilha elástica... É nesses raros que ainda deposito alguma esperança.

Manuel Monteiro é convidado regular de um programa da RNTV onde pude ouví-lo a falar das declarações de Ana Gomes sem ter chegado a saber se concordava com ela ou se a estava a criticar. Tanto dizia que Ana Gomes devia estar louca como admitia ter havido tramóia no caso "Portucale". Ele próprio (sem se dar conta) foi um "bom" exemplo da demagogia da nossa classe política mais básica. Assim não vai lá, e a RNTV também não. Se é unicamente com estes espécimes políticos que pretende impôr-se como televisão será outro fracasso pior do que o da NTV de quem copiou parcialmente o nome.

Quem diz estas e outras verdades, como disse Ana Gomes, é logo carimbada de persona non grata, já sabemos. E também já sabemos porquê. Não se iludam.

No JN, também há gente que não anda a dormir...

É suposto, como reagia Cavaco Silva à vaga de violência destes dias em Loures, termos confiança na capacidade preventiva e actuante das forças policiais. Mas os episódios que envolveram a demissão do director das Polícia Judiciária do Porto e a sua substituição só nos deixam margem para incertezas. Ás vezes, mais vale recapitular o histórico recente para sabermos do que estamos a falar.


  1. Começando pelo Apito Dourado. É nomeada uma equipa especial, conduzida por Maria José Morgado, enquanto, simultaneamente, se lança uma nuvem de suspeição sobre os actores da Justiça que operam no Porto. Já lá vão dois anos e os resultados são pouco mais do que sofríveis, mas isso ninguém questiona.
  2. Durante seis meses, uns gangues desatam aos tiros, perante a alegada passividade dos mesmos agentes da Justiça portuense. Nomeia-se nova equipa especial, novamente vinda de Lisboa, e novamente a nuvem de suspeição paira no ar. Os resultados desta megaoperação também são, por agora, sofríveis, mas isso ninguém questiona. Assim sintetizado, o caso parece irrelevante,. Deixa de o ser quando se percebe que, ao longo de meses, a imagem que os actores da Justiça deram de si próprios foi a de um bando de gatos engalfinhados, sôfregos pelo poder, não para servirem os outros, mas para se servirem. Não é por acaso que cresce o sentimento de impunidade, o mesmo que levou um tipo a disparar sobre outro depois de uma noite passada na discoteca, como se verificou na madrugada de domingo, no Porto. Nem é por acaso que em Loures os homicídios se sucedem. O que é de estranhar é não ter sido nomeada uma equipa especial do Porto para investigar a vaga de violência em Loures. O que, pelo que se vê, também não adiantaria muito. As equipas especiais fazem lembrar as comissões de inquérito da Assembleia da República. São anunciadas com grande alarde, mas terminam de mansinho, para ver se ninguém se lembra.
De Domingos de Andrade, no JN de hoje

Face a estes factos (também aqui destacados insistentemente), será que o senhor Procurador já terá percebido que procedeu mal, em várias vertentes?

A primeira delas, foi ter mostrado vulnerabilidade a pressões, viessem elas de onde viessem. A ponderação rigorosa antes da tomada de decisões, é uma regra de ouro para tudo, mas muito em especial, para cargos desta responsabilidade.

Em consequência dessa fragilidade, a segunda má acção resultou numa humilhante desconsideração para com a Direcção da PJ do Porto e respectivos representantes, bem como para com o próprio Director Geral da PJ, de quem tinha o dever institucional de confiar. Ao retirar das investigações a equipa da PJ local e nomear a de Lisboa, Pinto Monteiro deu inequívocas provas de perda de confiança na primeira, sem contudo apresentar justificações objectivas para essa decisão.

A terceira vertente infeliz deste processo, confirmou a incompetência do senhor Procurador. Repetiu o erro, desvalorizando a primeira escolha do Director Geral da PJ na substituição do director demitido. Como é do conhecimento público, é da exclusiva responsabilidade do Director Nacional da PJ a nomeação das direcções locais. Não seguindo estes procedimentos legais, o senhor Procurador Geral não só não respeitou as regras do jogo como desconsiderou de novo o senhor Director Geral de PJ.

Por fim, em matéria de criminalidade, olvidou um pormenor importante para opinião pública nacional (que não é apenas a de Lisboa) que é o seguinte: ainda não explicou a sua apatia relativamente ao Processo Casa Pia cuja gravidade em termos sociais e humanos é mil vezes superior ao Apito Dourado e se vem arrastando há cerca de 5 anos, num ensurdecedor silêncio !