26 julho, 2008

"MÉRITOS DESCONHECIDOS"

MEU CARO PINTO DA COSTA, VAIS-ME DESCULPAR, MAS, APESAR DOS VASTOS MÉRITOS QUE SE TE RECONHECEM, HÁ UMAS SOBRAS EXAGERADAS QUE NÃO SÃO DA TUA LAVRA, SÃO DOS TEUS INIMIGOS.
ÉS MUITO MAIOR E IMPORTANTE DO QUE SE IMAGINAVA, E ISSO A ELES O DEVES!

Opinião de uma jurista

Por me parecer pertinente, deixo à apreciação dos "renovadores" portuenses a opinião de uma comentadora anónima:

(clicar sobre o título do post para ver original)

Todos são contra o parecer de Freitas mas poucos se dão ao trabalho de o ler e de explicar porquê.
Apesar de não ser administrativista, sou jurista e li o parecer com alguma atenção. Sou da opinião de que o parecer é tendencioso pelos seguintes motivos:
(1) Abreu efectivamente encontrava-se impedido de votar na deliberação referente à descida de divisão do Boavista em virtude de ter sido relator do processo movido contra os axadrezados. Nestes termos, a decisão do presidente Gonçalves Pereira de afastar Abreu da deliberação foi inteiramente correcta.
(2) Os demais membros do CJ deliberaram assim afastar o Presidente a fim de tomarem a deliberação sem ele, uma vez que o voto de qualidade do presidente resultaria numa votação favorável ao Porto. A participação de Abreu nessa votação é absolutamente ilegal e contrária ao CPA.
(3) Quaisquer reacções contra a deliberação do CJ teriam que ser feitas por via judicial. Ora, na providência cautelar imposta pelo Boavista, o TAF do Porto já aceitou e admitiu que:
(a) Abreu não poderia participar na deliberação.
(b) os motivos de incompatibilidade em relação ao Presidente não ficaram provados. Nestes termos, o parecer de Freitas é absolutamente infundado.
(4) Aliás, a acta assinada por todos os intervenientes no final da reunião revela que a questão era controversa e que o melhor seria não deliberar.
(5) Freitas, inconformado, utilizou uma habilidade jurídica para contornar a questão. Disse que o acto do Presidente era nulo por ter sido usurpado as competências de outro órgão. Apenas pergunto como é possível que um acto que o CPA expressamente atribui ao presidente possa ser nulo e como é possível que uma pessoa a quem se verifica uma situaçao de incompatibilidade possa participar numa deliberação destinada a afastar o Presidente de um órgão colegial (neste caso, Ricardo Abreu). Em linguagem de leigos: Abreu não podia participar na deliberação, logo iniciou uma segunda deliberação de afastamento do presidente para ocupar o lugar dele e participar na deliberação relativamente à qual se encontrava impedido.
(6) Relativamente à decisão de encerramento da reunião, o Presidente pode encerrá-la desde que ocorram motivos fundamentados: ficou provado que Abreu insistia em participar numa deliberação em relação à qual estava impedido e que mandou o Presidente "para o raio que o parta". Freitas não considerou isso motivo de encerramento da reunião. Pergunto se seria necessário matar o presidente ou raptar os filhos dele?
Todo este processo revela como a FPF se encontra dominada pelos interesses do SLB e do centralismo com a conivência das mais altas instâncias que procuram cascar em Pinto da Costa e no FCP como uma forma de auto-promoção num país onde a mediocridade reina.
26 de Julho de 2008 1:12
(b.)
Nota: O negrito é da responsabilidade do moderador do blogue

Soldados para a rua, já!

Hoje, apetece-me efabular um pouco. Os últimos acontecimentos, não sei porquê, estimularam-me a inspiração...

A quase história, passa-se num pedaço de terra rectangular, situada na Europa Ocidental, que se fez país de Norte para Sul, conquistando terras aos mouros, com os nortenhos como principais responsáveis pelo seu crescimento para as dimensões actuais. Isto é um facto. Porém, hoje, tanta tem sido a degradação de valores nesse naco de terra, que até os factos da própria história parecem ser cada vez mais irrelevantes para uma certa região do país...

A explicar esta conclusão, não são precisos mais do que uns breves minutos para rebobinar a memória das "desmistificações" e recordar alguns dos paradigmas semi "perdidos" do povo do Norte, com especial incidência para o povo do Porto... Bastará recordar apenas alguns dos pergaminhos que a história nos legou e que agora o Big Brother de Lisboa nos pretende usurpar. Um deles, talvez o mais simbólico pela própria força que exprime, foi o episódio das tripas que originou a nossa alcunha de tripeiros. Na guerra peninsular, o povo do Porto cedeu, patriótica e generosamente a carne dos animais às tropas combatentes contentando-se em alimentar-se com as vísceras. Dessa desprendida e "banal" atitude dos portuenses (ironia das ironias), resultou um prato fabuloso: as tripas à portuguesa. Com jeitinho (a ASAE ajuda), e a doença das vacas loucas, não tarda muito extinguem-se no país as tripas e com elas, a história que lhe está associada...

Não quero alongar-me em mais referências, caso contrário, transformarei o post num imenso livro*, ainda que os livros estejam agora na berra e não nos faltar matéria-prima de sobra para os escrever, por isso, darei somente mais um outro inofensivo exemplo. O da alcunha de "povo trabalhador" que a história nos atribuiu. Esse mesmo.
Já todos nos cansamos de ouvir e ler algumas almas iluminadas da capital "contorcerem-se" física e mentalmente para esvaziarem de sentido essa nossa reputação de povo virado para o trabalho. Pois, hoje, na óptica mais informal da intelectualite centralista, somos apenas uns párias, mandriões, provincianos e (esta é a mais recente), uns mafiosos!!! Assim o deu a entender também, o Sr. Domingos Amaral, nobre filho do ilustre jurista Freitas do Amaral.

Ora, nesse país da Europa tão antigo em fronteiras demarcadas, mas ainda assim tão indefinido, existem govêrnos, quarteis, escolas, empresas, hospitais, tribunais (há?) e todo o tipo de organismos, onde é suposto existir um dirigente, um chefe, um presidente, enfim, alguém que zele pela respectiva manutenção da ordem e do cumprimento de tarefas.

Eis senão quando, surge um "iluminado" para contestar a tradicional hierarquia dos poderes e pôr tudo com a cabeça à roda. Esse iluminado chama-se Freitas do Amaral! Sim, esse mesmo, a versão masculina da Zita Zeabra!

Como estamos numa coisa chamada erradamente Portugal - sim, porque quem teria propriedade histórica para assim se chamar seria o Porto, e menos este meio país complexo e complexado tal como está agor - tudo se pode esperar. Infelizmente, as surpresas são tão disparatadas, crescem e multiplicam-se tanto, que já não são propriamente surpresas.

Não nos surpreendamos pois, se à imagem do que - de certo modo - já está a acontecer com a PJ e a própria Procuradoria Geral, que amanhã, haja um motim num quartel com os soldados a desobedecerem ao general, que nas empresas os empregados corram com o patrão, com o réu a punir o Juíz (isto aconteceu há pouco), porque tudo é mesmo possível, aqui, nesta terra de oportunistas bem cotados. Há sempre uma "lei" misteriosa debaixo da manga, bem escondida, como um Ás de trunfo de jogar cartas para servir qualquer freguês, e se o freguês pagar bem, tanto melhor.

Por este andar, ainda vamos ver os filhos do Dr. Freitas do Amaral a faltarem-lhe ao respeito, a correrem-no da sua própria casa a pontapé, com Lisboa toda a aplaudir. Ou melhor, o Benfica todo a aplaudir.

E o Govêrno, na Tribuna de Honra, a assistir.

*Com raro sentido de oportunidade, o Dr. Freitas do Amaral aprendeu depressa a lição. Se a ilustrérrima, reverendérrima,doutorérrima,bacharelérrima,fidelérrima,amantérrima,professorérrima, D.Carolina Salgado (filha devotérima e exemplérrima), publicou um livro, porque não haveria o ilustrérrimo especialista, de publicar também? Se todos podem ganhar dinheiro à custa de Pinto da Costa, por que não ele também? Afinal, não há um mercado de "6 milhões" à espera e de braços abertos? A vida está para os espertos.

25 julho, 2008

Bálsamo

JUNTOS, PARA SEMPRE
Contigo olho o universo
És a lente que me faz descobrir
Pequenas maravilhas antes escondidas
Não quero ser vício, perverso
Prefiro ser as asas que julgas perdidas
Para num só corpo, à aventura partir
Ao contrário dos outros, em sentido inverso
Na rota de estrelas desconhecidas
Não desces sozinho, vamos juntos subir.
(Do Blog Luar Africano)

Benfica o clube do centralismo

NÃO ME FALEM EM FAIR PLAY, NÃO ME FALEM EM PORTUGUESISMO QUANDO ESTE GRUPO DE CANDIDATOS A CLUBE DE FUTEBOL JOGAR COM CLUBES ESTRANGEIROS.
DA MINHA PARTE, NUNCA, ENQUANTO FOR VIVO, O FAREI! NÃO ME PERDOARIA A MIM MESMO.
TORCEREI SEMPRE PELA EQUIPA ESTRANGEIRA, NEM QUE SEJA COM O BURKINA FASO. ABAIXO O BENFICA!
VIVA PORTUCALE!

Por que será que me lembrei desta canção???

Vamos brincar à Justiça? Vamos?

Freitas do Amaral? Por quê? Por que raio pesa mais o parecer dele, que o de Marcelo Rebelo de Sousa? Qual é a diferença entre estes dois especialistas em direito penal? A das pessoas, ou a dos pareceres? Qual é que pesa mais? Quais são os critérios?

Freitas do Amaral, é juíz? É Tribunal? As duas coisas? É Deus ? Quem desempata? Quem é que pode afirmar, sem hesitar, ser este senhor mais credível do que eu? Do que muitos e muitos portuenses anónimos? Quem? A comunicação social de Lisboa? Isso é que era bom! E quem atesta sobre a imparcialidade da tv lisboeta? Os lisboetas ou os benfiquistas? E já agora, onde é o tribunal? No estádio da Luz? Brincamos, ou quê! Está tudo louco?

Só eu falo por mim, ninguém mais. Nem Freitas nem Marcelos. Eles são eles, eu sou eu. Eu conheço-os, eles não me conhecem a mim, nem aos portuenses. Eu posso falar deles, eles não podem falar de mim, porque não me conhecem. As televisões, tão pouco. Nem de mim, nem da maioria dos portuenses e, seguramente, nenhum os autoriza a falarem por si.

Quem é, afinal, Freitas do Amaral? Um político que se zangou com o próprio partido e passou da extrema direita do CDS para o PS "esquerdizante"? A gente já sabe que o PS de esquerda não tem nada, mas mesmo assim...

Não haverá aqui alguma mudança um tanto radical para lhe ser reconhecida sensatamente tão súbita credibilidade? O Freitas do Amaral, pai de um rapaz que escreveu coisas ofensivas sobre a cidade do Porto comparando-a a Palermo? É essa pessoa? Se é, estou-me a borrifar para o seus pareceres! Condeno os seus pareceres! Abomino as suas opiniões!

Processe-me Sr. Freitas, mas eu não acredito na isenção do seu parecer e, no caso em apreço, redobradamente! E dos pareceres do seu filho ainda menos.

Se não fosse "pecado" e não soubesse o que é a ditadura, dizia: volta Salazar, estás perdoado!

Nota: Como podem agora constatar, previ que isto viesse a suceder. Aqui quero deixar o meu voto de solidariedade ao Sr. Dr. Golçalves Pereira, Presidente do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol.

De que esperam para demitir o Sr. Procurador?

Alguém disse um dia que o Homem é um animal de hábitos. E disse bem. Bons e maus hábitos. Dos bons hábitos, parece-me que não vale a pena falar pelo óbvio que adjectiva, embora todos possam ser relativizados consoante quem os pratica. Dos maus, é que já não podemos ser tão condescentes, sob pena de termos de arcar com as consequências.

Durante toda a minha vida, não tenho memória de ver o Porto e os portuenses serem tão desconsiderados nos seus direitos de cidadania, como agora. Nem mesmo durante a Ditadura Salazarista pude observar tanta afronta! A desconsideração tem sido crescente ao longo dos últimos anos aproximando-se agora, gravemente, da humilhação.

Os poderes públicos e privados centralistas foram paulatinamente tomando o pulso às "elites" portuenses e, não lhes tendo percepcionado fortes reacções de contrapoder, foram abusando, avançando para patamares de desrespeito e usurpação inimagináveis. Os portuenses, não tendo então uma figura carismática, corajosa, capaz de lhes dar voz e de defender os seus interesses, foram-se habituando, mas apesar disso, estão bem longe de se conformarem.
O futebol, no caso concreto, o Futebol Clube do Porto, com os seus contínuos êxitos desportivos tem - ao invés do que alguns idiotas para aí apregoam -, servido de tampão à fúria de muitos portuenses e refreado outro tipo de comportamentos menos pacíficos. O Govêrno devia estar grato por isso ao Futebol Clube do Porto e ao seu Presidente. Pelo contrário, permite que o ataquem e coopera...

Há (não tenho a mínima dúvida), um tronante grito de revolta mal contido nas gargantas de imensos tripeiros que só não se soltará se os governantes arrepiarem caminho desde já sem mais promessas (falsas ou não) e começarem a descentralizar os poderes. Receio bem que as pessoas já nem sequer se sintam motivadas para esperar que a Regionalização se realize. Percebem que esse processo é longo e duvidam ainda estarem vivas quando (e se) ele se concretizar.

As elites* do Porto e do Norte do país, inversamente ao que se vem fazendo crer, foram e continuam a ser as mais conformadas com a situação humilhante que se vive na região. Ninguém mais do que elas tinham o dever e o poder para se imporem em devido tempo contra o estado de subalternidade lastimoso a que chegamos. A tese do "todos somos responsáveis" é infâme e contradiz totalmente o princípio conservador (elitista) que valoriza as competências, por isso, é mais sensato e inteligente terminar com ela, de uma vez.

As elites* e o empresariado locais, deixaram-se levar pela corrente, adaptaram-se fazendo sucessivas cedências ao poder central. Deslocalizaram as sedes das suas firmas para Lisboa encontrando dessa forma a solução mais "fácil" para se manterem competitivas. Os jornais, as rádios regionais fizeram o mesmo ou, pura e simplesmente desapareceram. A estratégia do empresariado local limitou-se a seguir o adágio popular: "se não podes vencê-los junta-te a eles!". Oportuníssima estratégia essa, mas cómoda e profundamente anti-social.

Os frutos dessa destreza economicista, estão à vista de todos e as repercussões, também. O Porto é a cidade mais pobre do país, e os seus nativos estão privados de alguns dos mais elementares direitos, sendo o da Liberdade um dos mais ameaçados. Não será por dizermos o que pensamos na Blogoesfera que esses direitos estão garantidos. É melhor do que nada, mas não tem ainda a força e a abrangência da Televisão e da Imprensa. Lisboa tem essa ferramenta e mais a da blogoesfera, mas retira claramente os maiores dividendos - tanto económicos como políticos -, da Televisão.

Claro que, tudo isto só é possível, devido ao estado desordenado e folclórico dos poderes públicos. Se lhe juntarmos a desqualificação técnica e cívica dos seus protagonistas temos a cereja em cima do bolo, e assim contemplámos o Portugal democrático-comunitário dos "novos"tempos.

Os casos que estão na ordem do dia (Maddie, Casa Pia, Liga, Apito Dourado, FPF,PJ, Ministério Público, etc.), são o retrato fiel desta amostra de país. Instituições como o MP e a PJ, desaprenderam os seus deveres éticos e deontológicos. É o desnorte total. Alguns dos seus elementos revelam diariamente não estarem à altura das suas responsabilidades. A sedução pelas câmaras de televisão é mais forte do que eles. Gostam de dar entrevistas, deixam passar para os jornalistas informações secretas, falam demais, exibem-se, provocam, insultam-se entre si, esquecem as normas estatutárias e por fim, escrevem livros.

Chegados a este apeadeiro sombrio e decadente, como podemos nós ficar surpreendidos com a credibilidade dada a Carolina Salgado por certos magistrados?

*Detesto esta expressão, mas ela existe. Só a escrevo, para que os elitistas percebam para quem estou a falar. De todo este comentário, faço questão de excluir o Dr. Rui Moreira, que tem sido a única voz inconformada que se faz de facto ouvir no Norte. Outros há, que deviam fazer muito mais do que ele. e não tugem nem mugem. Esperam que a reforma chegue...ou que Lisboa os chame.

24 julho, 2008

SHE (Elvis Costello)

"ADIVINHA"

Alguém será capaz, com rigôr, de explicar por que é que a SONAE de Belmiro de Azevedo manteve (e mantem) durante tantos anos a direcção de informação do seu jornal "O Público" em Lisboa, tendo este sede no Porto?
E sobre a Rádio Nova, também do Porto? Por que é que passando por lá grandes jornalistas, esta estação de rádio ainda não conseguiu impôr-se, tanto local como nacionalmente?
Se alguém souber, que responda.

Será isto, a flexi-segurança?

Desculpar-me-ão se volto a aborrecê-los falando-lhes de casos domésticos, mas nunca é demais, quando se trata de denunciar a chico-espertice do Estado português.
Hoje, a pedido de uma amiga, fui às Finanças pagar o IUC (Imposto Único de Circulação) do seu carro, e apesar de já ter tido uma péssima experiência quando fui tratar do meu, nunca pensei perder uma manhã para o fazer. Mas perdi.
Descontente com o atendimento na Loja do Cidadão, fui à Rua Damião de Góis, ao 3º. Bairro. Procurei, procurei e nada! Até que lá me disseram que tinha sido desactivado. Decidi então apontar à Rua de Gonçalo Cristóvão, para o 4º. Bairro Fiscal. Estava também fechado!
Lembrei-me da repartição de finanças da Av. Fernado Magalhães e foi lá, finalmente, que depois de apanhar outra grande "seca" (tinha apenas 4 pessoas antes de mim), pude resolver um assunto tão comezinho como devia ser - mas não é - pagar um imposto.
Quando me preparava para pagar, a funcionária diz-me que tinha de pagar uma coima. Perplexo, perguntei-lhe porque raio é que tinha de o fazer, ao que a senhora me respondeu que era por estar atrasado em relação à data do registo de matrícula que era de Junho! Um mês, um singelo mês de atraso no pagamento de um imposto, e zás, toca a deitar logo a mão ao bolso do incauto! Quinze euros de multa!
Vejam bem. No primeiro ano em que estes iluminados do Govêrno decidem alterar o nome e o local de cobrança do novo imposto sem qualquer aviso público expresso de multa em caso de atraso, Suas Excelências brindam-nos com estas habilidades. Assim mesmo, à má fé. Se isto não é roubar o cidadão, o que é?
É por todas estas malabarices e abusos, de que os políticos são mestres, que quando ouço anunciarem alguma "nova medida", deito logo as mãos à cabeça e pergunto o que é que lá vem por aí. Este, suponho, já deve ser um dos efeitos secundários da tão propagada "flexi-segurança"... Não sei.
O que sei, é que nunca antes tive problemas para pagar o sêlo do carro, nem nunca antes fui multado por qualquer atraso que possa ter tido. Fantástico!

Campeão no Mundo

"Vencimentos acima da média. Aumento mínimo sobre o salário real nunca inferior a 2,5 por cento. Complementos de reforma superiores à concorrência. Mais dias de férias, consoante os anos de clube. Eis, no geral, as regalias dadas pelo FC Porto aos seus funcionários..."

Segundo a revista Visão de 17/07/08 esta é a realidade laboral, justamente reconhecida pelos sindicatos, que vigora no FC Porto. Como sempre, também campeão no mundo do trabalho, mas, obviamente, suspeito nos arredores. Nada de novo :-)

23 julho, 2008

Sobre a entrevista de Rui Moreira ao SOL

Li a entrevista de Rui Moreira ao Sol e gostei. Como é habitual, não desperdiçou palavras nem fugiu às questões que lhe colocaram. A moderação e a inteligência, são de facto a sua imagem de marca - isto, claro, na perspectiva da maioria dos portuenses e dos portistas.
Como disse, e bem, Pinto da Costa é irrepetível, não há outro. Imitá-lo, será um erro para quem um dia quiser candidatar-se à cadeira da presidência do FCP. Contudo, num meio país como -cada vez mais - se está a tornar Portugal, onde o centralismo estende os seus tentáculos por toda a parte, incluindo (e de que maneira) o mundo do futebol, será muito importante que o futuro presidente do FCPorto, além de inteligente tenha muito de guerreiro.
Como já tenho dito noutras ocasiões, o centralismo, em certos aspectos, é mais impudente e abjecto que a própria ditadura. Num regime ditatorial as liberdades são coartadas à população, o controle sobre os cidadãos é mais apertado, mas mesmo assim, é também mais previsível e não se insinua tanto. O centralismo é muito mais hipócrita, divide, absorve recursos e direitos aos cidadãos depois de lhes ter prometido exactamente o contrário. É revoltante.
É nessa perspectiva que, tendo em conta a personalidade de Rui Moreira, preferia vê-lo à frente da Câmara do Porto, onde seguramente poderia exponenciar com muito mais tranquilidade todas as suas qualidades em benefício de todos os portuenses. Imaginá-lo neste contexto socio-político ligado ao futebol, onde a balbúrdia paira por todo o lado, onde os media difamam mais do que informam, confrange-me. Não por duvidar das suas capacidades para gerir um clube de futebol como o FCPorto, mas por considerar que, de momento, em Portugal, não estão reunidas as condições para alguém com o seu perfil se afirmar como merecia. Paira ainda muita toxicidade nos bastidores do futebol, muita sacanagem...
Não tenho dúvidas que, a partir do dia em que Rui Moreira começasse a ter sucesso à frente do FCPorto, seria igualmente perseguido e difamado pela comunicação social como foi Pinto da Costa. Seria apenas uma questão de tempo. Mas a verdade, é que também não estou a ver, de momento,ninguém melhor que ele para o cargo. Se tivesse de votar sobre esta curiosa ambivalencia, votaria em Rui Moreira, para Presidente da Câmara.
Para terminar, direi que a única coisa com a qual discordei da sua entrevista foi o recado que terá enviado para alguém da SAD portista (suponho), quando disse que Pinto da Costa "não precisava de gente eloquente para falar, porque ele gostava de falar, e de gente inteligente, porque ele já o era".
Rui Moreira lá saberá o que nós não sabemos, mas no que respeita a falar, ninguém pode acusar a SAD de andar a multiplicar-se em entrevistas ou falatórios para os media. A sobriedade e o recato públicos são comportamentos que os membros da SAD, regra geral, têm sabido manter, pelo menos nas aparências. Em privado, isso já não posso garantir.
Por último, ficou o mistério por revelar sobre a eventual "OPA" que fez à SONAE, do Público.
Talvez um dia decida desvendá-lo...

Sheffield pode ser exemplo a seguir

A Área Metropolitana do Porto poderá seguir o exemplo da cidade inglesa de Sheffield, caso as autoridades nacionais e regionais decidam apoiar a criação do pólo de competitividade (“cluster”) de indústrias criativas que será proposto hoje.
Os resultados do estudo sobre o desenvolvimento de um “cluster” de indústrias criativas na região Norte vão ser apresentados na Fundação de Serralves, no Porto, pelo consórcio que redigiu o documento, constituído pelas empresas Horwath Parsus Portugal, Opium, Gestluz e Tom Fleming Creative Consultancy. O estudo foi encomendado pela Fundação de Serralves, em parceria com a Casa da Música, Junta Metropolitana do Porto e Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa do Porto, na sequência de um convite feito pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN).
A directora-geral da Fundação de Serralves, Odete Patrício, disse que se trata de “um estudo macroeconómico” que visou saber se o Norte tem alguma potencialidade para vir a constituir um “cluster” de indústrias criativas. “Tom Fleming, na primeira conferência que proferiu no Porto, em Dezembro, deu o exemplo de Sheffield, que era uma cidade em que dominava a indústria do aço e que, depois da deslocalização desta indústria, teve de encontrar um novo paradigma de desenvolvimento”, disse Odete Patrício.O especialista em estudos e trabalhos sobre indústrias criativas, que hoje fará uma síntese do estudo feito para o Norte de Portugal, realçou na conferência de Dezembro que foi também nas indústrias criativas que Sheffield decidiu apostar, “conseguindo baixar o desemprego e criar novo emprego”.
Situada no “epicentro” do Reino Unido, Sheffield beneficia da proximidade de importantes centros urbanos com actividade cultural, como Manchester, Nottingham e Leeds.
Odete Patrício destacou a qualidade dos autores do estudo sobre o Norte, salientando que o trabalho foi “muito centrado no terreno”, com a audição dos “actores locais”, nomeadamente instituições culturais, produtores, companhias de teatro, empresas de design e de conteúdos para audiovisuais, e universidades com cursos relacionados com as indústrias criativas.“Pode-se criar aqui uma nova linha económica, de trabalho, a par das que já existem no Norte, no têxtil, na moda e na saúde”, salientou, recordando que, simultaneamente, a Fundação de Serralves lançou uma incubadora de indústrias criativas.
(do Primeiro de Janeiro)

PONTEIROS - Mais & Menos

Milhares de cartas de condução perdidas


Negativo. A este propósito apetece-me contar-vos o que aconteceu comigo há cerca de 20 anos.
Circulava eu numa estrada secundária, que seguia de Torrados para Felgueiras, quando, ao passar por um entroncamento e, apesar de ter tomado as devidas precauções, uma camioneta chocou contra a minha viatura, vinda da estrada que entroncava com a que eu percorria. Como conhecia relativamente bem aquela zona, por lá ter de me deslocar frequentemente, sabia que tinha prioridade sobre a outra e, pelo que percebi, o camionista também.
Para além de um corte na cabeça nada mais sofri, mas o mesmo já não aconteceu ao meu carro que ficou com o lado direito completamente amolgado. O homem, reconhecendo a asneira, saiu imediatamente e veio ao meu encontro para ver se me tinha sucedido algo de mais grave.
Controlado o susto, não foi difícil chegarmos a um acordo no local e, chamada a GNR, dirigimo-nos ambos para Penafiel para apresentar a devida participação na companhia de Seguros do motorista. Ali chegados, o motorista assinou uma declaração de culpa.
Passados alguns dias há uma peritagem das companhias de seguros e constata-se que o sinal STOP que era suposto existir na estrada onde circulava o camionista já lá não se encontrava!
Conclusão: entram os advogados. Depois de muitos incómodos, o melhor que consegui foi a partilha dos prejuízos com o causador do meu acidente. Tudo isto porque (e aqui, é que o caso tem relação com a notícia linkada), nunca se chegou a apurar sobre a quem cabia as responsabilidades pela manutenção e sinalética da referida estrada! Ora se dizia que era da D.G.E, ora que era das Estradas de Portugal, ora que era da Câmara, ou da DNE. Resultado desta confusão: eu é que me tramei.
Daí que, ninguém me convence - nem o mais erudito advogado - que estas constantes alterações da nomenclatura de organismos deste tipo, servem principalmente para os desresponsabilizar de obrigações perante os cidadãos.
Agora esta, é só mais uma. Cansaram-se da DGV para passar a chamar-se IMTT (Instituto de Mobilidade e Transportes Terrestres). E ainda temos a Brisa, a Junta Autónoma de Estradas, etc., etc.,
Vão ver, que ninguém vai assumir a responsabilidade pelo desaparecimento de milhares de cartas de condução. A empresa "responsável" (Microfil) já vai "avisando" o IMTT que devolveu todos os pedidos de carta de condução...

Pedalar pela natureza

Positivo. Há poucos dias pude inteirar-me da beleza desta ecovia minhota. É altamente aprazível e recomenda-se.

O habitual espectáculo

Negativo. Assisti anteontem a um excelente debate entre o jurista Carlos Abreu Amorim e João Teixeira Lopes, onde era colocado o dedo na ferida, como a crónica aqui linkada. A polícia de investigação (PJ) também não resistiu ao apelo do mediatismo. Toda a gente quer ser vedeta. A descrição já foi chão que deu uvas. Os exemplos dados pela Procuradoria Geral só podiam dar nisto. Bonito.

Primeiro voo não regular para Cuba vai partir do Porto


Positivo. É pena que estas boas notícias não sejam acompanhadas com a devida oportunidade pelo Município portuense. Nunca se viram tantos turistas no Porto como agora, e não é só durante o verão. Os vôos low cost foram, sem dúvida, os grandes impulsionadores deste fenómeno. Infelizmente não está a ser convenientemente aproveitado e receio bem que os turistas que cá vêm não voltem. Ninguém gosta de revisitar cidades a cair de pôdres.

Demolição do Aleixo passa com gritos na rua


Negativo. Este é um problema iminentemente social. As questões económicas e todas as partes envolvidas (imobiliárias, câmaras, construtores,etc.) não deviam nunca, sobrepôrem-se a realidades humanas tão sensíveis. Sou um entusiasta da urbanidade e da qualidade de vida, mas não a qualquer preço. Primeiro, há que resolver com dignidade a recolocação habitacional daquela gente, e só depois, o resto.
Cluster de indústrias criativas na calha

Positivo. E os centralistas deixarão a "criança" crescer?

22 julho, 2008

Nós e os Galegos

Vasco Pulido Valente (VPV) é um cronista indubitavelmente culto e inteligente, mas mais ácido que um limão azedo e, honestamente, nunca me senti muito entusiasmado com as suas crónicas. No entanto, a de sábado passado no Público é muito interessante. Pretende explicar porque é que a tradição cultural portuguesa, desde o princípio do séc. XVIII, tende a ser pessimista. " O pessimismo assenta numa realidade sólida - a pobreza atávica do país (...) A miséria prefere a segurança a qualquer outro valor (...) e escolhe sempre o pequeno ganho a curto prazo(...)"

Aceitando os seus raciocínios como bons ( e eu acho-os muito interessantes) poderia começar a vislumbrar-se a resposta a uma das questões que muito me incomoda. Porque é que nós, nortenhos, revelamos um espirito empreendedor tão menos desenvolvido que o dos nossos irmãos galegos? Será pelas razões apontadas por VPV, " a desconfiança da inovação", o " não se meter em aventuras", tudo isto resultante da segurança que a miséria pretende? Os galegos foram mais pobres do que nós, portanto as causas não devem ser essas. Penso então na semi-autonomia em que eles vivem, longe da ditadura de Madrid, enquanto nós somos cada vez mais esmagados pelo centralismo asfixiante do Terreiro do Paço, e vemos bens e cérebros qualificados numa permanente drenagem centripta, alimentando esse polvo insaciável que é o centralismo.
Acredito que grande parte da resposta possa estar aí, o que representa mais um argumento a reforçar a convicção que uma regionalização é indispensável. Qual regionalização, a que nos (não) querem dar? Acho que essa não serve, e explicarei a minha opinião em proximo post.

Pink Floyd - Another Brick in the Wall

Rui Moreira

Muito refrescante a entrevista de Rui Moreira na edição de ontem do “Sol”.
Tantas vezes acusado de “excesso de disponibilidade” e de se colocar acima da instituição a que preside, Rui Moreira mostrou que o que verdadeiramente não lhe falta é frontalidade e sentido de serviço perante a sua região e o País.Depois do “mea culpa” feito acerca da posição no último referendo de regionalização (hoje tal como eu, concorda que pior do que uma má regionalização, só mesmo não haver nenhuma), Rui Moreira faz severas críticas ao sistema político e à forma como não tem sabido integrar o Porto e o Norte num projecto e desígnio de um Portugal europeu.
No que se refere aos investimentos públicos Rui Moreira põe o dedo na ferida da crise, para justificar (e bem!) a insistência na alternativa “Portela mais um” e desmistificar a necessidade da ligação ferroviária Lisboa-Madrid por TGV.
Para não falar deste “novo-riquismo” de continuar a expandir a sumptuosa rede rodoviária que já hoje temos, num País onde existem cada vez mais pessoas no limiar da indigência.Enfim, com coragem e racionalidade, Rui Moreira falou da “portofia”, essa doença de sobranceria e arrogância, que os construtores da capital cortesã têm perante o resto do País, a que chamam desdenhosamente de província.
O ponto mais alto desse referencial provinciano é o Porto e os portuenses.Por isso só nos resta, como diz Rui Moreira, resistir - ser uma espécie de gauleses que se sentem obrigados a defender, com bravura, o seu terreiro e as suas tradições.(...)

*(Esqueçamos o "azar", de ser benfiquista)

21 julho, 2008

‘Avisem-me quando o bastonário for constituído arguido’

Clicar sobre o título do post para ler a entrevista parcial

Ao contrário de Pinto da Costa, o Bastonário da Ordem dos Advogados parece ter-se livrado de um processo-crime por ter comparado a actuação de alguns magistrados com os métodos intimidatórios da PIDE
Por Manuel Agostinho Magalhães (do "SOL")

2º. Episódio da novela Judite & Orelhas, S.A.

Ainda inseguro, o Orelhas pergunta à Judite:
-Ouve lá, que é que sabes sobre essa história do Freitolas? O gajo é de confiança?
-Fazes cada pergunta Orelhas! Sei lá, tu é que manobras essa gente, não é?Agora se o Freitolas é de confiança, também não ponho as mãos no fogo por ele. Já o vi a pular da extrema direita para o PS, por isso...
-Então, não foi o Rôlha Madail quem teve a ideia? Eu disto ainda não tratei...
-Bom, consta por aí que a ideia foi do Sócrates.
-Já não é sem tempo! Ele tem de respeitar a família benfiquista, senão...
-Senão, o quê? Pensas que és dono do país? Andas a trepar muito.
-O país é o Benfica, desculpa (corrijo), é Lisboa, e o resto é província. Se não é, devia ser.
-Pois é, mas já não te livras da fama de ser um traf...
-Lá está ela, outra vez. Afinal estás comigo ou sem-migo? Deu-te alguma crise de portismo, deu? Olha que o Mãos de Fada casou contigo por amor à Causa, já te esqueceste?
-Afinal, qual é a tua dúvida Orelhas?
-A minha dúvida é sempre a mesma: saber quantos anos é que vão ser precisos para o glorioso voltar à Liga dos Campeões. Enquanto existir o FCP e o Pinto da Costa, os meus jogadores não vão ser capazes de mostrar o seu real valor. Ouve lá ó Judite, e se deitássemos uma bomba no Dragão com o PdC e toda aquela tripalhada de gente lá dentro?
-Não achas que te estás a passar pá? Ainda vais dar cabo da minha vidinha de vip e da do Mãos de Fada, com essa tua vocação para terrorista. Já não te bastou mandares o teu gorila bater no empresário do Moretto na Portela nas barbas do povo? Tens sorte, porque o Procurador só tem olhos para o crime do Porto, senão...
-Não achas que estás a falar demais? Vamos ao que interessa: se o Freitolas nos enganar, ou se o seu parecer não servir para nada, como é que nos vamos livrar daqueles gajos lá do Norte?
-Bolas, Orelhas nunca estás satisfeito. Vocês ficaram em 4º lugar e são tratados como campeões, são notícia de 1ª.página, abrem telejornais, os teus jogadores são uns maricas de uns pexotes e a RTP oferece-lhes contratos de publicidade milionários, que mais queres tu, ingrato?
-Tudo! O Campeonato Nacional, a Champions, a Intercontinental, a taça UEFA, a taça de Lisb... de Portugal, tudo! Quero tudo! O Benfica é o maior clube do Mundo! Quero tudo!
-Tás mesmo a ficar choné! Será do tamanho das orelhas que agora te pesam e afectam a mona? Ouve lá, por muito menos, noutro país, já estaríamos todos na pildra e tu ainda não estás contente. Arre, burro!
-Chega, sua portista de trazer por casa! De que lado estás afinal? Dá-me, mas é ideias, traidora!
-Queres ideias, é?
-Sim, quero, claro!
-Arranja uns aviões da FAP e mais umas boas dúzias de bombas e manda arrasar o Porto! Todo! O senhor Procurador talvez te agradeça.

Os nossos doutores e a Sorbonne

Hoje, fui comprar o sêlo do carro, agora chamado IUC (Imposto Único de Circulação). Como me encontrava na zona das Antas, decidi deslocar-me à Loja do Cidadão ali situada. Já não ia lá há alguns anos e - para não variar -, daí até hoje, as coisas pioraram muito.

Não sou doutorado, mas também não tenho nada contra quem o é. Só tenho, isso sim, é contra quem parte do princípio que o doutoramento é, de per si, um certificado de garantia para o que quer que seja. Efectivamente, não é, principalmente, uma garantia de qualidade. A prova mais óbvia da minha convicção é publicamente facultada através dos desempenhos da classe política.
O que mais há na política e nos govêrnos, são doutores. De advogados, economistas, arquitectos, médicos a engenheiros, não tem havido penúria e os resultados, só agradam - como é já tradicional - aos próprios. Certamente que ninguém esperará (porque não há seriedade q.b.) que sejam eles a reconhecer as suas incapacidades. Era o que faltava...
Ora, como hoje é preciso ser-se doutor, até para manusear uma chaves de parafusos, não surpreende que as suas qualificações técnicas específicas acabem por não ser muito elevadas e que, à falta delas, muitos licenciados se desloquem para o mundo da política onde as exigências académicas são mais para impressionar do que para trabalhar.
A organização de instituições públicas como as Lojas do Cidadão têm, seguramente, muitos doutores por detrás, seguramente também bem remunerados e, contudo, funcionam como se fossem geridas por verdadeiros analfabetos. Os seus conceitos de serviço público caracterizam-se inicialmente por acções positivas destinadas a impressionar, mas com o tempo, vão-se degradando até patamares de disfuncionalidade pré-caóticos. É o que parece estar a acontecer na loja do Cidadão do Porto.
Orfãos como estão de um líder político que saiba "puxar" pela região (não confundir líderes, com "salvadores" da pátria), os portuenses assistem impotentes à inauguração de sucessivas lojas na região de Lisboa (se não me engano, já existem sete!) e lá têm mais uma vez de pagar a factura de um tratamento abaixo de cão pela parte desta catraiada que pensa estar a governar o país.
Sócrates, não foge à regra, e autista como é da realidade do país, imagina que a maioria dos portugueses tem dinheiro de sobra para comprar pc's (portáteis ou não) e para aceder à Net como ele acedeu ao sofá confortável do Poder, mas não tem, e por isso, depois, a super publicitada "flexi-segurança" resulta num fiasco total. Como é aqui o caso.
Pude assistir ao seguinte, na Loja do Cidadão da torre das Antas: os diversos stands espalhados pela envolvente circular do corredor do edifício estão quase encavalitados uns nos outros. O espaço, outrora amplo e bem distribuído, com os respectivos painéis informativos bem expostos, está agora transformado numa autêntica lata de conservas onde as pessoas se atropelam involuntariamente. É tal a confusão, que mesmo arregalando os olhos para as placas indicadoras, torna-se difícil fazer uma leitura rápida e precisa da respectiva informação. A máquina de retirar as senhas de atendimento da secção da DGI onde me dirigi, tinha dois botões, um para o atendimento geral, outro para a tesouraria. Retirei uma senha do que dizia Tesouraria com o nº.29 e aguardei. O placard electrónico indicava o nº.24 o que significava que tinha 5 pessoas para serem atendidas antes de mim.
Esperei 45 minutos! A "ferver", como devem imaginar. A ferver, porque entretanto pus-me a observar o desempenho dos funcionários. Havia 4 guichés para 4 funcionários, só 3 funcionavam e uma delas esteve seguramente 10 minutos sem fazer nada, a não ser... a palitar os dentes. Contive-me, porque se dissesse o que me ia na alma, o mais certo era ter que adiar o problema para outra ocasião.
Outro exemplo. Suponho que não haverá ninguém que não reconheça a melhoria do funcionamento dos CTT desde que foram privatizados, mas já tenho as minhas dúvidas que mantenha hoje a mesma opinião. Acabamos sempre por ficar com a convicção de que mais acima falei. Estes gestores doutorados (ou não) gostam, numa 1ª. fase, de impressionar o público à laia de quem coloca o isco no anzol, mas depois do "peixe" morder, abusam e já não querem saber do peixe (o público) para nada e subvertem a qualidade do serviço inicial. Antes, quando nos dirigíamos a um balcão dos CTT, o espaço era agradável, moderno e funcional. Agora, cansaram-se de nos servir com conforto. Em nome da ganância estúpida, decidiram transformar as estações de CTT em mini-mercados. Os recintos destinados ao público, foram literalmente ocupados por toda a sorte de expositores de livros, mesas com artigos de papelaria e escritório, etc., etc. Resultado: o benefício de conforto e funcionalidade que o utente gozava inicialmente está agora a ser-lhe retirado sem pagar menos por isso.
Não me choca que os CTT possam explorar o negócio com estes pequenos "ganchos" comerciais mas nunca sacrificando a qualidade do serviço ao consumidor. Se querem vender outros produtos, então que os exponham em locais onde não interfiram com a comodidade e a boa circulação dos utentes.
Deixemo-nos de snobismos: será necessário frequentar a Sorbonne para aprender o oportunismo destes ilustres doutores? Mas, quando é que, afinal, acabará esta praga de fiteiros licenciados neste país de incompetentes?

Outro que está "disponível"

Clicar sobre o título do post para ler o artigo do JN da autoria de Manuel António Pina
Descontando o grande número de hipócritas que o país produz há muitas gerações e respectivas descendências, ninguém acredita que haja alguém que não assine de cruz ou discorde do teor do pequeno artigo supra linkado em título.
Todos sabemos que é assim, que os políticos ficam "bem" demais no quadro traçado por Manuel António Pina, que, lamentavelmente, corresponde mais à regra que à execpção, mas nem por isso, essa convicção corresponde a uma reacção efectiva de rejeição firme pela parte do eleitorado.
Quando, decorridos 34 anos desde o fim da ditadura , o nível de vida dos portugueses continua a ser pautado por mais desemprego, por um acréscimo acentuado do fosso social entre classes, em que a classe média vai definhando e onde os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres aumentam, algo vai muito mal no reino desta democracia.
Se a estes factos tivermos de juntar outros óbices e de nos confrontarmos com a total descredibilização do Estado, temos razões de sobra para reflectir antes de nos deixarmos embalar pelo blábláblá das campanhas eleitorais e de irmos a votos. É uma boa oportunidade para começarmos a pensar seriamente a transmitir o nosso repúdio por este regime desqualificado. O voto nulo (traçado) é o único inteligente que nos resta.
Este fim de semana tive oportunidade de ler um longo comunicado do Bastonário da Ordem dos Advogados que foi enviado aos seus Conselhos Distritais, e não tive dúvidas em esclarecer o que já suspeitava: também no seio dos advogados está tudo minado.
O ridículo de tudo isto, é vermos o espectáculo cínico e degradante que está a ser feito com o Apito Dourado quando há tanto "lixo" por limpar nas secretárias dos senhores doutores.
Não sei, francamente, onde é que isto irá parar.