07 fevereiro, 2009

A petição do JN e a minha opinião

Não calem o JN www.petitiononline.com
— Assunto: Pelo JN
Não calem o JN Petição pela preservação da identidade do Jornal de Notícias (clicar no link)http://www.petitiononline.com/pelojn/petition.htmlTo:
Toda a sociedade portuguesa Manifesto pelo último grande jornal da cidade do Porto
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Há um só jornal de dimensão nacional sedeado fora de Lisboa, o "Jornal de Notícias", resistente último à razia que o tempo e as opções de gestão fizeram na Imprensa da cidade do Porto. Todavia, nunca a precariedade dessa sobrevivência foi tão notória como hoje, sendo tempo de todas as forças vivas da sociedade reclamarem contra o definhamento da identidade de uma instituição centenária que sempre as representou, passo primeiro para a efectiva e irreversível extinção.
Desde sempre duramente penalizado pela integração em grupos de Comunicação Social, pois sempre foi impedido de viver à medida das audiências e dos resultados, o "Jornal de Notícias" tende a ser profundamente descaracterizado pela remodelação que o Grupo Controlinveste encetou, ao lançar um processo de despedimento colectivo que afectou, para já, 122 pessoas em quatro dos títulos de que é proprietário.São cada vez mais nítidos os indícios de que o referido grupo económico está a usar a crise para levar a cabo uma reestruturação, longamente pensada, que, através da criação de sinergias, destruirá a identidade dos dois jornais centenários de que é proprietário: o JN e o "Diário de Notícias".
Se o processo não for travado, os dois jornais, mesmo que mantenham cabeçalhos diferenciados, serão apenas suportes de conteúdos sem alma. A ideia não é nova e, com a concentração dos media e com alterações legislativas feitas à medida, está em pleno curso. É agora prática corrente a figura do "enviado notícias", jornalista de um dos dois títulos em serviço no estrangeiro, que vê a sua reportagem (ipsis verbis) publicada em ambos, ainda ontem concorrentes, mesmo que integrados no mesmo grupo. Foi agora criada, à custa do despedimento de fotojornalistas, uma agência fotográfica cujos membros integrantes trabalharão, indiscriminadamente, para os jornais "Diário de Notícias", "24Horas" e "O Jogo" (o JN entrará logo depois nesse esquema, a primeira grande machadada nas matrizes identitárias das publicações).O resto virá a seguir. Os jornais do Grupo Controlinveste passarão a ser, não importa se sob uma ou várias marcas, veículos de um pensamento unificado.
Pensando apenas em optimização de recursos, descaracterizam-se redacções e nada impedirá, como acabou de suceder no JN com a informação internacional, que secções sejam extintas, uma vez que, nesta visão redutora, um só jornalista chegará para alimentar quantos jornais e páginas da Internet for necessário. A prática que se adivinha está já em curso na informação desportiva, em que JN e "O Jogo" partilham trabalho jornalístico.Com a solidificação deste assustador processo, será o JN o mais penalizado e, com ele, a cidade do Porto, todo o Norte do país, vastas extensões da região Centro e, por conseguinte, a própria qualidade da democracia portuguesa.
Toda esta estratégia está a ser desenhada à distância, integrando-se nela a recuperação, há menos de um ano, do cargo de director-geral de publicações, entregue ao director do "Diário de Notícias". Não importa a qualidade boa ou má dos propósitos, apenas que a estratégia do JN vem sendo traçada por pessoas que desconhecem por completo a história, o papel social, o estilo, os leitores ou os agentes sociais que ao longo de décadas tiveram neste jornal a sua voz.Cada vez mais, o JN deixará de ser a montra dos problemas e dos anseios de vastas zonas do país (o fecho e o emagrecimento de filiais são paradigmáticos). Com isso, haverá um crescente isolamento de regiões que o centralismo tem colocado cada vez mais na periferia. Com isso, o debate sobre a regionalização será restrito e controlado pelo espírito centralista. Com isso, questões como o peso do Porto e do Norte no Noroeste Peninsular serão menorizadas. Problemas como o da gestão do Aeroporto Francisco Sá Carneiro serão menos discutidos. A progressão da rede de metro do Porto será menos reclamada. O poder local será ainda mais invisível. O empreendedorismo será asfixiado. A vida cultural será ainda mais silenciada. O país exterior à capital será cada vez mais paisagem.
Em sede própria, estão os trabalhadores afectados pelos despedimentos (não apenas jornalistas), muitos deles em situações dramáticas, a lutar pelos direitos que lhes assistem. Aqui, é o jornal que luta pela própria existência. Dentro dos deveres que lhes são impostos, os representantes eleitos pelos jornalistas do "Jornal de Notícias" erguem a voz pela história que lhes cumpre honrar, pedindo que se lhes juntem as vozes de quantos virem na preservação desta identidade uma causa justa.A cidade do Porto e o Norte assistiram, calados, ao desmantelamento de ícones como "O Primeiro de Janeiro" e "O Comércio do Porto". Quando reclamaram, era tarde. No caso do JN vão ainda tempo de exigir responsabilidade e sensatez. Quando perceber que o fim de tudo foi assim evitado, também o Grupo Controlinveste agradecerá, e é por isso que reclamamos a recuperação urgente do verdadeiro JN. Nacional mas do Porto.
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A minha opinião:

Quando escrevo coisas desagradáveis sobre o que quer que seja é, obviamente porque tenho razões objectivas para o fazer. Quem quiser acreditar, acredita, quem não quiser, paciência, mas muito mais feliz ficaria, se tivesse motivos para fazer elogios sobre os assuntos que decido abordar.

Falo desta maneira, porque, de vez em quando aparecem por aqui alguns comentadores que, à falta de argumentação séria e objectiva se limitam a contradizer o que escrevo e, com maior ou menor subtileza, a levar os comentários para a insinuação insultuosa. Ora, destas reacções primárias, a única conclusão a que posso chegar, é que, acertei na "mouche", e que as pessoas que se manifestam dessa maneira se reviram naquilo que pretendi transmitir.
Passando de seguida a outro assunto, resolvi plasmar, aqui em cima, uma petição de solidariedade com o Jornal Noticias que encontrei na caixa de comentários por, enquanto mero cidadão portuense, ter algumas dúvidas sobre a sua objectividade.
Lamento, sinceramente, que a única coisa que motivou os funcionários da Controlinveste a abrirem uma petição on-line tenha sido o despedimento de 122 pessoas, depois de tantas afrontas terem sido feitas a outras instituições da cidade, tão ou mais nobres que o JN, como foi (e ainda é) o caso da campanha de intoxicação feita ao Futebol Clube do Porto, sem mesmo existirem factos credíveis a sustentarem-na. Uma grande vantagem, em termos institucionais tem o FCPorto em comparação com o JN e seus respectivos proprietários, é que (ainda) não vendeu a alma ao diabo, e continua muito orgulhosamente, a representar a cidade e muitas outras regiões do país em todo o Mundo.
O mesmo não se pode dizer do JN. O mesmo não se pode dizer também, de O Jogo, e do próprio Público. Sou insuspeito, porque desde que o jornal desportivo apareceu nas bancas, fui um fiel leitor durante muitos e muitos anos, enquanto não se venderam ao mercador, Joaquim Oliveira. O rumo que a partir daí, ambos os jornais começou a levar, foi manifestamente pró-Lisboa, com uns salpicos de cobertura regional para leitor enganar. Ora, quem não podia deixar-se enganar, para sua própria segurança, eram os jornalistas, mas só em desespero de causa, só o despedimento de 122 elementos, fez ouvir as suas vozes de revolta e indignação. Só agora, após o acto consumado, a coragem e a capacidade de mobilização apareceram, o que nos legitima a perguntar se não tivessem sido despedidos, não continuariam a ser meros espectadores passivos da linha sectária editorial que o jornal estava a levar. Eu, acho que sim.
Não sei, por exemplo, se entre os que agora se manifestam, se encontra um rapaz chamado Nuno Miguel Maia, que gastou os neurónios a rabiscar insinuações maquiavélicas constantes sobre Pinto da Costa. Para esse, seguramente, o FCPorto não era uma instituição do Porto, nem sequer teria adeptos (pessoas), tão à vontade ele se sentia a tentar colocar a reputação do Homem e do Clube, de rastos. Ele sabia (devia saber) que não estava a fazer um trabalho sério, honesto, ele só se preocupou com as vendas do Jornal dos seus amigos sulistas (incluindo do patrão, um nortista de merda).
A questão que me ocorre levantar, é esta: ninguém se opôs a estas aberrações a este mau jornalismo? Alguns, escreveram uns artigos para moralizar os parolos. E daí? Os senhores jornalistas que agora falam do jornal evocando a descaracterização de que está a ser alvo, a sua independência, não foram capazes de se unir e organizar para denunciar a situação publicamente, antes do jornal os despedir? Às vezes, para darmos um grande passo é preciso saltar algumas barreiras perigosas, é preciso arriscar, mas não foi isso que se viu.
Antes que se apressem a comentar a quente as minhas palavras, tenho muito gosto de informar que já por mais de uma vez escrevi aqui que não se deve confundir um «bufo» com um denunciante preventivo. Creio que esta "confusão" de adjectivos serviu de almofada para encobrir muita sacanagem nos bastidores dos jornais. Muitos, que agora se queixam, se calhar, acomodaram-se com a situação, deixando que os seus colegas maus profissionais, continuassem o seu trabalho sujo, em nome das vendas. O que interessava, era vender, nem que fosse à custa da destruição da vida de alguém.
A RTP está a seguir autistamente esse rumo, meus senhores, e são os seus jornalistas que lhe dão a cara, não é o patrão... Não são bébes de colo, são adultos... Eles não sabem o que estão a fazer? Sabem, claro! Enquanto o "pilim" entrar todos os meses na carteira, toca a andar, porque para a frente é que é o caminho. Pois, meus senhores, zanguem-se comigo à vontade, mas não mexerei um dedo para me solidarizar com os jornalistas da RTP, caso lhes aconteça o mesmo que sucedeu ao Comércio do Porto, ao 1ª.-de Janeiro e agora ao JN.
Pelo contrário. Nesse momento, considerarei que foi feita justiça. A história que contei
aqui do oficial alemão que quis acabar com Hitler, foi só para lembrar de que cêpa se fazem os verdadeiros Homens.

Os árbitros

Parece que os principais árbitros portugueses de futebol se inclinam para o seu profissionalismo, e alegam que só melhorarão se forem profissionais. Compreende-se, terão uma vida mais descansada. A questão é que já são quase profissionais, e dizer que em full-time melhoravam a sua actuação, é uma falácia. Eu penso que o principal problema com as arbitragens se chama "seriedade", por muito que ninguém o queira reconhecer publicamente. " Ninguém o queira reconhecer", é uma maneira incompleta de o dizer. O facto é que durante os anos em que o FCPorto começou a sua vitoriosa carreira, nacional e internacionalmente, o árbitros eram considerados desonestos por uma certa crítica, porque favoreceriam sistematicamente o FCP. Isso explicaria, segundo esses "imparciais" comentadores, os sucessivos exitos do clube de Pinto da Costa. Vieram os "apitos" e deixou-lhes de ser possível sustentarem essa tese, mas o FCP continuou a patentear a sua superioridade apesar de frequentemente prejudicado (a célebre arbitragem de Bruno Paixão em Campo Maior é um monumento à falsificação desportiva, tendo custado mais um campeonato aos portistas). Os comentadores do regime acham no entanto que o FCP continua a ser favorecido. Não sendo possível persistir em utilizar o "sistema" como "explicação", tiveram de arranjar outro mote: a culpa é da falta de profissionalização dos árbitros.

Pessoalmente acho que, futebolísticamente falando, não sou fundamentalista, tendendo mesmo a desculpabilizar alguns dos erros dos árbitros. Aceito que em muitos lances dúbios a decisão do árbitro não se possa chamar de erro. Trata-se apenas de decisão tomada por alguém que tem de o fazer no momento, quase instintivamente, acontecendo que por vezes a sua opinião não é coincidente com a minha, sem que isso queira significar que eu estou certo e ele é que está errado. Vêm-se todavia erros tão grosseiros que nem mesmo um bem intencionado aceita que sejam um mero engano do juiz, tendo todo aspecto de um favorecimento a um dos contendores, com a particularidade de normalmente favorecerem os clubes da segunda circular. Isto não acabará com a profissionalização, nem esta conseguirá melhorar os que, mesmo sendo sérios, não têm a menor vocação para ser árbitros.

Resumindo, penso que o problema da arbitragem não se chama "profissionalização". Chama-se honestidade - acompanhada de bom senso - a todos os niveis da estrutura da Liga, a começar no presidente a acabar no edifício da arbitragem ( e já agora, incluindo também a Comissão de Disciplina, um triste exemplo do que é a justiça em Portugal).

Pelo andar da carruagem, e pela nomeação do árbitro para o FCP-Benfica, sinto muito receio pela verdade do resultado final do jogo, receio que é ainda acentuado por causas endógenas ao próprio FCP. Espero estar totalmente errado em ambas as suposições, desejando vir a sentir uma alegria eufórica no domingo à noite perante um vitória categórica ( e se possível esmagadora!) dos dragões.

Transparências da porca da política

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Nada do que Pulido Valente aqui diz é novo para nós. Acho até, que já vem um pouco tarde. Mas, como este cavalheiro é muito colunável, convém fazer o registo.
Nota RoP
Pela liberdade que faço questão de nunca deixar de imprimir aos meus comentários, pelo incómodo que ele provoca, não estou à espera de os ver plasmados nos jornais correntes. A liberdade ainda não chegou tão longe...

Solidariedade selectiva

É execrável, para mim, o comportamento de um grande número de jornalistas. Recuso-me, enquanto leitor, a considerá-los verdadeiros jornalistas. Serão, talvez, uma espécie de escribas freteiros. Muitos, conheço-os, outros não. A forma seguidista, desonesta e despersonalizada, como muitos fazem o seu trabalho não merece um pingo de respeito.
Daí, colocar algumas reticências na assinatura de petições de solidariedade pelo despedimento dos trabalhadores do JN. Receio, por isso, estar a estender a minha mão solidária a quem, noutras alturas, gostaria de ter dado um pontapé. Mas, receio igualmente, estar a ser injusto e muito duro com todos os outros, sobretudo com aqueles que procuraram fazer séria e livremente o seu trabalho.
Considerando todas as situações possíveis, num país onde a Democracia de facto, não existe, receio bem, que as coisas nos bastidores do jornalismo sejam ainda piores do que imaginava.
Para dissiparmos um pouco as nossas dúvidas, sugiro, a partir de agora, aos leitores de Renovar o Porto, uma visita regular ao blog Alto Hama (já incluído na lista dos favoritos), do jornalista Orlando Castro. Talvez passemos a ficar mais esclarecidos com a realidade do jornalismo em Portugal.

06 fevereiro, 2009

Que «boas» que elas cantam!

LAURA PAUSINI + LARA FABIAN
La Solitudine (em Roma)

A Atitude, de Claus von Stauffenberg

Li, na revista Ípsilon que acompanhava o jornal Público de hoje, um artigo muito curioso sobre o filme "Valquíria", interpretado pelo conhecido actor, Tom Cruise. A história do filme, relata a vida de um oficial alemão (Claus von Stauffenberg), que, consciente do rumo dramático que Hitler estava a traçar à Humanidade, resolveu contrariar os princípios militares com os quais tinha sido educado, e atentar contra a vida do ditador.
É da consciência e da coragem de homens, como este oficial alemão, que a História pode inverter o sentido errado que outros fanáticos lhe querem dar. No caso concreto, a conspiração falhou e com ela a morte por fuzilamento de Claus von Stauffenberg.

Cito esta história, porque, enquanto a lia, lembrei-me da acção de despedimento que a Controlinveste moveu a um grande número de funcionários, entre os quais, constam alguns jornalistas do grupo. Pode parecer descabido relacionar o cenário horrível da 2ª. Guerra mundial com a situação de desemprego num jornal, mas a verdade é que, considerados os diferentes cenários, há entre eles um ponto em comum: a consciência do dever.
Von Stauffenberg, foi -como explica a crónica - um militar, criado sob os rígidos princípios do valor pátrio que, mesmo assim, teve a percepção de se arriscar a ficar na história como um traidor, mas que não se deixou subjugar pelos caprichos sanguinários de Hitler. Arriscou (e perdeu) a vida, mas ganhou a honra e a razão da História.

A Controlinveste (felizmente), é apenas uma empresa, não é o Fuhrer. Os jornalistas do Grupo de Joaquim Oliveira, não são soldados, são pessoas assalariadas, que não vivendo numa verdadeira Democracia, tiveram, apesar disso, a liberdade para aceitar ou rejeitar as condições de trabalho que lhes foram propostas. Aceitaram-nas.
Enquanto isso, os portuenses foram adquirindo o JN e O JOGO, ajudando assim os respectivos trabalhadores a sobreviver. Muitos de nós, fizeram-no, convencidos que estavam a contribuir para a manutenção e expansão de um jornal sedeado no Porto, e autónomo. Aos poucos, os leitores mais atentos vão-se apercebendo que o jornal está perdendo as suas referências locais, a sua autonomia, embora polvilhada, aqui e ali, de algum liberalismo emprestado por alguns colaboradores avulsos e relativamente independentes. O JN já não é um jornal do Porto, só está no Porto, como o jornal O JOGO. A isso, dá-se o nome de localização, não de autonomia.

Hoje, pela primeira vez, em muitos anos, ouço alguns jornalistas reivindicarem a importância do carácter regional do jornal, e estranho... Estranho, e não tenho dúvidas da sinceridade de alguns deles. Mas, pergunto: os senhores jornalistas, que fazem das notícias as suas vidas, não se aperceberam do rumo centralista que o jornal estava a levar? Se sim, porque não tomaram uma posição? Temeram ser despedidos pelo patrão de Lisboa? Então, não valeu a pena, como vêem.

A comparação aparentemente absurda que acima estabeleci com o oficial alemão e os jornalistas, passa a fazer todo o sentido se for apreciada em termos de atitude. É na atitude, que as duas histórias se cruzam, e na diferente consciência do dever, que elas se chocam.
PS

Durante o meu serviço militar, no continente e no ultramar, aprendi o seguinte: foram os oficiais de carreira os elementos mais valiosos, mais rigorosos e que menos se deslumbravam com o Poder. Os piores (salvaguardando excepções, em ambos os casos), eram os oficiais milicianos. Uma espécie de novos ricos da vida militar...

28 Cêntimos por segundo! É a vida?

Não escondo o meu gosto pelo futebol, contudo, considero os valores das remunerações pagas a alguns jogadores de futebol (e não só), como os referidos na lista aqui ao lado, absolutamente criminosos.
A culpa, por estas velhas aberrações económicas e sociais, não é dos jogadores, que se limitam a aceitar o que o «livre mercado», bem ou mal, lhes oferece.
A culpa, é de quem considera irreversível a bondade deste mercado.
Nem a crise que actualmente assola o Mundo parece bastar, para levar os seus dirigentes a rever seriamente esta "filosofia" de vida. Com ela - tenho a certeza -, nunca mais se fará justiça social, nunca mais haverá paz ou humanidade. Apenas continuaremos a assistir a ridículos simulacros, para impressionar o Zé Povo, de um candidato a qualquer coisa, parecida com, mais e mais Poder (leia-se, mais dinheiro).

TAF e JN

Acho fantástica a forma como a "Baixa do Porto" criou notícia

Não  por ter dado origem ao artigo mas pelo facto de um post deixado ontem às 15h00 ter dado origem a um texto que aparece publicado às 24h00 (não sei se já está na versão impressa). 

De facto as coisas estão a mudar no mundo dos media.

Links (fonte JN)

Banca dificulta crédito a reabilitação de prédios

Cedofeita com cobertura para atrair mais pessoas

Peritos disfarçados de clientes avaliam metro

Bancos justificam "spreads" mais altos (a boa consciência dos banqueiros...)

Pedro Proença apita F.C. Porto-Benfica (para a escória do rigor e da moral centralista, nomear um árbitro lisboeta para um jogo desta importância, é uma situação perfeitamente normal e insuspeita, mas, se fosse ao contrário, estariam criadas as condições suficientes para "realizar" um filme ou "escrever" um livro. É a «seriedade», à moda da capital no seu melhor. Enfim, mais do mesmo.

04 fevereiro, 2009

Offshores "legais"


Offshores: sérios sem o parecer

Ouvimos a palavra offshore vinte vezes ao dia, habitualmente associada ao crime de colarinho branco. Se o leitor for como eu conhece a palavra, mas tem apenas uma vaga ideia do seu significado. Quanto muito imagina uma arca de lingotes de ouro a ser transportada para uma qualquer ilha, onde é enterrada, ficando à guarda dos piratas locais. Para ser recolhida um dia, quando já ninguém desconfiar de nada.

O que talvez não saiba é que, ao contrário do que por vezes se julga, os offshores são perfeitamente legais e autorizados. Em termos simples são sociedades em paraísos fiscais, países que decidiram atrair investimento para a sua costa através da atribuição de benefícios às empresas que queiram sedear-se por lá. Uma técnica de marketing legítima, já que cada território soberano pode estabelecer os seus impostos, e que Portugal não só reconhece como pratica (sim, temos o offshore da Madeira).

Note-se, dizem os especialistas, que fazer uso dos mecanismos legais que permitem que sejamos menos penalizados pelo Estado é um direito que nos assiste a todos. Não é imoral nem ilegal. Aliás, praticamo-lo à exaustão em versão caseirinha, comprando, por exemplo, uma sociedade que tem uma casa por um valor menor, do que se comprássemos a casa directamente, ou encontrando outras formas de transacionarmos bens perdendo menos pelo caminho.
Os offshores são apenas um desses mecanismos, e quem os considera clandestinos talvez não saiba que os próprios bancos têm agências em zonas offshore, oferecendo aos clientes os seus serviços. Contudo, o facto de estas sociedades poderem ser representadas por um “testa de ferro”, não se revelando quem as detém de facto, favorece a imagem de que há qualquer coisa a esconder, incendiando a imaginação daqueles que gostam de ver “esquemas” em todo o lado.
Imaginação alimentada também pelo facto de existirem muitos casos em que os offshores têm permitido a lavagem de dinheiro, com a conivência destes paraísos que mantêm a lealdade dos seus clientes, em troca de facilitarem a falta de transparência. Decididamente, o bom senso não recomendaria o recurso a uma sociedade offshore a um político, a quem, como à mulher de César, não basta ser sério...

Comentário RoP
Afinal, em que ficamos? Não sendo as offshores imorais e ilegais, por que raio não se estende esta «técnica de marketing» a todos os cidadãos?

Haverá alguém que não considere excessivos os impostos que paga ao Estado, tendo em conta os benefícios do retorno? Ou, não será esta, uma forma encapotada de discriminação fiscal? Se alguém tiver dúvidas, que pergunte aos exércitos de desempregados que invadem o país, quantas vezes usaram essa técnica de marketing legal, em proveito próprio.
A autora deste artigo diz, também, que as offshores incendeiam a imaginação daqueles que gostam de ver "esquemas" em todo o lado, pelo facto de estas poderem ser representadas por outras pessoas que não as verdadeiras proprietárias, não as recomendando, por isso, a políticos. Até aqui, tudo "bem".

Mas, pergunto: é apenas aos políticos que é exigível parecerem sérios? A redactora parece esquecer-se que a vantagem-mor das offshores é precisamente aquela que ela gostaria de ver ser alterada e jamais será: a de garantir aos seus clientes «lealdade» em dificultar inspecções transparentes.

Por consequinte, D. Isabel Stilwell, está um pouco enganada (ou, confusa). Não é a imaginação que continuará a ser alimentada por «esquemas», é a realidade da história nacional. E os Bancos, não servem de exemplo para nada. Apesar da Madeira.


Ai os homens

A propósito de 2 posts anteriores do RV, este e este convém ler o que o público diz hoje sobre o assunto:

Lino preferiu o desconto ao cluster
"O ministro das Obras Públicas diz que poupou 57 por cento na compra de 16 Airbus e assume
toda a liderança no processo."

"À ausência de compensações para a indústria, Mário Lino contrapõe o maior negócio de sempre de uma empresa pública com a poupança alcançada"

Contrapartidas: como se faz?
"Contrapartidas são uma forma de compensações. Por se entender que as grandes compras públicas de equipamento militar ou civil originam exclusivamente despesa pública - não gerando riqueza para as respectivas economias - e perda de moeda, os países compradores passaram a associar estas operações a oportunidades de negócio para a sua indústria e de desenvolvimento económico, pois trazem grandes importações de tecnologia. "

e mais importante...

Como negoceiam os países?
"Vários países europeus, especialmente desde o final da II Guerra Mundial, fizeram das grandes compras públicas instrumento da sua política industrial e de cooperação internacional."

O que acontece noutros países?
"Nos que utilizam contrapartidas dentro da sua política industrial, elas são aproveitadas para benefício das PME, para a criação de novas empresas de base tecnológica, para capacitá-las para concorrer no mercado internacional e para criar áreas de excelência a nível mundial."

Quais são os bons exemplos?
"Espanha, Reino Unido, Finlândia, Polónia, Israel e Japão. A CASA espanhola, que chegou a ser mais pequena do que a Ogma e hoje pertence ao grupo EADS, cresceu desse modo, até ao último grande salto: participar no núcleo industrial do avião militar da Airbus, o A400M. A Nokia finlandesa deve uma boa parte do seu crescimento ao facto de o Governo ter procurado contrapartidas com elevada transferência de tecnologia para a sua indústria civil. Também os travões do comboio-bala, inovação tecnológica dos japoneses, foram desenvolvidos a partir de tecnologia dos caças aéreos."

Cá na mercearia, é no poupar que está o ganho. Assim sobram uns milhões para dar ao Humberto Bernardo

Messieur "Jamé"

Se há coisa que não me preocupa mesmo nada, é ser politicamente correcto. Nem sei porque deveria, considerando os exemplos, em catadupa, de incorrecções e de acções criminosas, que os nossos "honoráveis" mandantes fazem questão de praticar. Os políticos não gostam de ser demonizados? Não? Então, que aprendam depressa, a ser, e parecer sérios. Nós, já estamos fartos de os ver governar, governando-se. Por isso, a última coisa que nos devem exigir é ética e respeito, porque o respeito conquista-se com a reputação que se semeia, e como os senhores governantes semearam e continuam a semear uma péssima reputação, têm de aguentar com as consequências.
O post do Miguel Barbot fez-me retomar o tema das contrapartidas que ontem aqui abordei.
O senhor ministro das Obras Públicas Mário Lino tem-se notabilizado pela mediocridade e pelo absurdo das suas declarações contraditórias. Teimoso, pelas piores razões, anda agora a vangloriar-se de ter obtido na compra de 16 aviões Airbus para a TAP, um desconto de 57%. Um seu colega de partido, o deputado socialista Ventura Martins, não está muito convencido da bondade deste negócio e acusa o ministro Jamé (em, portugofranciú) de não ter salvaguardado o interesse estratégico do Governo e negociado contrapartidas (compensações) para a indústria nacional como fazem (com sucesso) outros países.

Pois, o nosso ministrote, mandou à fava as «estratégias» do Governo e o Plano Tecnológico, e decidiu por sua própria conta e risco negociar com a Airbus. Ora, o que se estranha mais desta decisão, ao arrepio das directrizes do próprio Governo, é o mal estar que parece ter provocado a Mário Lino, a divulgação dos relatórios sobre as compensações, antes do negócio ser fechado. Dá a nítida sensação de tratar-se de um quadro típico do velho refrão, "gato escondido, com o rabo de fora"... Não vos parece?

Será que estamos na iminência de mais um grande cambalacho à moda do BPN, BPP e Freeport?

Talvez não fosse tarde nem insensato que a PJ começasse a arrepiar caminho, no sentido de investigar como estas operações foram realmente realizadas, antes que os portugueses, sofram outro desgosto.
Além de mais, com a crise a sufocar a vida a milhões de pessoas, as festas de 500 mil euros no Ministério das Obras Públicas, para comemorar projectos (assinatura de contratos de adjudicação de auto-estradas), devia constituir, de per si, motivo bastante, para mandar prender o despudorado ministro. Digo eu.

Crise

Ministério das Obras Públicas organiza inaugurações milionárias

Os eventos das novas estradas, pelos quais as concessionárias pagam 500 mil euros, são organizados no Ministério de Mário Lino e por Humberto Bernardo.

Os eventos das novas estradas, pelos quais as concessionárias pagam 500 mil euros, são organizados no Ministério de Mário Lino e por Humberto Bernardo.

"Como o Negócios adiantou ontem, é às concessionárias que a Estradas de Portugal (EP) pede o pagamento de 500 mil euros por cerimónia, mas é no Ministério das Obras Públicas que têm decorrido as reuniões de preparação dos eventos. O Negócios sabe que a organização destes - e de outros - eventos está a cargo de Humberto Bernardo, o ex-apresentador de televisão, que tem estado a trabalhar ao lado do secretário de Estado Paulo Campos."



03 fevereiro, 2009

Aritmética Judicial

O Conselho de Justiça da FPF considerou improcedente o recurso do Belenenses quanto à meia final da Taça da Liga. O senhor presidente do CJ explicou que houve um "erro processual": a reclamação do Belenenses foi dirigida à Directora Executiva da Liga que, segundo o senhor presidente, "não era tida nem achada" no problema. Não se percebe muito bem a razão deste argumento, mas enfim, poderá haver poderosas razões judiciais que os leigos não entendem.

Só que logo a seguir o senhor presidente explicou que o CJ, se se tivesse pronunciado, recusaria o recurso porque, segundo ele, a expressão goal-average não quer dizer o que realmente diz, mas sim uma coisa diferente. O senhor presidente invoca o "futebolês" para justificar que afinal a Liga queria referir a diferença de golos e não aquilo que estava escrito no regulamento.

Eu sei que grande parte dos portugueses tem certa alergia àquilo que se chama "rigor". Dois mais dois são quatro, mas também podem ser três e meio ou quatro e meio. Depende das circunstâncias. Pensei que um magistrado, ainda por cima presidente de um importante orgão desportivo como é o CJ, tivesse um conceito rigoroso de rigor, passe o pleonasmo. Pois se foi tão rigoroso no motivo que levou o tribunal a nem sequer considerar a reclamação, seria igualmente rigoroso na apreciação estrita de uma expressão - goal-average - que existe e tem um significado preciso. Pelos vistos enganei-me. Estamos obviamente perante um caso em que dois mais dois não são quatro.

Azelhices ministeriais

Vem hoje a Efacec (no Público) queixar-se da fraude em que o Governo PSD/CDS (2002/2005) a envolveu, com supostas contrapartidas para a nossa indústria, pela compra de submarinos e helicópteros para as forças armadas, alegando que o trabalho que desenvolveu nesse sentido durante 4 anos, foi completamente nulo.
Esta empresa nortenha diz, ter realizado 24 projectos industriais para as empresas vendedoras do equipamento militar, e que nenhum deles foi aproveitado.
As declarações do Director da Efacec Internacional, testemunham, uma vez mais , que uma boa propaganda dos governantes nem sempre são prenúncio de boas notícias. Os governantes fazem muito alarido na anunciação de projectos. Garantem mais valias, entre as quais se destaca a criação de novos postos de trabalho, que é o principal "engodo" para adormecer a populaça, mas nem sempre as cumprem.
À época deste "negócio", era então Ministro da Defesa, Paulo Portas, um homem que tem chapado no rosto a boémia da dolce vita, mas que ainda assim, chega para convencer alguns papalvos para lhe "reconhecerem" méritos de "estadista". Depois, quem se lixa são os outros (como eu) que nem lhe dariam chance para gerir um quiosque. Resultado: dos 200 milhões de euros de expectativa de negócios que a Efacec previa realizar em contrapartidas, nem um cêntimo!
Tudo isto, porque, esta gente da política nacional, a única coisa que aprendeu a fazer, foi desculpar-se daquilo que não sabe fazer, e nunca a assumir as respectivas responsabilidades. Tudo isto, porque estes governantes são incapazes de negociar de forma cuidada e firme, todas as garantias que dificultem o incumprimento dos acordos aos seus parceiros de negócio.
O responsável da Efacec diz, com toda a razão, que existe falta de visão estratégica de todos os governos. Como é possível, tanta irresponsabilidade, e continuarmos a ver estes meninos a pavonearem-se nos corredores do Poder e darem pareceres na Assembleia da República? O crime, de facto, compensa! Permitir a livre circulação a estes pardais, é um atentado à Democracia.
Dizia há dias o escritor portuense Mário Cláudio que: a Democracia está doente. Eu digo que está morta. Que nasça outra. Depressa.

Links (JN)

Gasolina subiu mais em Portugal do que em 15 países europeus

Haverá alguém, capaz de afirmar que este quadro, em Portugal, é uma excepção, e não a regra? Segunda questão: serão factos destes (não são únicos) que contribuem para a subida do optimismo dos portugueses?
Pois, é. Cá está, mais uma vez, a prova e o preço, da rigidez administrativa de Rui Rio. Primeiro, reage pela negativa, confundindo rigor, com incapacidade para ouvir a outra parte. Depois, tem de pagar indemnizações. Estilos (caros)...

02 fevereiro, 2009

Campo 24 de Agosto




jardim, com o Hotel Vila Galé ao fundo


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A culpa,não é de todos nós, é dos poderes «ocultos»

Nunca é demais, insistirmos na desmontagem dos mitos que os «poderes ocultos» inventam para nos distraírem e permanecerem inimputáveis relativamente às crises que nos vão servindo em doses industriais, sem descanso. Um desses mitos, por exemplo, é aquela lengalenga da culpa pela depauperação económica e social do Porto (e Norte), "ser, de todos nós".
Há que reconhecer alguma habilidade na forma como os poderes «ocultos» constroem esses mitos e os fazem passar para a opinião pública com alguma facilidade. Constroem-nos, aproveitando a corrente de outros mitos, como são os programas do estilo "Prós e Contras" das segundas-feiras, da RTP, onde se costumam reunir as primeiras figuras da vida política e económica, para discutirem, de forma assaz «preocupada e democrática» os grandes problemas do país.
As coisas passam-se quase com realismo, tendo em conta a dinâmica que a moderadora Fátima Campos Ferreira empresta ao programa, com perguntas aparentemente incómodas para os convidados e a troca de galhardetes entre alguns deles, e o público na plateia a assistir como se estivesse (e está) em pleno teatro.
Para compor o cenário, e emprestar mais veracidade ao debate, colocam nas primeiras filas da plateia pessoas, mais ou menos identificadas com o tema em discussão. Findo o espectáculo, moderadora, participantes e público, recolhem a suas casas com as consciências temporariamente limpas, e com a ideia de terem cumprido o seu dever. Nada mais falso.
O país irá continuar exactamente na mesma, com a agravante de, a partir daí, alguns dos ilustres convidados se sentirem mais confortáveis para continuar a repetir as trapalhadas a que, por vício, já não conseguem fugir. O programa serve, sobretudo, para muitos lavarem as suas consciências e afastarem, por mais algum tempo, as suspeitas que eventualmente recaiam sobre si. A RTP, por seu lado, vendeu-nos a ideia que pretendia: de ter prestado um inestimável serviço público.
Não está aqui em causa a necessidade dos debates, da exposição pública dos assuntos de interesse público (leia-se, de Lisboa), mas sim os seus resultados objectivos. Com a TVCabo, os cidadãos do Mundo estão hoje ao corrente das barbaridades que um pouco por todo o lado se cometem, mas pouco mais conseguem do que ficar a saber o que não sabiam. Não têm quaisquer meios práticos e eficientes para intervir, por isso, a grande maioria, limita-se apenas a constatar factos.
Por todas estas limitações de cidadania, e já com tanta experiência acumulada, continua a espantar-me como determinadas pessoas continuam a dar importância ao que os políticos (ou ex-políticos) dizem e escrevem. E, incomoda-me mesmo, vê-los por aí, em jornais, nas televisões, nas rádios, em fóruns, conferências, a serem pagos para darem pareceres de toda a ordem e feitio, como se, atrás de si, transportassem créditos acumulados de savoir-faire acima de qualquer suspeita! Maus resultados, darão créditos? Isto, não faz qualquer sentido, meus senhores, como não faz sentido continuarmos a vê-los à frente de grandes empresas depois de mal cumprido o serviço público! Tal, só tem serventia para os próprios, e para a manutenção da mediocridade política.
Até nestes aspectos os media fazem as opções erradas. Se eles pretendem realmente útil os pareceres dos políticos, então, será muito mais avisado e justo, conferir créditos - ou o benefício da dúvida - àqueles que ainda não tiveram oportunidade de mostrar o que valem, não aos outros, que já estiveram no Poder sem conseguirem realizar nada de verdadeiramente relevante para o bem estar dos cidadãos. A relevância, deveria ser dada ao conteúdo, não ao estatuto. Ou, não será assim? Há uma manifesta falta de rigor nas opções da comunicação social quanto a estes costumes, onde ninguém sabe bem porque deverá ouvir pareceres de homens que contribuíram com a sua incapacidade e negligencia para o fraco desenvolvimento do país.
Ora, os debates,as crónicas jornalísticas, elaboradas com demasiada frequência por ex-governantes, não trazem nada de novo ao país, por mais legítimas que sejam as suas explicações, e tendem a transmitir aos assuntos uma credibilidade discutível, dando aos seus autores uma noção de competência altamente perniciosa. São estes maus hábitos, aparentemente inofensivos que geram os mitos e a tendência para delegar nos outros responsabilidades próprias. Os mitos, nunca governaram coisa nenhuma.

01 fevereiro, 2009

Regresso às origens

Uma empresa espanhola, a Iberdrola, vai construir quatro novas barragens no norte de Portugal, na bacia do alto Cávado. Numa época em que não havia essa entidade tentacular e centralizadora que dá pela sigla de EDP, o espirito empreendedor dos nortenhos tinha-se manifestado mais uma vez, neste caso através de duas empresas exemplares, as Hidroeléctricas do Douro e do Cávado. Quando não havia ainda a obcessão das energias renováveis, estas duas empresas iniciaram o aproveitamento daqueles dois rios e deixaram uma obra que está aí para ser vista e apreciada por quem goste de circular por essas paisagens belas mas actualmente abandonadas, vítimas das políticas centralizadoras dos últimos governos da nação. Foram essas empresas, juntamente com outras igualmente nortenhas de menor expressão e que já existiam há muito tempo, como a CHENOP, a UEP, a Electro del Lima, e mais umas quantas cujos nomes já não recordo, engolidas pelo novo monstro que, obviamente, teria de ter a sua sede social em Lisboa.

O país necessitava de mais energia eléctrica, o Norte fica muito longe de Lisboa, era incómodo para as "trutas" da EDP terem de se deslocar da capital até Trás os Montes ou Alto Minho, então o melhor era gerar a nova electricidade o mais perto possível de Lisboa. Na impossibilidade de contruir uma central no Terreiro do Paço, escolheram-se então dois locais próximos, Carregado e Pêgo. Não há aí rios turbináveis, mas isso não foi problema: passou-se da hidro-electricidade para a termo-electricidade. Em vez de uma energia renovável e nacional, passou-se a utilizar produtos não renováveis e importados: carvão e derivados de petróleo. Um parenteses para referir a central térmica da Tapada do Outeiro, situada na margem do Douro, no concelho de Gondomar, e que foi um caso à parte. Construída no "antigamente" destinava-se a aproveitar os carvões pobres das carboníferas de São Pedro da Cova e do Pejão. Trabalhou até o esgotamento das minas, e foi depois convertida, já recentemente.

De tudo o que fica exposto, concluo que é sintomático que tenha sido uma empresa não portuguesa que se propõe investir fortemente - 1.400 milhões de Euros - numa riqueza do Norte tão desprezada pela EDP. Fá-lo não por caridade nem por simpatia por esta região. Fá-lo porque é economicamente interessante. A EDP não foi capaz de o fazer. A distância de Lisboa é grande e as estradas nem sempre são confortáveis. Desconfio mesmo que há muitos (políticos) chefões da EDP que não têm a certeza de onde exactamente fica o Alto Cávado.

É aqui que o meu peculiar patriotismo se manifesta, não pela cor da bandeira, mas por quem, tendo afinidades étnicas e culturais comigo, contibui para o progresso e bem estar da minha região. Por isso venham os espanhóis. Por mim, até podem tomar conta da região. Fico a pensar que trocar Lisboa por Madrid ou mesmo por Compostela, poderá ser uma opção vantajosa.

Os deputados que não representam povo nenhum

Sempre me fez muita confusão, e continua fazendo, esta coisa de um deputado não representar os eleitores do círculo pelo qual é eleito, representando sim "todo país".

A propósito do referendo de Viana do Castelo para a inclusão, ou não, do concelho na Comunidade Intermunicipal do Minho-Lima (CIM) o lider concelhio socialista acusou duas deputadas do distrito de não terem defendido os direitos e interesses do Concelho. Uma delas retorquiu afirmando que as acusações são improcedentes, já que o estatuto de deputado diz que "um deputado representa todo o país e não o círculo pelo qual é eleito, muito menos este ou aquele concelho".

Parece-me que formalmente a resposta é inatacável, na medida em que é isso que a Constituição da República determina. Mas pergunto-me, e daí vem a minha incompreensão, o que é que o "interesse nacional" tem a ver com a decisão de incluir, ou não, o concelho de Viana no CIM? Não será esta decisão um assunto de mero interesse regional? E sendo regional, e não nacional, um deputado eleito pelo distrito está impedido de manifestar a sua opinião enquanto deputado? Esta incongruência vem reforçar a convicção de todos aqueles que consideram que os deputados não servem para nada e uma grande economia seria conseguida se apenas existisse um representante por cada partido! Aceito que me atirem à fogueira em virtude desta opinião, mas se os mais de 200 deputados estão impedidos de defender os seus eleitores, a nivel regional, e se a nivel nacional são normalmente obrigados a votar conforme o seu partido decide, qual é então a sua utilidade?

É claro que acredito que os deputados devem ser a base da democracia, mas não nos moldes actuais em que pouco mais são do que fantoches nas mãos dos partidos, além de vítimas de estranhas determinações constitucionais. Quem se lembra dos tempos do PREC, lembra-se que havia quem quisesse explicar a bagunça então existente, com a afirmação de que o país estava percorrendo "uma via original para o socialismo". Acho que a via para a democracia também foi "original", com incongruências como esta e mais umas quantas que existem na Constituição: proibição de partidos regionais, inclusão das regiões como divisão administrativa mas sujeita a referendo, obrigação de regionalizar na base de "ou tudo ou nada".

Fazer o quê? Encolher os ombros e continuar a protestar. Não resolvo nada mas "lavo a alma". Mas pode ser que um dia os portugueses de norte a sul se consciencializem de que têm de actuar para transformar esta democracia de opereta numa democracia a sério. Se isso acontecer nós, os que protestamos, gostaremos de pensar que demos um pequeno contributo.

Isto sim, é o real Trio de Ataque: a alegria do «Povo»...

Se alguém ainda tiver dúvidas sobre a pluralidade da imprensa desportiva «portuguesa», os jornais de hoje da especialidade, estão aqui, bem vermelhos e «originais», para as dissiparem.

Tão pobre vai a imaginação destes mercenários da imprensa da bola, que já não conseguem diferenciar os títulos e a côr das primeiras páginas! Vejam bem, ceguinhos centralistas, homens do verniz foleiro, campeões da hipocrisia. Coloquem umas lentes bem fortes, um telescópio, para não voltarem a auto-flagelar a vossa já tão penosa imagem.

Ah! É uma boa altura para recordar aos senhores «jornalistas» que andam por aí aflitos, a tentar arranjar assinaturas para petições de solidariedade, que as procurem fora desta região, lá mais para os lados da segunda circular. Pela minha parte, com esta forma de fazer «jornalismo desportivo», só posso congratular-me com a vossa condição de pedintes desavergonhados.

Nota do RoP

Para que são precisos três jornais desportivos se os três dizem o mesmo, para a mesma clientela? Sugiro que façam a fusão entre si e criem um só jornal, com este nome:

O LIXO DESPORTIVO

(assim mesmo, encarnadinho)