06 março, 2009

Porcos!

Se Portugal fosse um país realmente democrático, onde a autoridade e as boas práticas de cidadania estivessem devidamente implantadas, não seria mais possível continuarmos a ver capas de pasquins como as do miserável exemplo aqui ao lado.
Na foto do meio inferior, vê-se uma imagem de Carolina Salgado à saída do Tribunal em que foi insultada por uma rapariga, e onde, aparentemente, está também Pinto da Costa, a rir-se.
Uma foto-montagem execrável, onde a má fé é patente,visando lançar mais veneno sobre o troféu de caça, Pinto da Costa.
Não faço ideia como serão tratados estes testemunhos de falta de seriedade dos media, por parte da ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação) e da própria Procuradoria Geral da República, mas a indiferença parece ser a reacção natural.
Estranha-se (já não muito, enfim), é que pessoas com tanta responsabilidade, movam céu e terra a tentar encontrar provas para incriminar um homem, e que lhes passe totalmente ao lado, este crime. Parece-me que por aqui, se podem retirar as ilações necessárias, sobre as suas verdadeiras intenções.

Música Celta (a tal, que Rui Rio não gosta)



BOM FIM DE SEMANA!

Tim Burton - Speed Painting

A ANA , o aeroporto Sá Carneiro, e as "derrapagens"

Dizia Goethe: "Comparar não é, para um ignorante, senão um meio comodo de se eximir de julgar".

Usarei esta eloquente frase do famoso filósofo alemão, do século XVIII, para afugentar categoricamente, aqueles espíritos de contradição tradicionais, sempre disponíveis a branquear pecados velhos, para os transformar em transcendentais virtudes. Vá de retro..., pois!

Imaginem um engenheiro de pontes a quem lhe entregavam a responsabilidade de elaborar um projecto para a construção de uma ponte, e lhe facultavam o tempo e as condições necessárias para a sua eficiente execução, e que, quando está para inaugurar a obra, quatro anos mais tarde do que havia calculado no projecto, a dita ponte se desmorona. Procedidas as devidas investigações, os peritos concluem ter havido uma derrapagem nos cálculos de engenharia. O que diriam de tal engenheiro? Que estaria senil? Que enlouquecera? Que era um irresponsável? E, que destino teria tal criatura num país civilizado? O hospício ou a cadeia, responderiam.
Pois, é exactamente isto que, em Portugal, acontece com uma precisão angustiante , na conclusão das grandes (e pequenas também), obras públicas. Derrapagem. Foi este, o nome escolhido para classificar a incompetência crónica, ou o despudor profissional dos gestores de tais empreitadas. Parece até, que se está a falar de corridas de automóveis, em piso molhado... Entre derrapagem e incompetência, desde que não batamos contra um muro, quem não prefere a primeira expressão?

O Tribunal de Contas, detectou várias causas para a derrapagem temporal (mais 4 anos!) , da ampliação do Aeroporto Sá Carneiro, e 100 milhões de euros mais caras! Apontou as seguintes razões: Impacto Ambiental, Análise da Proposta, Serviços Externos, Suspensão de Obras, o Euro 2004 (que jeito deu, afinal), o Mau Tempo, e por fim, o Planeamento.

Vejamos:

Impacto Ambiental - 1ª. desculpa da ANA
atraso na entrega da Declaração de Impacto Ambiental
1ª. conclusão nossa
não existia, não podia existir, o Ministério do Ambiente.
Análise da Proposta - 2ª. desculpa da ANA
demora na análise (18 mêses) para a construção do terminal.
2ª. conclusão nossa
não existia, nem podia existir um responsável por essa tarefa (excepto, ao fim do mês...).
Serviços Externos - 3ª. desculpa da ANA
dificuldade de decisão na recolocação dos serviços exteriores à ANA. A Alfândega.
3ª. conclusão nossa
a dificuldade já vem de trás, e é plural.
Obras Suspensas - 4ª. desculpa da ANA
é difícil (outra vez) executar obras de ampliação numa estrutura mantendo-a a funcionar, o que obrigou à suspensão frequente das obras.
4ª. conclusão nossa
se a avozinha não tivesse morrido...
Euro 2004 - 5ª. desculpa da ANA
Suspensão dos trabalhos e reajuste do plano, quando se soube (em1999) da realização do Euro 2004.
5ª. conclusão nossa
de todas, a única desculpa real aceitável para os atrasos da obra, visto ser a menos previsível.

Mau tempo - 6ª. desculpa da ANA
O Inverno de 2000/2001. Péssimas condições metereológicas.
6ª. conclusão nossa
um estudo, não tem de compaginar e admitir esta possibilidade?
Planeamento - 7ª. desculpa da ANA
Atrasos provocados por dúvidas, indefinições e alterações dos projectos
7ª. conclusão nossa
Dúvidas, indefinições, e alterações dos projectos quando e sempre que acontecem revelam maus estudos, má articulação entre cooperantes.
PS-Tudo isto, por mais compreensível que se queira ser, não justifica derrapagens desta grandeza e sistemáticas. Pelo contrário, agrava as suspeitas sobre o enriquecimento súbito de parte dos agentes envolvidos nestas empr
eitadas.





Onde é que já ouvi isto?

"A nossa Democracia tem fragilidades que importa corrigir: a começar na vida interna dos partidos e dos sindicatos (...). Mas também nos domínios da Justiça (...) e dos media, onde cada vez há menos jornalistas qualificados e independentes e mais "funcionários" ao serviço dos interesses que lhes pagam..."
Mário Soares/Visão
Público

Tenho, o respeito que a minha consciência de cidadão minimamente atento ao teatro da política, exige que tenha, para com o Dr. Mário Soares. Não mais. Deste homem, de aspecto afável e bonacheirão, pouco mais me resta do que a imagem simbólica de alguém que nunca conseguiu ultrapassar o nível dos processos de intenção.
Ama a Liberdade (pela qual, sempre lutou), mais pelo que ela tem de abstracto, do que pelo que ela implica de objectivo. É um teórico do humanismo , um socialista de intenções, mas decididamente, um capitalista em acções (não foi ele quem meteu o socialismo na gaveta?). Incomoda-o, seriamente (creio), o lado usurário do capitalismo, sobretudo como nestes últimos tempos, quando põe a nu, os métodos anárquicos e oportunistas da gestão dos dinheiros públicos e privados. Ainda que atento e sempre disponível para censurar o capitalismo selvagem, caminhou sempre a seu lado.
Nunca, estes últimos anos, o vimos verdadeiramente interventivo, ou pelo menos, suficientemente incomodado com a macro-concentração do poder na capital, sabendo como um homem com a sua experiência é obrigado a saber, o quanto isso contribui para a fragmentação da coesão nacional e para a consequente geração de movimentos autónomos e até separatistas.
Este comportamento ziguezagueante de Mário Soares, deixa-nos sem alternativas ,e com muitas dúvidas, quanto à sua visão estratégica sobre o país. Às vezes, procede como se apenas estivesse interessado em manter um protagonismo que o avançar da idade ameaça ofuscar. Às vezes, acho que está a brincar connôsco...

05 março, 2009

Mourinho, contra todos

A Universidade do Porto

O perfil do Ensino Superior tecnológico em Portugal está a mudar, fruto não só da própria evolução do conhecimento humano, como também da nova postura da generalidade das universidades portuguesas, que estão a abandonar a tradicional e antiga postura majestática ao estilo da velha Universidade de Coimbra. Ao invés, as universidades tendem actualmente a funcionar como pontes para a indústria, constituindo-se assim um autêntico motor de progresso material. Suponho que a entrada em cena de novas universidades, especialmente Minho e Aveiro, que chegaram à vida académica sem os vícios e tiques das suas irmãs mais velhas, contribuiu decisivamente para esta postura mais realista.

Por tudo o que tenho lido, orgulho-me, como portuense que sou, de verificar que a Universidade do Porto abandonou posturas poeirentas e enfileirou na vanguarda dos organismos portugueses que constituem o motor da mudança do perfil tecnológico do nosso país. Penso que, aqui no Porto, não temos assim tantas coisas de que possamos nos orgulhar, mas porque acredito que a nossa U.P. é uma delas, é com satisfação que aqui deixo esta pequena nota.

Dêem-nos liberdade para concretizar as nossas iniciativas, para definir o nosso próprio caminho, cortem-se as amarras centralistas que nos limitam severamente em todos os campos, e a nossa região, a nossa Galécia, será certamente capaz de sair desta penosa e deprimente situação de sermos dos mais pobres da Europa. Lembrem-se, os patriotas tradicionais, que um corpo é o somatório das suas partes, e que portanto uma Galécia mais forte significará um Portugal igualmente mais forte.
Nota: este post é da autoria de Rui Farinas


O Douro e a Rua da Restauração, a partir do Palácio









Rui Rio, versus, Bragaparques




























Estas fotos foram extraídas do Blogue A Outra Face da Cidade Surpreendente

Enquanto a Câmara M. do Porto se prepara para entregar o projecto de reabilitação da Praça de Lisboa à Urbiclérigos, consórcio pertencente à Bragaparques , a mesma empresa, cujo responsável máximo, acaba de ser punido pelo Tribunal, por tentativa de corrupção a um vereador da CM de Lisboa, a Porto Lazer (organismo camarário), volta a chutar para canto a cultura portuense, com a recusa de apoio financeiro para a realização do Festival Intercéltico do Porto, o mais antigo do género.
Já não é a primeira ocasião que Rui Rio, revela ter um conceito de cultura dominado por uma visão economicista parola, para consumo fácil e de rápido rendimento, o que explica a sua predilecção pelo estilo revisteiro e plagiador do Filipe La Féria, para o Teatro Rivoli. Segundo pensa, La Féria dá lucro, e se dá lucro, dá cultura. Não entendo que outro raciocínio possa ele fazer, se na base das suas decisões, é o lucro que as baliza. Defende o mesmo princípio que está na génese da comunicação social, onde vale tudo, (incluindo "tirar olhos" ), para vender. Não se percebe é como, lendo pela mesma cartilha dos media, Rui Rio tanto dela se queixa. Alguma coisa estará mal nas suas opções.
Fica o aviso: se daqui a uns tempos houver problemas com a Bragaparques, Rui Rio não tem qualquer desculpa, será implicita e previamente conivente com os mesmos, pelo que, não lhe restará outra coisa senão demitir-se (o que duvido que o venha a fazer)...

Carolina outra vez suspeita de mentir

Ministério Público detecta indícios de falso testemunho em queixa-crime apresentada contra antigo namorado

A principal testemunha do Apito Dourado vai ser alvo de mais um processo por falso testemunho. Em causa estão as datas de recepção de mensagens ameaçadoras por parte de um ex-amigo. "Má-fé", acusa o Ministério Público.

Carolina Salgado queria apresentar uma queixa contra Paulo Lemos, um amigo conhecido após a ruptura da relação com o líder do F. C. Porto e com quem acabou por incompatibilizar-se. Ao ponto de Lemos ser a principal testemunha no processo em que é acusada de crimes de autoria moral de incêndio dos escritórios de Pinto da Costa e do advogado Lourenço Pinto.

Assim, a 11 de Abril de 2008, formalizou denúncia no piquete da directoria de Lisboa da PJ, por ameaças e injúrias, aludindo a 44 mensagens de telemóvel cujo envio data do segundo semestre de 2006. Nessa ocasião, garantiu que só dias antes teve conhecimento do teor das mensagens, armazenadas num telemóvel avariado e que, até então, nunca mais utilizara. A data de conhecimento das alegadas ameaças e injúrias é pormenor fulcral, uma vez que, tratando-se de crimes particulares e semi-públicos, há um prazo de seis meses para a denúncia.

Isto é, se Carolina tivesse dito que teve conhecimento das mensagens na data em que foram enviadas, o processo seria arquivado, por ter decorrido mais de ano e meio após os factos.

O caso foi enviado para o DIAP do Ministério Público do Porto. Só que, durante a investigação, a procuradora Teresa Morais descobriu que, afinal, Carolina terá tido conhecimento das mensagens na data em que foram enviadas por Lemos. Terá, por isso, faltado à verdade aquando da denúncia (ver ficha).

Por esta razão, o caso acabou arquivado, por caducidade do direito de queixa. A magistrada concluiu que tal denúncia - apresentada dois dias após o ex-amigo ter voltado a fazer acusações contra Carolina às autoridades - terá estado inserida numa estratégia de defesa no processo dos incêndios. O objectivo seria descredibilizar o autor material do ilícito, alegadamente a mando da ex-amiga, que acabou acusado, apenas, por crime de dano.

A agravar a situação está o facto de Carolina ter sido outra vez ouvida pela GNR, no Alentejo, onde agora vive. Como testemunha, a queixosa disse confirmar "na íntegra" a denúncia.

"Considerando que, como bem sabia, parte dos factos alegados não correspondiam à verdade e porque estamos perante uma outra conduta (autónoma), extraia certidão e todo o processado e remeta aos serviços do Ministério Público no Tribunal de Fronteira para procedimento criminal [...] pelo crime de falsidade de testemunho", pode ler-se no despacho, a que o JN teve acesso, aludindo a uma "denúncia de má-fé".

Contactado o advogado de Paulo Lemos, Luís Vaz Teixeira, explicou ao estar a ponderar "procedimento judicial autónomo" contra Carolina. "A minha cliente prestará todos os esclarecimentos em sede própria. E nessa ocasião constatarão que em momento algum prestou falso testemunho", disse, ao JN, José Dantas, o advogado de Carolina Salgado.


04 março, 2009

A decandência que não se quer ver

Ontem, tive de ir à baixa do Porto. Como ainda não tinha tomado o café, e porque me ficava a caminho, decidi entrar no referencial Café Aviz. Seriam 10 horas da manhã, portanto, não era propriamente cedo. No café, que é relativamente grande, além de mim, estavam mais 3 pessoas. Sim, três pessoas apenas (comigo quatro), no Aviz! O silêncio, contrastava penosamente com o alvoroço e o frenesim de outrora, onde, para além dos estudantes, se reuniam e conversavam os comerciantes das redondezas, e outras pessoas que por ali trabalhavam.
Em frente, onde devia estar a icástica e antiga livraria Aviz, restava um edifíco vazio e sujo, sem quaisquer sinais de reabilitação presente ou futura. Logo ao lado, uma outra livraria cujo nome não fixei, (datava do ano 1906), encontrava-se com as grades de segurança ainda fechadas. Algum tempo depois, chegou um homem, que presumi ser o proprietário, que abriu as grades e as portas a um público que não se conseguia vislumbrar. Eram quase dez e meia, e além deste homem, ninguém mais vi entrar naquele estabelecimento, o que me fez depreender que, acumularia a dupla função de proprietário/empregado...
Antes de entrar no Aviz, tinha descido a pé, a Rua do Almada, onde pude observar o panorama desolador de vários prédios a acusarem ruína e a servirem de abrigo a mendigos e pombos. Alguns, já nem sequer tinham tecto, nem janelas. Desta rua, onde há relativamente pouco tempo, o comércio de ferragens e de ferramentas fora vivo e pujante, apenas sobravam, dispersas, umas pequenas lojas de resistentes, à espera do golpe final.
O cenário não me trouxe novidade, mas serviu para reconfirmar a incúria e a ineficácia das directrizes de reabilitação urbana seguidas pela classe política. É deprimente e chocante. Mas, o que choca a valer, é sabermos da existência entre nós de alguns «cérebros dinâmicos e bem pensantes», com teóricas responsabilidades na matéria, que assobiam para o ar, perante este violento e aterrador espectáculo de depauperação, do coração de uma cidade.
A esses, o justo castigo, a divina conta, só será uma realidade, no dia em que essas ruínas do passado se abaterem sobre os seus corpos imprestáveis, de parasitas.

03 março, 2009

Roma paga aos traidores

É um espetáculo deprimente a que assistimos com indesejável frequência. Autarcas da mesma região atacando-se em público a propósito de decisões políticas do governo que tenham a ver (ou não) com o funcionamento das autarquias ou das Áreas Metropolitanas em que estão inseridos. Qualquer discordância expressa pelo autarca que não é da cor do governo, mesmo que justificada, é logo agressivamente rebatida por um representante do partido no poder que, com argumentos geralmente de pouca consistência, se sente na obrigação de defender o governo (e o seu próprio tacho, claro!) e de atacar o colega discordante e o partido a que ele pertence, independentemente da bondade da decisão política em causa. Pessoalmente considero isto uma traição à Região. Infelizmente neste caso, ao contrário do que afirmou um imperador romano, "Roma paga aos traidores".

Vem isto a propósito das reuniões da Junta Metropolitana do Porto, onde o clima de discórdia e a clivagem partidária parecem estar sempre presentes, sobrepondo-se ao interesse da Área Metropolitana. Aquele é um órgão em que todos os seus membros deviam puxar para o mesmo lado. As suas decisões deveriam ser pautadas por um único objectivo - o interesse da Área Metropolitana do Porto - sem prejuízo da existência de distintos pontos de vista, expressos por distintas forças políticas. Não é isso que se constata e esta partidarite aguda vai ser um fortíssimo obstáculo a uma futura regionalização, como aliás ficou bem patente na campanha para o referendo de 98.

A propósito refira-se um outro aspecto que diz respeito às verbas entregues pelo governo às Áreas Metropolitanas. Até este ano, as transferências dessas verbas tinham de cumprir determinados prazos pré-estabelecidos. A partir de 2009 essa obrigação temporal desapareceu e as entregas passam a ser feitas quando o governo muito bem entender. Pretende-se obviamente dificultar o funcionamento das Juntas, estrangulando-as financeiramente, e trata-se também de uma tentativa de calar e "meter na ordem" as Áreas Metropolitanas mais recalcitrantes, aquelas que recusem o beija-mão ao poder centralizador.

Ponte da Arrábida

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02 março, 2009

O objector de consciência do centralismo

No terreiro, mesmo defronte da Sé do Porto, está implantada num muro de granito, esta placa gravada com uma inscrição suficientemente ilustrativa sobre a importância da cidade do Porto na conquista do espaço físico de Portugal. A continuar o caminho de desprezo a esta cidade, seguido por quem mais a devia honrar (os orgãos do poder), não tarda muito, alguém manda demolir este singelo, mas honroso ícone, para varrer com qualquer vestígio da sua história.

Não tenho a menor dúvida, que muitos, adorariam fazê-lo, se pudessem... Já estão a tentá-lo com uma das suas mais populares instituições (o FCPorto), qualquer dia, vai o resto.
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Há mais Bragaparques, senhores promotores imobilários!

Se alguém afirmar, sem papas na língua, que Portugal está completamente dominado, de alto a baixo, pela mediocridade, teremos razões objectivas para ficarmos chocados com tal afirmação? Honestamente, sabemos bem, que não. Mantermos o desgosto, compreende-se, mas surpreendermo-nos com ele, é que não.
Do Presidente da República, ao 1º. Ministro, percorrendo a Procuradoria Geral da República, até às instituições de investigação e de justiça, pouco se aproveita. O terreno, está todo minado, ninguém está inocente. E ninguém está inocente, porque, mesmo estando-o, deixou-se moldar, sem reacção, por conveniência ou cobardia, a todo um longo regime de vícios e esquemas sociais que lhe negam o direito à indignação.
Ainda assim, há alguns que insistem em pregar-nos a moral, alegando que não devemos generalizar. Como não? A liberdade, a verdadeira, tem um preço muito alto, não é algo que se ofereça, a liberdade conquista-se. Quando a sentimos ameaçada, quando não podemos conviver com quem a ameaça, só temos uma alternativa, bater com a porta e sair, procurando-a noutro local onde possamos continuar a ser nós próprios. O problema, é que são poucos os que têm carácter para o fazer.
Numa entrevista dada ao Público de sábado passado, o antigo ministro da Justiça, Laborinho Lúcio, dizia a propósito do caso Bragaparques, cujo responsável máximo, Domingos Névoa, fora condenado como uma risível coima de 5.000 € por tentativa de corrupção a um vereador da Câmara M. de Lisboa, que a Lei fazia uma distinção entre a corrupção pela prática de actos lícitos e a de actos ilícitos, justificando a branda decisão do Tribunal com o facto de este ter dado como provado, neste caso, corrupção por acto lícito não consumada.
Esta entrevista, é bem elucidativa do emaranhado de leis contraditórias em que o sistema de Justiça se move. Questionado, "como se conseguia vencer a criminalidade", L. Lúcio respondeu:
"não é o cidadão que tem de vencer a criminalidade, é o Estado. Não é ao cidadão que se tem de pedir que não tenha projectos aprovados, que não faça a sua vida, que se queixe, embora não tenha elementos de prova e veja a sua queixa cair por falta de fundamento..."
Pois, é a vida... Aquela vida que faz com que, sempre que precisamos de um projecto aprovado, deparemos logo com um funcionário a carregar o sobrolho das "dificuldades", antes mesmo de conhecer o projecto, para se "candidatar" ilicitamente ao nosso dinheiro para "facilitar-nos" a vida. Sabemos que estes métodos estão instalados em muitas repartições do Estado, e que só é possível combatê-los com eficácia com direcções credíveis e altamente interventivas. O corruptor nem sempre é o principal culpado, porque é frequentemente pressionado pelo corrupto para esse caminho, para ver as coisas a avançarem. E as "coisas", nestes casos, quer sempre dizer, dinheiro, negócios.
A questão é complicada, mas seguramente passa por uma disfuncional cadeia de fiscalização nos vários patamares da hierarquia burocrática do Estado, onde o comodismo acaba por se instalar e permitir as melhores condições para a corrupção se propagar a toda a instituição. Ninguém leva nada a sério, por mais respeitável que seja o seu cargo, e, como tal, fica rapidamente aberto o caminho para a bandalhice. Para a maioria dos portugueses, ser furão, esperto, bem sucedido, é assimilar naturalmente estes hábitos. E assim se percebe a razão do enriquecimento fácil de muitos funcionários públicos.
Mas, se - como diz, Laborinho Lúcio -, cabe ao Estado administrar eficientemente a coisa pública, e não o tem conseguido fazer, se tudo parece estar a piorar, quem, para além dos nossos "ilustres" governantes, é que, concretamente, tem representado o Estado abstracto?
A «cereja» no cimo deste fétido bolo (salvo-seja!), fica elucidativamente colocada, quando um 1º. Ministro, é suspeito de, também ele, pertencer à «nobre» família dos homens de sucesso (corruptos)...

01 março, 2009

...mais este vaidoso pavão que parece desafiar a máquina fotográfica




PS-Chamo a atenção dos respectivos responsáveis, para o facto de estes animais se encontrarem num recanto relvado nas traseiras da biblioteca Almeida Garret, num espaço limitado, acessível ao público, e aparentemente não vigiado, o que pode pôr em risco a sua segurança.


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E por falar em Palácio, aqui vai




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O FCPORTO DE JESUALDO

O corporativismo político ou profissional, contrariamente ao que os seus militantes supõem, não os protege, nem a eles próprios, nem à actividade que desempenham. Bem pelo contrário, torna-os, decorrentemente, cumplíces das asneiradas que muitos dos seus colegas praticam afectando toda a sociedade.
Criticar construtivamente um colega de profissão, explicar com seriedade e rigor, os aspectos negativos do seu trabalho ou das suas atitudes, pode ajudá-lo a corrigi-lo, melhorá-lo até, e a evitar também que a crítica se estenda genérica e indiscriminadamente a toda a classe. No entanto, não é isso que habitualmente acontece. Do mais irrelevante ao mais alto escalão hierárquico, a reacção óbvia, quase instintiva é defender o colega. Isso, sucede, mesmo quando alguém é acusado de crimes hediondos, como, por exemplo, os de pedofilia. E, quando o fazem de forma espalhafatosa, usando o mediatismo das televisões e jornais (como aconteceu no caso Casa Pia), agrava mais a situação.
Ocorreu-me esta realidade, depois de ter ouvido num canal de Tv (o Porto Canal) o treinador Mário Reis, homem, por sinal afável e simpático, falar sobre Jesualdo Ferreira do jogo de ontem no Dragão, do FCPorto com o Sporting, tentando sempre desculpabilizá-lo, opostamente às críticas que eram dirigidas telefonicamente ao treinador portuense por alguns adeptos portistas pela forma como conduziu a equipa azul e branca. Mário Reis, escolheu o caminho mais cómodo, que foi resumir o descontentamento dos adeptos ao facto de não terem vencido o jogo.
Francamente, considero esta maneira de analisar a reacção do público, não só pouco original, como um modo nada respeitável de aceitar e menorizar a opinião de quem, afinal, contribui mais para que o negócio do futebol não acabe, ou seja: os adeptos.
Sem pretender entrar em detalhes de tácticas e técnicas, do jogador A ou B, creio não dizer nenhuma asneira, se afirmar que o maior defeito de Jesualdo é não conseguir transmitir segurança aos adeptos e aos próprios jogadores.
A forma como os jogadores jogam, com lançamentos em profundidade algo anárquicos, é extremamente desagradável o que obriga todos os sectores da equipa a esforços acrescidos. Mesmo quando a equipa marca e está em vantagem, o público sente-se desconfortável, porque o sistema de jogo que Jesualdo privilegia, permite que o adversário (seja ele qual for) jogue à vontade até à grande área portista, onde os jogadores já em desespero de causa, procuram defender conforme podem. Não é à toa que agora, quase todas as equipas marcam no Dragão.
Isto acontece, sobretudo quando o FCPorto joga no seu estádio e tem de assumir as despesas da casa com ataque planeado, que é sistema para o qual Jesualdo não sabe, ou não quer, talhá-lo. Jesualdo Ferreira é um treinador de contra ataque, mas sem grande beleza, sem rotinas consistentes. A beleza que ocasionalmente podemos apreciar, deve-se mais a iniciativas individuais dos jogadores, do que a rotinas de jogo da equipa. Para esse estilo de jogo, o Coo Adriaanse fazia bem melhor. Também não defendia bem, mas atacava dando espectáculo, e os jogadores eram muito disciplinados (até, o Quaresma!).
Finalmente, outro aspecto que me irrita em Jesualdo, é a sua falta de pro-actvidade com os jogadores enquanto o jogo decorre. Quando as coisas não estão a correr-lhe bem, não sabe comunicar para dentro do campo em tempo útil, e procede às substituições quase sempre tardiamente e muitas vezes completamente incompreensíveis, como fazer entrar os jogadores a poucos minutos do fim. Eu não consigo entender isto.
Aconteça o que acontecer, mesmo que o FCPorto volte a ser campeão (o que começo a ter dúvidas), ninguém me convence da qualidade do futebol que este treinador é capaz de produzir.
Os adeptos, não querem ópera (como alguns patetas dizem), se quisessem, não seria num estádio de futebol que a iriam procurar... Querem só futebol, e do bom, de preferência. Se há alguém a quem devemos elogiar, face à qualidade do espectáculo que lhe tem sido oferecido por Jesualdo, esse alguém, são os portistas, que continuam a encher o estádio.
Cabe ao treinador recompensá-los pela paciência...