12 junho, 2009

Fez ontem, [dia 11] um ano...



que visitei quase "en passant" esta magnífica cidade de Nova York. As fotos foram tiradas do cimo da torre do Centro Rockefeller, avistando-se o famoso Central Park de um lado, e o Empire State Building, no lado oposto.
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As aparências e a abstenção

O efeito que as aparências produzem em muitos de nós pode ser frequentemente perigoso. É, no entanto, importante, cuidar da nossa aparência, antes de tudo, por respeito a nós próprios. Quando dizemos que não basta ser sério, que é também preciso parecê-lo, estamos, excepcionalmente, a inverter a ordem lógica das prioridades por uma questão meramente social, cujo objectivo é conquistar a confiança dos outros. É disso que nos queixamos quando um senhor deputado ou ministro, toma comportamentos pouco condizentes com a dignidade da função que desempenha, porque sendo figuras públicas, são obrigados a compatibilizar a cara com a careta. Mas, para o comum cidadão, o essencial, é mesmo ser-se integralmente sério.

Dito isto, passo a explicar melhor a razão da minha abordagem às questões das aparências. Os tempos mudaram um pouco, mas a verdade é que ainda hoje há muitos empresários a exigirem o fato e a gravata como "equipamento" preferencial para os seus colaboradores comerciais e os decotes e saias generosas para as suas secretárias ou recepcionistas. Tudo isto, apenas para impressionar «favoravelmente» os clientes. Os políticos não são diferentes, vestem-se convencionalmente, e até os partidários da esquerda ortodoxa à moderna, seguem as mesmas regras, pontualmente alternadas por um estilo mais desportivo ... mas com roupa de marca [Bloco de Esquerda]. O objectivo é todo o mesmo: convencer primeiro pela aparência.

A seguir, há outra norma que tem a ver com a postura. Aqui, os mais versáteis, com vocação para representar, ganham pontos aos outros quando conseguem associar a um bom porte uma linguagem sofisticada e convincente. É assim, sem profundas explicações que muitos políticos tornam indiscutíveis verdades duvidosas. É assim, que alguns cidadãos são adestrados para vender a outros "produtos" de fraca fiabilidade.

Quando alguém nos prega sermões acerca das mais valias do voto em branco sobre a abstenção pura e dura, não deve limitar-se a argumentar com a banha da cobra do dever de cidadania, porque esse dever não tem uma interpretação sagrada, tem várias e profanas. Uma delas, e ao contrário do que alguns pensam, é uma maior exigência democrática. Eu abstive-me, não por me custar deslocar-me ao centro eleitoral, ou por preferir dar um passeio, mas tão só para repudiar a farsa deste sistema dito «democrático» que só nos chama quando precisa do voto e nos afasta mal o conquista. A outra, é apenas o direito de não querer votar.

Não preciso que o senhor Presidente da República [ou outra pessoa qualquer] me diga o que devo ou não fazer como cidadão, por uma razão bem simples: é que, em muitos aspectos me considero um cidadão, tão ou mais respeitável, quanto ele(s). Acho que é suficiente.

Ronaldíadas ou humor?

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Enquanto Cavaco Silva se insurge contra a abstenção de 62% de portugueses nas eleições europeias sem perceber a gravidade da sua própria abstenção em relação ao amigo e conselheiro de Estado, Dias Loureiro, o mundo «vibra» com a contratação bilionária de Ronaldo, pelo Real Madrid. Vibra o mundo, e vibra, alucinada, a comunicação social portuguesa, como se o caso fosse a coisa mais importante do planeta.

O frenesim dos media é imparável. Vai da matemática - para ver quem consegue atribuir o valor mais original e espalhafatoso aos rendimentos do craque -, até aos cavalos puro-sangue lusitanos [TVI], com comparações patéticas entre o preço do jogador e o dos equídeos, pelo meio. Quem os viu, diria que eram eles os felizes contemplados com aquela anafada pipa de massa. É uma felicidade. Até eu, sem querer. dei comigo a dar pulos de alegria com tanto entusiasmo. Estive para ir para a rua festejar, mas travei a tempo quando me apercebi que a rua estava vazia...

Mas, o frenesim não começou com o galáctico Ronaldo. Horas antes, deu-se início à tradicional campanha benfiquista do regime. Fechou-se a época do futebol jogado, deu-se início à do futebol folclórico. Se é verdade que o Benfica foi o símbolo do velho regime, não é menos verdade que o é, também, do "novo", seja lá o que isso for.

Carlos Daniel, aquele tipo com ar enganadoramente simpático que trabalha na RTP [paga também c/ os nossos impostos], decidiu brindar-nos com uma entrevista enternecedora ao actual dirigente desportivo do Benfica, Rui Costa. Observando o semblante do entrevistador, só faltou mesmo ver a baba cair-lhe pelos queixos, tal é a atracção do nortenho pelo clube de bairro sulista e pelo ex-jogador, embora se diga adepto do Paredes... Se a expressão vende, podemos estar certos que Carlos Daniel deixou alguns portugueses preocupados com o futuro do Benfica, porque ficava com um ar tão comovedoramente apreensivo que parecia estar a anunciar a morte da mamã. Pobre homem.

Links

Tubarões viajaram sem enjoar até à nova casa
a reabilitação urbana é tratada a passo de caracol, mas as obras "caça-votos" aceleram a todo o gaz (Sea-Life). A caridade de exportação, com criancinhas de ascendência russa parece ser a nova estratégia do autarca portuense para as próximas eleições.


"Programa para Bolhão é desgraçado para cidade"

isto, é que já é mais complicado...

11 junho, 2009

Os plantadores de ditaduras

A coluna "Sobe e desce" do Público de hoje presenteou com uma flecha ascensional a cada um, pelos respectivos discursos do 10 de Junho, Cavaco Silva e António Barreto. A seta atribuída a Cavaco é, a meu ver, exagerada, porque o senhor PR pouco mais fez do que é previsível fazer-se em protocolos deste género. Uns recadinhos de circunstância [para impressionar], do tipo, "a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas depende da forma como aqueles que são eleitos actuam no desempenho das suas funções", e outros, misturados com alguma demagogia, estilo, "cada cidadão tem obrigação de participar na vida pública, não sendo aceitável que existam portugueses que se considerem dispensados de dar o seu contributo, por mais pequeno que seja", traduziram-se naquilo a que os franceses costumar chamar um déjà vu.
Já o discurso de António Barreto foi mais pragmático, pareceu mais autêntico e directo. Não deixando de ser também circunstancial, conseguiu, contudo, emprestar às palavras uma carga de inconformismo de que Cavaco não é capaz. Dizer isto, "Portugueses precisam de exemplo, mais do que sermões", ou, "não usemos os nossos heróis para nos desculpar. Usemo-los como exemplos. Porque o exemplo tem efeitos mais duráveis do que qualquer ensino voluntarista", não é nada de bombástico, mas é menos protocolar e incomoda sempre um pouco o público alvo [perceptível no rosto crispado de alguns presentes]. Foi um discurso contra-natura e honesto.
Já Cavaco continua a levar-se demasiado a sério, convencido que a pose e o status, chegam para se tornar credível. Sê-lo-à, por certo, para alguns, de outro modo, custaria a perceber o endeusamento esquisito que certa prole teima em colar à sua imagem, mas não pode, nem deve convencer-se que tem razão só porque diz algumas coisas.
Tal como o António Alves, sinto-me insultado pelo senhor PR, com as afirmações que fez sobre os abstencionistas. Eu, sou dono da minha vontade e das minhas ideias e não admito ao senhor PR que menorize a minha assumidíssima posição de desprezo por actos eleitorais à medida dos interesses da classe política. Votar para conduzir para cargos europeus pessoas cujo trabalho e consequências para o país me são totalmente ignorados, seria [como ele diz], obrigar-me a passar a mim mesmo um atestado de incompetência.
Teria sido bem mais útil e corajoso que o senhor PR tivesse sabido convencer o seu amigo Dias Loureiro do mau exemplo que deu ao país por ter permitido que uma instituição com a dignidade do Conselho de Estado fosse manchada com as suas negociatas em offs-shores, do que tratar os portugueses como atrasados mentais. Eu só votarei quando os senhores políticos conseguirem restaurar a minha confiança. Até lá, não quero ser responsável por toda a porcaria e falta de vergonha que as eleições têm parido há uns anos a esta parte. Eu critico-os porque não acredito neles. Ponto.
Para mim, votar em branco seria credibilizar uma democracia na qual não acredito. Acredito sim, que votando neste modelo de "democracia", sem rei nem roque, onde os políticos perderam completamente o sentido de missão, estaria a contribuir insanamente para a proliferação de autênticos plantadores de ditaduras. Essa responsabilidade, esse dever "cívico" senhor Presidente, eu não quero. Passo.

10 junho, 2009

Cavaco Silva critica níveis de abstenção

"Em tempos reconhecidamente difíceis como aqueles em que vivemos, não é aceitável que existam portugueses que se considerem dispensados de dar o seu contributo", disse o Presidente, lançando críticas à abstenção nas eleições europeias, superior aos 60 por cento. Esta percentagem é um "sintoma de desistência, de resignação, que só empobrecem a democracia".

Senhor Cavaco, faça-me um favor e não tenha sequer a veleidade de me insultar. Que será que um cidadão deve pensar de alguém que manteve no conselho de estado, até à última, um sujeito sobre quem recaem elevadas suspeitas de ser um refinado ladrão?

Camões, não queiras ressuscitar!

Para veres, o quê?

- Conselheiros de Estado, envolvidos em escândalos económico-financeiros a serem homenageados na terra natal?
- Procuradores Gerais suspeitos em grandes negociatas, como o caso Freeport, a conservarem os seus lugares?
- O nome de Portugal, conotado como um dos mais atrasados países da Europa?
- Os portugueses com a pior qualidade de vida da Europa?
-Bancos a roubarem os seus clientes sem que o Governador Geral se demita?
- Autarcas [auto-reclamados como sérios], sistematicamente indisponíveis para ouvir o povo, darem uma cambalhota de 180º e tornarem-se altruístas com criancinhas filhas de "pais" russos?
Não, não queiras ressuscitar. Morrias logo de desgosto.

09 junho, 2009

Graffiti

É uma questão controversa. Para uns, são uma forma de arte que embeleza as cidades e portanto os grafitis devem ser tolerados se não mesmo incentivados. Para outros, trata-se de vandalismo e como tal devem ser reprimidos. Pessoalmente alinho nesta corrente, embora com algumas nuances .

Grafitis (no Brasil chamados "pichações", termo que até prefiro) é um termo genérico onde está incluído tudo o que seja sujar os locais que estavam virgens de "manifestações artísticas", sejam paredes, muros, viadutos, monumentos, casas, sinais de trânsito, etc, etc, em suma tudo o que seja vertical e esteja limpo. Todos nós temos provavelmente a experiência pessoal de ver as paredes e muros do imóvel onde moramos e nas quais acabámos de gastar dinheiro para as pintar de novo, rapidamente cheias de manifestações de "arte". Repito que para mim, e com certeza para muita gente, na maioria dos caso trata-se de puro vandalismo. Não tenho grande dúvida de que os autores são os mesmos que chegam fogo aos contentores do lixo ou vandalizam as papeleiras na via pública. Acresce que a maioria das "pichações" nem sequer pretende ser arte: trata-se dos chamados tags, aqueles hieroglifos que dizem que servem para os gangs delimitarem o seu território. Seja como for, uma paisagem urbana graffitada é uma paisagem que além de mostrar o baixo nível cívico das populaçãoes envolvidas, confere um aspecto de decadência, abandono e sujidade. No Grande Porto, o Porto e Matosinhos parecem-me campeões desta tristeza, e penso que é mais do que tempo que as edilidades e as autoridades policiais ( e também os legisladores se porventura não houver leis contra este tipo de vandalismo) se ponham de acordo e comecem a actuar, por um lado na limpeza da imundice e por outro lado na repressão ( para certas sensibilidades extremas esta palavra "repressão" tem uma conotação reprovável, com consonâncias ante-25 de Abril. Não tenho medo de a usar e penso mesmo que a diferença entre democracia e rebaldaria passa muito pela "repressão", no sentido de impor a regra básica duma democracia saudável que diz que " a minha liberdade termina onde começa a tua").

Admito que no meio dos grafiteiros exista uma pequena percentagem de verdadeiros artistas com capacidade para criar obras de arte aceitáveis como tal, mas continuam a ser errados e reprováveis os locais onde essa arte se exprime. Penso que com um pouco de boa vontade e imaginação das autarquias, seria possível encontrar locais onde esses artistas dessem livre curso à sua capacidade, e então estaríamos a falar não de vandalismo mas sim de arte popular que talvez embelezasse a cidade. Não gostaria o Porto de ser pioneiro neste conceito?

Links para consulta

180 mil euros de multas a gestores e dirigentes
enquanto este circo continuar, não há votos para ninguém. Nem em branco... Há coisas muito mais sérias e divertidas para fazer


Prescrição e falta de indícios salvam Vale
ainda dizem que a justiça é cega.... Nota-se!


Projecto para o Bolhão quase a começar está quase... um dia havemos de ter projecto, é preciso ter calma. "Louvável" dinamismo, o da CMP.