04 julho, 2009

Falta de lastro: intelectual, político e vivencial

A propósito deste e deste posts de um inefável bloguista cá da paróquia, com sintomas evidentes e graves duma doença muito em voga entre os serventuários do centralismo -a portofobia-, publiquei (espero eu) lá na coisa o seguinte comentário:

"Para começar, o "Diário de Lisboa" já existiu e ainda há bem pouco tempo existia uma publicação chamada "A capital" e não há memória de alguém se ter incomodado com isso no Porto. Aliás, com fecho contemporâneo ao da "A capital" foi o "Comércio do Porto" e também não me lembro de alguém se ter incomodado com tal título em Lisboa. Enfim, as insuficiências intelectuais, os preconceitos e os complexos de inferioridade de alguns "blogueiros" já fazem parte da paisagem cibernética há muito. É a vida, temos que conviver urbanamente e democraticamente com isso. Não é uma questão de falta de chá: o que falta mesmo é lastro. E esse só se ganha com o passar do tempo.
Vá lá, alguma coisa sobre a Ryanair, mesmo com assinalável atraso e após "motor de arranque". Mais vale tarde do que nunca.
Só mais uma informação: O grupo Lena não prepara o lançamento do semanário "Grande Porto". Já o lançou. Foi publicado ontem o 1º número. E embora eu tenha algumas críticas pessoais ao modo como o projecto está a ser lançado, no seu editorial leio que é um jornal semanário que se dirige essencialmente ao Grande Porto e priviligiará naturalmente a Região Norte. Não há nada de criticável nisso. É uma iniciativa privada, o dinheiro é deles, fazem o que querem dele. Ponto.
P.S. - se é um facto inquestionável que o Porto não deve nem pode arrogar-se como o exclusivo defensor e representante do "Norte", muito menos podem certos plumitivos de Braga fazer o mesmo em relação ao Minho. A sua influência não chega sequer a Barcelos, muito menos a Guimarães, Viana então já fica noutro continente. Aliás, o Minho não existe, é apenas o nome de um rio, é uma invenção salazarista com objectivos óbvios: criar o divisionismo. As províncias históricas e tradicionais desta região são o Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes e Alto Douro. Trofa St. Tirso e S. Romão do Coronado e Felgueiras são tão Minho como Vila Verde, Maximinos ou Darque. Excepto na cabecinha de alguns que sonham um dia subir ao lugar de cacique municipal."

Piruetas

Henrique Raposo, cronista do Expresso, no passado dia 20 de Junho escrevia no seu blogue um texto apologista da ligação TGV Lisboa-Madrid e apelidava de “grã-finismo tonto” a ligação Lisboa-Porto. O homem ia mais longe (efeitos com certeza da velocidade estonteante deste tipo de comboios) e falava até de um TGV Lisboa-Lyon. Do seu texto transcrevo as seguintes frases que me parecem resumir o pensamento do citado sobre o assunto.

“Parece-me evidente que Portugal precisa de uma Ligação de TGV à Europa. Lisboa - Madrid é precisa. Já me parece novoriquismo a ligação Lisboa-Porto.”

“Mas a questão continua a ser a mesma: temos dinheiro para o fazer nos próximos anos? A dívida externa passou de 14% do PIB, em 1999, para 100%, em 2008. Saber esperar é uma virtude. E saber as prioridades também. Lisboa/Madrid é necessário. Lisboa/Porto é grã-finismo tonto.”

Numa breve troca de emails fiz-lhe ver que, além do facto dos TGV’s serem competitivos apenas para distâncias de 500 a 700 km e tempos de viagem até 3 horas – Lisboa-Lyon é lirismo -, o traçado proposto era uma aberração que deixava mais de metade de Portugal de fora, pois ninguém de Braga ou do Porto estaria disposto a descer de comboio 350 km para sul, 200 para leste atravessando o Alentejo e, depois, mais 400 km para nordeste em direcção a Madrid. Isto é, uns absurdos 400 km suplementares quando afinal Madrid se situa à latitude de Coimbra (dado desconhecido lá para o sul) e a escassos 500 km desta região que vai do Minho até Coimbra. Provei-lhe também que os próprios estudos da Rave provavam que o corredor Grande Porto e Norte Litoral – Madrid teria mesmo maior procura que o corredor Lisboa-Évora-Badajoz-Madrid tanto em passageiros como em mercadorias. Mais importante ainda: informei-o que o corredor Lisboa-Porto seria mesmo o único que poderia gerar tráfego suficiente para se auto sustentar. A isto respondeu-me que defendia o TGV Lisboa-Madrid não por causa de quem “vai daqui para lá, mas quem vem de lá para cá”. A isto questionei-o se “quem vem de lá para cá” seria suficiente para pagar tal quimera. Até hoje não obtive resposta.

Mas verdadeiramente espantoso foi ler a crónica de Henrique Raposo no Expresso do passado dia 27 de Junho. Passados apenas 7 dias, sem qualquer explicação prévia, o TGV passou a ser “uma mania sem valor acrescentado” e o que era bom era o eterno elefante branco de Sines e o novel aeroporto de Beja - mais um elefante branco em perspectiva que se arrisca a ser inaugurado em Setembro sem qualquer contrato firmado*. Lá pelo meio faz inclusivamente analogias com D. Quixote e Sancho Pança e postula que Sines poderá mesmo competir com as “Roterdões” lá do norte da Europa. Como se alguém da Ásia ou da América com mercadorias destinadas ao centro e norte do velho continente as fosse descarregar em Sines e embarcá-las num comboio para percorrerem 2 a 3 mil km por terra. O comboio é competitivo em terra, mas havendo mar o transporte marítimo é mesmo o mais competitivo dos transportes no que respeita a mercadorias. Quixotismos à parte, é impressionante os mortais triplos à retaguarda que certos plumitivos são capazes de fazer para defenderem o seu provincianismo cego. Provinciano é garantidamente aquele que é incapaz de ver para além das fronteiras da sua província.

* Em relação a este assunto, e pelo discurso que ouvi ontem ao responsável da Ryanair, desconfio que uma das contrapartidas dadas pelos irlandeses será mesmo alguns voos a partir de Beja.

03 julho, 2009

E por hoje é tudo. Bom fim de semana (clássico)

Pedreira da Trindade na mão dos credores

À ATENÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO E SUAS EMPRESAS

Como ainda não está online o semanário Grande Porto não é possível estabelecer links da notícia, por isso limito-me a fazer um pequeno comentário à falência do Shopping Trindade Domus Gallery [na antiga pedreira da Trindade], à qual só escaparam um supermercado (por sinal bom), uma cafetaria e uma loja de artigos para cabeleireiro.
Insisto que, até prova em contrário, toda e qualquer iniciativa com vista a dinamizar a vida e a economia do centro histórico do Porto, nunca terá o sucesso esperado sem uma grande e séria requalificação da urbanização residencial. Nem sequer me atrêvo, por respeito a mim próprio e por muita gente que pensa como eu, a chamar requalificação urbana aos biscates avulsos e mal acabados que com dificuldade se podem ver, e o que se vê em muito edifícios com sinais de estarem a ser recuperados, são os painéis de publicidade à Câmara, sem ninguém lá dentro a trabalhar... Eu não compraria [a não ser para especular], uma casa recuperada da Baixa para residir se tivesse ao lado todas as outras a caírem de podres, ainda por cima, sem lugar de garagem, maus acabamentos e a preços portugueses, ou seja, especulativos.
Por esta razão, considero que a ideia de ali instalar uma Loja do Cidadão parece-me a mais viável e de maior utilidade pública, tanto devido à localização, como às características [Dimensão] do edifício. Plantar Shoppings, Hotéis de Luxo, numa zona residencial deserta, pobre e envelhecida, é colocar a oferta de produtos e serviços sem ponderar no mercado que são as pessoas. Se não se acelerar o ritmo, aumentar a área e atender à qualidade da recuperação urbana, todo este tipo de projectos megalómanos não passarão de actos irresponsáveis de gestão do Estado. Não se surpreendam portanto, se daqui a alguns meses outros projectos com características idênticas à do Trindade Domus Gallery tenham o mesmo fim.

De: José Ferraz Alves - "Empreendedorismo Social no Porto (conclusão)"

Clicar sobre o título para ler

(Extraído do blogue a Baixa do Porto)

Benfica dá vómitos e ressuscita Salazar

Imaginem este quadro: um ôvo meio rachado a vaticinar o nascimento de um pássaro [símbolo da liberdade], mas que em vez do pássaro, aguardámos que nasça um jornalista. Se levarmos à letra o apregoado amor destes últimos pela Liberdade, não acharemos despropositada a comparação com os pássaros, mas já teremos de colocar muitas reticências quanto à autenticidade entre a Liberdade da ave e a do jornalista.
Não serei eu que alguma vez terei a presunção de qualificar a importância do Renovar o Porto e o impacto que tem na opinião pública. Essa tarefa, deixo-a para cada qual, certo de que não agradará a todos [nem é isso que se pretende], e satisfará, porventura, a alguns. Mas há uma coisa de que tenho a certeza: é que não será o Renovar o Porto o blogue mais votado pela imprensa generalista para aparecer nas páginas dos jornais. E sabem por quê? Porque, frequentemente, não sou "simpático" com alguns jornalistas e jornais, e talvez também porque esse é um direito cuja patente julgam pertencer-lhe por inteiro. Mas, isso acabou. O aparecimento da blogosfera de alguma forma vulnerabilizou-lhes esse estatuto, o que é algo desconfortável, sobretudo quando há quem escreva a reconhecer-lhes méritos, quando dignificam o ofício, mas também quem os critique quando se portam como cachorros mandados e se calam quando olham para a Democracia como o adepto de futebol para o seu clube.
O simbolismo que encontrei do ôvo e do jornalista, não é mais do que uma expectativa pelo ressurgimento de sangue novo no jornalismo, de mais coragem e gosto pelo rigor. É que, neste defeso futebolístico, renunciei a ver a página do desporto nos canais de televisão generalistas e de todos os outros. Por uma razão tão simples, quanto vergonhosa [para o país e para os jornalistas sérios], só falam e discutem um assunto: o Benfica.
Desafio pois, com base neste factos publicamente documentados, durante semanas a fio, que alguma entidade institucional do país, desde o Presidente da República ao Provedor de Justiça [se o houver...] ou qualquer outra, me convença - se tiver o azar de me ler - que esta, é uma forma democrática, séria e aceitável de fazer jornalismo, e se se sentem confortáveis com o que vêem!
Nunca pude com o Salazar, nem pintado, mas a maior "afronta" que posso fazer aos tecnocratas que imaginam estar a realizar algo de convincente pelo regime democrático, é este: não voltes Salazar, mas há por aqui democratas mil vezes mais ditadores do que tu, que deviam estar onde estás, e como estás: no cemitério, e morto.

Felicidades, para o semanário "Grande Porto"!

Apesar das minhas reticências quanto ao êxito do novo semanário regional "Grande Porto" colocado hoje nas bancas dos jornais, não quero deixar de saudar o primeiro dia de vida e desejar-lhe muitos e felizes anos de existência. Mais do que politicamente correcto, para um portuense ou qualquer anti-centralista, é uma obrigação fazê-lo.
Mas [lá estou eu a ser "picuinhas"], para o primeiro dia de vida começa mal. Acalmem-se os mais precipitados, porque vou explicar porque digo isto, apesar de não ser meu costume criticar só por criticar.
Quase todas as semanas tenho o prazer de ter, pelo menos uma vez, uns agradáveis minutos de conversa com o nosso colaborar Rui Farinas, pessoa de quem me tornei rapidamente amigo pela sua maneira de ser, frontal e inconformado. Hoje, foi um desses momentos. Porque a conversa para aí nos conduziu, a dado momento o Rui Farinas lembra-me que era esta sexta-feira que saía o jornal "Grande Porto" e pergunta-me se eu o tinha visto na tabacaria, dado já lá ter ido comprar o Público. Disse-lhe que não sabia, até porque me esqueci que era hoje o dia de lançamento.
Já depois de me ter despedido do Rui, fui à tabacaria dar uma espreitadela para ver se descobria o semanário, e foi aí que comecei a torcer o nariz. Não havia meio de o encontrar. Até que perguntei à menina se dispunha do expectantemente "anunciado" jornal, ao que me respondeu que sim, ainda que com pouca convicção. Mas, lá o conseguiu descobrir bem escondido na estante colocado no extremo oposto ao da entrada...
Numa primeira impressão, não me desagradou o aspecto e quanto ao conteúdo ainda é cedo para retirar conclusões significativas. Um pequeno detalhe, que agradará seguramente a muitos leitores [incluindo ao próprio R. Farinas, porque sei o que pensa sobre o assunto], é o da página de programação de TV incluir, finalmente, e pela 1ª. vez na história da imprensa "nacional", uma coluna dedicada ao Porto Canal! Outro detalhe interessante: a colaboração do António Almeida Felizes, autor do blogue Regionalização.
Sabemos que os critérios de exposição de produtos de uma loja, pautam por priorizar a componente comercial, o que se vende melhor, e colocá-los nos locais com maior visibilidade, mas não deixa de ser um sinal de ignorância por parte da gerência do estabelecimento, não dar instruções aos seus empregados no sentido de posicionar o jornal em lugar destacado, de mais a mais, tratando-se de um jornal, novo e regional!
É nestes pequenos-grandes pormenores que se "percebe" a mentalidade da neo-classe empresarial [e sobretudo política], nortenha no que concerne à produção regional. Curiosamente, pude ler ontem num saco de um certo hiper-mercado famoso qualquer coisa como isto: "Prefira produto nacional, compre em tal parte". Eu só gostava de saber o que passa pela cabeça de alguma gentinha virulenta que vive e nasceu no Porto para terem medo de dizer: compre melhor, compre produto regional! Só o efeito pernicioso do centralismo e suas influências podem explicar estes "medos". Mas, se é disso que se trata, o que podemos nós pensar de uma democracia que gera fenómenos desta natureza, bem mais vincados e aterradores do que no tempo da outra senhora?
Não seria tudo tão simples, se os fiéis à Ordem Imperial, fizessem rapidamente as malas, rumassem todos a Lisboa e nos desamparassem a loja?

02 julho, 2009

Javier Pastore. Será este o substituto de Lucho?

"Anjos, anjas e anjinhos"

Nunca compreendemos esta coisa de haver cabeças de lista que são candidatos à presidência da Câmara e não a vereadores. Tal engenharia psico-política não existe no nosso quadro constitucional nem em qualquer decorrência legal. O cabeça de lista é candidato á presidência, é presidente se ganhar, é vereador se perder. Neste segundo caso poderá fazer oposição, poderá fazer coligação, poderá não ter pelouro ou poderá ser-lhe distribuído um pelouro. É assim que está estabelecido e é assim que as coisas funcionam em democracia.
Quem são estas aves do Sétimo Céu, este espécie de anjos e de anjas, que fazendo de nós anjinho e anjolas, dizem que são candidatos à Câmara e não a vereadores? Meros narcisistas que corrompem a pureza da democracia com as vanitas vanitatum (vaidades das vaidades) e degradam a imagem da política da república ao traírem os mandatos do eleitorado.
Como temos sido acossados por canídeos teleguiados por cobardes para nos morderem os tornozelos com calúnias, em pretensas contradições entre o que defendemos e o que praticamos quando fomos candidatos a Gondomar em 1998, vem a propósito esclarecer:
1 - Fomos a Gondomar depois da Distrital por unanimidade ter decidido avocar o processo de Gondomar, em cuja Concelhia imperava a divisão meio por meio, e onde se perfilava como candidato um personagem vindo do PSD, de perfil mais do que duvidoso, como mais tarde se veio a confirmar; fomos indicados pela 'Distrital' por unanimidade e depois aclamados pela 'Concelhia' também por unanimidade; foi também pela imagem tenebrosa que o PS daria em Gondomar com o referido pretendente a candidato e por ninguém no partido se dispor a substituí-lo e a enfrentar o chamado "Major", que nos dispusémos àquele combate de vitória difícil até porque estava em ascensão, em pleno 2º mandato. Ainda assim, embora as sondagens apontassem para 15% para o PS, tivéssemos metade do PS Gondomar em campanha permanente contra nós, e a outra metade da Federação a fazer o mesmo fustigando-nos pelas costas enquanto dávamos o peito às balas, às ameaças físicas e um atentado com tentativa de atropelamento do que resultou um ferido, obtivemos 20%. (Alguns desses agentes são hoje proeminentes na liderança da Federação e em Gondomar ainda lá estão os mesmos já lá vão 10 anos com os resultados brilhantes que se vêem). Mal soubemos dos resultados declaramos que o povo elegeu o Sr. Valentim para presidente e a nós para vereadores de oposição.
2 - Iniciámos com o Ricardo Bexiga (nº.2) o trabalho de oposição na vereação com bastante sucesso, sem nunca faltar a qualquer reunião, até que, poucas semanas volvidas, o PS Gondomar em reunião da sua Comissão Política decidiu aprovar por maioria uma moção em que me retirava a confiança política e me pedia para desamparar a loja. Parte dos meus apoiantes, que também foram muitos e entusiastas, nesse sábado decidiram viajar e não pude contar com o seu voto...
3 - Falámos com o então presidente da Federação que nos deu carta branca para fazer o que entendêssemos e suspendemos o mandato passando a ser substituídos durante um ano pelo Sr. Arménio, posto que, conforme imposição legal, e não se verificando qualquer reviravolta na posição do PS Gondomar que ainda aguardamos, renunciamos ao cargo. Eis a verdade cristalina dos factos. E fiquemo-nos por aqui.
Nota:
A publicação deste post foi devidamente autorizada pelo seu autor, o Dr. Pedro Baptista e copiado do seu blogue Servir o Porto, a quem desde já agradeço a amabilidade.

01 julho, 2009

Rio e o centralismo

aqui tinha dado conta da mudança estratégica de Rui Rio em relação a questões fundamentais para o Grande Porto e Norte. A sondagem agora revelada não me espanta minimamente. O PS-Porto é uma coisa inenarrável e a candidata apresentada, além de vir com 4 anos de atraso, não se revelou muito empenhada na tarefa nem tem sido capaz de se libertar do directório lisboeta que domina completamente a estrutura partidária local. O PS hoje é um partido totalmente conotado com o centralismo e com o roubo perpétuo que certas elites alfacinhas fazem ao país. Assim sendo é mais que justo que os portuenses lhe demonstrem inequivocamente o seu desprezo.

Mas uma coisa é ser regionalista na oposição outra é ser regionalista quando se está no poder. Fico à espera que Rui Rio seja coerente e mantenha a mesma atitude se o PSD chegar ao governo de Lisboa. Mais ainda: pretendo ver Rui Rio dizer que caso o PSD seja governo ele vai fazer tudo que lhe seja possível para acabar com o princípio iníquo dos chamados “spillovers” lisboetas para o resto do país e mesmo pugnando pela devolução às regiões, à custa do orçamento do estado, do dinheiro já indevidamente aplicado. Caso não obtenha sucesso e o PSD se mantenha tão centralista como também tem sido ao longo da sua história, espero que igualmente seja capaz de tirar as devidas ilações e ser coerente. É que de bravatas regionalistas quando os “outros” estão no governo e cobardias centralistas quando os “nossos” sobem ao mando já todos nós estamos fartos.

De qualquer maneira, caso o PSD vença as eleições, não me parece que venha daí algo de bom. Além de se perspectivar uma reedição requentada do cavaquismo – paradigma do regabofe megalómano e ‘expositário’ lisboeta – o governo será dirigido por alguém que pactuou escabrosamente com uma das maiores operações de tráfico de influências e compra de votos jamais vistas em Portugal: a aceitação por parte do estado do pagamento da dívida fiscal do SL Benfica por papel/acções sem qualquer valor de mercado. Espero, pelo menos, que a senhora tenha tapado o nariz. Tudo isto poderá ter sido legalíssimo; mas foi isso mesmo que aconteceu: compra de votos e tráfico de influências. O principal responsável desta traficância deu à sola mal as coisas se complicaram. Convém ter memória.

Leitura obrigatória

Empreendedorismo Social no Porto (parte II)-de José Ferraz Alves

"As estranhas contas do Dr. Rui Rio, o «Dia europeu sem carros", ou o estado da cidade"-de José Machado de Castro

links do blogue A Baixa do Porto

30 junho, 2009

Um "intelectual" pró RR escreveu...

isto, para depois se sujeitar justamente, a ouvir isto e mais isto.

Não havia nexexidade, mas foram merecidas.

MST - Esta noite sonhei com Mário Lino

Miguel Sousa Tavares
8:00 Segunda-feira, 29 de Jun de 2009 no Expresso

Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha e na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis. Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê:

- É sempre assim, esta auto-estrada?

- Assim, como?

- Deserta, magnífica, sem trânsito?

- É, é sempre assim.

- Todos os dias?

- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.

- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?

- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.

- E têm mais auto-estradas destas?

- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.

- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?

- Porque assim não pagam portagem.

- E porque são quase todos espanhóis?

- Vêm trazer-nos comida.

- Mas vocês não têm agricultura?

- Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.

- Mas para os espanhóis é?

- Pelos vistos...

Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:

- Mas porque não investem antes no comboio?

- Investimos, mas não resultou.

- Não resultou, como?

- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.

- Mas porquê?

- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.

- E gastaram nisso uma fortuna?

- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...

- Estás a brincar comigo!

- Não, estou a falar a sério!

- E o que fizeram a esses incompetentes?

- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.

- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?

- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km.

Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.

- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?

- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.

- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?

- Isso mesmo.

- E como entra em Lisboa?

- Por uma nova ponte que vão fazer.

- Uma ponte ferroviária?

- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.

- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!

- Pois é.

- E, então?

- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim.

Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.

- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta...

- Não, não vai ter.

- Não vai? Então, vai ser uma ruína!

- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.

- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?

- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!

- E vocês não despedem o Governo?

- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo...

- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?

- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.

- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?

- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.

- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?

- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade.

Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:

- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?

- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa.

- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?

- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.

- Não me pareceu nada...

- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.

- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?

- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.

- E tu acreditas nisso?

- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?

- Um lago enorme! Extraordinário!

- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.

- Ena! Deve produzir energia para meio país!

- Praticamente zero.

- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!

- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.

- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso?

- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.

- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?

- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor.

Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:

- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?

- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez.

Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:

- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!

O Dr. Rui Rio, não tem propriamente memória de elefante...

Sem pingo de respeito, nem apreço, tiro o meu chapéu [como é óbvio pela negativa], à imaginação de alguns agentes políticos, e da administração bancária, no que concerne às "estratégias" frequentemente ilegais usadas em benefício proprio que, num ápice, conseguem transformá-los em gente bem sucedida na vida, em homens, ou mulheres, de «sucesso», como soa bem dizer-se. Enriquecem depressa e forte, sem sabermos exactamente como, nem porquê, mas imaginamos...
No sentido inverso, é confrangedor o baixo nível de inteligência ou, se quisermos ser simpáticos, a curta memória, que conduz os mesmos protagonistas a actos de gestão desastrosos não apenas da coisa pública, como da sua própria imagem, o que reforça aquela velha tese que diferencia a esperteza saloia da inteligência.

Não queria misturar actividades ou hierarquias, mas a verdade é que, é isso que vemos a acontecer com certos políticos e administradores bancários. Não, não é assim com todos, já sabemos. Mal seria se assim fora, mas que são muitos e raramente prestam contas à justiça, essa é uma verdade la Paliciana.
É por isso com espanto e alguma revolta até, que leio no Público de hoje que a CMPorto se queixou à ERC da RTP estar a prejudicar Rui Rio e a favorecer Elisa Ferreira. Alega, entre muitas queixas, o vice-presidente da Câmara que a RTP ignora os eventos do município e a presença de Rui Rio. Como é possível ter-se lata para falar assim? Como é possível que Rui Rio ou algum dos seus actuais assessores só se tenham dado conta da longa e muito abrangente ostracização que a comunicação social do Estado [e não só], tem dedicado ao Porto?
Se Rui Rio estivesse atento ao que a mesma comunicação tem feito ao Porto há largos anos, não só económica e politicamente, como desportivamente ao FCPorto, talvez percebesse por que é que muitos portuenses são a favor da regionalização e berram contra Lisboa. O problema, é que Rui Rio quando estava em Lisboa pensava como um lisboeta, e o que é pior, sentia como eles: desprezava o Porto!
Rui Rio, mal aqui chegou, arregaçou as mangas com desenvoltura para limpar a suposta promiscuidade entre a Câmara e o futebol, mas só se manifestou em relação ao clube da sua cidade, que por acaso, também é o mais competente do país. Rui Rio, manteve-se calado como um rato em relação às sucessivas poucas vergonhas que os clubes e a imprensa de Lisboa fizeram e [continuam a fazer contra o FCPorto], não só em termos de discriminação informativa, mas também e declaradamente, em termos conspirativos.
Deve ter achado bem esta batalha jurídica levantada e inventada por suspeitos de traficância de droga, contra o Presidente do FCPorto, para afinal a montanha parir um rato. Será que a Justiça para o sr. Dr. Rui Rio não é boa por ilibar Pinto da Costa, mas já funciona bem por não usar critérios de investigação processual semelhantes com outros clubes? Ou estará Sua Exa. também convencido que em Lisboa é tudo gente séria? Que pensará o Sr. RR do seu colega Dias Loureiro? Porque não se lembrou de falar de promiscuidade entre pessoas com altos cargos institucionais, como é o caso do conselheiro de Estado e o de administrador de bancos e off-shores do PSD? A promiscuidade do futebol será diferente das outras?
É claro que não aprovo o sectarismo da comunicação social, seja contra quem for, até porque como é bom de ver toda ela está sediada em Lisboa, mas eu, que não tenho talento nem arte para político, já sei disso há muitos anos, agora o senhor, presidente da Câmara da 2ª. cidade maior do país? Por onde tem andado? Com a cabeça em Lisboa e os dois pés no Porto? Pois é bem capaz de ser isso senhor Presidente. Aconselho-o então, se me permite, a andar com os pés no chão e com a cabeça no sítio, para não cair no ridículo.

28 junho, 2009

Dr. Rui Rio, não haverá aqui alguma contradição?

Se perder, fica como vereador ?

Não. Até respeito uma posição contrária à minha, mas o cargo de Presidente da Câmara do Porto tem uma dignidade tal que não é compaginável que alguém, tendo sido tantos anos presidente, depois seja vereador. Não fazia sentido Fernando Gomes ficar como vereador, quando perdeu comigo.
Foi esta resposta que Rui Rio deu numa entrevista ao JN a uma pergunta aparentemente inocente, mas que pode, de certo modo, esvaziar o seu slogan eleitoral
"Com os dois pés no Porto", para se recandidatar à CMPorto.
Neste slogan, está implícita uma crítica pertinente à infeliz decisão da rival Elisa Ferreira de manter simultaneamente a recandidatura ao Parlamento Europeu, pondo em causa a total disponibilidade da adversária , para assumir[como ele agora diz], o digno cargo de Presidente da Câmara.
Ora, segundo este novo ponto de vista de RR, não se percebe então porque critica ele Elisa Ferreira, se o que ela decidiu fazer [quanto a mim, mal], foi rejeitar a hipótese - caso perca as eleições -, de aceitar o cargo de vereadora, passando de cavalo para burro, exactamente o que ele próprio confessa não estar disposto a fazer...
ps-enviei para o blogue A Baixa do Porto, um post curioso que pode explicar algumas decisões da Câmara com um caso pessoal, caso o TAF decida publicá-lo.

A rede de velocidade elevada na Galécia do Norte

Durante uma breve passagem por território galego, efectuada há alguns dias, não deixei de satisfazer o meu "vicio" de ler jornais de papel, neste caso os jornais galegos. Todos eles traziam desenvolvidas notícias sobre a rede de velocidade elevada na Galiza. Penso que poderá ser interessante transmitir aos leitores do RoP o que vai fazer-se nas terras dos nossos irmãos do norte da Galécia.

No encontro havido na véspera em Madrid, entre o ministro do Fomento do governo central e o presidente da Xunta de Galicia, ficou estabelecido o programa da rede, a sua calendariazação e as verbas envolvidas.

Concretamente, haverá uma linha principal Madrid-Segóvia-Zamora-Ourense-Santiago-Corunha. O troço Ourense-Santiago estará a funcionar em 2011, electrificado e com bitola internacional, com velocidade de 250 km/hora. Em 2012 entrará em serviço Madrid-Zamora, com as mesmas características. O troço Zamora-Ourense (230km) será curioso. A linha, segundo parece, será basicamente a actual mas com novas superestruturas, em bitola ibérica e sem electrificação. A velocidade máxima será de 180km/hora, mas o traçado de alguns troços montanhosos forçará a limitações pontuais de 110km/hora.

Os resultados práticos serão uma redução do tempo Corunha-Madrid (600km), que é actualmente de 8 horas e passará em 2012 para 5.30 horas. Em 2014 quando entrar em serviço um novo traçado entre Zamora e Puebla de Sanabria, electrificado, com bitola europeia e 250km/hora, o tempo passará para 4.45 horas, ou seja um ganho de mais de 3 horas em relação ao presente.

Curioso é o detalhe de, entre Zamora e Ourense, vir a ser utilizado um novo modelo do Talgo com dupla locomoção(eléctrica e diesel-eléctrica) e com um sistema que permite que a mesma locomotora circule nos dois tipos de bitola.

Ficou a promessa de Madrid (apenas a promessa) de que em 2015 ou 2016 estará concluída a nova linha entre Puebla de Sanabria e Ourense o que permitirá fazer Corunha-Madrid em pouco mais de 3 horas.

Mas a velocidade elevada na Galiza não se fica apenas por este percurso. Haverá linhas Vigo-Ourense e Vigo-Santiago-Corunha, previstas para funcionar em 2012. Suponho que seja esta linha que, prolongada para sul, venha a chegar ao Porto. Todavia parece que este pormenor não foi oficialmente aflorado na reunião de Madrid, talvez porque os espanhois sintam que em Portugal ainda não foram tomadas decisões credíveis e definitivas.

A factura total, sem material circulante, será de 4.678 milhões de euros.

Tentarei, noutro post, fazer alguns comentários. Não de natureza técnica, para os quais sou incompetente, mas sim de natureza genérica. Para aqueles primeiros ficamos a desejar que o nosso amigo Antonio Alves esteja disposto a partilhar connosco os seus conhecimentos na matéria.


p.s. Para quem se sinta tentado a apontar este enorme investimento de Espanha como um exemplo a ser seguido em Portugal, eu quero lembrar que as circunstâncias são totalmente diferentes. Em Portugal, dos milhares de milhões de Euros a gastar, ficará no país pouco mais que o valor do cimento, da brita e da água, além da mão de obra maioritariamente estrangeira. Em Espanha quase tudo ficará no país, porque quase tudo virá da indústria espanhola, a começar pelas composições. São duas realidades sem comparação possível.