10 julho, 2009

André Sarbib - Valsana

Grande Porto

Outra vez o "Grande Porto". Parece que deu resultado ter feito a observação à menina da tabacaria para colocar o jornal num local mais vendável, [por falar nisto, acho que tenho de pedir uma comissão ao GP...]. Hoje, verifiquei que além de mim, outros clientes levaram o semanário regional, que espero tenha muito sucesso. A eterna dúvida que permanece, é sabermos se, em caso de sucesso, não se tornará outra vez um repasto da voragem de um qualquer grupo de comunicação centralista...
Contrariamente ao que aconteceu esta semana, sem notícias de grande interesse, o Grande Porto, ao 2º. dia de vida, tinha muita coisa para ser abordada, embora algumas com mais interesse que outras. Se assim continuar, talvez se justifique passá-lo para bi-semanário [quem sabe?].
Entre, a anémica e politicamente correcta contestação do presidente da CCDR/Norte, Carlos Lage, com o desvio de verbas para Lisboa, a controversa candidatura de Elisa Ferreira à Câmara, e a paupérrima reabilitação urbana do Porto, há um mar de problemas graves pelo meio, pelo que irei falar um pouco apenas destes três.
Ponto 1)
Começando, pela primeira, da transferência de verbas do QREN para Lisboa de que Rui Rio se queixou recentemente, Carlos Lage sem deixar de admitir os desvios, admite também a existência de um "princípio" [que não é o mesmo que uma lei] de difusão territorial*. Alega que o princípio é contestável, que a ideia vem das décadas de 60 e 70, mas que, apesar de desajustada, foi aceite pela União Europeia a "título excepcional". Ora, se o princípio é contestável e se já apresentou a contestação, porque é que ainda não obteve respostas? Que provas concretas e sérias terá o governo central que justifiquem o tal princípio de difusão territorial? Vamos ficar comodamente pelo nem sim nem sopas, como no BPP/BPN/BCP (e Casa Pia) ? É tão fácil exercer cargos de responsabilidade sem a assumir quando dá trabalho... O Victor Constâncio que o diga.

Ponto 2)
Estas nulidades públicas que são os nossos políticos, já não têm a desculpa do fascismo para justificar as suas incompetências e ainda assim, passados 35 anos de democracia, não perceberam totalmente que a condição primeira para se ser credível é começar por tomar decisões que pareçam credíveis. Se é para servir o povo que vão para a política, porque é que não conseguem encontrar consensos supra-partidários para terminar de uma vez com a acumulação de cargos?
Acreditarão eles que é isso que o povo quer ? Que os políticos se candidatem a tarefas para o Parlamento Europeu, e para outros, de índole local, sem mesmo saber muito bem o que fazem cá dentro?
Gostava muito de ver Elisa Ferreira na Câmara do Porto, porque é uma mulher inteligente, dinâmica, competente [e simpática também], mas custa-me muito a compreender esta patetice da dupla candidatura, por razões já antes expostas. Ainda por cima, através de um partido onde os oportunistas se amontoam aos magotes para ver quem consegue o melhor tacho. Bem, os outros partidos [de Governo], não são melhores, mas esta brusca inversão estratégica do PS de proibir candidaturas paralelas à Assembleia e à Câmara é uma autêntica punhalada no coração de Elisa, com alguns abutres à espreita, a ver se Elisa desiste do lugar no PE para lhe roubarem o lugar. Isto tudo, nas nossas barbas amigos, e na "docíl" cara de Elisa... Uma vergonha!
Ponto3)
Reabilitação Urbana. Aqui pouco há para dizer de positivo, mas muito de negativo. As declarações de Arlindo Cunha ao Grande Porto são de uma banalidade assombrosa, fazendo lembrar os processos-de-intenções de Rui Rio. Diz que vai fazer, mas fica quase sempre pelo caminho, deixando um rasto de problemas pelo meio.
Dizem que é portista. Talvez não fosse má ideia afastá-lo do estádio do Dragão, não vá tanta incompetência contaminar o clima de sucesso e organização que o clube está habituado a respirar.
*Realização de investimentos fora das regiões de convergência, desde que daí resultem vantagens para todo o território.

09 julho, 2009

Big Brother is watching you

A Comunidade de Trabalho Galiza-Norte de Portugal terá viabilidade prática? Passará das boas intenções e das sessões solenes protocolares, para o terreno das realizações práticas? Terá a possibilidade de negociar directamente com Bruxelas a atribuição de fundos comunitários? Tenho fortes dúvidas que consigam ir tão longe. Não duvido da boa vontade e capacidade dos intervenientes. As vantagens serão mútuas. Penso que para a Galiza se trata de conseguir vantagens comerciais num apetecível mercado vizinho. Para o Norte, o elo mais fraco, também haverá vantagens para as suas actividades económicas, e por outro lado "se não puderes vencê-lo, alia-te a ele".

A minha grande dúvida prende-se com a atitude que o governo português tomará. O Norte não é formalmente uma região, não tem qualquer tipo de estatuto que lhe dê autonomia administrativa ou política. A prática super-centralista de Lisboa nunca estará disponível para permitir a entrada e distribuição de verbas comunitárias que não passem pelo seu rigoroso controle e alocação. Por outro lado, os signatários do acordo da Comunidade de Trabalho pouco têm em comum. De um lado, o presidente da Junta da Galiza, legitimado pelas urnas e respondendo apenas perante o seu Partido e os seus eleitores. Tem seguramente regras genericas impostas por Madrid, mas com uma enorme latitude de manobra para decisões que digam apenas respeito à sua Comunidade Autonómica. Do outro lado, o presidente da CCDR-N, funcionário público nomeado por Lisboa, com um vínculo hierárquico a um ministro, e que a qualquer momento poderá ser demitido e substituído por alguém mais dócil e mais yes man. Não acredito que Carlos Lage seja mais que uma correia de transmissão do poder central. Deste modo a nóvel comunidade poderá ser simplesmente uma falácia. Aguardemos o desenrolar dos acontecimentos, com a certeza que "Big Brother is watching us".

Num outro registo, parece ter havido quem tivesse ficado confuso pelo facto de o alcaide de Vigo (cidade onde ficará sedeada a Comunidade de Trabalho) ter estado presente no encontro realizado posteriormente no Museu de Serralves, com a presença de intituições do Norte, incluindo as Universidades. Ignoro se o presidente da câmara do Porto estava ou não presente, e se não estava, se foi por falta de convite ou por recusa sua. Isto sim, isto é que seria totalmente anómalo.

Rede Norte!


Caros amigos,


A Associação de Cidadãos do Porto, a Associação Comboios XXI e a Associação Campo Aberto (em confirmação) organizam no próximo Sábado, 11 de Julho, uma sessão pública com o objectivo de promover a criação de uma rede de cidadãos e movimentos cívicos que articule as diferentes iniciativas e as enquadre numa lógica regional.

Tendo como ponto de partida a experiência das três associações, pretende-se criar a Rede Norte, um espaço de discussão sobre a problemática económica e social no Norte, onde, numa lógica de complementariedade, se defenda, discuta e dê corpo aos diferentes anseios e expectativas em acções com impacto e dimensão equivalente à desta Região.

A Rede Norte funcionará numa lógica aberta e complementar, onde cidadãos e movimentos cívicos apresentarão a suas preocupações, pretendendo-se que, através da massa crítica gerada, estas possam ser consubstanciadas em causas e intervenções comuns ao nível regional.


Contamos com a vossa presença!


Para mais informações contacte acdporto@acdporto.org ou 936485249 (Alexandre Ferreira).

08 julho, 2009

Autárquicas

Está disponível a intervenção de Elisa Ferreira na fundação SPES no dia 6-julho através do meu podcast pessoal "O Porto em Conversa".

Podem subscrever o podcast ou ouvir cada uma das partes do debate:
- Intervenção Inicial - áudio / notas pessoais
- Sobre a Cultura - áudio / notas pessoais
- Sobre a Educação - áudio / notas pessoais
- Sobre a Acção Social - áudio / notas pessoais
- Intervenção inicial dos convidados - áudio
- Perguntas finais - áudio / notas pessoais

Esta é uma iniciativa aberta ao público em que as diferentes juventudes partidárias são convidadas a questionar os diferentes candidatos sobre os temas da cultura, educação e acção social.
De referir que na próxima semana, dia 15-jul será a vez de Rui Rio.
Não soube desta iniciativa a tempo para poder assistir aos debates anteriores com Rui Sá, e João Teixeira Lopes.
Se alguém tiver os registos desses debates terei todo o gosto em os disponibilizar também via podcast.

Vitor Silva

"Vigo ou Porto?" - de José Ferraz Alves

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PS-Ainda há quem não saiba que o nosso Presidente da Câmara tem vistas curtas. Aí, o problema, não é só dele.

Ainda o acordo ANA-Ryanair

Estava afastado da blogosfera na ocasião em que foi conhecido o acordo entre a ANA e a Ryanair referente ao hub no ASC, daí que não me tenha sido possível saudar oportunamente esse acontecimento. Faço-o agora, com particular satisfação. Ignoram-se quais as razões que levaram ao volte-face da inicial atitude negativista da ANA, até à aceitação de negociar com a Ryanair. Dir-se-á que não interessa, que o importante é o acordo ter sido selado. Penso todavia que seria interessante saber a quem se deve essa reviravolta, e que meios foram utilizados para convencer a ANA. Poderia ser instrutivo e útil em futuros casos similares.

O anúncio do acordo foi feito pela ANA através de um comunicado. O presidente da Junta Metropolitana do Porto ( e simultâneamente presidente da cidade mais interessada) tomou conhecimento através dos jornais. Num país "normal", várias individualidades locais teriam merecido um prévio gesto de cortesia por parte do organismo público responsável pela gestão dos aeroportos, mas entre nós os tiques centralistas estão bem arreigados. Mantém-se viva a divisão entre os que tomam as decisões - os que mandam - e o "maralhal" a quem cabe apenas abanar a cabeça em sinal de concordância.

Dinheiro de luvas terá ido parar ao PSD

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O triunfo da imbecilidade [de Manuel Carvalho/Público]

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O que nos vale, é ainda haver por aí, alguns jornalistas sensatos e dignos desse nome. Só é lamentável que não sejam suficientes para acabar com a ralé que lhes mancha o prestígio da profissão.
PS-Apenas discordo do autor, quanto à desculpabilização das televisões. Aqui está mais uma prova de que os jornalistas, mesmo os mais sérios, temem criticar quem lhes paga (ou pode vir a pagar)...

07 julho, 2009

10 perguntas inocentes para medir o órgulho pátrio

  • Quantas vezes vai o CR7 agora CR9, à sanita?
  • Quantas vezes o CR9 sacode a pilinha depois de fazer xixi?
  • De que côr são as cuecas do CR9?
  • Usa boxers, ou biquini?
  • Quantas voltas na cama dá CR9, antes de adormecer?
  • Qual é a relação do sucesso do CR9, com o PIB nacional?
  • Quanto vai ganhar Portugal com as vitórias do Real Madrid do CR9?
  • Qual a percentagem [e identificação] de mulheres casadas c/ jornalistas portugueses que fizeram (e fazem) a cobertura à mediática transferência do CR9, que estariam dispostas a pôr-lhes os corninhos com o galáctico, para conseguirem um autógrafo?
  • Quantos e quais desses profissionais da comunicação fariam publicidade a tamanha façanha, em cumprimento e dever do interesse público?
  • Quantos deles estarão dispostos a partir para Madrid, a naturalizarem-se madrilenhos e a deixarem-nos à vontade para criar um novo(velho) país, com o mesmo nome, mas com a letra no sítio certo: Portogal?

As "loucuras" que deixam Lisboa em extase

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Nota positiva para o jornal Público por se ter preocupado em reprovar os excessos pornográficos das televisões [ditas] portuguesas c/ o folclore patrioteiro do Ronaldo.

De manifestações de gentinha atrasada, volúvel, gabarola e nauseabunda, começamos nós a ficar fartos, e não faço ideia até onde pode chegar a nossa capacidade de tolerância. Essa gentinha ou gentalha [já nem sei bem como definir o tipo], é contudo, gente influente, com dinheiro, e poderes [media], para alienar uma larga margem de população vulnerável a este género de propaganda.

Verdadeiramente preocupante, é que esta gentalha bronca e poderosa, não tem um Governo composto por homens de dimensão superior, à altura de lhes travar o passo e puxar as orelhas.
São, como diz o povo, farinha do mesmo saco, ou ainda pior. O único «mérito» que se lhes pode atribuir, é serem excelentes actores, mas no local errado, que são os palcos do Teatro. As aparências ainda iludem, não podem é ser duradoiras, e desta vez estão a durar demais.
O facto, é que podem continuar a causar graves danos para o país, e torná-lo ingovernável, como aliás, já está a acontecer.

O que podemos nós fazer para sair rapidamente deste saco de oxigénio poluído, antes que nos contamine e sufoque a todos?

06 julho, 2009

Tenho vergonha!

Perante tamanha palhaçada, gentilmente servida pela comunicação social lisboeta, bacôca, atrasada, bajuladora e patética, com a apresentação do Ronaldo aos adeptos do Real Madrid, só me ocorre dizer, isto:
PORTUGAL, NÃO TEM FUTURO, PORTUGAL É UM CANO DE ESGÔTO A CÉU ABERTO!
Hoje, não tenho pachôrra para falar de coisas sérias. Desculpem-me.

05 julho, 2009

Reagindo à mesquinhez e contas de mercearia

Mesquinhez e contas de mercearia mais uma vez. O problemático é a vossa incapacidade de perceber que existem duas situações que beneficiam claramente o Grande Porto.

A primeira é a actual: como não existe qualquer entidade regionalizada, o grande Porto faz valer o seu peso no todo nacional e legitimamente obtém o máximo que puder para si do estado central. No quadro actual o Grande Porto não tem qualquer obrigação para com os outros. Não é capital de nada nem existe qualquer governo regional lá sedeado. Não está obrigado a prestar contas ao “Norte” nem lhe deve sequer qualquer solidariedade institucional. Vivemos no salve-se quem puder perante a discricionariedade do estado central e os mais fortes fazem-se valer. É a vida e a culpa é de todos os que rejeitaram a regionalização em 98.

A segunda situação que beneficiará o Grande Porto será uma regionalização que o exclua da Região Norte, ou, noutra hipótese do Entre-Douro-e-Minho. Neste caso, desenganem-se os que julgam que o Grande Porto se ficasse pelo milhão e duzentos mil habitantes da actual NUTIII, 34% da população a Norte. Áreas como todo o Entre-Douro-Vouga, Vale do Sousa e Tâmega jamais aceitariam ficar fora duma região que não incluísse a AM Porto. Não podem ser consideradas regiões rurais, têm afinidade com o Grande Porto e, além disso, não são parvos e pretenderiam beneficiar da dinâmica económica e da força política duma grande área metropolitana com 57% da população de toda a Região Norte. Restaria Trás-Os-Montes e Alto Douro e o Minho - aqui provavelmente até amputado de alguns concelhos mais a sul e fronteiriços à AMP pelas mesmas razões adiantadas acima. Mas enfim, seria a glória na terra dum certo caciquismo bracarense que reinaria inchado sobre a miséria.

Existindo o livre arbítrio, cada um tem a sorte que merece.

Pergunta que se impõe: Rui Rio neste caso fez o seu trabalho. Outros além de Rui Rio, como Rui Moreira e várias personalidades do Porto fizeram o seu trabalho no caso da Ryanair e do Aeroporto. Que fez Braga além das bacoradas do Mesquita e das discussões blogueiras sobre o “Kadhaffi dos Pneus”?