02 outubro, 2009

A Pousada do Freixo

Foi inaugurada a Pousada do Porto, no belo Palácio do Freixo. Na qualidade de portuense, suponho que me deveria sentir feliz e até orgulhoso. A beleza da arquitectura, o insólito contraste estético entre a obra de Nasoni e a Moagem Harmonia, as vistas sobre o Douro, o luxo interior, os mais que prováveis elogios por parte dos futuros hóspedes, tudo isto deveria alegrar alguém que ama a sua cidade e se regozija com seus aspectos positivos.

E no entanto, no meu espirito, por estranho que pareça, um sentimento de tristeza sobrepõe-se aos aspectos positivos desta valorização do parque hoteleiro da cidade. Poderá ser romantismo ou ingenuidade, mas sempre vi o futuro do palácio como destinado a uma função ligada à vida autárquica ou regional. Sala de visitas para visitas ilustres da cidade ou da região, sede duma futura autarquia - que teria de chamar-se Portucale - ou duma Região chamada Galécia (Norte é ponto cardeal) ou algo similar. A sua entrega à exploração comercial, vejo-a como uma espécie de traição à cidade e à região, que só poderia ter sido concebida por alguém com espirito de guarda-livros, para quem o Deve-Haver se sobrepõe a todos os outros tipos de considerações e que portanto, na minha opinião, não tem condições para dirigir uma grande, antiga e nobre cidade como o Porto.
Infelizmente está nessas funções há oito anos e prepara-se para ficar mais quatro. Se isto acontecer, teremos de o aceitar democraticamente e também concluir filosoficamente que de facto os povos têm os governos que merecem, por muito que a alma nos doa ao pensar que o declínio da cidade irá continuar, e que quanto mais fundo cair, mais custará a levantá-la de novo.

Rios e Rio[s]

Rios e Rios
Há rios em que se mergulha
de olhos fechados e de corpo e alma!
Entretanto há outros,
em que só se molha a ponta dos pés...
Neli Araujo
Simples [como é seu hábito] e providencial, este pequeno poema da nossa simpática amiga de S. Paulo.
Nós no Porto conhecemos um rio [e que a Neli felizmente não conhece] em que nem os pés se devem molhar... Não é o Douro, não.

Marisa Monte/Não é fácil...



aturar as Mizés deste rectângulo pestilento, mas mesmo assim, votos de bom fim de semana com a linda voz de Marisa Monte.

Uma dama "respeitável"...

Observando bem esta imagem, dir-se-ia que espelha o "desespero" da afilhada mal comportada, clamando por socorro à madrinha de ocasião . Parece estar a dizer, "vê lá se nos livras dos sarilhos em que ambas nos metemos".
Escrevi ambas, porque o perfil psicopático de Carolina já não constitui notícia para ninguém, mas o de Maria José Morgado, há medida que o fracassado processo Apito Dourado foi desafinando, tem vindo a revelar-se cada vez mais suspeito para a opinião pública portuense.
De facto, não passa pela cabeça de ninguém minimamente equilibrado, sobretudo com a responsabilidade de uma Procuradora Geral Adjunta, alegar ter falado com uma das principais figuras do processo por razões humanitárias e [pasme-se!] por consideração ao agente *Sérgio Bagulho.
Se fôr para levar a sério tais declarações, passaremos, desde logo, a ter a certeza que todos podemos em qualquer momento, caso uma imprudência circunstancial nos leve à barra do Tribunal, contactar pessoalmente com um alto responsável do Ministério Público, por razões humanitárias! A não ser que as razões humanitárias de Maria José Morgado sejam sulistas, elitistas e muito pouco liberais... Para ser sincero, a mim, é o que me parece que são.
Esta senhora só ainda está em funções e não foi ela própria submetida a um rigoroso inquérito disciplinar por instâncias superiores, porque estamos num país onde as pessoas acreditam que votar é testemunho de sentido de responsabilidade cívica. Que me perdoem os leitores que foram votar, mas eu, reafirmo que não é testemunho de coisa nenhuma! Este país não precisa de eleitores, precisa de uma revolução a sério [ai, o que eu fui dizer]. Alberto João Jardim, estou contigo! Viva a Madeira!
*Ainda que mal pergunte: qual é a diferença entre "consideração" e tráfico de influências? Esta situação é, ou não, discriminatória? É, ou não, altamente condenável?

Germano Silva,uma referência de respeito para o Jornalismo

Numa época em que o nível da classe jornalística se compara por baixo ao da classe política, é da maior importância relevar as raras excepções. É o que todos os portuenses assumidos têm o dever de fazer com este Homem. Grande proissional, grande portuense. O título do JN não podia ser mais feliz: o homem-cidade! É assim mesmo que vejo este jornalista de corpo inteiro.
O Renovar o Porto solidariza-se gratamente com o homenageado e congratula-se com a iniciativa. Poucos como ele a merecem.

01 outubro, 2009

Recordistas do patriotismo

O centralismo está sempre a surpreendernos. Se dúvidas existissem quanto à fragmentação do país e da coesão nacional, caso a regionalização se realizasse, basta passar aqui os olhos pelo jornal centralista "desportivo" Record para as dissipar. A imagem da capa denuncia melhor do que mil palavras o sentimento «patriótico» desta garotada a quem é dada liberdade para fazer e dizer o que quer, sem olhar a meios. O que não fariam se fossem anti-patriotas!
Os nossos "inimigos" espanhóis colocam no El País, jornal de referencia do país vizinho, esta imagem do FCPorto do jogo de ontem. Patriotices.

FCPorto e a Champions League

Luís Freitas Lobo, é um comentador de futebol por quem já tive mais apreço [muito mesmo]. Ao contrário do que é habitual, a experiência, que costuma adicionar aos nossos conhecimentos um "must" de simplicidade e sensatez, não está a surtir esse efeito em LFLobo. E é pena, porque quando começou de mansinho a fazer comentários sobre futebol, vi-o como uma lufada de ar fresco no paupérrimo universo de comentadores do futebol jogado.
Ontem, apesar do futebol trapalhão do FCPorto até aos 72 minutos, LFLobo só tinha elogios para os jogadores do Atlético de Madrid. Parecia que só existia uma equipa em campo. Eram só mimos com adjectivos sublimes para os jogadores do Atlético e da própria equipa. Em relação aos jogadores do FCPorto não lhe consegui ouvir uma só palavra positiva. Eu, não sou comentador desportivo, mas vou dizer o que os meus olhos viram, procurando dentro do limite do possível, ser o mais coerente possível com o que penso de Jesualdo.
Como todos os espectadores se devem ter apercebido, a 1ª. parte do FCPorto, foi um susto. Tomás Costa, foi um susto e o Raul Meireles - a jogar mais à frente - a procurar emitá-lo, com passes desastrados, pouca consistência física e falta de garra na hora de finalizar os passes de bandeja que o esforçado [mas algo anarca] Hulk lhe ofereceu. Foram 72 minutos à Jesualdo.
Como disse em post anterior, considero algo tardias as decisões de Jesualdo. Tivesse ele pensado nas substituições um pouco mais cedo, talvez não houvesse necessidade de deixar os adeptos à beira de um ataque de nervos, sujeitos a sair do Dragão com a segunda derrota na League. Com a saída de Tomás Costa, a entrada de Guarín e o recuo de Meireles [onde é mais produtivo], a equipa parecia outra, que teve a sorte e o talento de marcar o golo da vitória a parcos minutos do fim.
No entanto, e apesar da sofrível 1ª. parte, não vi no Atlético de Madrid o esplendor que Luís Freitas Lobo tão calorosamente descreveu. Tem muito bons jogadores, sim senhor, mas para uma equipa "brilhar", às vezes basta que a outra se deixe ofuscar. Foi, na minha opinião o que aconteceu ontem no Dragão com o FCPorto. Isto, descontando a ausência [por lesões ou castigos] de jogadores-chave, como são Fernando, C. Rodriguez e Varela.
Eu discordo um pouco do lugar comum besta versus bestial de que costumam responsabilizar os adeptos. Ontem, Jesualdo, nem foi uma coisa nem outra. Foi pouco arguto até aos 72 minutos e lúcido quando procedeu às substituições, porque objectivamente, teve bons resultados. E teve a "sorte" de ter tido o contributo precioso de Falcao com um golo soberbo. Isto, foi resultado do talento individual do jogador, não do técnico. Ponto.
Mas, não havia "nexexidade" de arriscar perder a partida permitindo que o FCPorto andasse perdido, aflito mesmo, durante tanto tempo. Repito: para decisões tão in-extremis, é preciso ter sorte.
O melhor jogador durante toda a partida, mesmo durante o pior período de jogo, chama-se Fucile. Os segundos exequo, Falcao eHulk. Por último, todo o sector defensivo.
PS-Descansem os meus amigos dos blogues futebolísticos que não pretendo fazer-lhes concorrência. Este é o tipo de coisas que não pode explicar-se num simples comentário.

30 setembro, 2009

Promiscuidades

Creio piamente no rigor dos escrúpulos de alguns políticos quanto a companhias que podem degenerar em promiscuidade. Um deles, chama-se Rui Rio, que por acaso, sim, por fortuito acaso, chegou a Presidente da Câmara do Porto, e o outro, que até é seu amigo e saltimbanco da política, chama-se Pacheco Pereira, que por acaso, mero acaso também, nasceu no Porto.
Fartámo-nos de os ouvir a ambos "malhar" nos anteriores presidentes da Câmara por darem cobertura às comemorações das vitórias desportivas do melhor clube da cidade e do país em programas que nem sequer eram de vocação desportiva.
Não pestanejam um segundo em usar o serrote da inveja quando se trata de maldizer um clube da sua terra. Na relação inversa, não tugem nem mugem, por verem o Presidente do Benfica, homem sobre o qual recaem graves e omitidas suspeitas de traficâncias, ao lado de José Sócrates em plena campanha eleitoral... O terramoto de hipocrisia que não se provocaria se Pinto da Costa fosse o ilustre acompanhante!
E estou a falar de uma situação ocorrida durante uma reunião política de um partido a que nem sequer pertencem [o PS], o que significa que se fosse com o PSD, seriam até muito capazes de se sentarem ao lado de tão magna companhia...
Não há dúvida. Estas pessoas, estão muito atentas a promiscuidades, o que lhes aumenta os já grandes créditos de isenção de que gozam... Não lhes escapa nada, são mesmo escrupulosos! Eu não duvido, nunca duvidei!

29 setembro, 2009

rescaldo eleitoral visto de Norte

Durante a manhã eleitoral alguns próceres do sistema, jornalistas incluídos, lá fizeram o costumeiro wishful thinking sobre a diminuição da abstenção. No fim do dia, confirmado o aumento substancial desta, também costumeiramente, lá meteram a cabeça na areia e fizeram de conta que nada se passou. Avestruzes que um dia se arriscam a ser decapitadas. Apesar do número de eleitores ter aumentado em mais de 560 mil, o número de votantes diminuiu cerca de 55 mil. E os novos eleitores, ao contrário dos mais velhos, têm mais probabilidades de se manterem vivos nas eleições que se seguem.

Quanto ao resto, expectavelmente, pouco mudou: o Porto e o Norte, apesar dos graves problemas sociais e económicos, passaram totalmente ao lado desta campanha eleitoral; a regionalização, por iniciativa dos partidos do sistema, está definitivamente enterrada por muito que alguns eleitos por esta região façam profissões de fé. O TGV Lisboa – Badajoz com a respectiva ligação ao novo aeroporto lá se fará; para essa tarefa o PS contará com o apoio do BE – sim, não há leninista ou trotskista que se preze que desaproveite uma grande obra pública em Moscovo, perdão… Lisboa. O aeroporto do Porto é que provavelmente continuará sem qualquer ligação ferroviária séria. Entretanto os espanhóis, que não dormem e pensam estrategicamente, encarregar-se-ão de o esvaziar. Mas quem elege um senhor de Lisboa que se notabilizou como promotor de exposições em honra do Benfica, o ex-ministro João de Deus Pinheiro, o António José Seguro, e outros do género, como seus representantes no parlamento também não merece muito.

Talvez algo de positivo possa ter saído desta eleição: o fim político daquela figura anacrónica - também eleita, a contento de Rui Rio, com os votos do Norte – o professor Cavaco Silva. Vamos lá a ver que trunfos tem o senhor presidente na manga para nos mostrar hoje.

Como o sistema eleitoral autárquico permite que cidadãos independentes possam concorrer sem se submeterem a uma estrutura partidária eu votarei. Votarei na doutora Elisa Ferreira, que apoio apesar de algumas divergências.

P.S. – Provou-se que os defensores do voto branco ou nulo como voto de protesto continuam a não compreender a natureza humana; e isso em política não é boa habilitação ;-)

Resultado eleitoral, trampolim para Elisa Ferreira?

Sobre os resultados eleitorais das legislativas, o único ponto positivo que me importa destacar foi a perda da maioria absoluta do PS. Digo do PS, como diria de qualquer outro partido. O poder absoluto, está provado e compravado, corrompe absolutamente.
A maioria absoluta de um partido político só interessa ao próprio, precisamente para fazer o que quer, e como quer, sem qualquer interesse pelas propostas dos partidos da oposição e nenhuma consideração pelos eleitores [por isso não votei].
Sempre que tal acontece, o Governo que dessas maiorias se constitui, tende para governar com prepotência e para «progredir» em autismo social. A economia, estamos cansados de saber, é a varinha mágica para a cura de todas as maleitas. Nesse capítulo, PS, PSD e CDS, são absolutamente iguais. Só conhecem essa arma/argumento que resvala invariavelmente para uma simples equação: muito mais para uns poucos, e demasiado pouco para uma maioria. Daqui, não saem. A mola "estratégica" da economia é sectária, cega, desumana, e numa grande parte das vezes nada meritocrática.
De modo que, exposto sem complexos o meu cepticismo pela partidocracia, a minha esperança reside no indivíduo, uma vez que os interesses de um colectivo difuso de carreiristas não têm qualquer relação com os interesses colectivos das populações. E a minha esperança individual chama-se Elisa Ferreira. Gostaria que, apesar da perda da maioria do PS e, sobretudo da derrota humilhante do PSD, estes resultados beneficiassem a candidata pelo partido socialista e arrumassem de vez com Rui Rio da Câmara do Porto onde só semeou rancor.
Contradição? Não me custa admitir alguma, mas não deixo de lembrar que foi num mandato do PS que o melhor Presidente da Câmara do Porto que conheci até hoje, Fernando Gomes, conseguiu algumas benfeitorias para a cidade. Bateu o pé ao Governo e a par de Vieira de Carvalho - que nem sequer era socialista - conseguiu fazer sair da gaveta o projecto do Metro do Porto, tornando-o numa realidade, e avançou [neste caso mais o Fernando Gomes] com a concretização do Parque da Cidade, onde agora se discute muito a construção de edifícios, mas se deixou pacificamente atapetar de asfalto uma longa e inestética pista de aviões para a *Red Bull Race...
*Ressalva: Eu gosto das corridas Red Bull

28 setembro, 2009

Sonhos de uma noite de outono (II)

Gostei do resultado das eleições. Não porque o partido A subiu ou o partido B desceu, ou o partido tal teve mais ou menos votos do que há quatro anos. Gostei porque acabou a maioria absoluta. Os partidos políticos portugueses não resistem à tentação de se comportarem como autênticos ditadores, sem respeito pelas outras forças políticas. Problema de Sócrates e do PS? Não creio, penso que qualquer partido teria o mesmo comportamento. As maiorias absolutas só funcionam com povos que tenham a cultura democrática bem entranhada nos seus genes, o que não é manifestamente o caso de Portugal.

Virá um novo governo com uma diferente política a que o PS será obrigado por não poder governar sozinho. Faço alguns votos piedosos.

Que a Educação trabalhe mais para a real educação dos alunos, e menos para as estatísticas internacionais. Que o(a) novo(a) ministro(a) seja mais sensato(a) do que a actual e que consiga escapar à influência negativa dos técnicos do "eduquês" que há muito se entranharam no seio do Ministério.

Que o Ministério da Justiça consiga concitar os consensos necessários para transformar a nossa vergonhosa Justiça. Que se revejam as leis referentes à repressão da criminalidade - pequena ou grande - no sentido de tornar as nossas ruas mais seguras.

Que o Ministério das Obras Públicas tenha um titular menos "aluado" do que o actual.

Que o Ministério da Agricultura não deixe caducar a atribuição aos agricultores portugueses de dezenas de milhões de Euros provenientes de Bruxelas.

Gostaria também que os partidos políticos e seus eleitos aproveitassem a ocasião para dar uma varredela às teias de aranha que enchem a nossa Constituição.

Last but not the least, gostaria de ver finalmente desatados todos os nós que atam a regionalização.

Como é fácil sonhar...

Para quê tudo isto?

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Nota
Recorte do artigo da autoria de Manuel António Pina extraído do JN de hoje

27 setembro, 2009

Humildade não!

No futebol - como em outras actividades - abundam os chamados lugares-comuns. Um dos que mais me intriga consta dos discursos da maior parte dos treinadores portugueses: HUMILDADE. " O nosso segredo é humildade", ou então " ganhámos porque abordámos o jogo com humildade", ou ainda " faltou-nos a humildade necessária". Uma consulta ao dicionário é esclarecedora.

HUMILDADE - virtude que consiste no sentimento da própria inferioridade ou fraqueza; modéstia; submissão; condição baixa; inferioridade social; pobreza; obscuridade.

Portanto o discurso da humildade é o discurso errado. Penso que, pelo contrário, aquilo de que os jogadores precisam é de orgulho, de sentimento de superioridade, da ambição suficiente para dar a volta a situações adversas, embora sempre no total respeito pela dignidade dos seus adversários. Esse respeito não é humildade e não se fazem campeões com espirito humilde.

Vem isto a propósito ou despropósito do jogo de ontem do FCPorto. Penso que já há muito tempo a condição anímica da equipa não é a melhor. Há alguns anos atrás via-se jogar uma equipa que transpirava confiança em si, que se porventura sofresse o primeiro golo do jogo, não se enervava, tranquilamente e com determinação ia à luta e normalmente dava a volta ao resultado. E se estava a ganhar, queria sempre marcar mais um tento.

Estas coisas são subjectivas e portanto admito que possa estar errado, mas parece-me que com o actual treinador, temos uma equipa receosa e com deficiente vitalidade anímica, com pouca confiança na sua capacidade.

Nos blogues portistas e respectivos comentários, apreciam-se sobretudo os aspectos técnicos dos jogos e da equipa, que são claramente factores importantes. Aprecio muito a sua leitura, são esclarecedores e ajudam-me a compreender melhor o jogo. Mas parece-me que nesses comentários é pouco focada a importância dos aspectos psicológicos. Afinal de contas, os jogadores não são autómatos, são seres humanos com motivações e desmotivações. Fico com a impressão que Jesualdo Ferreira, se porventura se ocupa deste aspecto, não consegue passar a mensagem. A culpa só pode ser dele, mas as consequências caem sobre todos.

Como adepto do FCPorto quero voltar a ter uma equipa de onze indomáveis e confiantes guerreiros, e não um conjunto de jogadores com atitudes receosas, que quando se apanham a ganhar por 1-0 se remetem à defesa, e que mesmo contra dez adversários são incapazes de controlar o jogo. Humildade, não!

Ainda sobre a abstenção...

vale a pena ler o que aqui está descrito. Só para desmistificar certas verdades subtilmente mitificadas. Quem quiser, faça o favor de se servir. É de borla.

Outras perspectivas sobre a abstenção

Abstenção
Do latim abstinere, abster, suprimir, privar-se de, evitar. A expressão começa por ser apenas usada no direito privado, como renúncia ou não-exercício de um direito ou obrigação, nomeadamente a uma herança. Passa depois para a linguagem política, querendo significar a renúncia ao exercício de direitos políticos, nomeadamente o facto de um eleitor não ir à s urnas. Segundo a tese de Alain Lancelot, os abstencionistas exercem quase sempre papéis sociais subordinados, indivíduos mal integrados, correndo-se o risco das eleições se transformarem num debate entre privilegiados. O abstencionismo é, assim, a não participação no sufrágio ou em actividades políticas, equivalendo a apatia ou indiferença.
*Para além do abstencionismo eleitoral resultante de uma má inserção social, há também um abstencionismo de pessoas interessadas na política, informadas e atentas, mas que recusam escolher nas condições da oferta eleitoral que lhe apresentam, dado que o leque dos candidatos não lhe permitem a possibilidade de expressão adequada das respectivas preferências. Os abstencionistas não constituem assim uma população à parte e não coincidem com a cidadania passiva, havendo constantes trocas de informação entre votantes e abstencionistas.

Ver: Alain Lancelot e Jean Meynaud, L’Abstentionnisme Électoral en France, Paris, Librairie Armand Colin, 1968. · F. Subileau e M.-F. Toinet, Les Chemins de l’Abstention. Une Comparaison Franco-Américaine, Paris, Éditions La Découverte, 1993.


© José Adelino Maltez. Todos os direitos reservados. Cópias autorizadas, desde que indicada a proveniência: Página profissional de José Adelino Maltez ( http://maltez.info). Última revisão em: 02-10-2008
* o itálico é meu

Futebol

Ontem, o FCPorto ganhou ao Sporting mas, mais uma vez, apesar da vitória os adeptos portistas saíram decepcionados com a exibição da equipa.
Durou cerca de meia hora o melhor futebol produzido pelos dragões, sendo que os primeiros 10 minutos prometeram muito mais do que aquilo que acabou por acontecer. O penalti bem assinalado pelo árbitro e melhor defendido por Rui Patrício, ou mal marcado por Falcão [como queiram], foi o ponto de partida para uma exibição frouxa e insegura da nossa equipa.
É sempre uma grande consolação chegarmos ao fim do campeonato com o troféu nas mãos e sentirmos o dever de gratidão para com o técnico, mas nem por isso somos obrigados a reconhecer qualidade nos espectáculos a que assistimos quando, como ontem, ficamos sempre com a sensação de quem acabou de contemplar uma obra inacabada.
O campeonato ainda vai no início, mas esta sensação de "que falta de algo mais" na equipa do FCP foi também sentida muitas jornadas na época transacta e durou quase até ao fim. Os adeptos podem não ter sempre razão, algumas vezes ser até injustos com o treinador, mas apreciando o futebol de qualidade, têm todo o direito de o criticar, porque não são seres acéfalos e pagam bilhete ou quotas. Portanto, deixemo-nos de proteccionismos excessivos, quando achamos que devemos criticar.
Há jogadores no FCorto, muito apreciados por alguns adeptos e críticos, dos quais, nunca fui grande fã, mesmo quando estão em forma. É o caso de Raul Meireles. O ano passado vi-o fazer bons passes de longa distância, alternados com maus de curta. Este ano, nem uma coisa nem outra. Falha passes a pouco mais de 2 metros, e o pior é que coloca a bola nos pés dos adversários... É inacreditável. Tem um remate relativamente forte, mas tecnicamente não tira disso partido, porque na maioria dos casos chuta para as nuvens ou muito ao lado da baliza, talvez por estar demasiado preocupado em levar as mãos à cabeça a seguir.
Em suma, para lhe reconhecer as qualidades que tem, teria de ser mais regular. Devia passar melhor mais vezes, do que falhar, e acertar mais vezes na baliza do que errar. É este o prisma pelo qual aprecio um jogador, independentemente das qualidades técnicas e individuais que possa ter. E não devo estar só nessa apreciação. A prova? Chama-se Lisandro Lopes, um jogador que foi evoluindo desde que chegou ao FCPorto, esforçado, concentrado, a quem se toleravam os [poucos] dias menos bons, porque era humano. Nunca critiquei Lisandro!
Quanto ao Jesualdo, continuo convencido que é vítima das suas ideias tácticas, não obstante, até ao momento, lhe tenham rendido juros. Há movimentos de transição defesa/ataque que estão muito perros e algo lentos conjunturalmente, notando-se nos jogadores alguma confusão nas linhas de desmarcação acontecendo chocarem entre si algumas vezes, ou então, interromperem-nos bruscamente com paragens quando é recomendado prosseguir em direcção à baliza ou passá-la ao colega melhor colocado.
Tenho alguma dificuldade em atribuir "culpas" aos jogadores, porque tecnicamente há alguns com muita qualidade a quem vi fazer coisas fantásticas na pré-época e que não enganam ninguém. Belluchi é um deles. Valeri, não estará ainda bem entrosado com o n/ futebol, mas parece-me melhor que o Raul Meireles. Falta-lhe tempo de jogo.
Depois, há um detalhe fundamental nesta equipa que me parece que já devia ter merecido uma atenção especial pela parte do treinador que é a questão do remate. Está a rematar-se muito mal. O Fucile que é um bom jogador, sendo lateral podia chutar muito melhor. Em Portugal parece que os laterais não sabem fazer golos. Por que será? Quando chutam, raramente acertam com a baliza. Já pensaram no potencial desperdiçado? Só porque um jogador é defesa, não deve ser intensivamente treinado também no exercício do remate? Vejam o Bruno Alves! É o único que o faz e ninguém me tira a ideia de que o mérito é exclusivamente dele.
Ou seja, se há jogadores com mais jeito natural para rematar do que outros, os menos habilidosos não deviam merecer treino específico para melhorar as performances nesse aspecto? Isto faz mais sentido ainda sabendo nós que os clubes portugueses não têm capital para comprar jogadores já feitos, completos. Se Jesualdo pede tempo para "construir" a equipa e os jogadores, estaremos nós a notar alguma evolução concreta neste capítulo?
Enfim, gostei do resultado, mas como adepto de bom futebol, fiquei desconsolado.
PS-Antes que alguém apresente casos pontuais só para me contrariar, ressalvo que as minhas observações são bem explícitas. Refiro-me a rotinas estabelecidas, não a um ou outro golo fortuito, marcado pelos laterais e pelo próprio Raul Meireles...