10 outubro, 2009

É isto que é preciso dizer mais vezes

Clicar sobre a imagem para ler, é obrigatório... [para quem não leu, claro]
Quem me ler com regularidade de certeza que já se apercebeu que não sou propriamente um admirador do jornalismo que se faz em Portugal e que não poupo os maus profissionais que envergonham a classe.
O jornalismo é uma actividade de importância pública fundamental se desempenhada com religioso respeito pelos cidadãos, antes do respeito pelo patrão... Para haver grandes jornalistas, como grandes políticos, é preciso haver por detrás dessas capas, grandes Homens. É preciso não ter medo, e quando necessário, enfrentar "o touro pelos cornos", correr riscos, bater com a porta e partir.
Ora é isso que rareia actualmente, é dessa massa de grandes Homens do jornalismo e da política [as duas classes convivem e copiam-se uma à outra numa promiscuidade tácita] e até do meio empresarial que as sociedades modernas precisam para se regenerarem e conquistarem credibilidade. Com malabaristas não vamos a lado nenhum, está provado. É esse género de "profissionais" que abunda no país, numa luta pela sobrevivência sem regras nem fronteiras, onde vale tudo para vender. Vender, vender, vender, é a palavra mestre. Não conhecem outra, excepto: money.
Como o artigo acima exposto, que foi escrito pelo Director da TSF, Paulo Baldaia, descreve por palavras suas e sua experiencia, aquilo que eu por mais do que uma vez expressei aqui, talvez alguns senhores jornalistas que eventualmente me tenham lido, passem a partir de agora a convencer-se que as minhas críticas eram e são, bem fundamentadas...

09 outubro, 2009

Sonia Wieder-Atherton et Bruno Fontaine - Night and Day de Cole Porter




BOM FIM DE SEMANA PARA TODOS! DOMINGO, LÁ ESTAREI A DAR O MEU RIDÍCULO CONTRIBUTO PARA VER SE CONSIGO DESPEJAR DA CÂMARA QUEM NÃO MERECE LÁ ESTAR. DISSE RIDÍCULO SIM, PORQUE É ISSO MESMO O QUE PENSO DESTA FORMA DE EXERCER O MEU DIREITO DE CIDADANIA. ENQUANTO ISSO, O GOVERNO DESVIA [ROUBA] VERBAS DO QREN PARA A VACA SAGRADA DE LISBOA E NÓS A VOTARMOS NO REGIME, E A VERMOS PASSAR O BALÃO...

COMO É QUE CERTOS MENINOS HÃO-DE GOSTAR DE OUVIR ESTAS "POPULARICES"?

Impressões do debate Eleições-Porto na RTP

Além da minha convicção de que Rui Rio é um incapaz presidente de câmara, o debate de ontem veio demonstrar-me que além disso é uma personalidade execrável, com um mau feitio que entra na má educação e com argumentação que pontualmente me parece intelectualmente desonesta. A minha antipatia por ele atingiu niveis de não-retorno.

Acho que Elisa Ferreira esteve bem, com ideias arrumadas, exposições claras, enérgica e agressiva q.b. mas sem entrar na ofensa pessoal.

Rui Sá, gosto dele, talvez não como presidente da câmara, mas dava um bom número dois.

Fátima Campos Ferreira, pareceu-me que teve a atitude arrogante e pretenciosa da vedeta que chega da capital para dirigir um grupo de provincianos. Muito oportuna a "rabecada" que Rui Sá lhe deu. Nota francamente negativa para os tópicos escolhidos. Parque da Cidade, Aleixo, reabilitação da Baixa, são temas mais que batidos, já aborrecem, e nenhum dos participantes poderia ter dito algo de novo. Parece que o Porto não tem outros assuntos de enorme importância. Por aqui se vê a ignorância que grassa na capital sobre o que se passa além das suas fronteiras, e provavelmente o desejo que a CS centralista tem de não permitir que se discutam problemas que possam ser incómodos para Lisboa, particularmente num canal com a audiência potencial da RTP1.

Há tripeiros e habitantes do Porto. Não são a mesma coisa!

As sondagens valem o que valem, mas convém estarmos atentos com quem as difunde e de onde provêm... O país é tudo menos simétrico e justo, por isso, muita atenção às fontes... Com as novas tecnologias, parece-me haver erros de cálculo a mais, para quem pretende fazer das sondagens uma actividade credível.
À imagem de outros jornais, o Grande Porto atribui a vitória a Rui Rio com 49,2% dos votos. Eu, tenho alguma dificuldade em digerir estas previsões, muito embora tenha reconhecido o incrível hara-kiri de Elisa Ferreira logo no lançamento da candidatura, porque me custa muito a acreditar que sejam efectivamente gentes do Porto todos aqueles que insistem em dar a Rui Rio o seu voto.
Custa-me a crer que os portuenses sejam tão pouco exigentes, tão desafeiçoados da sua cidade e da sua história, que não sejam capazes de reconhecer as incapacidades de gestão camarária de Rui Rio e o seu perfil típico de homem insensível e distante do povo. Não. Há, aqui um outro qualquer fenómeno que me escapa, porque os portuenses apesar de os tempos não serem os mesmos de outrora, não podem ter mudado tanto [e para pior].
Não sei quem foi o autor que comparou o Porto a um "Donut", mas foi seguramente alguém sem dificuldades oftalmológicas, tão precisa e "feliz" foi a comparação. Será que quem se desloca ao Porto, conseguindo compartimentar as noites de fim de semana nas ruas Galerias de Paris e Cândido dos Reis com o dia-a-dia rotineiro da baixa portuense, não percebe que a cidade não é só feita de animação nocturna? Será que ainda não deram pela falta da juventude na cidade e repararam na proliferação de gente envelhecida e pobre nos centros comerciais? Será que ainda não perceberam que a cultura é algo muito mais vasto, profundo, heterogéneo e abrangente do que os espectáculos do La Féria? Será que o blogue As Casas do Porto [passe a publicidade] é uma ficção deturpadora da realidade urbana da nossa cidade? Afinal o que é que Rui Rio fez de tão transcendental que os leva a negligenciar tanto desleixo?
Pode não explicar tudo, mas continuo convencido que estes últimos 20/30 anos de concentração do poder mediático [e não só] em Lisboa mais as suas campanhas diabolizantes contra o FCPorto, tiveram grande influência em muita gente que para cá migrou, por questões relacionadas com o trabalho ou estudo, trazendo consigo o veneno que lhe foi injectado cujos reflexos acabaram por se espelhar na política e consequentemente nos resultados eleitorais.
Há muita gente que vive no Porto que não é nem sente o Porto, tal como o portuense-tipo sente. Não, não confundam esta alusão a qualquer discriminação regional, porque se há coisa da qual nós sempre nos orgulhámos foi da fama de gente hospitaleira, mas com a perda de influência política do Porto, houve portuenses vindos de outras paragens que não tiveram oportunidade de assimilar a cultura portuense e a maneira de ser do seu povo.
Está plena de razão Elisa Ferreira quando diz que Rui Rio ficou famoso, apenas e só, por afrontar, desprezar o FCPorto, o melhor clube português e ao mesmo tempo o mais temido e invejado pela capital. Só portuenses atípicos, mal assimilados é que não querem aceitar este facto insofismável! Quem contraria isto, também confunde a água do vinho, não está a ser honesto consigo próprio.
Não estou muito confiante em relação à vitória de Elisa Ferreira, mas também ainda não me convenci que ela esteja garantida para Rui Rio.
Uma coisa posso porém garantir. Quem votar em Rui Rio é co-responsável pela continuidade da regressão e decadência da cidade do Porto. E esses, democracias de plástico à parte, jamais me conseguirão convencer do seu amor ao Porto. É falso!

08 outubro, 2009

Fusão do Grande Porto

Ler aqui. É muito interessante.

Nota:

Como diz Rui Moreira, e bem, quando se fala neste assunto, os políticos dizem: nim! O que corresponde, em pleno, à opinião que o grande povo faz deles, ou seja, tudo, menos correrem o risco de perder a "gamela" (esta pegou). Primeiro eu, depois a cidade ou o país. Neste ponto, poucos há que fazem a diferença, todos se regulam pelo mesmo padrão de mediocridade. Percebem porque me incomoda a palavra "elites"?

Quanto à posição medrosa de Carlos Lage, é natural, corresponde exactamente à ideia que tenho dele. Medroso.

O articulista TAF e a agressividade de Elisa Ferreira

Às vezes os articulistas políticos ganham os tiques mesquinhos de muitos comentadores de futebol. Vêem as faltas que os adversários cometem [quando não as inventam], e ignoram compulsivamente as do seu clube.
Li e concordei com muito o que o Tiago [TAF] do blogue A Baixa do Porto escreveu no JN de hoje, mas não posso deixar de estranhar o apontamento dedicado a Elisa Ferreira, que diz o seguinte:
"Elisa Ferreira era uma esperança, mas manteve um discurso agressivo que divide a cidade entre pró-Rio e contra Rui Rio. Não é por aí. Faltou-lhe também uma política de verdade que a demarcasse do PS anterior. O seu trabalho de federação das elites tem valor e deve, em qualquer caso, ser aproveitado."
Discurso agressivo, Elisa? Bem, que de Lisboa se oiçam ou leiam comentadores com este tipo de discurso não surpreende, agora do Tiago, um cidadão do Porto? Eu acho que já conheço um pouco o Tiago, até porque tive oportunidade de comentar algumas vezes no seu blogue do qual me desvinculei precisamente por ele considerar agressivos alguns dos meus comentários e já não achar os de outros tão agressivos quanto os meus. Mas, adiante. O que eu quero referir, é que o Tiago, conquanto faça um trabalho cívico muito relevante não deixa de pecar por excesso de zelo, ou, por outras palavras, por não ousar fugir do politicamente correcto.
Se Elisa Ferreira, que tem procurado evitar referir-se ao seu adversário directo o mais possível, apesar da insistência dos entrevistadores, é agressiva, pró ou contra Rio [como ele refere], que dizer deste último? Rui Rio, não só tem sido agressivo com a sua adversária, como é com os portuenses e as suas maiores instituições, sejam elas de carácter cultural ou desportivo. Essa não Tiago!
Já aqui escrevi aquilo que penso ter sido o maior erro de Elisa Ferreira, não vou agora repetí-lo, mas o da agressividade não foi seguramente, talvez mais a falta de. Ter uma política de verdade é outra utopia quando alguém concorre a umas eleições apoiado por qualquer partido mesmo como "independente". Todos sabemos quão condicionada é a independência dos próprios militantes, quanto mais a de um independente! Podia ousar mais, concordo. Se calhar faltou-lhe a tal dose de agressividade [a que eu prefiro chamar afirmação] de que o Tiago a critica.
Quanto a elites e do papel que Elisa teve na respectiva federação [será o da AIP?], continuo a detestar a palavra e sabem por quê? Porque, na minha opinião, a massa de que são constituídas as elites portuguesas [e não só] não têm substância bastante para nela se enquadrarem na verdadeira acepção do termo. Raramente aplico o termo elite, talvez por ser muito mais exigente sobre o seu conteúdo, do que é a opinião publicada.
Politicamente, hoje, não há elites, há hierarquias que para mim é uma coisa bem diferente. Socialmente, a coisa não difere muito. As elites têm de ser redefinidas. Se continuarmos a falar de elites pela visibilidade das pessoas podemos bem ir buscá-las a um daqueles Big-Brothers da televisão que a diferença entre eles e os actuais protagonistas políticos não é muito grande.
Antes de falarmos em elites, é bom que expliquemos onde elas se encontram e quem são, que é para sabermos de uma vez do que estamos a falar.
PS-Como já aqui escrevi e comentei, considero o Rui Sá um bom candidato, mas votar nele é reabrir as portas da Câmara a Rui Rio. Para as fechar e lá poder entrar alguém para o seu lugar. tenho de votar em Elisa Ferreira.

07 outubro, 2009

Quando o Rei faz anos, fala-se de Regionalização

É pena que os jornalistas do Norte [principalmente, esses] toquem no tema da regionalização quando o rei faz anos e mesmo assim de forma muito subtil. Ter um jornalista ou um jornal do Norte hoje, não quer propriamente dizer que os nortenhos tenham uma mais valia mediática a defender a sua região. O medo do patrão, do homem da massa, a obediência cega aos critérios de venda de papel impresso, domina-os, tornando-os criaturas pouco mais que anódinas com um peso irrelevante para a região de onde são originários.
O director do JN José Leite Pereira, quase sempre politicamente correcto e discreto, decidiu hoje dar o tal salto de ousadia e escrever sobre a regionalização. Assim, passa mais despercebido e sempre torna mais difícil à entidade patronal vir a acusá-lo de influenciar o eleitorado a Norte e de lhe estar a roubar clientes [vendas] a Sul, nessa magnânima metrópole chamada Lisboa [e arredores].
Foi - segundo o próprio escreve -, um programa, eufemisticamente chamado desportivo, da TVI, que funcionou como mola para o seu artigo de hoje. O cirurgião Eduardo Barroso, como o mais bacôco provinciano, convencido e politicamente analfabeto, foi essa mola encorajadora, o que não é motivo para espanto, dada a sua mentalidade bronca e profundadamente desonesta. Fala sempre com o rei na barriga, como um autêntico centralista que raramente resiste a um auto-elogio. Gosta de falar das viagens que faz, dos congressos para os quais é supostamente convidado na tentativa de impressionar as audiências com as asneiras que lhe saem pela boca ao mesmo ritmo dos perdigôtos.
O argumento que Barroso apresentou para defender o centralismo [sim, porque quem não defende a Regionalização depois de tantos anos macrocéfalos de centralização, só pode ser centralista], foi a frase esgotada do país "ser demasiado pequeno" para regionalizar. Então, deu o exemplo de Pequim e Xangai [de onde o grande parolo, acabara de chegar], cidades - disse ele - com milhões de pessoas onde, pelos vistos, ninguém liga a isso da regionalização.
É fácil deduzir que Eduardo Barroso terá permanecido nessas cidades tempo suficiente para contactar com as populações e retirar tão categóricas conclusões. Conclusões essas que lhe devem ter dado a volta aos miolos, já não muito esclarecidos, a ponto de se esquecer que o partido da simpatia dos Barroso e dos Soares [o PS] , passou décadas a convencernos que os povos desses países não gozavam de liberdade de expressão ou sequer eram democráticos... Dá para retirar dúvidas sobre a lucidez do cirurgião lisboeta que mais parece a de um batoteiro viciado em pocker.
Ora, como não tenho já paciência para o ouvir nem mesmo para ver o programa, onde o "nosso" Pôncio Monteiro acusa as mazelas deixadas por um recente AVC e já não dá a luta de outros tempos, não é a pérola do Barroso quem mais me desgosta.
O que de facto me continua a desgostar é que o JN se tenha tornado num jornal híbrido sem grandes sinais de raízes, a pretexto de ter de escrever [como eles costumam dizer] para o Mundo. Há Eduardos Barrosos por todo o lado, mesmo por aqui. No entanto, só quando o rei faz anos se lembram de lhes puxar as orelhas.

06 outubro, 2009

A visão socrática do desenvolvimento económico

Pertenço ao grupo daqueles que acham que o clamor "politicamente correcto" contra o "betão" (assim mesmo , genericamente) é ridículo e acéfalo a menos que se pretenda que passássemos a habitar em grutas ou barracas de colmo. Do mesmo modo, a afirmação de que já temos estradas que cheguem e não precisamos de mais, merece-me total desacordo. Especialmente a norte do Mondego, há enormes áreas com dezenas de concelhos e um par de centenas de milhar de habitantes que circulam na rede de estradas de Fontes Pereira de Melo, isto é, numa rede com perto de dois séculos. Quem pretende que já não há necessidade de novas estradas é primeiramente ignorante e seguidamente é desonesto porque está a falar utilizando argumentos falsos. É também colonialista porque está implicitamente a desprezar todos os muitos portugueses que continuam a não usufruir de vias de comunicação com um mínimo de qualidade.

Esta declaração de princípios ajuda a entender o meu espanto e incredulidade quando vi na imprensa o anúncio do concurso da "Subconcessão Auto-Estradas do Centro", acompanhado do respectivo mapa geográfico para maior clareza. Por incrível que pareça, o Estado prepara-se para que haja três(!) auto-estradas próximas de Coimbra em direcção ao norte, sendo que o presente concurso já levará a terceira auto-estrada até Oliveira de Azemeis. Já não bastava a quase coincidência do traçado entre a A1 e a A29, sobretudo de Ovar para sul (há zonas em que seguramente estão afastadas não mais de 1Km! ). Vem agora a A32 juntar-se a elas, com um traçado bem próximo. Para aumentar a loucura e o esbanjamento de dinheiro, verifica-se que o aglomerado Viseu/Mangualde (afastados não mais de 12Km entre si) passará a ter duas auto-estradas paralelas em direcção a Coimbra! E se adicionalmente tomarmos em consideração a A17, A14 e A35, e mais uns quantos IP's, vemos nessa pequena área da Beira uma rede de auto-estradas que provavelmente não tem paralelo na Europa, excepto talvez no industrialíssimo Rhur alemão.

Não sei de que cérebros saiu esta orgia de auto-estradas, se do governo actual ou de governos anteriores, mas o facto é que é o governo Sócrates que dá a benção ao programa, através do lançamento do concurso. Tudo isto tem aspecto de ser um frete aos grandes empreiteiros e aos bancos que os vão financiar.

Nem o facto de eventualmente se argumentar que estas novas vias serão financiadas pelo vencedor do concurso, me inibe de considerar que esta obra é megalómana e que os recursos aplicados nestes exageros teriam melhor retorno, económico e sobretudo social, noutras finalidades, mesmo se exclusivamente empregues em vias de comunicação onde elas são realmente necessárias.

Entrevista de Lobo Xavier a Elisa Ferreira

O jornal Público de hoje saiu com uma entrevista de Lobo Xavier (CDS/PP) a Elisa Ferreira que teve lugar no carismático café Majestic. Em determinado ponto da entrevista Lobo pergunta a Elisa:
- Como vê a crítica generalizada à ideia de que se candidatou à Câmara do Porto mas construiu primeiro uma rede para que, se as coisas corressem mal, não ficar totalmente desprotegida?
Resposta de Elisa:
- A CDU e o PS consideraram que não havia problema nenhum, e havia até algumas vantagens em candidatar a Câmaras pessoas que também eram candidtas ao Parlamento europeu. Outros pensaram de outra maneira. Cada Partido escolheu a sua estratégia.
Começa aqui o erro que muitos políticos cometem, que consiste em orientar sistematicamente as suas estratégias pelo parecer dos partidos sem procurarem antes sentir o pulso à opinião e ao sentir das populações. Pessoalmente, e como disse no post anterior, estou disposto a "perdoar" a Elisa Ferreira a gafe política de não ter renunciado ao cargo europeu e apostar tudo no Porto. Mas, pergunto-me se outros portuenses estarão na disposição de fazer o mesmo.
Descontando o cancro local dos eleitores portuenses que votam em Rui Rio a pensar no Benfica ou no trampolim em que o amigo Presidente pode vir a tornar-se para darem o grande salto das suas carreiras profissionais ou empresarias, Elisa Ferreira com um pouco mais de experiência vencia Rui Rio sem grande dificuldade. Rui Rio só é querido pela elite mais hipócrita e interesseira da nossa cidade. Alguns dos seus "ilustres" apoiantes são autênticos saltimbancos de "luxo".
Repare-se quem circula já em torno da sua candidatura:
Paulo Portas [o verdadeiro artista, «amigo» de mercados em épocas eleitorais], que nunca quis saber do Porto para nada. Miguel Veiga, um «distinto» e rico advogado «do Porto» que tem da cultura uma noção muito snob e privada, e a recém derrotada líder do PSD, a cinzentona Manuela Ferreira Leite. O que é que esta gente tem a ver com as gentes do Porto? Nada! Não passam de demagôgos. E porventura, assim mesmo, Elisa pode vir a ter muitas dificuldades para reconquistar esse pôvo.
Terminei a leitura da interessante entrevista perguntando cá para os meus botões em quem é que Lobo Xavier irá votar nestas autárquicas...

05 outubro, 2009

«Gamelas»

É famosa a elasticidade mental do político. Seria porventura uma importante qualidade se essa elasticidade fosse usada com prioridade para proveito dos eleitores, e não, como acontece ordinariamente, em benefício próprio.
Com a elasticidade mental fazem de tudo, até substituírem-se à própria natureza. A alteração ao rumo das marés, por exemplo, é um dos seus pratos favoritos. Por um lado, apreciam que lhes sejam reconhecidas competências e dignidades que, por natureza muitos não têm. Por outro, quando lhes dá jeito, gostam de se colar ao nível e aos gostos do Zé Povo, como acontece [agora] em campanha eleitoral. Dão beijos, dançam, riem, abraçam, e até os estruturalmente antipáticos conseguem esboçar um sorrizinho amarelo...
Elisa Ferreira [já o disse aqui], foi infeliz desde o 1º. dia em que decidiu candidatar-se à Câmara do Porto, e já expliquei também porquê. Agora, com a derrota "partilhada" - mas não assumida, claro -entre PS e PSD, podia retirar dividendos do facto, e recuperar algum fôlego desperdiçado na fase de arranque da candidatura arrumando de vez com a veleidade de Rui Rio sonhar em ganhar um novo mandato na Câmara da Invicta. Mas não, Elisa ainda não aprendeu que em política é preciso medir muito bem as palavras, para não serem mal interpretadas e aproveitadas pelos adversários como trunfo, porque poderá ser determinante para ganhar ou perder umas eleições.
Estou certo que, quando, no mercado do Bom Sucesso, se saiu com aquela da "gamela" e de "estar sossegadinha em Bruxelas a ganhar mais", ela não queria menorizar o trabalho dos deputados no parlamento europeu, porque estaria a falar mal de si própria, antes de falar mal dos seus colegas, até porque é reconhecido o excelente trabalho que aí tem desempenhado. Mas a verdade é que nestas ocasiões os adversários políticos tratam de tentar "provar" de que é pela boca que o peixe morre, e agora, tanto eles como a própria comunicação social agarram-se à "gamela" como cão a osso.
Ora, é aqui onde quero chegar quando relaciono a elasticidade mental dos políticos com as "marés". Porque não há nenhum que não pense e ambicione em voz baixa o mesmo que Elisa falou em voz alta[na gamela]. Qualquer adversário político de nível superior não cometeria a imprudência de se aproveitar da ingénua gafe de Elisa Ferreira para tentar transformá-la numa oportunista aventureira, porque ao contrário de muitos, não se projectou da política para a sociedade civil mas sim, o contrário.
Alguns de nós estarão lembrados dos louvores públicos que recebeu pela sua competência na vice-presidência da Associação Industrial Portuense. Foi daí que a foram buscar para a política, o que pode querer dizer estarmos perante uma pessoa competente mas sem o dão típico de fingir dos políticos tipo.
Quando Rui Rio usa argumentos esquerda/direita para definir a cultura [foi afinal ele próprio quem o fez, ao aludí-lo], remete para o subconsciente adormecido dos portuenses a cultura Laferiana, sistematicamente submissa ao lucro imediato do feirante e às modas lisboetas. Alguém o viu sorrir tanto como no programa dos Gatos Fedorentos? É ali, em Lisboa que Rio se sente como peixe em água.
Pois, desta vez vou fechar os olhos e esquecer o PS, esquecer a droga dos partidos e as opiniões publicadas. Vou votar em Elisa Ferreira, vou perdoar-LHE os tirinhos nos pés, para, pelo menos, dar o meu pequeno contributo para a ordem de despejo da Câmara Municipal do Porto, a Rui Rio.