30 outubro, 2009

É fim de semana, passem-no bem!

Pedro Baptista

O que deve fazer um militante de um partido que, a partir de determinado momento, começa a discordar das orientações da direcção por considerá-las contrárias aos estatutos e ao próprio ideário político? Aguentar firme o lugar e contestar os desvios programáticos, sujeitando-se às previsíveis represálias do aparelho, ou simplesmente rasgar o cartão, e bater com a porta?
Esta é uma daquelas questões que não deve ser dissociada da génese do indivíduo e que, descontando casos de extrema gravidade em que a decisão só pode ser deixar mesmo o partido, não é de resposta simples.

Veio-me hoje esta dúvida à mente, quando fui comprar o jornal e deparei outra vez, no mesmo local, com o mesmo cenário de há uns tempos atrás, ou seja, com o semanário regional Grande Porto escondido debaixo de um monte de revistas. Já me preparava para pagar o Público quando perguntei à funcionária se o GP não tinha saído [sai às sextas-feiras] e, mais uma vez, afinal tinha saído e estava ali, só que, muito bem escondido ...
Desta feita, já nem fiz qualquer comentário. Para quê? O negócio é privado e quem o vende tem todo o direito de escolher aquilo que mais lhe interessa, só não percebo é porque se aceita um produto que não se quer vender*. Não disponho de dados que me possam indicar a origem do proprietário do quiosque, mas pelas últimas impressões, só pode ser, portuense e portista = a alienado...
Voltando às dúvidas do iníco do post, vou falar sobre uma figura política que, juntamente com o Arqº. Correia Fernandes participou na habitual entrevista "diferenças à mesa" do GPorto, conduzida pelo director do GP Manuel Queiroz, que é o Pedro Baptista, militante incómodo [digo eu] do PS.
No lugar dele, não sei se faria o mesmo, isto é, se permanacia ou saía do Partido, mas a verdade é que, é o único militante do PS/Porto que tenho visto e lido a criticar muitas das decisões do seu partido sem papas na língua! Opôs-se sempre e firmemente à liderança desastrosa de Renato Sampaio da Distrital/PS e desaconselhou o seu apoio à candidatura de Elisa Ferreira à Câmara do Porto. Tem-se batido como nenhum outro pela Regionalização, apesar de só lhe darem ouvidos no Porto Canal ou no semanário portuense GP.
Só por si, esta evidência ilustra a linha acarneirada e submissa de todos os outros orgãos de informação. Se alguma vez isto der uma volta, não será certamente a esta gente que teremos de agradecer a "colaboração".

Não sei como seria Pedro Baptista como Líder, mas teria de ser mesmo muito mauzinho para fazer pior do que muitos que pelo PS se empurram e atropelam à procura de um lugar ao Sol, como algumas varas e penedos que proliferam na praia da política.

*a resposta pessoal que tenho reservada para tamanha dedicação à terra por parte do gerente , é não voltar a comprar naquele quiosque, nem o GPorto nem qualquer outro artigo.

2º.episódio da novela: "O sucateiro e os outros"

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Policia/Interior.aspx?content_id=1405506 (Fonte JN)

Ainda estou para ver [juro que não estou com os copos!] qual é o primeiro membro da casta elitista que quando é apanhado com a boca na botija se confessa culpado. Todos, mas todos mesmo, estão acima de qualquer suspeita! São eles que o dizem, por isso não há que duvidar.
O senhor ex-secretário de Estado e ex-deputado José Penedos que o diga. Educou com esmero e férrea determinação o seu filho Paulo Penedo [ele também militante do PS] , pagou-lhe a formação académica em Direito, e os resultados estão bem à vista: é o advogado de serviço do suspeito de corrupção [o sucateiro] que por sua vez, entre prémios pecuniários lhe mima o ego com a oferta de pópós de alta cilindrada que tanto o menino aprecia.
Vivam os políticos! Viva a Democracia à sua medida! E viva a Justiça lusa!
ps.- no futuro, passarei a referir-me ao país como Lusitânia, conquanto não me tenha como tal. É que, não sei porquê, causa-me emoções muito perigosas, usar estupidamente o nome da minha terra [ Portucale] como se fosse o nome do meu país.

29 outubro, 2009

O sucateiro e os outros...

Enquanto nós por cá nos distraímos a encontrar bodes expiatórios para os males do Norte e andamos a discutir a alienação pelo futebol dos portuenses/portistas, as "elites" concentram-se a tratar das suas vidas.

Fontes do jornal Público, associam ao processo Face Oculta, os nomes de Armando Vara, ex-governante [Gov. António Guterres] e actual vice Presidente do Millenium, José Penedos, um ex-deputado e actual Presidente da REN [Redes Energáticas Nacionais], o seu filho [eventual corrupto] Paulo Penedos, advogado do principal arguido e suposto corruptor, o sucateiro José Godinho.

De Armando Vara as informações ainda são poucas, sabendo-se para já que terá sido apanhado a pedir 10 mil euros ao empresário de "sucesso" [tem 10 empresas].

As empresas onde supostamente terão sido realizadas as operações fraudulentas foram: REN [de José Penedos], a REFER e a Galp.

Reservo ao interesse de cada um, a leitura atenta da página 2 do Público de hoje no caso de querer informar-se com mais detalhe sobre este tema.

A mim, o que me interessa realçar é isto. Deparámos com mais um caso onde tudo indica estarem envolvidos em actividades criminosas aquele tipo de pessoas consideradas de «elite». Para não terem dúvidas quanto ao seu significado consultem um dicionário e vejam o que lá diz sobre a palavra elite. Diz isto: "o que de melhor há na sociedade".
É aqui que eu quero chamar a vossa atenção para a ambiguidade substantiva da palavra e a armadinha que ela representa para muito boa gente, incluindo pessoas com formação «superior». O que há de melhor numa sociedade não pode ser apreciado como um produto que se lança para mercado depois de testado e comprovada a sua qualidade. As pessoas, a sua qualidade humana e profissional só se descobre com alguma segurança ao fim de muito tempo, depois de testada a consistencia da sua honra.
Não é sensato nem sequer inteligente presumir que alguém, só porque acabou uma licenciatura ou se engajou no tôpo hierárquico de uma empresa ou de um partido político, passa a pertencer à clã de uma elite. É altura pois, de acabarmos com este discurso medieval sobre grupos de pessoas como se estivessémos a falar de carros "tôpo de gama".
As enigmáticas ocorrências na linha do Tua destes últimos anos, a barragem, os descarrilamentos de comboios, a insistência do Governo em dar uma ideia de inoperacionalidade àquela ferrovia, colocadas perante os dados hoje conhecidos, encaixa como um puzzle nesta grande operação mafiosa, cujos contornos rivalizam com o pior filme de gangsters de Hollyood.
Mas, não nos iludamos. Tal como sucedeu com o Bibi da Casa Pia, o primeiro a ser detido agora, foi o sucateiro, os outros, as elites, veremos. Têm tempo e, influências... Umas escassas comparências em Tribunal, mais uma muitas ausências por motivos de saúde ou por motivos nenhuns, tratarão de nos reconfirmar aquilo que já sabemos: para as elites, o crime compensa mesmo.
Lembram-se de um senhor e lustroso advogado [de família elitista, suponho], que por inócua "distração" falsificou documentos enquanto era Presidente de um clube lisboeta [que o Governo devotadamente insiste acarinhar], e que, de Londres, faz caretas à justiça portuguesa em desbragada provocação?
Lembram? É a Lusitânia caricaturada em grande estilo!


PS-E é no futebol que alguns ainda pensam que estão os grandes mafiosos...

28 outubro, 2009

Alguém lhe explica, por favor?

António Mexia, presidente da EDP, afirmou que serão estudadas todas as alternativas de transporte para o troço da linha do Tua que irá ficar submerso com a construção da barragem, garantindo que as populações terão aquilo que precisam.

Para este ilustre personagem, o transporte de pessoas é o único inconveniente resultante da destruição da linha. Pelos vistos, ignora o que esta significa como obra de arte - que num país decente estaria protegida destas investidas selvagens - como mais um dos símbolos da luta que gente corajosa travou contra uma natureza difícil com a finalidade de levar a modernidade a regiões excêntricas, e até como elemento dinamizador do turismo numa província abandonada e que teima em resistir a morte induzida pelo poder central. Alguém lhe explica, por favor?

p.s. Mexia diz que não vai "acatar a opinião de duas ou três pessoas que acham que decidem tudo". A quem se referirá senão a ele próprio?

Ridículo

Quantas vezes teremos nós reflectido seriamente sobre a razoabilidade das críticas que dirigimos aos políticos? Quantos de nós nos demos ao cuidado de fazer uma introspecção quanto à forma, à frequência e ao conteúdo do que criticamos?

Aparentemente, estas são questões embaraçosas que podem servir a todos, mas nem por isso temos de ficar constrangidos com a parte que nos toca. Os políticos, são pessoas como as outras antes de o serem. Ou seja, desde o momento que alguém decide entrar na vida activa da política, é obrigado a perceber a dimensão da responsabilidade dessa decisão e da exposição inerente às figuras públicas.

Não faz qualquer sentido portanto, que um profissonal da política se lamente da falta de compreensão popular para com a classe, porque costuma partir dela própria a mais grave das imcompreensões: não perceber que a política é uma missão de carácter público.

Motivou-me este reparo, a insólita presença de Marcelo Rebêlo de Sousa no programa Trio de Ataque de ontem. É que, por todas as razões, éticas, sociais, políticas e clubísticas, um homem como Marcelo, putativo candidato a "líder!" do PSD, não devia prestar-se a estes papéis, sob pena de esvaziar completamente a dignidade já tão depauperada dos políticos.

Se preciso fosse, esclarecer aqueles que insistem na tese alienatória do futebol /versus/ povo, bastaria elencar os programas [ditos] desportivos, onde, indevidamente, figuras ligadas à política no activo e com altas responsabilidades, participam: Fernando Seara [Presidente da Câmara de Sintra], Guilherme Aguiar [verador da Câmara de Matosinhos], só para citar os mais mediáticos.

Provavelmente, serei eu que estarei errado. A verdade, é que discordo absolutamente da inclusão de políticos em programas de lazer ou desportivos. Sou contra. Só aceitaria [numa escala bem mais discreta], situações semelhantes, caso os nossos representantes tivessem atingido um nível de excelência tal que se repercutisse proporcionalmente na qualidade de vida dos cidadãos.

Digamos que, consideraria esse mediatismo discreto, como uma forma de satisfazer a curiosidade pública em conhecer um pouco melhor, alguém que presta, ou prestou, com dedicação e competência, o tal serviço público que acima já referi.
Por enquanto não, não merecem o relevo. É que, ainda não tiveram tempo para fazer bem, o «trabalho de casa» e o lazer pode por isso esperar...

27 outubro, 2009

Para o José Silva

Rui Moreira, pode ter reduzido as expectativas que, quiça involuntariamente, permitiu que se criassem sobre si mesmo, mas se há uma coisa que não me parece ser, é um alienado do futebol.
Acho-o até demasiado brando e diplomata para participar em programas desportivos onde nem sempre se reconhece que falar pouco [porque a melhor fatia do tempo vai para o cineasta], pode ser falar melhor. Onde outros, menos pacientes, teriam batido com a porta. Mas, alienado, não me parece, José... Já leu isto?

Enquanto esperamos para ver, mantenhamos a calma

Vão um pouco agitados os tempos no FCPorto, basta ler os comentários que aparecem nos principais blogues portistas. Há realmente factos indiscutíveis. A equipa está num lugar classificativo a que não estamos habituados. A qualidade do futebol é medíocre, não esporadicamente mas inquietantemente de forma contínua. Espectáculos com pouca qualidade geram desânimo e afastam público (diminuindo as receitas) sobretudo numa época em que o pessoal é obrigado a contar os tostões. O controverso treinador, além de decisões técnicas discutíveis e por vezes incompreensíveis, não parece ter a capacidade de liderança necessária para galvanizar um grupo de atletas que qualquer dia pode entrar em desmotivação. Para tornar as coisas piores, os grandes rivais encarnados jogam um futebol de qualidade, agradável de ver, e vão ganhando. Têm sido mais ajudados pelas arbitragens do que em campeonatos anteriores? Provavelmente, mas não é por isso que ganham, embora seja razoável admitir que é por isso que dão goleadas. Grandes testes se aproximam para tentar perceber o seu real valor: as deslocaçoes a Braga e a Liverpool e a recepção ao FCP. Há que aguardar procurando não cair em estados de espirito de pessimismo extemporâneo.

O FCPorto interessa-me sob dois pontos de vista diferentes. Um, porque é o meu clube. O outro, porque ele deve ser visto como uma das poucas bandeiras da cidade, e até da região, que têm sido capazes de afirmar a excelência de uma cidade, e capaz de triunfar nesta luta a que temos sido obrigados na qualidade de vítimas de uma política nacional centralista, que deliberadamente se dedica a drenar recursos humanos e materiais para a capital, à custa do resto de um país que vai definhando aos poucos. Por isso, para mim, tanto como as vitórias ou derrotas de um clube de futebol, o que está em jogo é também o amor-próprio da nossa cidade.

Durante anos, e porque o FCP era melhor do que os outros, fomos acumulando êxitos nacionais e internacionais. Os outros, os vencidos, em vez de procurar superar-nos pela qualidade dedicavam-se a justificar as derrotas através de argumentos extra-futebol. E, claro, continuavam a perder. Espero bem que se ocorrer uma situação em que o FCP já não seja o melhor, não caiamos no mesmo erro de arranjar justificações fáceis em vez de adoptar medidas pertinentes e corajosas, mas façamos confiança a um Presidente que ao longo de tantos anos tem dado mostras da sua fibra combativa e da justeza das suas decisões, mesmo tendo na lembrança aquele período em que, por razões pessoais, andou com a cabeça mais virada para outras coisas do que para o clube. Afinal, todos somos seres imperfeitos e quem nunca fez asneiras que atire a primeira pedra!

26 outubro, 2009

Alienações pré-fabricadas

Ou é de mim, das minhas limitações intelectuais, mas ainda estou por perceber em que é que o futebol aliena mais do que as "telenovelas", os "prós e contras" ou os "gatos fedorentos".
Eu gosto de futebol, sou um adepto fervoroso do FCPorto [e neste momento, mais do que nunca], e sinceramente, ainda não me dei conta do grau de alienação que ele poderá ter provocado em mim. Bem pelo contrário. Considero que, os nortenhos em geral e os portistas em particular, começaram a aperceber-se melhor da discriminação de que são objecto por parte do Terreiro do Paço através do mundo do futebol. Será necessário citar provas? Elas entram-nos há anos pela casa dentro, é só ver e ouvir [a televisão, por exemplo]. É de tal modo descarada a discriminação e o ultraje que até revolta.
As telenovelas, transportam as mulheres [nem todas, ressalve-se] e também alguns homens para o tradicional mundo côr de rosa onde adoram mergulhar, talvez para esquecer a realidade quotidiana pouco estimulante e nem querem ouvir falar de política. Aí sim, poder-se-à reconhecer algum efeito alienatório mas por outro lado também sedativo para o sistema nervoso.
Os debates políticos e entre políticos, esses sim, são o pior dos alucinogéneos! Mas é importante acompanhá-los, quanto mais não seja, como objecto de estudo para descobrirmos até onde pode ir a vulgaridade humana e a arte de representar fora do teatro. Não há tema mais alienante do que a política, pelo menos, tal como é praticada em Portugal. E para isto, não há remédio que nos valha. A Democracia tal como a concebemos, não é [e está provado] esse remédio, é um placebo com efeitos suporíforos bem mais perigosos do que a paixão pelo futebol! O povo vive cada vez pior e nem as resmas de subsídios de Inserção Social o impede de desprezar o voto. Sim, é verdade que Rui Rio vai continuar na Câmara à custa do eleitorado subsídio-«independente», seguidista e conformista, mas mesmo assim, o povo ainda vive demasiado sob o efeito da hipnose da Democracia.
É impressionante, a facilidade com que algumas pessoas se deixam influenciar! Basta a um papagaio bem falante ir à televisão, usar um vocabulário sofisticado e com ar de pessoa séria, para logo outros papagaios lhe copiarem o paleio. Basta um desconhecido empresário afirmar que precisa de empregados e que ninguém aceita o emprego para imediatamente se concluir que as pessoas não querem trabalhar e que preferem ficar em casa a gozar os lautos fundos da Segurança Social!
A televisão absorve só parte da informação e divulga-a pela metade. Raramente lhe ocorre perguntar [pedindo comprovativos] a tão desafortunados «empresários» qual é o indíce demográfico nas proximidades dessas empresas e os salários que oferecem aos trabalhadores que procuram para se ficar a saber se, atrás de um benfeitor não estará um explorador de carne humana. Ao que começa a constar-se, é isso mesmo que está a acontecer em certas empresas. Há muito patrão sem escrúpulos a tirar partido da pobreza vigente para pagar salários miseráveis, mas essa parte da história já não é tão divulgada...
Até agora, o síndrome da ignorância cívica era o futebol, agora o da pobreza chama-se RSI! Deve ser uma tentação, imagino! Por este andar, ainda vamos ver os políticos a candidatarem-se a estes sumptuosos subsídios! O problema nacional está pois no RSI. Matem os pobres, já! Assim se acabará com a pobreza. O Paulo Portas, irá concordar.

25 outubro, 2009

Espelhos de uma imprensa livre e democrática...




Capas das edições do Jornal de Notícias de hoje
da esquerda para a direita: edição Norte, edição PAÍS (Lisboa) e edição Porto.

Será que aqueles que trabalham ou colaboram para este jornal têm a noção do ridículo em que caiem sempre que escrevem, com suposto sentido crítico, que "Portugal é Lisboa e o resto paisagem"? O que é que eles estão a fazer, senão a corporizar implicitamente essa realidade com estes critérios editoriais?
OBS. - Senhores jornalistas e putativos candidatos: nada têm a recear sobre os vossos postos de trabalho. Não é denunciando como denuncio as aberrações cívicas dos vossos chefes e patrões que vos posso roubar o emprego. Além disso, falta-me o vosso talento e, principalmente, a vossa insuspeita integridade.