30 dezembro, 2010

Os conselhos de Cavaco e os CTT's...


Parafraseando Manuel António Pina que diz no artigo abaixo publicado que a vida, é a vidinha, a cultura dos países sul europeus tem sido quase sempre dominada por uma herança de valores completamente perversa e oportunista, sendo Portugal, talvez a par da Itália e da Grécia, aquele que "melhor" segue essa doutrina. 

Cavaco Silva vai por isso ser reeleito Presidente da República, não apenas porque uma fatia maioritária da população sofre do mal de comer e calar, mas também porque desconfia da concorrência. Eu diria que o Povo tem razões de sobra para reagir assim, mas também não pode lavar as mãos das suas próprias responsabilidades.  

A experiência pessoal que aqui relatei há umas semanas, quando fui aos CTT e tive de esperar uma hora para ser atendido, é um caso paradigmático que devia fazer pensar as pessoas antes de seguirem os insensatos "conselhos" de Cavaco Silva de comer e calar,  que ao próprio poderão servir, mas que em nada contribuirão para alterar o tal atavismo cultural de de que Manuel A. Pina se queixava, e com toda a razão.

Hoje mesmo voltei a passar por uma situação idêntica, também nos CTT, desta vez para levantar uma carta registada, numa outra estação, mais pequena, mas ainda assim com lugares vagos no balcão de atendimento. Resultado: quem paga as favas [e o resto], são os utentes.  Voltei a protestar, embora não tenha apresentado a respectiva queixa no Livro de Reclamações, porque se a consequência não fôr além de um simpático pedido escrito de desculpas com  promessas vagas de futuras melhoras, de pouco me serve esse recurso. Podemos por isso estabelecer um paralelo entre entre este tipo de mecanismos de "defesa" do consumidor com o voto eleitoral. Ambos são inconsequentes, para não dizer ridículos. É isto que Cavaco defende, e é este tipo de gente que lidera o país...

Apesar de tudo, a lição que devemos extrair destas inutilidades cívicas não é desistir, é continuar a reclamar, se for preciso partindo a loiça toda, berrando, vociferando até, porque o país, ou melhor, as elites do país, não estão preparadas para responder a reacções civilizadas, porque são manifestamente hipócritas e mal formadas. Talvez só à porrada levem a sério uma reclamação.

Provem-me o contrário.

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Ps-Se querem um bom conselho não gastem um cêntimo na compra daqueles artigos de papelaria/livraria que os CTT's têm à venda. É que só servem para piorar o serviço de atendimento da sua principal função. Além disso, dão cabo do negócio aos pequenos comerciantes da respectiva área. 




Fazer pela vidinha

O "sensato" conselho de Cavaco Silva para comermos e calarmos de modo a que "os nossos credores" não se zanguem connosco e nos castiguem com juros cada vez mais altos espelha uma cultura salazarenta de conformismo que, sendo muito mais antiga que Cavaco, ele representa na perfeição, até nos seus, só na aparência contraditórios, repentes de arrogância.

Quando Cavaco nos recomenda que amouchemos pois "se nós lhes [aos 'nossos credores'] dirigirmos palavras de insulto, a consequência será mais desemprego para Portugal", tão só repete, adaptada à actual circunstância, a "sensata" e canónica fórmula do "Manda quem pode, obedece [ no caso, cala] quem deve".

Trata-se de uma atávica cultura em que a vida é vidinha, a crítica deve sempre ser "construtiva" e colaborante, os trabalhadores, por suave milagre linguístico, se tornam "colaboradores" (e se colaboracionistas melhor ainda) e servilismo e acriticismo são alcandorados a virtudes cívicas. Porque é assim que se faz pela vidinha, de joelhos.

Estejamos, portanto, gratos às "companhias de seguros, fundos de pensões, fundos soberanos, bancos internacionais e cidadãos espalhados por esse mundo fora" que nos emprestam dinheiro a juros usurários, pois eles apenas querem o nosso bem. E, como o bom Matateu numa famosa entrevista a Baptista Bastos, digamos tudo o que quisermos, excepto dizer mal, "porque [cito de cor] Matateu não diz mal de ninguém".

[Manuel António Pina / JN]

29 dezembro, 2010

Leixões quer inundar o Norte com turistas a partir do novo terminal

Cruzeiros


O porto de Leixões quer seguir (e incrementar) o sucesso do Aeroporto Sá Carneiro e tornar-se numa importante porta de entrada de turistas na região. No próximo ano, 15 paquetes de grandes dimensões vão estrear o novo terminal de cruzeiros.

Taxas aumentam

As obras de construção do cais de atracagem para navios de cruzeiro estão praticamente concluídas. A estrutura tem 340 metros de comprimento e 18 metros de largura, estando preparada para receber navios com 300 metros de comprido, de fora a fora

Entre o novo cais e o molhe norte haverá um porto de recreio para 170 embarcações e um cais fluvino-marítimo onde poderão acostar os barcos que fazem cruzeiros fluviais no rio douro

O novo edifício do terminal de passageiros vai ser construído na área do aterro visível na fotografia ao lado, erguendo-se, nos seus cinco pisos, acima da cota do molhe sul. A cobertura terá um anfiteatro, virado para Matosinhos

Matos Fernandes, presidente da APDLa Conta-se em metros, poucos, o que falta de obra para terminar o novo cais de atracamento de cruzeiros que está a ser construído no molhe sul do Porto de Leixões. Num exemplo pouco habitual, no sector das obras públicas, no que ao cumprimento de prazos e orçamentos diz respeito, a infra-estrutura vai estar pronta em Março, como contratado. Desaparecerá, assim, uma limitação deste porto, que até agora não podia receber os grandes cruzeiros e passa a poder acolher paquetes com um máximo de 300 metros de fora a fora e fundos até dez metros. E já esta semana, a Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL) aprova os termos do concurso internacional para a construção do arrojado terminal de passageiros, um edifício que, em 2013, vai mudar a face sul do porto e de Matosinhos.

Leixões prepara-se para entrar no campeonato dos grandes cruzeiros do qual tem estado arredado, apesar de, este ano, com as suas limitações, ter sido porto de escala de 50 paquetes de dimensões médias. Estima-se que o novo terminal venha a movimentar 110 mil passageiros por ano e é grande a expectativa entre autarquias, operadores turísticos e responsáveis pelo sector em relação ao impacto que isto terá na economia regional, que, no turismo, está a crescer há 17 meses consectivos, como sublinha o presidente da Entidade de Turismo do Porto e Norte de Portugal. Receber turistas equivale a exportar serviços e, na região mais exportadora do país, depois do sucesso do aeroporto que, em cinco anos, após avultadas e muito criticadas obras de renovação, tem batido metas e acaba de ultrapassar os cinco milhões de passageiros transportados num ano, os olhos viram-se para esta nova porta, marítima, e para as possibilidades de articulação entre as duas.

É Matos Fernandes, presidente da APDL, quem o assinala. "Com um aeroporto desta qualidade a minutos, Leixões pode ambicionar deixar de ser apenas o porto de escalas de cruzeiro que já é, para se tornar ponto de partida ou de destino de cruzeiros. O segmento do turnaround, assim chamado nesta indústria, tem um impacto maior na região, já que aumenta o período de permanência dos turistas, antes ou depois das viagens, com reflexos na economia local. A APDL, que criou uma equipa própria para "vender" no exterior o potencial do novo terminal e da região envolvente quer convencer primeiro os operadores de cruzeiros das suas qualidades como porto de escala, perspectivando que, a seguir, vão aparecer as propostas de turnaround.

Mesmo sem o edifício do terminal de passageiros - um projecto de Luís Pedro Silva, cujo desenho em espiral, com vários pisos, termina, na cobertura, com um anfiteatro virado para a cidade de Matosinhos -, os grandes barcos vão começar a chegar já em 2011. São 15, dos 65 cruzeiros previstos para o próximo ano em Leixões, aqueles que, até este momento, não poderiam fazer aqui escala por excederem, em dimensão e calado, a capacidade do porto. Em Maio, o Oceana, com os seus 261 metros, será o primeiro a testar as condições técnicas e, à chegada, os seus mais de dois mil passageiros vão encontrar um estaleiro disfarçado por enormes telas de PVC com imagens alusivas ao turismo no Norte. Serão recebidos numa estação provisória, "confortável", garante a APDL que está a negociar com os responsáveis alfandegários a possibilidade de escoar rapidamente as dezenas de autocarros com os turistas pela Via Interior de Ligação ao Porto de Leixões (dedicada à entrada e saída de camiões de mercadorias para as principais auto-estradas da região).


Diversificar oferta

Apesar de alguns receios quanto a esta convivência entre o bulício da chegada de um grande cruzeiro, com mais de duas mil pessoas, e as obras do edíficio - que "não podiam começar antes de terminado o cais, por falta de espaço para dois estaleiros", nota Matos Fernandes - é positiva a perspectiva dos operadores que já habitualmente trabalham com os paquetes que chegam a Leixões. António Diogo, da Welcome Portugal, empresa que se dedica ao acompanhamento dos turistas estrangeiros, contratando a fornecedores os pacotes de serviços que lhes oferece à chegada a Portugal, admite que as empresas com que trabalha venham a ganhar com o novo panorama de Leixões. Em duas mil pessoas, argumenta, os interesses são muito variados e a oferta de "experiências" em terra vai ter de ser muita e variada também, explica.

A explorar os nichos de interesses, com os special interest tours, António Diogo considera que vai ser preciso inovar na oferta, e puxar por áreas que diz estarem ainda pouco aproveitadas, como enofilia, a gastronomia, a arquitectura, o turismo de natureza. E continuar a apostar no Douro, cujos cruzeiros rio acima são dos "produtos com mais sucesso". Não é por acaso que no cais já praticamente concluído, no lado oposto ao destinado aos paquetes, há uma zona de atracagem dos barcos-cruzeiro do Douro que podem, querendo os operadores, começar a partir deste ponto a sua viagem.

É de diversificação de oferta que fala também Fernando Baptista, da VT-Viagens, consciente de que o tipo de serviço que oferece aos navios que hoje aportam a Leixões não pode ser replicado nos grandes paquetes agora esperados. "Não vamos conseguir pegar em 2500 pessoas e pô-las todas a visitar o Porto. É preciso canalizá-las para Braga, Guimarães, para o Douro", elenca, considerando, tal como António Diogo, que com as novas acessibilidades em auto-estrada, as quintas nesta região vinícola passam a ser um destino mais interessante para uma escala de um dia. Ambos assumem que o novo cenário poderá ajudar a gerar emprego a jusante, bem como aumentar a procura por guias. "Se chegar aqui um cruzeiro alemão, neste momento temos de os ir buscar a Lisboa", alerta o gestor da Welcome Portugal.

Melchior Moreira não só não contraria o discurso destes operadores como o reforça: O Norte tem sete produtos turísticos diversificados e, para além do city short breaks e do turismo de negócios, o turismo de natureza (o Gerês é o único parque nacional português), o religioso, o cultural e paisagístico, (o Porto e Guimarães, o Douro e o Côa foram classificados pela Unesco), o gastronómico e o turismo de saúde e bem-estar "podem ganhar com o incremento dos cruzeiros em Leixões", vinca. E promete promover em força esta nova valência, ao longo de 2011.

Se os impactes regionais estão à vista, bem mais perto do porto as expectativas não são mais baixas. Mesmo admitindo que não terá o grosso dos turistas que cheguem a Leixões, o presidente da Câmara de Matosinhos considera muito importante a mudança que se está a operar nas imediações do molhe sul. A próxima fase do projecto do terminal contempla, para além do edifício que segundo Guilherme Pinto "vai marcar a paisagem urbana", um conjunto de obras de integração urbanística que vão abrir o porto à cidade, a sul. E para além das vantagens óbvias para os matosinhenses, que vão passar a poder visitar esta área do porto, fica aberta uma porta para os turistas que não sigam nos tours para outros destinos na região: um desafio para Matosinhos, que se vende como o "restaurante" da área metropolitana e que vai tentar fixar estes passageiros e os muitos tripulantes em trânsito às dezenas de establecimentos das redondezas.

Mais a sul ainda, no Porto, a autarquia montou um grupo de trabalho com elementos da divisão da via pública, turismo, APDL, PSP e Polícia Municipal para, em conjunto com onze operadores turísticos que trabalham com os cruzeiros já previstos para Leixões em 2011, antever pontos de pressão no espaço urbano. "Estamos a falar de milhares de pessoas a utilizar o mesmo espaço, num curto período. A cidade tem que estar preparada", vinca Susana Ribeiro, Directora do Departamento Municipal de Turismo. Preocupados com a primeira imagem que o turista venha a ter do Porto, os responsáveis autárquicos estão a estudar os melhores percursos de circulação para os autocarros e, com o programa Vamos Receber à moda do Porto, tentam sensibilizar o comércio para as oportunidades de negócio que se abrem com a chegada de clientes com algum poder de compra. "Mas cada um deles deve saber também, fazer uma recomendação, vender a sua cidade, até a pensar num regresso", adverte Susana Ribeiro.

Quem conhece o sector, como Marta Sá-Lemos, contratada pela APDL para o marketing do novo terminal, diz que há muitos repetentes a fazer estas viagens em alto-mar. O que transforma esta vertente do turismo, de passagens curtas por um determinado lugar, numa oportunidade de fazer a promoção de uma cidade ou espaço regional para um possível regresso e até para visitas mais demoradas. Tal como já acontece com o serviço de mercadorias, Matos Fernandes considera que, no movimento de passageiros, Leixões tem que puxar pela região.

O certo é que, mesmo em tempo de crise, não se escutam vozes a contestar os 49 milhões de euros que estão a ser investidos no molhe sul de Leixões nos serviços para cruzeiros, complementados com uma nova marina para 170 embarcações de recreio e o já referido cais fluvino-marítimo para os barcos do Douro. Ao contrário do que aconteceu, no início do milénio, com as obras do Aeroporto - cujos resultados já fizeram esquecer as críticas de então.

A ajudar a este consenso está a integração, no Projecto do Parque de Ciência e Tecnologias do Mar da Universidade do Porto. Entre instalações no lado de Leça, a acolher uma incubadora de empresas da chamada economia do mar, e o edifício do terminal de passageiros, que vai acolher a sede do Ciimar - Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha - a UP está a transferir para Leixões as suas actividades ligadas a esta área, com proveitos futuros para a própria actividade portuária, acredita Matos Fernandes.

Esta integração agrada à Câmara de Matosinhos, que vê nascer no concelho um verdadeiro cluster de investigação na economia do mar, hoje tantas vezes referido como estratégico para o país, mas que Matosinhos traz há séculos presa à sua identidade, recorda Guilherme Pinto. A poucos metros do velho guindaste titã do molhe sul, exemplar raro da história da arqueologia industrial do século XIX, dezenas de investigadores vão assim partilhar o horizonte com os turistas que, em Maio, começam a chegar.

[Fonte: Público]

24 dezembro, 2010

Boas festas

Associando-me aos votos do Rui Valente, desejo a todos os que nos lêm, um bom Natal e um 2011 cheio de felicidade.

23 dezembro, 2010

A política está em boas mãos, não está?




Em protesto no Parlamento contra os cortes nas pensões para pessoas com deficiência, um técnico da televisão estatal romena lançou-se, hoje, quinta-feira, de uma altura de sete metros para cima dos deputados. Veja o vídeo.

O homem, Adrian Sobaru, de 41 anos, subiu a uma das galerias do Parlamento, em Bucareste, e, desesperado, gritou antes de se atirar: "Vocês estão a roubar o pão dos meus filhos". Na camisola que vestia, lia-se: "Vocês mataram o futuro dos nossos filhos, vocês venderam-nos".

O protesto referia-se ao fim das pensões para os portadores de deficiência. O técnico de televisão tem um filho autista e, por isso, vai perder as subvenções a que tinha direito.

BOAS FESTAS!




UM FELIZ NATAL A TODOS OS LEITORES DO RENOVAR O PORTO E UM ÓPTIMO ANO NOVO!

22 dezembro, 2010

O que a Pinto da Costa [e à SAD do FCP] falta fazer...


Só os néscios, ou os invejosos, se atrevem a contestar as qualidades de liderança e de gestão de Pinto da Costa no FCPorto. Mesmo se tivera razões para o fazer, custa-me bastante tecer críticas a quem como ele se tornou conhecido pelo muito que fez de bem feito e pelo pouco que fez de mal. E isto, nada tem a ver com fanatismos ou com alienação clubística, porque fora do futebol, tirando casos pontuais, pouco exemplos temos dignos de louvor. De mais a mais, no que diz respeito à região Norte e ao Porto, os casos de sucesso em outras áreas, também são praticamente ignorados pela comunicação social centralista, ou deficientemente publicitados.  O Centralismo, não só é um processo retrógrado de governação, como promove a inveja com tudo de importante que se faz longe das fronteiras da capital, seja no futebol, seja na Universidade [a UP, é a melhor do país].

Pelas razões que citei, o constrangimento que sinto a criticar Pinto da Costa é directamente proporcional à força e à convicção que tenho em criticar a classe política. A classe política, além de ineficaz, desonesta e incompetente, tem causado muitos mais danos colaterais ao Porto do que um campeonato perdido pelo Futebol Clube do Porto. Só isto me basta para não lhe reconhecer qualquer serventia. A política ainda está muito longe de dar lições ao futebol. O panorama actual do país testemunha-o.

Apesar disso, há algo que está a falhar na gestão do Futebol Clube do Porto, e que Pinto da Costa como grande líder que é,  parece não estar a valorizar,  que é a política de comunicação com os adeptos. Nos últimos anos, os comentários da blogosfera portista têm traduzido eloquentemente esse descontentamento. Os sócios e adeptos percebem que o clube não tem uma estratégia de comunicação eficaz, além da voz do Presidente e do Treinador, o que lhes tem causado alguma ansiedade, nomeadamente quando o clube é atacado impiedosamente pelos principais adversários [Apito Dourado, túneis, agressões, etc.].

Vale que, o clube tem sabido atenuar esse problema com uma consistente rotina de victórias em várias modalidades, o que não quer dizer que o resolva. A verdade, é que independentemente do melhor futebol praticado na época passada pelo Benfica, o expediente das agressões usado nos túneis da Luz com a consequente privação de dois jogadores importantes [Hulk e Sapunaru], ajudou e muito o Benfica a vencer o campeonato. Se juntarmos a isso o trabalho de bastidores perpretado pelo antigo Presidente de Disciplina da Liga de Clubes, Ricardo Costa, podemos dizer que foi cozinhado o caldo perfeito para levar o Benfica à conquista do título. E o FCPorto, o que é que fez? Limitou-se a falar para uns microfones "desligados", onde só uma minoria o ouviu, ou para umas câmaras de TV manipuladas pelas respectivas Direcções de Programas... A mentira do Benfica prevaleceu como verdade, e o facto é que venceu.

Ainda assim, há adeptos que continuam optimistas e que acham que esta discriminação pode ser combatida no campo, onde se ganham os jogos, o pior é se, ou quando  começarem a perder com mais frequência... Será que o optimismo dos adeptos se manterá? Ou, subitamente inverterão todo esse capital de confiança contra a Direcção e o Treinador?

É por termos de admitir a hipótese de uma nova série de ciladas, ainda mais perigosas do que as anteriores [e consentidas], esquematizadas pelos protagonistas do costume [conspirações e intrigas de toda a espécie], que o FCPorto podia já ter planeado uma joint-venture com uma nova operadora de TV dotada de excelentes recursos técnicos e humanos para se defender da concorrência desleal. Esse investimento poderia ter um retorno positivo não só em termos promocionais para o clube, como simultaneamente debilitaria a agressividade da concorrência. Mais do que a perda de audiências, o rombo nas TVs centralistas notar-se-ia na perda de credibilidade resultante da necessidade de lidarem com o contraditório em igualdade de circunstâncias e meios. As televisões em Lisboa, pública e privadas, são parceiras do mesmo ofício, não são concorrentes, a concorrência é feita praticamente contra o Porto e o resto do país.

Para além das victórias desportivas do FCPorto, aquilo que como portista e portuense mais gostaria de ver realizado, é que a Direcção do clube, ainda no mandato de Pinto da Costa, fosse capaz de gerar um projecto desta natureza, para bem do clube, e do Porto. 

Pobres é o que está a dar

De repente (a caça ao voto abriu este ano em época natalícia), os políticos descobriram os pobres. Assim, nos últimos dias, Cavaco organizou nada menos que duas expedições aos pobres levando consigo um batalhão de jornalistas e câmaras de TV que o mostraram ao Mundo destemidamente no meio deles a dizer frases sobre a pobreza.

Sócrates é que não gostou pois, afinal de contas, os pobres, ou boa parte deles, são seus e dos seus governos.

De facto, ainda há dias o jovem "boy" encarregado, na Secretaria de Estado da Segurança Social, das exéquias do falecido "Estado Social" se gabava de ter conseguido, em poucos meses, tirar o Subsídio Social de Desemprego a 10 291 desempregados e o Rendimento Social de Inserção a mais 8 321.

E ontem o Ministério das Finanças anunciava festivamente, conta o DN, "uma luz ao fundo do túnel", com "os cortes nos apoios sociais aos desempregados e crianças (...) a ser decisivos para a contenção nos gastos e, logo, para o alívio no défice".

Anda o Governo a fazer pobres para Cavaco vir aproveitar-se desse esforço!

Também os candidatos Francisco Lopes e Fernando Nobre se engalfinharam um destes dias na TV cada um reivindicando para si a glória de conhecer mais pobres (e pobres mais pobres) do que o outro.

Não há dúvida de que os pobres é que estão a dar. Não só para o Governo poder ajudar bancos e grandes empresas mas também para os políticos exibirem na lapela.

[de Manuel António Pina, in JN]

21 dezembro, 2010

O metro do Porto


Agora que o país está completamente "teso", tão cedo não haverá 3ª fase do metro, se é que alguma vez ela se materializará. Há obras mais importantes com total prioridade, tais como o novo aeroporto de Lisboa, a alta velocidade ferroviária Lisboa-Madrid, a 3ª travessia do Tejo, e mais umas quantas que não deixarão de aparecer.

Parece por isso oportuno o Metro aproveitar esta acalmia para reflectir em detalhes que necessitam rectificação. Sugiro dois.

A sinalização destinada aos utentes é, sem favor, a pior que conheço em todos os metros por onde já passei. A identificação das estações para quem circula nas carruagens, é deficiente, mau grado as indicações sonoras e o letreiro luminoso no interior das composições, que aliás não são visíveis de todos os lugares.

O lado pior, no entanto, são as indicações no interior das estações, destinadas a orientar a circulação dos passageiros, onde há falhas gritantes. É-me mais fácil orientar-me nos metros de Londres ou Paris do que no Porto, embora a complexidade de linhas e destinos não seja comparável. As indicações devem ser claras,completas, facilmente visíveis, rapidamente compreendidas. Lamentavelmente isto não acontece no Porto, e por isso se eu mandasse no Metro organizaria uma task force que se ocuparia de propor medidas tendentes a acabar com esta situação amadora, que não prestigia nem a empresa nem os próprios portuenses.

A outra rectificação que entendo que deveria ser feita, diz respeito ao bem-estar dos passageiros que aguardam nas estações. Uma vez que grande parte destas é a céu-aberto, não se compreende que sejamos obrigados a arrostar com a inclemência do tempo, sobretudo com a chuva. A obra até agora executada custou vários milhares de milhões de euros. O custo adicional para cobrir a totalidade das plataformas, seriam meros trocos. Então porque não se fez? Não vejo razão plausível, o que desde logo atira para a única explicação possível:  lamentável falta de consideração pelos passageiros.

Não posso nem quero esquecer que o metro é uma obra notável que foi feita com uma eficiência invulgar em Portugal. Justiça tem que ser feita, mas essa constatação ainda torna menos aceitável que detalhes como os que mencionei tenham sido cometidos e, sobretudo, que não tenham sido posteriormente identificados e devidamente corrigidos.

Três simples interrogações



Você vive num país onde ainda nenhum governo foi capaz de desempenhar com competência as suas funções e que, ainda assim, premeia com reformas milionárias os respectivos responsáveis pela crise actual? Se vive, tenha calma, e seja optimista! Já sabe: uma das normas pragmáticas da Democracia, é saber comer e calar e ...  saber ser optimista.

Você vive num país cuja acção governativa, mais do que incompetente, é um verdadeiro caso de polícia? Não desanime, pode ser que outros criminosos, os pilhas-galinhas, se lembrem de atacar os seus congéneres do topo da pirâmide  contribuindo assim para desinfectar a corrupção instalada.  

Você acha que o país é uma aberração?  E daí? Não foi o Almirante Pinheiro de Azevedo que disse que  o povo era sereno? Não só era, como ainda é. Além de que as aberrações governativas, são próprias dos povos serenos.

Ao menos na Grécia a população já começou a dar uns ares da sua graça... apesar da «almofada» da União Europeia. 

Morreu Pôncio Monteiro


Pôncio Monteiro, histórico adepto do FC Porto e membro do Conselho Superior portista, faleceu esta manhã com 70 anos.

Pôncio Monteiro deu entrada no dia 17 deste mês no Hospital de Santo António com um quadro clínico de AVC hemorrágico.

O comentador desportivo esteve quatro dias nos cuidados intensivos da unidade de saúde em coma profundo, acabando por falecer esta manhã.

Em 2006, o ex-dirigente portista já tinha sofrido um aneurisma cerebral, que superou após uma intervenção cirúrgica e várias semanas de internamento.

Pôncio Monteiro era comentador do programa "Prolongamento" no TVI24.

[Fonte: Jornal Económico]


Obs:
Como é meu dever, enquanto portuense e portista, apresento aqui as minhas sinceras condolências à família do ex-dirigente do FCPorto.





20 dezembro, 2010

Fim da Linha de Leixões gera revolta

Guilherme Pinto promete usar "todos os meios para inverter" a decisão da CP

Os autarcas abrangidos pela Linha de Leixões estão "indignados" e "revoltados" com a suspensão daquele serviço da CP. Guilherme Pinto, presidente da Câmara de Matosinhos, fala em "prepotência" e promete "usar todos os meios para inverter a situação".

É o rosto da revolta dos três municípios abrangidos pela Linha de Leixões:Matosinhos, Maia e Valongo. Farto de não ser atendido pelo presidente da Refer, a quem quer pedir explicações pelo incumprimento de um protocolo celebrado em 2009, Guilherme Pinto acusa-o de "assumir uma atitude autista de falta de diálogo" e de "prepotência".

"Nem sequer tem tempo para atender o telefone. No mínimo, é alguém que não sabe as regras de cortesia", ataca o presidente da Câmara de Matosinhos.

Em causa, um dos argumentos da CP para a suspensão, no próximo ano, da Linha de Leixões, que liga Leça do Balio (Matosinhos) a Ermeside (Valongo):"não ter sido dada sequência" ao projecto de modernização que previa a construção das estações de S. João e de Arroteia.

"O presidente da Refer acertou um protocolo que nem sequer cumpriu", ataca Guilherme Pinto, lamentando não ter sido informado da decisão da CP.

"Estou profundamente indignado. A Câmara vai usar todos os meios para inverter esta situação", assegura o autarca. Bragança Fernandes partilha a indignação. "É uma vergonha e uma falta de respeito pelas populações", sustenta o presidente da Câmara da Maia, atribuindo o fracasso da Linha de Leixões (que transporta uma média de três utentes por viagem) à falta de planeamento do Governo.

"Se tivessem feito as estações de Águas Santas e de Pedrouços os comboios andavam cheios. Mas tomaram-se medidas eleitoralistas sem se fazer o correcto planeamento dos dinheiros públicos. É uma vergonha! Estou sentido e revoltado com a falta de planeamento deste Governo", acrescenta o autarca social-democrata.

Por sua vez, o presidente da Junta de Rio Tinto que, há um mês exigia, ao lado de Bragança Fernandes, um reforço do investimento na Linha de Leixões, diz-se "desiludido". "Espero, para bem das populações, que ainda se possa chegar a um acordo", afirma Marco Martins, reiterando uma proposta avançada há um ano: a abertura do troço Contumil-São Gemil ao transporte de passageiros.

Já a Câmara de Valongo compreende a decisão da CP assente precisamente "as taxas de ocupação muitíssimo baixas", além do incumprimento do protocolo com a Câmara de Matosinhos.

"Quando a linha foi anunciada, criamos alguma expectativa, sobretudo pela ligação ao Hospital de S. João. A partir do momento que essa ligação não se concretiza, a utilidade da linha fica posta em causa. É melhor então estancar o problema", admite o vice-presidente da Câmara de Valongo, João Paulo Baltazar, concordando, porém, que se trata de "um projecto onde do dinheiro foi mal gasto".

[Fonte: JN]

18 dezembro, 2010

Tiros nos pés

Como nota prévia, declaro que não faço parte daqueles que embirram com a PSP e com todo e qualquer elemento dessa força policial. Eu, pelo contrário,genericamente penso bem dessa corporação, reconheço a sua utilidade, a dificuldade da sua missão, os perigos que frequentemente correm os seus agentes, e o quanto são mal pagos. Olhando umas dezenas de anos para trás, vejo como mudou a imagem física do polícia. Nesse tempo eram normalmente uns "tacos de pia", barrigudos, de bigode façanhudo, boçais e incultos. Hoje são a antítese desta descrição, mas curiosamente a mentalidade dos seus dirigentes parece não ter acompanhado a transformação física, mantendo-se numa espécie de escuridão medieval.

Vem isto a propósito da anunciada intenção de os municípios do Porto e de Lisboa transferirem para as respectivas polícias municipais a responsabilidade da fiscalização do trânsito nas suas áreas.

Não sei o que se passa em Lisboa, mas conhecendo a realidade do Porto só posso aplaudir esta intenção, e a razão é simples, pois a acção da PSP neste campo, define-se por uma única palavra: VERGONHOSA. E vergonhosa sobretudo pela sua ausência, reveladora de incúria e desinteresse totais, propiciando o caos vergonhoso em que se transformou o estacionamento, selvagem e abusivo, em todos os locais e a todas as horas.

Este é um mal geral mas permito-me destacar, como mero exemplo, o que se passa à volta do hospital de Sto. António. Estaciona-se abusivamente em frente à escadaria da entrada principal, dificultando a movimentação daqueles que pretendem aceder ao hospital, e quantas vezes também impedindo a passagem dos eléctricos. Estaciona-se em tudo que é passagem para peões, incluindo nos passeios do jardim do Carregal. Estaciona-se até no espaço reservado às ambulâncias, obrigando-as a esperar os seus doentes na via pública. Este é um espectáculo que tenho observado diariamente durante semanas e meses, e que continua e continuará perante o desinteresse da secção de trânsito da PSP.

Os exemplos da permissividade duma autoridade que é suposta fazer cumprir a lei mas que tem uma interpretação sui generis desta obrigação,estendem-se por todo o Grande Porto, mas gostaria no entanto de eleger, como símbolo da inércia policial, o que se passa junto à esquadra da PSP instalada no edifício do Norteshoping. Aí, bem em frente da entrada da esquadra e a uns 20 ou 30 metros de distância, diariamente estacionam carros irregularmente, incluindo em cima das "zebras" pintadas no chão ( serão carros dos próprios agentes?) na maior impunidade. Parece que não é somente nos desenhos animados que os ratos vêm comer o queijo nas barbas dos gatos!

Em face do deprimente espectáculo levado à cena diariamente perante os habitantes desta desgraçada cidade e seus visitantes, penso que não pode senão aplaudir-se a anunciada intenção do Porto e de Lisboa, e por uma simples razão: pior do que está, não pode ficar, e alguma coisa tem de ser feita.

Em consequência penso que é necessária uma grande lata e uma enorme dose de má-fé para um sindicato dos oficiais da polícia, corroborado posteriormente por uma individualidade da direcção nacional da PSP, vir afirmar publicamente a sua oposição, com a alegação de que os municípios apenas pretendem ficar com o dinheiro das multas!

Penso que declarações deste jaez só descredibilizam quem as profere. Lamentável que a PSP, que precisa de credibilizar-se, acabe por dar tiros nos próprios pés.

17 dezembro, 2010

Que reste-t-il de nous amours - Nolwenn Leroy & Patrick Bruel




Versão original: Charles Trenet

Carlos Pinto Coelho, o senhor "Acontece"

CARLOS PINTO COELHO
Sou pouco dado a unanimismos, sobretudo quando promovidos pela máquina de propaganda centralista. Um dos inumeráveis defeitos do regime centralista é o de alienar muito mais e por motivos  óbvios, os poucos que dele beneficiam, do que a imensa maioria a quem prejudica.

Se a fonte do mal centralista vem de Lisboa, a tendência natural dos habitantes das regiões afectadas pelo seu sorvedouro, é criarem anti-corpos contra os lisboetas. Dirão que é uma reacção injusta. Talvez, mas é natural. Tão natural, como o conformismo dos lisboetas em relação às injustiças do centralismo para com o resto do país. Conformismo, e uma crónica falta de solidariedade, ensurdecedoramente silênciosa...

Feita esta pequena introdução, gostaria de manifestar publicamente os meus sentidos pêsames pela morte [ontem] de Carlos Pinto Coelho por duas singelas razões. A primeira, por ter conhecido e privado com a sua mãe D. Sara, nos tempos em que vivi em Lisboa. A D. Sara era uma fantástica comunicadora, uma mulher de ideias arejadas muito avançadas para a sua idade. Era uma apaixonada pelo teatro e, como atrás escrevi, uma pessoa com quem dava gosto conversar horas a fio.

A segunda razão, é por considerar Carlos Pinto Coelho um jornalista de uma classe invulgar, completamente descontextualizada do jornalismo voyer e intriguista que agora se faz.

O Mundo não é perfeito, apesar disso, custa-me saber que à sua volta gravitavam "amigos" que nada tinham a ver com ele. Mas, a vida também é feita destes desencontros...

16 dezembro, 2010

À atenção da nossa classe política e empresarial...

Na sétima greve geral da Grécia este ano, a violência tomou conta das ruas de Atenas quando os manifestantes entraram em confrontos com a polícia. Carros incendiados e até um hotel em chamas e vários feridos é o balanço da violência que se prolongou por mais de uma hora na capital grega.



Alguns manifestantes arremessaram cocktails molotov e pedras e paus contra a polícia, que respondeu com gás lacrimogéneo e bastonadas contam os relatos das agências de notícias.

O número de manifestantes, que gritavam por revolta nas ruas contra as medidas de austeridade do Governo, não é certo. A BBC News cita uma fonte policial que indica 15 mil pessoas. A agência Reuters avança com 40 mil manifestantes. Isto no dia em que o parlamento aprovou mais medidas de contenção e cortes de despesa para conseguir uma ajuda estimada em 110 mil milhões de euros do Fundo Monetário Internacional e da União Europeia.

Cerca de 200 manifestantes à porta do parlamento grego chegaram mesmo a agredir um antigo ministro conservador Kostis Hatzidakis que, segundo relato da Reuters, teve de se refugiar num edifício nas imediações.

Voos cancelados, escolas, portos, ministérios e portos fechados e a rede pública de transportes paralisada foram outras consequências desta greve. Os jornalistas também se juntaram impedidno muitos órgãos de comunicação social de funcionar.

“A ira é tão grande que ninguém a pode parar. Isto é só uma amostra do que poderá acontecer depois da época de festas”, disse à Reuters Ilias Iliopoulos da associação ADEDY, grupo que luta contra formas de exploração no trabalho. Segundo a ADEDY a marcha de protesto de hoje foi maior que uma outra em Maio que juntou 50 mil pessoas.

Anastasia Antonopoulou, 50 anos, é professor e juntou-se à marcha: “Sou professora e a maioria dos pais dos meus alunos estão desempregados”, disse.

[Fonte: Público]



15 dezembro, 2010

O rosto do centralismo travestido de cineasta/comentador desportivo

António Pedro Vasconcelos [vestido à PIDE]
A foto ao lado é uma imitação ridícula do Hercule Poirot lisboeta, patético e complexado. Como sabem, Poirot foi um detective privado, criado pela talentosa escritora britânica Agatha Christie que se tornou conhecida na  produção de novelas policiais.

Ao contrário da escritora, cuja fama atingiu níveis de popularidade internacionais, esta criatura esguia e de aspecto cadavérico, só conseguiu ter alguma visibilidade em Portugal como cineasta porque o Estado centralista tudo fez, e continua a fazer, para lhe dar algum protagonismo com subsídios e apoios de toda a espécie. 

Curioso, é reparar que António Pedro Vasconcelos, apesar de ser um ilustre desconhecido em termos internacionais, se sente muito confortável a criticar o vetusto cineasta Manoel de Oliveira, como se ele próprio estivesse a um nível superior, desprezando o reconhecimento internacional e os inúmeros prémios recebidos pelo realizador portuense em vários festivais de cinema. Mas, agora que o Estado, através da RTP, nos deu a oportunidade de o conhecer melhor em sectários  Trios de Ataque,  será caso para nos admirarmos?  Não, não é, mas o que é demais é moléstia.

António P. Vasconcelos exibe perante as câmaras da televisão tudo aquilo que há de pior na sociedade portuguesa: a inveja e a falta de carácter. De facto, basta consumir alguns minutos para apreciar o seu comportamento no referido programa e perceber que ali não se discute, exactamente e só, futebol, dita-se o centralismo, com capital em Benfica. E para isso, vale tudo, até queimar autocarros!

Quem, por presunção intelectual, ou simples vaidade, continuar agarrado à ideia de que o futebol é um mundo menor, distinto do resto da sociedade, fará mal se não dedicar algum tempo a observar este tipo de programas pois isso poderá ajudar a compreender outros fenómenos de prepotência e discriminação que a política ainda consegue mascarar. Na RTP, como noutros canais sediados em Lisboa, aqueles programas onde seria suposto debater-se o futebol - o desporto dilecto dos portugueses -, o que se discute resume-se a um assunto:  arbitragens.

O espectador incauto [ingénuo, ou futebolisticamente inculto] poderá até admitir que esses desvios programáticos em que subitamente  a nomenclatura se desajusta do conteúdo, deixando portanto de fazer sentido , se devem apenas à incompetência de quem os concebe e dirige, mas é aí que está o engano. Os crónicos desvios temáticos destes programas [Trio de Ataque, na RTPN, Dia Seguinte, na SIC e Prolongamento, na TVI24], são intencionais de acordo com as circunstâncias, isto é, afastam-se sistematicamente da componente técnico-desportiva, para a componente das arbitragens, quando o centralismo representado pelo Benfica começa a perder terreno [pontos] em relação ao seu inimigo visceral da  "província", o Futebol Clube do Porto. O fenómeno é recorrente e tem a cobertura activa do regime.

Só que, este miserável cenário é suficientemente sofisticado, porque na aparência é democrático... De facto, cada clube, dos três mais populares, tem o seu representante que teoricamente dispõem de "toda" a liberdade para o defenderem, só que as coisas não são exactamente assim. No programa Trio de Ataque [e nos outros é a mesma coisa], o pivôt está nitidamente instruído para dar mais protagonismo ao representante do Benfica que ultrapassa sempre o tempo de antena que é concedido aos outros dois participantes. Além de que, interrompe constantemente os seus interlocutores vitimizando-se exactamente para disfarçar os excessos e poder voltar a falar logo a seguir. Nisto, o detective/cineasta falhado, é exímio. Mas é exímio porque tem a conivência do pivôt, que por sua vez está mandatado pelo seu director para dar lastro a esta discriminação em nome do glorioso clube do absolutismo!

Por isso, o cineasta subsídio-dependente faz o que lhe dá na gana. Insinua, difama, provoca, mente, envenena, contradiz e insulta impunemente. Enfim, tem as costas quentes, porque  sabe que lá no fundo, o Estado com todos os seus representantes incluídos,  é o seu grande mestre e protector.

13 dezembro, 2010

Separar o trigo do joio na política

Ao contrário do que poderá parecer, não olho para a Regionalização com os mesmos olhos que o doente olha para o remédio, apenas a defendo convictamente por me parecer que a proximidade do cidadão com o poder simplifica não só o seu controlo, como permite melhores desempenhos a quem governa. O centralismo, isso sim,  será sempre o problema, nunca a solução. S e g u r a m e n t e. Só o senhor  1º. Ministro e o respectivo Governo é que ainda "não perceberam" o que se está a passar, porque embora em teoria "defendam" a Regionalização, na realidade, não a querem, como aliás se pode facilmente comprovar pelas decisões que vão tomando.

A minha preocupação em relação ao futuro político do país já se libertou dos dogmas que nos andaram a impingir durante anos,  que afinal de contas só serviram para nos estupidificar e para facilitar a vida a todos aqueles que, à sua sombra, se governaram melhor a si mesmos que governaram o país. Palavras como Democracia, Justiça, Humanismo, na prática, não correspondem em nada ao que os dicionários traduzem, visto que suas excelências os senhores políticos trataram de as desvirtuar sempre a pretexto de qualquer interesse "superior".

Por essa razão - que não me parece fútil - é que, independentemente de qualquer programa político, ou ideologia - como agora alguns gostam de dizer -, a minha primeira preocupação enquanto cidadão, é saber como, e com que solidez os futuros governos [regionalistas ou outos] estão dispostos a olhar para a autoridade, assim como para o oportunismo que tanto tem minado a credibilidade da política e da sociedade! A meu ver, é esse o maior obstáculo ao progresso da boa governação. A autoridade tornou-se escrava do autoritarismo, por isso é frágil.

Qualquer partido, novo ou antigo, que continue a assobiar para o lado face a este cancro terrível que consiste em não querer perceber que a autoridade e a Lei são imprescindíveis a uma sociedade futurista, que não devem ser manipuladas ao menor obstáculo, não terá sucesso. Se quisermos  devolver o devido significado às palavras e dar-lhes o sentido correcto, só há um caminho a seguir: é respeitá-las e não brincar demais com elas.

Um país que muda de Leis como quem muda fraldas de criança, não é um país para levar a sério e os seus defensores devem ser olhados com desconfiança pelos cidadãos. Só mexe frequentemente na Lei quem não tenciona respeitá-la. As pessoas já se habituaram [mal, quanto a mim] a conviver com os escândalos dos políticos, de os ver saltar da política para a administração de bancos privados e de grandes empresas, e esse é um hábito que é preciso perder. A política deve ser para os políticos, o empreendedorismo para os privados. Essa teria de passar a ser a ordem natural das coisas. Mas não esperemos que sejam eles próprios, os que já estão a gozar dessa privilegiada flexibilização a inverter esses hábitos porque como diz o ditado "as ovelhas não se tosquiam a si mesmas"! Pergunte-se, por exemplo [só dois,  mas há centenas deles], ao Jorge Coelho, ou ao Dias Loureiro, se concordam com estas ideias e podem ter a certeza que dizem que não. Como não, se elas colidem com a forma enviesada como eles decidiram singrar na vida? Foram para a política, não por uma opção determinada de servir o país, mas apenas para encurtarem o caminho que os pode conduzir à riqueza. Estes paradigmas não devem mais continuar a ser avaliados pelos cidadãos eleitores como normais, porque fazê-lo, é contribuir para a subversão das responsabilidades e dos próprios valores.

Estou por isso curioso de saber o que é que nesta matéria - que para  mim é fundamental -, vamos ouvir nos próximos jogos eleitorais. Pressinto que lhes vai passar ao lado, porque os bufos da antiga PIDE ainda não morreram. Servem também hoje de rótulo àqueles que não convivem bem com a corrupção e a querem denunciar...mas não é bem a mesma coisa. Ou será?

Carta aberta à ministra da Cultura

No dia 29 de Novembro, uma segunda--feira, tive a oportunidade de reunir com a Administração e Direcção Artística do Teatro Nacional de S. João (TNSJ), em conjunto com vários deputados do PSD eleitos pelo distrito do Porto. O objectivo desta reunião era tentar perceber a razão de ser da fusão do TNSJ no Organismo de Produção Artística (Opart).

Como preparação para a reunião que íamos ter, fui tentar perceber o que era o Opart. Percebi que gere o Teatro Nacional São Carlos e a Companhia Nacional de Bailado, em Lisboa. Percebi que tem um orçamento a rondar os 19 milhões de euros. E por fim percebi que dava prejuízos sucessivos há mais de três anos, tendo o prejuízo de 2009 sido de mais de 700 mil euros de resultado líquido negativo.

Este é o retrato, ainda que simplista, do Opart.

Já olhando para o TNSJ, a Administração tem sob a sua alçada, para além do TNSJ, mais dois equipamentos: o Teatro Carlos Alberto e o Mosteiro de S. Bento da Vitória, em Santo Tirso. O TNSJ tem um orçamento a rondar os 4,9 milhões de euros anuais, 25% do orçamento do Opart, para gerir três equipamentos culturais. O TNSJ cumpre os seus orçamentos à risca. E não dá prejuízo.

Este é o retrato, em termos comparativos com o anterior, do "nosso" TNSJ.

Mas o TNSJ é muito mais que mera aritmética.

Tem uma taxa de ocupação média dos seus espectáculos acima dos 70%, tendo um crescimento sustentado de espectadores todos os anos. Tem vários projectos em comum com grupos de teatro do Porto e do Norte. Tem encetado projectos comuns com a Orquestra Sinfónica do Porto, entrando em simbiose com outro grande equipamento cultural do Porto e do Norte do país, que é a Casa da Música.

Em suma, o TNSJ, é um dos grandes esteios da política cultural de toda a Região Norte, extravasando em muito a delimitação geográfica da cidade do Porto.

A sua integração numa macroestrutura centralizada em Lisboa, com vícios despesistas comprovados por anos de prejuízos sucessivos, como é o caso do Opart, nada mais fará que deitar por terra mais de 15 anos de trabalho da instituição TNSJ, arrojada na promoção cultural, e rigorosa na gestão da coisa pública.

A ministra da Cultura argumentou com poupanças que rondam os dois milhões de euros, resultantes da integração do TNSJ e do TN D. Maria II no Opart. Ora, ninguém consegue explicar de onde nasceram estes números. Tanto quanto nos foi até agora dado a entender, nascem da imaginação, fértil e generosa, de alguém no Ministério da Cultura, não tendo qualquer aderência à realidade.

No fim do dia, números à parte, e de forma objectiva, o que temos aqui é mais um exemplo da conhecida, e indisfarçável, tentação centralista deste governo socialista.

Sr.ª Ministra da Cultura, se quiser, reduza a modesta dotação orçamental que atribui todos os anos, que nós por cá nos arranjamos. A isso, infelizmente, já estamos habituados. Mas não destrua 15 anos de trabalho de promoção cultural, numa cidade e numa região, tão carentes de oferta pública e privada nesta área.

Por isso, peço-lhe humildemente, mas sem rodeios: deixe o Teatro Nacional de São João em paz!

[Luís Menezes, JN]

O Porto não vive sem reabilitação

O Porto só se manterá vivo se conseguir preencher o espaço vazio desse grande donut em que a cidade se transformou com a progressiva mudança de habitantes para uma periferia mais económica e pintada de fresco. Rui Moreira sabe que o repovoamento da cidade é uma causa política, imprescindível para que o centro histórico deixe de ser o que é: um monumento decrépito e, ainda por cima, oco. Espera-se, e acredita-se, que a escolha de Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto há quase dez anos, para a presidência da Porto Vivo, Sociedade de Reabilitação Urbana, em substituição de Arlindo Cunha, se traduza em maior dinamismo numa tarefa absolutamente crucial para o futuro da cidade.

A SRU tem entre mãos a recuperação de 32 quarteirões, a maior parte dos quais, como não poderia deixar de ser, na zona histórica do Porto, aquela que mais importa reabilitar, e cuja conclusão mudará a fisionomia da cidade. Mas o lento trabalho de reabilitação da SRU, quarteirão a quarteirão, está particularmente vocacionado para responder à procura de investimento de grandes empresas, interessadas na compra e recuperação de grandes áreas. O cidadão que individualmente recorra à SRU na tentativa de encontrar ajuda na procura de uma casa da zona histórica para recuperar é recambiado para as mesmíssimas imobiliárias às quais é possível aceder através de um anúncio num jornal ou de um classificado na Internet. E corre igualmente o risco de não ser informado sobre algumas das regalias que existem para quem adquira casa no perímetro de intervenção prioritária da cidade, que tanto podem implicar a devolução ou o reembolso do IMI ou do IMT, pela simples razão de que é insuficiente a articulação entre os serviços camarários e a SRU. E a reabilitação urbana mais visível na cidade foi a que resultou da intervenção da Porto 2001 ou da reabilitação individual, casa a casa, que acabou por ter um efeito mimético em algumas ruas, como aconteceu, quando os terrenos eram bem mais acessíveis, na Rua do Bonjardim, junto ao Marquês.

Como PSD e FCP não têm falta de interessados nas candidaturas à presidência da câmara e do clube, Rui Moreira pode ser bem mais útil à cidade. Se há algo de verdadeiramente estratégico para o Porto, aparentemente na moda, ao ponto de figurar como sugestão de luxuoso fim-de-semana na superexclusiva How to spendt it do Finantial Times, é a sua reabilitação urbana, histórica e cívica.

[Amílcar Correia, Público]

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Quem tomar conta do lugar agora deixado vago na Porto Vivo, seja Rui Moreira ou outra pessoa qualquer, terá incontornavelmente de se convencer que acima de todos os projectos de reabilitação urbana, tem de estar o cidadão residente.

É só com a sua inclusão massiva, mas criteriosa, que a cidade pode sair do estado comatoso a que chegou. Desiluda-se quem se contentar com as galerias e movidas nocturnas. A cidade tem que pulsar de vida também durante o dia, e é da mais imperiosa urgência acabar com o aspecto ruinoso e desolador que muitas casas ainda apresentam.

É triste percorrer as ruas do centro do Porto em pleno dia. As poucas e avulsas casas recuperadas passam despercebidas. 

Rui Valente 

10 dezembro, 2010

Neil Young - Heart Of Gold

Rui Moreira desejado para a "Porto Vivo"


RUI MOREIRA
 Arlindo Cunha pede demissão da sociedade de reabilitação urbana do Porto para gerir ComissãoVitivinícola do Dão

Arlindo Cunha deverá ser substituído por Rui Moreira na presidência da sociedade de reabilitação urbana "Porto Vivo". Esse foi o nome indicado ao Governo pela Câmara do Porto, na sequência da saída do ex-ministro para dirigir a Comissão Vitivinícola do Dão.

O pedido de demissão de Arlindo Cunha foi formalizado ao presidente da Câmara do Porto, após ter tomado posse, a 4 de Novembro passado, como sucessor de Valdemar de Freitas na gestão da Comissão Vitivinícola do Dão, com sede em Viseu.

Mas há muito mais tempo que o ex-ministro da Agricultura e das Cidades, que dirigia a sociedade de reabilitação urbana "Porto Vivo" desde 2004, andava a avisar Rui Rio sobre a eventualidade da sua saída.

"Já quando assumi o segundo mandato, disse ao presidente da Câmara do Porto que não me podia comprometer em ficar até ao fim, pois tinha outras actividades em mente", adianta, ao JN, Arlindo Cunha, garantindo que, no ano passado, tinha manifestado a Rui Rio o desejo de dirigir a Comissão Vitivinícola do Dão. Intenção reafirmada há cerca de meio ano, quando foi a única personalidade a candidatar-se às eleições disputadas a 30 de Setembro.

Assim que tomou posse, Arlindo Cunha formalizou o pedido de demissão da presidência da "Porto Vivo", assim o garante. "A minha demissão foi apenas decorrente desse compromisso já assumido com o presidente da Câmara do Porto", assegura, logo de seguida, o também ex-coordenador da região Norte, afastando qualquer polémica em torno da sua saída de uma entidade que dirigiu durante seis anos. Uma saída que só foi tornada pública, no início do mês, num seminário sobre sustentabilidade das operações de reabilitação urbana, realizado no edifício da Alfândega.

Perante a demissão de Arlindo Cunha, a Câmara do Porto já apresentou ao Governo uma proposta de substituição. Trata-se de Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto. Contactado pelo JN, o empresário preferiu, para já, não fazer qualquer comentário sobre o assunto.

Arlindo Cunha, por sua vez, assegura que saiu, há um mês, com a convicção de que a "Porto Vivo", criada a 27 de Novembro de 2004, conseguiu criar na cidade "uma dinâmica irreversível" em termos de reabilitação urbana.

"Apesar da conjuntura económica dos últimos dois anos, conseguimos lançar uma dinâmica de reabilitação urbana. Se olharmos para a cidade, vemos que a reabilitação urbana é uma realidade incontornável", acredita o ex-ministro social-democrata, reforçando: "Essa dinâmica é irreversível".

Agora, Arlindo Cunha apenas pede que a "Porto Vivo", que tem uma área de actuação de mil hectares (equivalente a um quarto do concelho do Porto), continue as políticas de incentivo à reabilitação, tais como benefícios fiscais, apoios financeiros e iniciativas como a bolsa de imóveis ou a bolsa de projectistas e empreiteiros. "É importante que haja uma continuidade dessas políticas", diz.

Recorde-se que a sociedade de reabilitação urbana "Porto Vivo" foi criada, há seis anos, com o objectivo de "elaborar a estratégia de intervenção, actuar como mediador entre proprietários e investidores e, em caso de necessidade, tomar a seu cargo a operação de reabilitação". Tem nas suas mãos a reabilitação de 32 quarteirões da baixa do Porto, a maior parte dos quais situados na zona histórica.
[Fonte: JN]

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RoP

Caso Rui Moreira considere que tem condições para aceitar o cargo, acho que deve aceitar. Isso pressuporá avaliar os meios de que passará a dispor para fazer melhor do que o seu antecessor, que ao contrário do que afirma, fez muito pouco. O cargo tem tanto de excitante como de responsabilizante.

De Rui Moreira espera-se muito mais, porque tem uma imagem de credibilidade que não deve hipotecar. No caso de não lhe não lhe serem dadas as condições mínimas para realizar um trabalho sério e produtivo, então é preferível recusar o convite, porque pode ser um presente envenenado...

09 dezembro, 2010

Luís Filipe Menezes


Luís Filipe Menezes atingiu o princípio de Peter quando ascendeu a líder do PSD e cometeu a ingenuidade de silenciar a Regionalização,  metendo-a no baú das velharias, mal aterrou em Lisboa. Pagou assim, de forma inglória, a factura de não ousar continuar o rumo regionalista que até esse momento vinha mantendo, embora - como vem sendo comum a muitos "regionalistas" -, timidamente assumido. É no que dá o abuso da malabarice. As voltas de 180º na política nem sempre acabam bem, não é...

Apesar desta decepção, será justo reconhecer que Luís Filipe Menezes tem feito um trabalho notável à frente da Câmara Municipal de Gaia. Comparativamente com Rui Rio, tem competências que estão a anos luz  do autarca do Porto.

Luís Filipe Menezes é dinâmico e ambicioso. A sua ambição não parece condicionada por caprichos megalómanos de índole exclusivamente pessoal [como Rui Rio, por exemplo], e a prova disso é vê-lo empenhado em bulir com Vila Nova de Gaia. Ainda há poucos meses pudemos assistir à inauguração de um novo grande-hotel junto à marginal encravado no meio das velhas caves de vinho do Porto e agora, prepara-se para requalificar o centro histórico numa área de 20 mil metros quadrados!

Para além da diferença de personalidades, que é enorme, estranha é sabermos que ambos pertencem ao mesmo partido, facto que exclui à partida qualquer desculpa para Rui Rio de perseguição política pela parte do Governo Central[ista].

Rui Rio é notícia, quase sempre pelas piores razões. Entra em conflito com tudo e com todos, litiga, gasta os já parcos recursos financeiros camarários em processos jurídicos e - o que é significativo -, perde-os quase todos. Entretanto, a cidade definha, não renova, apesar dos esforços da sociedade civil. Não são [apenas] as galerias de arte de Miguel Bombarda, os bares, ou as movidas de fim de semana que vão resolver os problemas básicos da baixa portuense. A Baixa precisa, antes de tudo, de casas reabilitadas, de rendas acessíveis, para ter lá gente, que é o que lhe pode dar vida. E dinheiro.

O Rui Rio não votou sozinho em si mesmo. Todos os outros votos que o guindaram em má hora por 3 vezes consecutivas ao ponto mais alto do executivo camarário foram de portuenses e de pessoas que vivem no Porto.

Meus senhores, todos cometemos erros, mas por favor,  ponham a mão na consciência e vejam quantos anos a cidade do Porto teria progredido se lá tívessemos um Luís Filipe Menezes em vez de um contabilista conflituoso com mentalidade de merceeiro. Por favor, amem o Porto.  Se lhe querem mal, deixem-no!

08 dezembro, 2010

O último crédulo

Luiz Fernando Veríssimo, filho do grande escritor Érico Veríssimo, é provavelmente o maior humorista brasileiro vivo, por muito que não seja largamente conhecido em Portugal. Entre os personagens que criou, conta-se a velhinha de Taubaté, cidade do Estado de S. Paulo. Estava-se no tempo da ditadura militar - aliás no seu ocaso - e o " ditador de serviço" era o general Figueiredo, o tal que dizia "eu prendo e arrebento" em relação aos adversários de que não gostava.

A velhinha era uma senhora idosa, crédula, que vivia nessa cidade do interior paulista, sozinha com os seus gatos, e que tinha uma característica única : era o último brasileiro que acreditava nas afirmações do governo . Em consequência, ela era cuidadosamente monitorizada pelos Serviços Secretos, que transmitiam ao governo as reacções da velhinha. Por sua vez o governo, antes de qualquer dos seus membros fazer declarações públicas, tentava responder à pergunta " será que a velhinha vai acreditar nesta?". É que no dia em que a velhinha deixasse de acreditar no governo, era o fim!

Imagina-se a minha comoção quando por mero acaso descobri a existência de uma equivalente portuguesa da velhinha de Taubaté. Não consegui os detalhes da sua localização, apenas sei que vive algures na região saloia de Lisboa. Julgo até saber que a recente demissão do responsável pelos Serviços de Informação da República, se ficou a dever a divergências com o governo quanto à melhor forma de gerir o relacionamento com a velhinha.

Seja como for,o certo é que os Serviços de Informação verificaram que quando Sócrates explicou que tinha tirado o curso de engenheiro na Independente da maneira mais normal possivel, a velhinha nem por um instante duvidou. Quando afirmou que não estava envolvido no licenciamento do Freeport, a velhinha achou que só podia ser verdade, tal como no caso da Cova da Beira. Quando Sócrates disse que nada tinha a ver com as escutas da Face Oculta, a velhinha nem sequer pestanejou. Do mesmo modo quando Sócrates anunciou que a crise tinha terminado e que Portugal tinha sido o primeiro país a sair dela, a velhinha esfregou as mãos de satisfação. Idêntica alegria manifestou quando o governo lhe garantiu que não aumentaria os impostos.

Mas o problema surgiu agora, quando Sócrates anunciou que a política de educação que o seu governo vem implementando, é um êxito reconhecido em toda a Europa, que os nossos alunos "sabem mais", sendo que uma das provas é que a percentagem de reprovação (oops, perdão, de retenção) tem diminuido.

Aí, nem a velhinha acreditou, e todas as campainhas de alarme começaram a tocar em S. Bento. Reuniões de emergência do Conselho de Ministros vão realizar-se, para estudar como restabelecer a a confiança da velhinha e permitir a continuação de declarações oficiais que mostrem ao país que que tudo está sob controle.

O nervosismo reina nos gabinetes ministeriais. Se a velhinha voltar a acreditar, o país está salvo!

Promiscuidade lusa


Um indivíduo pode sorrir, sorrir, e ser um vilão

William Shakespeare




Um pouco de desprezo economiza
bastanta ódio
Jules Renard


O espírito de intriga inculca demérito nos intrigantes

Marquês de Maricá



A inveja é mais irreconciliável do que o ódio

François La Rochefoucauld 

LIPDUB - INDEPENDÈNCIA - CATALUNHA

07 dezembro, 2010

Há algo de podre no vale do Tua [in DN]

Há algo de podre no vale do Tua, e não é o fantasma do futuro a trazer um travo a esgoto das águas eutrofizadas da albufeira do Tua.

Há algo de errado quando um Estudo de Impacto Ambiental e um Relatório de Conformidade Ambiental de Projecto de Execução (RECAPE) afirmam numa base científica que a barragem vai ser desastrosa a nível regional e insignificante a nível nacional, mas a barragem avança.

Há algo de errado quando a Linha do Tua tem vindo a ser abandonada ou mesmo mencionada no caso Face Oculta, mas a culpa da má manutenção da via e estações é atirada como que para os próprios utentes que a utilizam. Há algo de muito errado quando um consultor da UNESCO afirma deslumbrado que a Linha do Tua tem todas as condições para ser considerada Património da Humanidade, reiterando o que disse o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Ifespar) sobre o seu valor patrimonial único, mas depois os ministérios do ambiente e da cultura (e depois o próprio Igespar) concluem que nem o vale nem a Linha do Tua têm valor patrimonial ou ambiental algum, arquivando com uma celeridade desconcertante o processo de classificação desta como Património Nacional.

Algo não está bem quando os comboios da Linha do Tua ficam sobrelotados de turistas, quando o Plano Estratégico Nacional de Turismo e o Plano Regional de Ordenamento do Território do Norte prevêem maravilhas turísticas para esta região, e quando um projecto de turismo ferroviário para a Linha do Tua fica em terceiro lugar num concurso nacional de empreendedorismo, e a CP e a Refer fecham as portas à sua exploração turística.

Algo de muito errado se passa quando com um projecto ferroviário de baixo custo se poria um madrileno em Bragança em duas horas, e nos debates havidos em Trás-os-Montes sobre desenvolvimento ninguém diz uma palavra sobre caminhos-de-ferro.

Muito mal vai o estado da Democracia quando a voz de 18 mil peticionantes contra a construção da barragem do Tua e a favor da reabertura, modernização e prolongamento da Linha do Tua, defendendo inclusivamente métodos alternativos mais baratos e mais eficientes de produção e poupança de energia, não é ouvida ou não é suficiente para calar a de meia dúzia de indivíduos mal intencionados e de carácter duvidoso.

A lista de incongruências, atropelos, e laivos de actividades amplamente contempladas no Código Penal avoluma-se. Vagas de estudos científicos e pareceres de especialistas de entre os quais UNESCO e Comis- são Europeia que apontam um severo dedo à barragem do Tua e coroam de louros o vale e a Linha do Tua, esboroam-se com um rumor de espuma do mar contra sabe-se lá que perigosos rochedos e contracorrentes.

Chegados a este ponto é lícito perguntar: em que mundos vive o Ministério Público e a PJ, ou será que o vale e a Linha do Tua é que já não pertencem a este mundo? Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto fede...

Daniel Conde [DN]

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...tudo isto é fado, remato eu.

Sr. Presidente da República:

Prove-me que a sua existência é mais do que uma figura decorativa e interesse-se por esta causa!

Prove-me que está atento ao pais!

Prove-me que tem alguma utilidade e salve a Linha do Tua! Em nome de Portugal, que - não sei se tem ideia disso -, dispõe de mais território, para além do Terreiro do Paço.

Vamos ao trabalho.  Prometo que até votarei em si se for capaz de impedir que um outro monstro como a Barragem do Tua nasça da terra.

Vá, prove-me que estou enganado sobre a sua inutilidade.

Surpreenda-me, senhor Presidente!

Rui Valente

Recado amigo aos jogadores do FCPorto



FCPorto, o Invicto da Invicta

Para variar um bocadinho, hoje vou falar um pouco da instituição que mais tem honrado a cidade do Porto: o Futebol Clube do Porto. Ou melhor,  falarei sobre as últimas declarações de alguns jogadores do Futebol Clube do Porto. Antes disso, vem a propósito lembrar que a versão antagónica do FCPorto versus, Jorge Nuno Pinto da Costa, é hoje em dia [para desgosto meu] precisamente a Câmara Municipal do Porto, versus Rui Rio [o desenraízado].

Agora, falando mais a sério, inaptos pareciam estar também a maioria dos jogadores do FCPorto no encontro realizado contra o Victória de Setúbal no magnífico Estádio do Dragão [que hoje não existiria se tal dependesse da vontade de Rui Rio, recorde-se...]. Há sempre forma de arranjar explicações para as más exibições, e ontem, com muita chuva,  um Estádio abaixo da média de espectadores,  um adversário teoricamente pouco apelativo, a ressaca de um desgastante jogo em Viena num campo onde em lugar da relva havia neve, argumentos é coisa que não faltaria. E até podíamos aceitá-los a todos.

O que já não se aceita - porque no FCPorto isso não é habitual nem costuma falhar -, é que haja jogadores que ainda não tenham absorvido, como convém, a "filososfia" portista e venham fazer declarações para a comunicação-social como se trabalhassem para ela e não para o clube. São disso exemplo, as palavras de Belluschi e de Ruben Micael que, a pretexto das exuberantes exibições do colega de equipa Hulk, disseram, em momentos diferentes, que seria muito difícil ao FCPorto mantê-lo por muito mais tempo no clube. 

É provável que a intenção destes dois jogadores até tenha sido apenas elogiar as qualidades do colega, mas se foi, a verdade é que não o conseguiram. Primeiro, porque os adeptos não gostaram, e depois porque, coincidência ou não, daí para cá Hulk parece ter-se deslumbrado com os pirôpos dos colegas e tem vindo a decrescer de produção. Por isso, será necessário e urgente explicar a todos os jogadores que antes da liberdade de pensamento, existe uma coisa chamada espírito de equipa à Porto que, se traduz em separar as águas, e saber distinguir o falar enquanto atleta profissional, do falar enquanto simples cidadão. A pior coisa que podia acontecer ao FCPorto era copiar os maus exemplos do principal adversário, ou seja, ceder às pressões dos media e das revistas côr-de-rosa vindo cá para fora posar para fotografias e dizer aquilo que os nossos adversários querem que seja dito... Esses, não são hábitos portistas!

Além de mais, parece-me inadequado e contraproducente que um jogador perca o sentido emocional do grupo [clube], esquecendo que para os adeptos do FCPorto, este é o melhor clube do mundo, é o topo de gama da ambição clubística. Logo, os jogadores, sem prejuízo das suas legítimas ambições financeiras, têm o dever de sentirem esse mesmo sentimento de "adepto", pelo menos, enquanto continuarem a trabalhar para o clube que lhes paga [e não costuma ser pouco] os vencimentos. E isso mostra-se no campo, com abnegação e espírito de victória. Radamel Falcao, ao contrário dos seus colegas, soube fazê-lo, tanto fora do campo, dizendo que agora é só FCPorto que lhe interessa, como dentro dele, correndo, jogando e marcando.

Depois, convenhámos, é muito pouco inteligente e até desagregador, ouvir um atleta ainda a meio do percurso competitivo do clube que lhe paga, exteriorizar - ou dar a entender -, publicamente que há clubes, por mais ricos que sejam, "melhores" que o FCPorto. Porque isso,  é simplesmente uma alucinação. Uma heresia imperdoável.