25 fevereiro, 2010

A ética de José Leite Pereira

Ainda há pouco, pudemos ouvir na comissão de inquérito para o caso Face Oculta, o director do Jornal de Notícias alegar enfaticamente questões de ética para não publicar o artigo de Mário Crespo, supostamente por sair do âmbito de uma simples crónica, e por esta se poder confundir com uma notícia sem direito a contraditório.
Passados poucos dias, num momento em que o FCPorto se aproxima dos primeiros classificados do campeonato e nas vésperas de um jogo importante com o Sporting, como que por milagre, lá vem outra vez à liça o nome de Pinto da Costa e do FCPorto em grandes parangonas nas primeiras páginas do jornal que já foi do Norte! Simples coincidência, dirão os eternos distraídos... Não, já não dá para acreditar meus amigos. Isto mais não é que uma outra manobra de diversão para desestabilizar o FCPorto. Mais. Tudo aponta para o chamado dois em um , ou seja, uma maneira de afastar a atenção do povo das grossas poucas vergonhas que invadiram a vida do 1º. Ministro e de alguns membros do Governo e, ao mesmo tempo, dar um pouco mais de «colo» ao clube salazarista.
Só porque um empresário [Luciano D'Oonófrio] está a ser investigado pela PJ e porque este negociou a venda de alguns jogadores do FCPorto, o director do JN considerou eticamente correcta a colação do caso ao nosso clube e ao respectivo Presidente... Fantástica prova de coerência ética, esta, não acham?
"Polícia no Dragão por causa de Baía, Barros e Conceição", foi este o título da 2ª. página que o jornalista de serviço anti-FCPorto, de seu nome Nuno Miguel Maia considerou mais adequado às exigências éticas do seu chefe... Por acaso, sem qualquer 2ª. ou 3ª intenção, resolveu anexar à notícia a foto de Pinto da Costa, aproveitando para lembrar que o Presidente do FCP continuava a ser investigado por denúncia de Carolina Salgado... Não satisfeito, talvez porque é preciso dar palha aos burros [que, sem ofensa, devemos ser nós], resolveu juntar-lhe as fotos de Rui Barros, Victor Baía e Sérgio Conceição...
Insaciável ainda, o empenhado jornal «do Porto», ocupou a 14ª. página [de Polícia e Tribunais] com mais uma foto de Pinto da Costa e com estas parangonas: Rui Santos chama Rui Rio para o defender de Pinto da Costa.
Se alguém teria dúvidas sobre a noção de ética do Director do JN José Leite Pereira, elas ficaram irremediavelmente desfeitas. Ou ainda há dúvidas?
Meus senhores, enquanto este lambe-botas estiver à frente do Jornal de Notícias nunca mais o compro. E vocês, vão comprar?

23 fevereiro, 2010

Nojo!

São 23 horas e acabo de desligar a TV. A curiosidade da presença do prof. Marcelo no Trio de Ataque de hoje, levou-me a começar a ver o programa. O nojo causado pelos 40 minutos que ouvi é indizivel. Só num país como o nosso é que é possivel este tipo de espectáculo vergonhoso exibido por uma TV estatal. Ficou claramente provado que a mudança de pivot , com a presença do desavergonhado Carlos Daniel, teve como única finalidade servir de muleta ao Vasconcelos no seu apoio ao pavão vermelho. Carlos Daniel não foi um moderador, foi mais um apaixonado e enviesado interveniente na discussão dos casos dos tuneis e respectivos castigos da Liga. Permitiu-se interromper o Rui Moreira e o próprio convidado - prof. Marcelo - quando eles expunham teses que iam contra as suas convicções de benfiquista e anti-portista primário.

Num país decente e civilizado, a direcção da TV estatal em que isto ocorresse, suspenderia imediatamente o funcionário e instaurava-lhe um processo por falta de idoneidade moral e de isenção profissional. Mas estamos em Portugal, onde espectáculos deste jaez são mais uma manifestação do descalabro moral e ético da maioria dos organismos do Estado.

Perguntar ao bandido se é inocente

Deixo para os snobs gananciosos do burgo a patética ilusão de viverem num país positivo. Não há nada a fazer quando se confunde o país com o umbigo. A «pátria» dessa gente tem fronteiras bem delineadas: a conta bancária, um faustoso emprego, mais o confortável espaço das suas casas. A verdadeira pátria  destes indivíduos resume-se praticamente a isto. Curiosamente, é a este género de pessoas a quem são encomendados pareceres sobre o estado da Nação. O "Prós e Contras" é só um dos paradigmas que atesta e prova o que acabo de afirmar. E todos - ou  pelo menos grande parte de nós -permitem que lhes enfiem o  «isco» pelas goelas abaixo, engolindo-o à força.

O futebol e as rivalidades que suscita é, para além do próprio espectáculo, um excelente veículo de observação de muitos paradoxos das sociedades actuais. Em Portugal, seguindo a tradição fadista de copiar o que de pior se faz no mundo, somos mesmo «bons»... Querem exemplos? Irei apresentá-los adiante,  mas antes quero colocar-vos perante um quadro imaginário mais radical para perceberem o nível de aberrações que o conceito informativo da comunicação social está a atingir.

O quadro imaginário que vou exemplificar é um tanto grotesco, mas talvez  por isso mesmo, ilucidativo. Então, é assim: imaginem uma quadrilha de ladrões ou assassinos mais ou menos grande, conhecidos naturalmente pelo exercício de práticas criminosas, começarem a aparecer em programas televisivos para debater a própria criminalidade para supostamente nos "explicarem"  a forma de a combater... Estão a ver?

O que seria natural da nossa parte, era perguntarmos se o país, incluindo os seus insignes orgãos de Poder, não estaria completamente louco. Pois é... Mas, se em vez de ladrões, colocarmos políticos a falar de política, como será? E se nalguns debates futebolísticos, como por exemplo sucede na RTPN, tivermos dois comentadores, um do Benfica e outro sportinguista a dar pareceres sobre o FC Porto, será razoável esperar comentários isentos ou, minimamente democráticos? Não, pois não? Pois, mas é isso que acontece nas nossas barbas, num canal que, só por mera  casualidade continua a fazer questão de nos lembrar que o N que tem no fim das 4 letras de identificação [RTPN]  já não é - como foi - de Norte mas «apenas »de Notícias... E, se para cúmulo da paranóia colectiva, tivermos um fanático benfiquista como Presidente da Comissão Disciplinar da Liga de Futebol, o que dizer? Pois é, mas não vos estou a falar de realidade virtual, fálo-vos da realidade pura e dura.

Só falta descobrir como reagiremos nós, se um dia destes uma SIC qualquer nos impingir programas de suposto interesse público com pedófilos a «recomendarem-nos» métodos avançados para protecção de crianças...

Quem com o silêncio os "absolve" [aos pedófilos], também pode promovê-los.

22 fevereiro, 2010

Foi só uma ilusão

Na noite passada tive um sonho curioso que quero partilhar com os leitores deste blogue.
Um tsunami tinha atingido a costa portuguesa, mas tratava-se dum tsunami que os cientistas chamam de "selectivo". A gigantesca onda apenas colheu gente ligada ao futebol. Foi o Ricardo Costa, o Madail, o Herminio, o Vitor Pereira, o Vieira. Por razões inexplicaveis, apenas dois árbitros, o Paixão e o Baptista. Pseudo-jornalistas e paineleiros foram alguns, entre os quais o Serpa, o Guerra, o Delgado, o Marcelino e também, segundo constou, o Cervan e o Vasconcelos. Ignora-se o que aconteceu a todos eles, e as opiniões dividiam-se. Uns diziam que tinham ido para o fundo do mar, arrastados para baixo pelos enormes pesos que tinham nas suas consciências. Outros argumentavam que isso não era possivel pela simples razão de nenhum deles saber sequer o que é ter consciência. Inclinavam-se mais para a hipótese de terem sido arrastados para uns ilheus desertos no meio do Pacífico, onde tentavam sobreviver comendo peixe crú e bebendo água da chuva, recordando com imensa saudade os restaurantes de luxo onde se reuniam para estudar e pôr em prática as estratégias destinadas a que o clube do regime fosse sempre campeão nacional.

Os novos dirigentes do futebol profissional decidiram então que os principais jogos da primeira Liga seriam dirigidos por árbitros estrangeiros de reconhecido mérito. Os árbitros nacionais ensaiaram uma greve de protesto, mas vendo que não conseguiam nada, desistiram e voltaram a apitar. Erros continuaram a ocorrer, mas com a diferença que deixaram de beneficiar sempre o clube da capital que havia sido pré-designado como campeão.

Acordei com a sensação de respirar um ar mais saudável, menos pestilento, mas logo caí na realidade e me rendi à evidência de que se tinha tratado de um mero sonho e não duma verdadeira operação de desratização. Infelizmente.