12 março, 2010

As tristes voltas que o PSD/Porto dá

Não sou grande coisa a fazer prognósticos para o Euromilhões, mas parece-me que vou tendo algum feeling para acertar em alguns resultados políticos. Ainda é cedo para cantar a "vitória", porém tudo parece apontar para o desfecho que previ aqui há uns dias.

Pedro Passos Coelho, segundo o Grande Porto, dá ideia de estar a ganhar vantagem aos seus adversários de partido para o poleiro do PSD, contrariando aparentemente [por agora] a estratégia da lebre defendida aqui pelo amigo António Alves. É que o clima já ultrapassou o âmbito corporativista dos interesses partidários para passar para o das guerrinhas pessoais pelo assalto ao Poder, o que ainda abala mais a paupérrima imagem das pindéricas elites regionais.

Agora, Miguel Veiga decidiu virar o bico ao prego e já não apoia Paula Rangel. Se assim for, a lebre já não pode ser o Rangel... O Aguiar, ao que parece, como lebre deve ser mais rápido...
Isto, se é que há mesmo "galgo" para a perseguir.

Cantou a semana passada na Casa da Música, no Porto



É uma das vozes femininas mais límpidas que ouvi até hoje!

Bom fim de semana!

Nota:
Se há casos em que certos ditos populares são pertinentes o que se aplica da Joan Baez é um deles. O termo, «é como o vinho do Porto, quanto mais velho melhor», encaixa-lhe que nem uma luva. Se não reparem como ela era em 1965, e como é agora, uma respeitável, finíssima e bela mulher.

The Manhattan Transfer/Chanson d'amour

Glorioso até no ridículo

Clicar sobre a imagem para ler
Peço as minhas humildes desculpas pelo tauromáquico tom da imagem. A responsabilidade não é minha, é do jornal Público que, coerentemente, tratou de ligar o "artigo" com as cores do respectivo clube. Sei que fica piroso aqui, mas não se preocupem, fica piroso em qualquer lugar...
BENFICA CRIA CLÁUSULA NO CONTRATO DE JORGE JESUS QUE APENAS O AUTORIZA A ASSINAR POR OUTRO CLUBE QUANDO APRENDER A FALAR PORTUGUÊS
A excelente campanha do Benfica motivou a cobiça de grandes clubes europeus em Jorge Jesus, pelo que o Benfica pretende blindar o técnico com uma clásula milionária. Porém, como o que não falta aos grandes clubes na Europa é dinheiro, o Benfica pretende ainda que Jorge Jesus se comprometa por escrito* a que apenas abandonará o clube quando adquirir um vocabulário com mais de 20 palavras e aprender a usar frases com sujeito, verbo e complemento directo, o que equivaleria a um contrato vitalício com os encarnados [José Veiga teve unm contrato semelhante e apenas saiu do Benfica quando conseguiu deixar de falar, como previa a cláusula, no dialecto que os descendentes de Afonso de Albuquerque falariam se tivessem ficado isolados, durante 500 anos, nas ilhas Molucas]. Jorge Jesus já assinou o contrato, com o dedo, após molhá-lo na tinta cinzenta que usa no cabelo para se assemelhar ao José Mourinho. VE [Público]
*Sugeria que o mesmo compromisso se estendesse ao Orelhas

11 março, 2010

Confrangedora fraqueza regional

É impressionante a incapacidade de afirmação dos responsáveis pela CCDRN [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento para a Região Norte] e da Junta Metropolitana do Porto. Mesmo com uns ligados ao PS, e os outros ao PSD, o conformismo piegas como expressam o seu descontentamento perante os sucessivos actos de desconsideração do Poder Central para com a Região Norte, é irritante e confrangedor. Só sabem lamentar-se!
Ora, é o Rio que "chora" baixinho para ninguém o ouvir, ora é o Lage que se limita a lamentar. Nem um, nem outro, revelam a mínima capacidade de luta, de reinvindicação e liderança. Ambos, representam a antítese do que é o princípio do mérito pelas competências. São, tão só, aquilo a que o Povo chama gente com sorte. Mas o Povo também tem a que merece, por continuar a eleger os seus representantes em função da "gracinha" que lhes descobrem e não pelas suas capacidades. Cair em graça é uma benção, como é o caso.
O Presidente do Governo Regional da Galiza, ao que consta, disse a Carlos Lage que pretende acelerar a construção da linha ferroviária de alta velocidade do lado da Galiza e Carlos Lage limita-se a discutir o sexo dos anjos. Isto é, convenceu-se que só pelo facto de dizer coisas promove uma atitude.
O Governo ainda há dias anunciou o adiamento por 2 anos das linhas Porto-Lisboa, Porto-Vigo, e Carlos Lage limita-se a "defender" a aceleração da linha do lado português. Pronto. É assim que os PQT's [os políticos que temos] olham pelos interesses da região e concluem o trabalho de casa. Ou seja, contrariando com palavras de circunstância as decisões do Governo.
Continuem assim, doces e politicamente correctos, O futuro pertence-vos.

10 março, 2010

O galgo...

Feita a desnatação, o galgo aquece para se aproveitar do trabalho da lebre...

Post aberto ao Prof. Jesualdo Ferreira

No rescaldo de uma jornada europeia [que me dispenso qualificar], ainda mal digerida, quero dizer-lhe o seguinte, caro professor: obrigado! Sinceramente, obrigado. Pelo pragmatismo inquestionável de 3 campeonatos ganhos a fio, e pela seriedade com que desempenhou as suas funções como treinador do FCPorto. Obrigado outrossim, por ter de lidar com corpos estranhos ao bom desempenho do seu trabalho, como os processos dos apitos, os filmes e as escutas, mas esses, foram obstáculos externos ao FCPorto criados por gente de um clube que o senhor muito bem conhece... Será pois irrelevante , lembrar que o Presidente do FCP também se pôs a jeito, porque se formos por aí, podíamos fazer milhares de telenovelas com a devassa da vida privada de alguns protagonistas do Mundo do futebol...
A minha gratidão começa e termina aqui, Professor. Por quê? Porque não gosto do futebol que dos seus conhecimentos técnico-tácticos é produzido. É pouco empolgante e demasiado medroso. Como já aqui tenho dito, vence mas não convence. Ontem, no final de um jogo importante, na maior montra do futebol mundial, o senhor perdeu créditos pessoais e comprometeu os do meu clube.
De quem é a culpa? Não. A questão não deve ser colocada assim, porque nem o senhor cometeu nenhum crime, nem eu sou juiz, para falarmos em culpa. Sou apenas um adepto, com opiniões próprias. Para sermos correctos, a questão que tem de ser formulada é: de quem é a responsabilidade.
Ora, vamos a ver se consigo explicar-me com algum rigor para me livrar de comentários apressados de alguns furiosos, semelhantes às heresias da Santa Inquisição. Num grupo de homens, neste caso, numa equipa de futebol, há um treinador a equipa técnica e os jogadores. Este é o universo restrito do foro desportivo de um clube. Antes de um treinador se engajar com um clube e fechar o contrato com a respectiva Administração, devem ser colocadas de parte a parte as condições de trabalho. A saber: remunerações, e quem tem a responsabilidade da escôlha dos jogadores e da equipa técnica para as futuras épocas. Se o treinador, se qualquer departamento do clube. Aqui, só há duas vias possíveis, mas seja ela qual for, a partir do momento em que são aceites, a responsabilidade pela decisão continua a caber exclusivamente ao treinador. Porque, na eventualidade de ser atribuída a outra pessoa que não ao treinador a função de programar o grupo de trabalho [jogadores incluídos], se o treinador discordar, só tem é de renunciar ao contrato, ou então, persuadir a entidade patronal a oferecer-lhe dentro de uma lógica de racionalidade económica e financeira sensata, os jogadores que ele quer para fazer o seu trabalho com eficiencia.
Por isso, se os jogadores que tem são os que o Professor quis ou se lhe foram «impostos», só você pode responder, se aceitou trabalhar nessas condições. Agora, caso venha a sair do clube a bem, faço votos para que preserve a imagem de seriedade que deixou aos adeptos e à Administração do FCPorto e não enverede por justificar os seus erros em programas de televisão como alguns costumam fazer. No seu caso, apresentava a minha demissão e deixava ao clube o ónus de o preservar ou dispensar. Ficava-lhe bem esse gesto.
O problema de alguns adeptos do FCPorto, caro JFerreira, é recearem dizer o que pensam para não melindrarem o Presidente Pinto da Costa, porque já sabem qual é a reacção dele nestas situações. Mas não confundamos as coisas. Pinto da Costa faz o seu papel. Como grande líder que é, nunca cairá na tentação de se associar às críticas dos adeptos [como eu e outros] mesmo que intimamente lhes reconheça alguma razão.
Mas nós, Professor, não somos o Presidente Pinto da Costa nem temos que pensar e reagir como ele porque não temos a responsabilidade de tomar decisões, por isso, podemos divergir à vontade da previsível reacção de PdC porque, no fim, é ele quem decide [pelo menos, continuo a acreditar nisso].
Não obstante, temos todo o direito de fazer críticas como o de tecer elogios, desde que estruturados com ideias sérias, sinceras e decentes. E fazê-lo, deixemo-nos de dramas, não é colocá-lo numa cruz. Que exagero!

09 março, 2010

E agora? (Parte II)

Estou calmo, calmíssimo após este desastre anunciado e temido por todos os portistas, ainda que com previsões muito bem embrulhadas em piedosas esperanças infundadas, como se o futebol fosse um jogo de azar. Não é, porque não sendo uma ciência exacta, não é também uma espécie de pocker de dados.

Neste momento tenho um desejo e uma espectativa.

O desejo era que a época futebolística acabasse rapidamente, se possível já amanhã, para que pudéssemos começar de novo numa base mais sã que a actual, em que parece que tudo está a dar para o torto.

A espectativa é saber que Pinto da Costa vamos ter, uma vez que para os portistas é ainda ele que corporiza a essência do clube e a solução dos problemas. Vejo vários cenários possíveis.

a) Mantém-se o isolamento da administração da SAD na sua torre de marfim, aparentemente autista e tomando decisões das quais não dá satisfações nem explicações ao núcleo vivo do clube, que são os seus adeptos.

b) PdC e a SAD têm um sobressalto dirigindo-se publicamente ao universo portista para prometer medidas e radiosos amanhãs que cantam, seguindo-se a queda na opacidade habitual.

c) Voltamos a ter o PdC de antigamente, que quanto mais dificuldades e problemas havia, mais o seu engenho e argúcia se revelavam, tomando decisões acertadas e oportunas, cortando a direito e, no fim, levando o barco a bom porto. Sabemos todos que PdC não é, nem pode ser, o mesmo de há anos atrás, e sabemos também que os condicionalismos da governação do clube - agora uma SAD - são diferentes, mas mesmo assim o Presidente ainda é um capital de esperança.

d) PdC demite-se e vai gozar uma merecida reforma, abrindo caminho a uma nova administração.

Alguma coisa tem de acontecer, e acontecerá certamente. Nisto eu acredito, e acredito também que seja coisa boa.

Alzheimer de quem?

De Jesualdo, ou de alguns adeptos acríticos e fanáticos?
Sr. Pinto da Costa, renove-lhe o contrato! Ele merece... A culpa, é dos adeptos, como eu.
Seguramente.

Norte? É só um ponto cardeal

À medida que o tempo vai passando começo a convencer-me, com certo desgosto, que o Homem do Norte não passa de um mito. Tanto na política, na vida empresarial como no desporto, já poucas são as figuras cintilantes que se demarcam da medíocridade. Até Pinto da Costa, um ícone da cidade/região, foi reduzido a um silêncio castrante por uma indecorosa e patética justiça desportiva corporizada por catraios absolutamente desqualificados. Bem vai lutando ele, apesar de na sua cidade serem poucos os que se arriscam a dar a cara para o apoiar. Durante estes 2 anos e tal que durou a ignóbil novela do Apito Dourado, foram poucas as figuras públicas da cidade que arriscaram colocar-se ao seu lado a dar-lhe o apoio e a solidariedade que ele merecia.
Rui Rio, é no panorama político nortenho o homem que menos afinidades tem com o carácter dos tripeiros, ou daquilo que dele resta. Mas, essa, é uma carta fora do baralho. Aqueles que, como eu, nunca lhe reconheceram méritos para governar o Porto são os menos responsáveis pelo declínio da cidade desde que ele é Presidente da Câmara. Os outros, os que lhe deram o voto, não se podem disso orgulhar, a não ser recorrendo à inversão da realidade dos factos. Mas isso - eles sabem-no -,é fazer batota, é sonegar a verdade.
Contudo, Rui Rio não está só, neste marasmo de afirmação regional. O Norte de hoje, "notabiliza-se" por silêncios de submissão e arremedos de oportunismos. À excepção de Rui Moreira, que apesar de "preso" à discrição imposta pela sua actividade com ligações ao empresariado local, ainda vai debitando alguns protestos pontuais ao poder instituído, não há ninguém que faça a diferença. Os portuenses estão condenados a contar consigo mesmos, porque não há gente capaz para liderar seja o que for nesta cidade. Da esquerda à direita, não há ideias, projectos, ambições comunitárias. Só ambição pessoal, mais nada!
Há ainda muitos resquícios do passado, no Portugal de hoje. O país habituou-se ao desenrascanço para se governar, e assim continua. Ninguém é capaz de lhe colocar ordem, nem rumo. Hoje, os aparelhos partidários não são mais do que plataformas de acesso priveligiado ao emprego, ou ao negócio. Não sou eu que o está a inventar, são os partidos que, no êxtase das suas ambições corporativistas e de amiguismos, nos dão prova disso. São as negociatas, os bancos, os sucateiros, a promiscuidade entre instituições, os prazeres doentios, a pedofilia, os compadrios, as "companhias/contactos" que eles mais estimam. Eu dou-te um emprego se me fores fiel [e ao Partido], é o lema para o voto seguro. Só que, como não há empregos para todos, porque não há governabilidade que dinamize o mercado, também não pode haver uma grande expressão de votos seguros, e assim se perdem também eleições.
Quase em desespero, os opinadores de serviço, apelam sem pudor, à iniciativa privada, à criação do próprio emprego como se apenas da vontade do indivíduo tal dependesse. Omitem [porque sabem], que para abrir um negócio não é só da bondade de um projecto que ele depende, mas do acesso ao crédito a que ele está condicionado. Este detalhe, raramente é abordado de forma clara porque se o fizessem estariam a confessar a demagogia destas iniciativas. Por este andar não vamos lá.
A sociedade privada tem de avançar pelo seu próprio pé, mas só os ricos o podem fazer com recursos próprios, os outros, a grande maioria, só o poderá concretizar com a colaboração do Estado. Negar isto, é brincar com coisas sérias. Quantas e quantas situações conhecemos de gente altamente criativa que depois de apresentar os seus produtos às indústrias locais os vêem recusados? E quantas vezes, esses mesmos produtos, acabam pouco mais tarde por serem colocados no mercado nacional depois de importados? Como contornar isto se são as chamadas elites quem dá estes tristes exemplos de desmotivação? A Banca raramente arrisca. Só avança quando já pouco tem a arriscar. Para quê afinal tanto folclore, tanta imitação circense?
Palhaços, continua a ser o nome que melhor assenta à casta política. Ou, aldrabões?

08 março, 2010

Oportunidade

O que pode parecer uma ameaça pode ser transformado numa oportunidade. Este abandonar definitivo dos projectos de linhas de “tgv” que têm o Porto como origem/destino deve ser transformado numa oportunidade para pôr em causa todo este processo e abandonar definitivamente o que foi projectado até aqui. Incluindo, obviamente, a Ligação Lisboa-Badajoz sob pena de a Norte se ter de enveredar pela desobediência civil para não termos de pagar uma ligação ferroviária absurda que não serve mais de metade de Portugal. Esta ameaça deve ser claramente feita pelas forças vivas desta Região. Não estamos em condições de pagar, com o nosso dinheiro, o nosso sacrifício, e a insustentabilidade do nível de vida das nossas gerações futuras, uma ligação ferroviária que nos exclui.
O processo deve retornar à estaca zero. Um verdadeiro Plano Estratégico Ferroviário deve ser pensado e formulado de acordo com os seguintes objectivos essenciais:
  • 1- Mudança de bitola das nossas vias férreas, da ibérica para a europeia, de modo a que no futuro (já não muito longínquo) não corramos o risco de ficar ferroviariamente isolados do mundo.
  • 2- Revitalizar a nossa rede clássica desenvolvendo principalmente as ligações inter-regionais com particular incidência nas regiões mais densamente povoadas, e.g., o Entre-Douro-e-Minho e Região Centro, para desincentivar o uso exagerado do automóvel em distâncias até 150 km.
  • 3- Reformular a rede, dando-lhe uma configuração em malha, para que todas as capitais de distrito se encontrem ligadas entre si, na menor distância temporal possível, principalmente as que se inserem na mesma região.
  • 4- Todas as actuais linhas e as novas a construir devem ser projectadas para tráfego misto de mercadorias e passageiros.
  • 5- Transformar a rede ferroviária numa importante alavanca para a competitividade da indústria turística. Quem chega ao aeroporto do Porto deve fácil e rapidamente poder chegar, usando o comboio, ao Douro, a Braga, a Guimarães, a Barcelos, a Viana do Castelo, e, inclusivamente, a Santiago de Compostela. Para isso o Aeroporto Francisco Sá Carneiro deve ser ligado à rede ferroviária clássica anulando o missing link de apenas 2,5 km que obsta a que isso seja já hoje uma realidade. A reformulação do traçado, e do sistema de exploração da linha litoral algarvia, para parâmetros modernos e eficientes, deve ser levado a cabo. A Linha do Douro e os seus ramais, até Salamanca, deve ser considerada como de fundamental importância estratégica para o desenvolvimento da emergente indústria turística desta região que tem crescido continua e sustentadamente nos últimos anos.
  • 6- As ligações internacionais, desde já em bitola europeia, devem ter como objectivo prioritário facilitar o tráfego de mercadorias e ligar as regiões portuguesas mais exportadoras ao nó logístico de Salamanca - Medina Del Campo - Valladolid.
  • 7- Estruturar ferroviariamente a mega região que vai da Corunha a Setúbal com uma linha de altas prestações, sendo a sua velocidade adequada aos objectivos e condicionalismos pontuais. Uma velocidade média de percurso na casa dos 200 km/h parece-nos ideal.
  • 8- Modernizar as outras ligações a Espanha actualmente existentes, elevando-as para patamares modernos e consentâneos com as exigências dos nossos dias.

Em resumo, deve-se projectar uma rede ferroviária moderna, de altas prestações, com velocidades adequadas caso a caso, que seja uma alavanca para a competitividade da economia nacional e para a coesão territorial. Deve-se deixar definitivamente de falar em “tgv’s” e ligações megalómanas e caríssimas, que servem apenas a vaidade insana duma capital que se julga ainda com um império mas não tem onde cair morta, e os interesses estratégicos do estado espanhol que, legitimamente, os promove, mas que não são definitivamente os nossos. Estas megalomanias, sem mercado que as sustentem, porão em causa o futuro daqueles portugueses que hoje ainda não têm capacidade de decisão e que serão onerados para toda a vida com uma dívida gigantesca que a estupidez dos seus pais e avós gerou.

Boa sorte ao FCPorto para amanhã!

Eu sei que o futebol é um fenómeno social apaixonante que exerce sobre os adeptos toda a sorte de sentimentos muitas vezes confusos e contraditórios. Mesmo as pessoas mais frias e racionais, têm dificuldade em lidar com as más performances do seu clube, sobretudo quando estas são partilhadas com derrotas. E quando esse clube se habituou a ganhar ainda é pior.
Amanhã, o FCPorto vai jogar contra o Arsenal a continuidade na mais prestigiada prova do Mundo: a Liga dos Campeões Europeus. Como qualquer adepto normal e sem sinais de Alzheimer [este é um termo de mau gosto mas que parece aceitável para alguns adeptos...], o meu desejo é que tudo corra pelo melhor ao meu clube e que saia de Londres no mínimo com um empate, ou se possível com uma victória que lhe dê o acesso à fase seguinte da competição.
Mas os meus desejos não me impedem [nem devem impedir] de ser realista e de reconhecer a má forma da equipa neste momento, para recear que os meus votos não possam ser concretizados. Tenho a certeza que todos os adeptos do FCPorto, mesmo os mais "doentes" [como o Dragão Vila Pouca], sentem o mesmo, mas lá no fundo, no fundo, percebem que tal como as coisas estão, vai ser muito difícil sair de Inglaterra como * gostaríamos, ou seja, apurados. Diz o povo que a esperança é a última coisa a morrer, agarremo-nos então ao provérvio popular já que não podemos valer-nos de argumentos mais pragmáticos...
Paira infelizmente na cabeça de certos adeptos [e adeptas] a convicção de usufruirem uma espécie de estatuto privilegiado que lhes confere o direito de impedir outros adeptos de criticarem a sua equipa ou o seu treinador quando acham que o devem fazer. E fazem-no de tal maneira que mais parecem adversários e isso é que é lamentável.
Para esses, volto a afirmar o seguinte: eu sou uma pessoa independente que não abdica em nome de coisa nenhuma, de dizer e escrever o que pensa, mesmo que isso possa incomodar muita gente, e não lhes darei o direito de ultrapassarem os limites do razoável por mim definidos. E a este propósito ficam a saber que farei as críticas e os elogios que entender e quando achar oportuno. Sou eu quem faz essa selecção, mais ninguém. Ponto.
Agora vou-vos colocar perante um quadro que não sendo o do rectângulo de um campo de futebol pode ajudar alguns fanáticos a ver luz no fundo do túnel [não o fundo do túnel da Luz, que esse é mais difícil...].
Estamos numa sala de aulas, numa escola. Pergunto: será sério e pedagógico não distinguir os bons dos maus alunos? Vamos dar a todos a mesma nota positiva, quando só alguns se esforçaram para a merecer? Vamos aplaudir [não digo apoiar] os maus alunos, ou, como faziam, e bem, os nossos avós e velhos professores, dar-lhes uma salutar reprimenda ainda que aliciando-os a uma maior aplicação com os livros? Numa sala de espectáculos, é inteligente permanecer indiferente às capacidades individuais de cada actor mesmo que a trabalhar em equipa? Será justa e minuciosa esta forma de apreciar as coisas?
Qual é a diferença com o futebol? Por que é que temos sempre de dizer que a equipa joga bem quando joga mal? Voltando ao jogo de sábado com o Olhanense, pergunto-vos: acham que, pelo que jogou o FCPorto merecia ganhar? Peço-vos que ponham por segundos o coração de lado e que respondam com honestidade. Será razoável, mesmo que tenhámos uma secreta dívida de gratidão para com um treinador que já nos deu algumas victórias, elogiá-lo quando, depois vários [muitos] jogos decorridos repararmos que a equipa produz um mau futebol, não se aplica, não sua a camisola, não corre e perde jogos em casa com equipas acessíveis? De quem é a responsabilidade no terreno de jogo? Dos adeptos? De Pinto da Costa? Da SAD? No campo, para o bem, mas também para o mal, o treinador é o único responsável.
Agora, que querem que vos diga mais? Que tenha uma varinha de condão para prever o que acontecerá amanhã em Londres? Impossível! Com um FCPorto que jogou para a Taça admiravelmente contra o Sporting e lhe pregou 5 golos, e deu 4 ao Braga para o Campeonato, e logo a seguir se desmoronou como um baralho de cartas num jogo de tudo ou nada com o mesmo Sporting para o Campeonato, e empatou em casa com o Olhanense, em que é que ficamos? Temos razões para continuar a acreditar no trabalho de Jesualdo? Eu respondo por mim: não! A única coisa que nos resta é acreditar, ter fé! Ora, sendo certo que acreditar é sempre positivo, nós portistas sempre nos habituámos a acreditar mais nas competências dos nossos treinadores do que a acreditar no clube movidos por simples actos de fé. Nós acreditámos em Pinto da Costa pela competência de que deu provas ao longo de muitos anos. É a esse tipo de fé que nós gostamos de nos agarrar.
E não se esqueçam nunca de um detalhe importante. Enquanto Pinto da Costa estiver à frente do FCPorto e mostrar as mesmas aptidões, é mais fácil a qualquer treinador ganhar pela 1ª. vez na sua carreira uma competição, do que a perder. Se recuarem no tempo podem começar a contar a série de treinadores ilustres desconhecidos que só depois de passarem pelo FCPorto se conseguiram notabilizar. Foi assim com Artur Jorge, com Mourinho, com Fernando Santos e agora, com Jesualdo Ferreira. Portanto, há mais FCPorto para além dos treinadores e dos próprios jogadores. Para mim, em primeiro lugar está o clube, sempre o FCPorto. Espero que concordem comigo, sobretudo aqueles que se convenceram que têm o FCPorto na barriga...
Amanhã, só quero é ser surpreendido! É tudo. E é muito, podem crer.
*
Por motivos imprevistos tive de interromper aqui este post antes de o terminar. As minhas desculpas aos amigos leitores.

07 março, 2010

Regionalização - Mal-me-quer, bem-me-quer...

... é assim que a classe política trata o tema da Regionalização, como crianças crescidas brincando aos amores de pequeninos. Enquanto estão na oposição e as eleições ainda vêm longe, desfazem-se a defender a Regionalização ou a carpir arrependimentos por antes terem votado contra. Quando as eleições para a Direcção dos Partidos deixam de ser uma miragem e o cheiro do Poder os invade realizam autênticas acobracias nas suas convicções ou simplesmente deixam de falar sobre o assunto.
É claro que, bazófios como são nada os demove de encontrarem no baú da argumentação jurídico politiqueira que tanto prezam e acarinham, uma boa dúzia de pretextos para contradizerem o que ainda há poucos dias afirmavam com a mais «profunda convicção». Estão-se nitidamente a borrifar para os eleitores e com o que estes pensam deles, o que lhe interessa, obsessivamente, é o Poder. Chico espertice pura e dura. Eles nem se dão conta do ridículo em que caem.
Esta guerra aberta, entre os 3 candidatos à Presidência do PSD com boas hipóteses de se estender a um 4º. candidato [Marcelo Rebelo de Sousa], vai ter um final mais do que previsível.
Se Marcelo não avançar, como já é habitual, a disputa pelo lugar ficará limitada a Pedro Passos Coelho, Paulo Rangel e Pedro Aguiar Branco. Estes dois últimos, são do Norte. Um, diz que é o único com propostas para o país [Paulo Rangel] e nem sequer fala sobre Regionalização. O outro [P.Aguiar Branco], diz-se regionalista, mas não tem pressa, o que significa que as suas convicções sobre a temática são tão profundas que bem podem esperar... Se isto não é demagogia, ou , a tal volta brusca de 180º de que atrás vos falei, então não sei o que é.
O que sei, e aposto desde já, singelo contra dobrado, é que os dois candidatos do Porto escancararam pateticamente as portas da Presidência a Pedro Passos Coelho. Já perderam. A falta de vontade política, ou de coragem para apresentarem ao eleitorado novas propostas [Regionalização] com alternativas concretas distintas dos anteriores candidatos [Luís Filipe Menezes e M. Ferreira Leite] e sobretudo do actual Governo, em contraponto com o low profile do lisboeta P. Passos Coelho será o bastante para dar a vitória a este último. Querem apostar?
Os colegas de Luís F. Menezes e actuais candidatos à cadeira do PSD, parece ainda não terem percebido que não foi a célebre frase do sulistas, elites e liberais que o impossibilitou de se manter ao leme do PSD, mas justamente o facto de mudar radicalmente o discurso [incluindo o da Regionalização que antes defendia]. Os eleitores não costumam perdoar estas bruscas mudanças "ideológicas" porque as associam e bem, ao medo. Pessoalmente, estou convencido que tendo Luís Filipe Menezes - contra as melhores expectativas - conseguido chegar ao topo, só lhe restava acentuar o discurso regionalista. Numa primeira fase iria seguramente deparar com alguns anti-corpos, mesmo dentro do próprio partido, mas iria capitalizar a jusante a confiança de um numeroso eleitorado [os abstencionistas] que não se sentia representado em qualquer outro partido ou candidato e dar assim sinais expressivos de liderança. Como não o fez, deitou por terra a reputação que, com toda a justiça, conquistou pelo trabalho executado à frente da Câmara Municipal de Gaia.
Estes novos candidatos nortenhos, estou convencido, não vão por isso passar de candidatos. Porque mais uma vez, olham para Lisboa pensando que é o país. De facto, parece, mas felizmente ainda não é.