17 setembro, 2010

Campus da Justiça do Porto

Do conjunto de links do GP apresentados anteriormente destaco, pelo insólito, a notícia intitulada "Juízes denunciam irregularidades no Campus da Justiça do Porto".

Só num país onde o respeito pelos compromissos assumidos é pouco mais do que figura de retórica é que seria possível  a uma empresa contratada  enganar o seu cliente mesmo quando esse cliente é um Ministério e,  por ironia... o  Ministério da Justiça.

Além do crónico atraso no arranque da obra [era para começar  em Janeiro], o consórcio liderado pela OPWAY de Filipe Soares Franco, vem agora reclamar uma alteração ao valor da renda estabelecido contratualmente.

Das duas, uma. Ou está toda a gente louca, ou foi o próprio Governo que, por inércia deixou decorrer o tempo sem  avançar com o processo dando azo a que o proprietário/construtor queira agora rever os preços com  juros de mora. Se as Finanças homologaram o valor da renda em Junho de 2008 e só deferiram o parecer do respectivo contrato em Novembro de 2009, então, a triste conclusão que se pode retirar é que o desrespeitador-mor foi o próprio Estado.

 Haja, optimismo. Porreiro, pá!

Resumos de notícias do semanário Grande Porto





 Porto: Juízes denunciam "irregularidades" no Campus da Justiça

 Porto: Câmara obrigada a intervir para evitar ruína de 20 edifícios

Sá Carneiro: Projectos da ANA não cumprem plano de investimentos



Obs. RoP
Não terá chegado a hora do Grande Porto passar de semanário a diário? Por mim, substituia-o já pelo JN...
De que esperam?

16 setembro, 2010

Chantagear sim, mas com estratégia...

Adeus ao título?

O medo é directamente proporcional à reacção. E parece-me que o medo que o Benfica tem de já terperdido o campeonato é do mesmo tamanho da reacçãoo clube na sequência da disparatada arbitragem de Olegário Benquerença em Guimarães.

Só assim se explica que o Benfica dispare em todas as direcções e esgote todas as munições* à quarta jornada. O benfica reclama intervenção do Governo. Considera o secretário de Estado do Desporto "persona non grata". Atira-se a Joaquim Oliveira, à Olivedesportos e à SportTV. Pede aos adeptos para não aparecerem nos jogos do Benfica fora da Luz. Admite boicotar a Taça da Liga. Tudo isto para além do óbvio ataque a Vitor Pereira e a Olegário Benquerença.
Ninguém tem dúvidas que Benquerença prejudicou inequivocamente o Benfica com influência no resultado, mas esta estratégia do "atirar em tudo o que mexe" só vai resultar se o Benfica começar a jogar bem [e não joga desde Maio] e se as vitórias aparecerem. Se assim for, a estratégia é eficaz. Se o Benfica voltar a perder, se continuar com jogadores desinspirados e sem a chama da época passada, aí não vai ser fácil encontrar [boas desculpas] e descobrir novos inimigos.

[Crónica de Hugo Gilberto, no JN de hoje]

* O negrito é da minha responsabilidade

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Nota do RoP

Alguém um dia me disse que Hugo Gilberto é portista. Custou-me a crer [e continua a custar]. Mas, se é verdade ou não, pouco interessa, até porque os sinais que vai deixando passar apontam claramente para outra cor clubista, na linha da do seu director, um benfiquista mal camuflado com a camisola do Paredes... Para mim, preferia que fosse apenas imparcial, tanto nos programas que faz, como nas crónicas que escreve. Pelo menos, seria isso que se exigeria de um funcionário do Estado, como é o caso.

A crónica acima transcrita espelha bem a mentalidade perversa que paira na sociedade, onde a fronteira entre interesses e valores é tão ténue tão ténue que até se confundem. Senão reparem: o cronista, em vez de censurar tout court a atitude chantagista e prepotente do Benfica, não,  limita-se a discordar da forma. Ou seja, como ele próprio escreve, a estratégia de atirar em tudo o que mexe será eficaz se o Benfica não esgotar  já todas as munições e ...se jogar bem. Por outras palavras, ou nem por isso:  para o jornalista, tudo o que o Benfica está agora a fazer, como seja, pressionar sem ponta de pudor os árbitros, a Federação, a Liga e o próprio Governo, não é de persi um acto condenável,  mas antes uma estratégia eficaz desde que a equipa jogue um pouco melhor.

Ainda que mal pergunte: que espécie de raciocínio é este? Ético, mercantil ou demencial?

Deve ser por haver  tanta "confusão" nestas luzidias  mentes que certos jornalistas vendem a alma ao diabo. Em nome da eficácia estratégica, seja lá o que isso for. 

Sem sombra de pecado

Vejam bem. Do sul, mais precisamente da capital, onde tudo se decide e controla, os media sufocam-nos diariamente com suspeições de toda a ordem, com especial obsessão pelo  futebol que é, apesar das resmas de processos levantados contra os clubes regionais, o único sector que ainda não conseguiram aniquilar completamente [leia-se F.Clube do Porto]. Para tal, qualquer pretexto serve. Um telefonema, um árbitro, uma fruta, um olhar, um bocejo, um croissant,  tudo serve para forjar conspirações.

Ao contrário, "lá longe" em Lisboa - como dizia o idolatrado Scolari quando falava do Porto - a coisa já não se passa assim. Não há promiscuidades, nem Ruis Rios, em bicos de pés, a brincar ao homem sério. Tudo é cristalino, insuspeito, notoriamente exemplar... Os políticos e ex-políticos atiram-se a tudo. Candidatam-se a Presidentes de Clubes, a Administradores de Empresas [grandes, com ou sem off-shores], de Bancos, de Federações Desportivas, a 1ºs. Ministros, a Presidentes da República e por aí fora. A tudo se permitem, excepto cumprir satisfatoriamente com aquilo para que foram legalmente mandatados, isto é: governar. No Porto, temos a melhor Universidade do país, mas Lisboa trata-nos como provincianos! Fará algum sentido este aparente paradoxo?  Faz. Lisboa é, a opinião, o resto, fica lá longe.

Agora, é Ribeiro e Castro a colocar-se na grelha de partida para a candidatura  [pasmem só] a Presidente da República, depois de se ter candidatado a Presidente do Benfica. Sem promiscuidades... E qual é problema, perguntarão os maníaco-liberais? Nenhum, diria eu, até porque, alternativa por alternativa, ficaria tudo na mesma. E o oportunismo também. Tudo boa gente, sabedora, digna, rigorosa.

Já que falamos em promiscuidades, sugeria ao Sr. Ribeiro e Castro que se juntasse àquela comandita - não promíscua, obviamente -, que costuma sentar-se na bancada do Estádio da Luz.

Pelo menos, 6 milhões de votos estão no papo. Faça-se pois à vidinha senhor futuro Presidente, porque a concorrência é muita! Em nome do Benfica [ó desculpe-me, senhor Presidente] queria dizer, em nome de Portugal.

PS-Esta noite vou ter difilculdade em dormir. É que não sei em que candidato votar.

15 setembro, 2010

CCDRN conclui que "rectificações" que a Câmara do Porto propõe "alteram" o PDM

Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte concordou com a oposição de que a proposta aprovada pela maioria PSD/CDS-PP configurava algumas alterações ao PDM do Sea Life

A Câmara do Porto nunca chegou a enviar para publicação em Diário da República uma proposta sobre "correcções e rectificações" ao plano director municipal (PDM), aprovada pelo executivo a 15 de Dezembro de 2009. O documento mereceu o voto contra da oposição, por tanto o PS como a CDU entenderem que incluía alterações ao PDM. Chamada a pronunciar-se, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) confirmou, em alguns pontos, as questões da oposição. O município quer, agora, ouvir o Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAOT).

Foram muitas as dúvidas levantadas pelo PS e pela CDU aquando da aprovação do documento que o vereador do Urbanismo, Gonçalo Gonçalves, levou ao executivo no final do ano passado, e a celeuma continuaria, depois, com o Bloco de Esquerda (BE). Entre as mudanças mais polémicas introduzidas ao texto do PDM estava uma referência à Unidade Operativa de Planeamento e Gestão (UOPG) n.º 6 - Parque Ocidental. Com a "correcção" introduzida deixava de estabelecer-se que "esta UOPG é concretizada através de um plano de pormenor", passando a considerar-se que "deve ser concretizada através de um plano de pormenor".

Este foi um dos pontos em que a CCDRN não teve dúvidas em decidir pelo "não enquadramento" nas meras correcções previstas na lei. "Em nosso entender [...] "é" tem claramente uma força impositiva diferente de "deve ser"", defende a CCDRN numa exposição a que o PÚBLICO teve acesso. "Se o argumento é que é indiferente a redacção de um e outro, mais uma vez insistimos, então não se altere", conclui.

À espera do ministério
Confrontada com a posição da CCDRN, a maioria PSD/CDS-PP, liderada por Rui Rio, manteve a sua posição. Em resposta escrita enviada ao PÚBLICO, fonte do gabinete de comunicação da autarquia confirma: "Segundo a CCDRN, e ao contrário do entendimento jurídico da CMP, algumas das situações constantes da proposta não configuram correcções e rectificações." Perante o impasse, o município optou por enviar o documento para o MAOT para que tomasse "uma posição definitiva" sobre esta matéria.

Até que tal aconteça, o documento não será enviado para o Diário da República, não entrando, consequentemente, em vigor. Contudo, a autarquia não admite a possibilidade de anular a proposta aprovada. "Parte substancial das situações propostas foram aceites pela CCDRN como "correcções e rectificações", pelo que nunca estará em causa anular ou revogar a proposta aprovada, admitindo-se, no entanto, que algumas das situações sejam retiradas da proposta anterior e que só haja lugar à publicação das situações que forem aceites pelo ministério", esclarece a fonte.

Já os pontos que eventualmente venham a ser retirados do documento não irão desaparecer, ficando à espera de melhor oportunidade para serem aplicados, uma vez que, segundo a assessoria de imprensa do município, essas situações "poderão vir a ser incluídas num eventual processo de alteração do PDM".

Em Dezembro, o PS chegou a ponderar impugnar a proposta, mas o vereador Correia Fernandes admite não o ter feito, depois de tomar conhecimento que o processo estava a ser avaliado pela CCDRN. Rui Sá, da CDU, diz-se "satisfeito, por a CCDRN corroborar" a sua opinião, apesar de se dizer "preocupado com as trapalhadas em torno do PDM". Já o BE formulou as suas dúvidas junto da comissão, que fez saber, em resposta, estar "atenta ao evoluir da situação".


Por Patrícia Carvalho [Público]

Redundâncias sem sumo

Sempre achei patéticas certo tipo de declarações produzidas por certo tipo de personalidades, não tanto pela vacuidade da mensagem emitida, mas mais pela implícíta assunção de inoperância dos mensageiros.

Se o leitor disser coisas do género: "o capitalismo usa a mão-de-obra como mercadoria", ou, "é preciso falar verdade aos portugueses", ninguém [excepto tais personalidades] poderá censurá-lo por isso, pois não estará mais do que a manifestar o seu desagrado com certas incongruências e deslealdades da parte de pessoas ou instituições mandatadas para zelar pela governabilidade do seu país. O mesmo não se pode aceitar, quando representantes de instituições com a antiguidade da Igreja fazem afirmações redundantes como aquelas que o Presidente Episcopal da Pastoral Social, D. Carlos Azevedo proferiu ontem em Fátima, na sessão de abertura XXVI Semana da Pastoral Social.

Não é de agora que o capitalismo pratica "uma cultura de individualismo exacerbada, nem "despreza a vertente humanista no seu doutrinário político", sempre foi assim! O que há sim, são países, como os nórdicos, onde o capitalismo tem uma séria e forte componente social que o torna mais humanizado, um pouco por força da honestidade genética desses povos, totalmente oposta aos latinos, entre os quais estão os portugueses. A seriedade dos nórdicos, frize-se,  não é exclusiva do Estado, estende-se igualmente ao empresariado e demais agentes sócio-económicos tornando o capitalismo um regime muito mais respeitável e interessante do que o praticado no Sul da Europa.

Só há luz desta realidade é que se consegue entender o à vontade de Cavaco Silva soltando da boca pérolas do tipo "é preciso falar verdade aos portugueses", como se os portugueses vivessem todos num grande infantário e os governantes fossem uma espécie de amos, mentirosos e incompetentes. Não é que a realidade ande longe deste cenário, só que quando se produzem afirmações tão fúteis como estas, não só não está fazer-se nada para a inverter, como se está a pactuar com ela fingindo que não está.

Como costumo dizer,  falar por falar, para emitir meras opiniões, estamos cá nós, não precisamos de chegar ao Governo ou à Presidência da República, nem exigimos as suas mordomias, e... somos bem mais fiáveis.

14 setembro, 2010

Vígaro lá, vígaro cá

                   João Vale e Azevedo                                       Luís Filipe Vieira

Um, vigarista, ladrão e falsificador, está há alguns anos fugido da Justiça, risse dela e vive como um nababo algures em parte incerta. O  outro, tal como o primeiro, talvez por se manter à frente do clube do regime, ainda não foi sujeito a uma investigação policial apurada, apesar das suspeitas de envolvência em negócios obscuros serem mais que muitas. Percebendo as fragilidades do país desautorizado e manipulável em que vive, agora, chegou ao cúmulo de exercer todo o tipo de chantagens e pressões sobre o Governo para obter os dividendos que não consegue dentro do campo de futebol.

No pása nada! 

Ninguém melhor que estes dois melros para retratar o português contemporâneo!