22 outubro, 2010

10 cc / I'm not in love



Bom fim de semana

Victor Baía, nódoa ou bom pano?

Do jornal O JOGO

«Vítor Baía considerou, ontem, que a sua carreira teria muito maior projecção se tivesse sido feita com a camisola do Benfica ou do Sporting. Disse ainda que o FC Porto é um clube "fechado em si próprio" que não valoriza "tanto como devia" os seus antigos craques.

Declarações do antigo director das relações externas dos dragões, proferidas numa visita à EB 2/3 Nicolau Nasoni, no Porto. "Se aquilo que consegui no FC Porto tivesse sido no Benfica ou no Sporting, acredito que teria outra dimensão, não tenho dúvidas. Se calhar isso tem a ver com o facto de o nosso clube ser muito fechado, de ter uma estratégia para dentro. Isso não ajuda. Perdemos uma oportunidade de ouro, quando fomos campeões europeus, de nos abrirmos bem mais do que fizemos. O nosso clube não faz tudo que está ao seu alcance para potenciar a imagem dos seus jogadores actuais e dos que deram muito ao clube", criticou.»

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Opinião do RoP

Diz a sabedoria popular que "no melhor pano cai a nódoa", e diz bem. Agora, foi Victor Baía que se lembrou de soltar a caixa de parafusos e começar a espalhar disparates.

Como é possível que um jogador feito na casa, um atleta amado pelos adeptos, próximo de se tornar um dos grandes ícones do Futebol Clube do Porto, tenha feito publicamente afirmações que além de não corresponderem exactamente à realidade, servem como uma luva para alimentar a insaciável má-língua dos inimigos do seu clube?

Não se discute aqui o inalienável direito de Victor Baía a emitir a sua opinião com toda a liberdade, o que se discute é o momento em que o faz, e o espantoso desconhecimento revelado com a idiossincrasia do clube que lhe lançou a carreira , assim como as estranhas argumentações que sustentam as suas críticas.

Victor Baía tinha a obrigação de saber que a maior ou menor projecção de um atleta [e de um clube] não depende exclusivamente do clube mas sim dos critérios de propaganda dos media. Ora, estando VB cansado de conhecer a forma discriminatória e mesmo hostil como o FCPorto é tratado pela comunicação social, é no mínimo, surpreendente que se tenha expressado sem ter tido o cuidado de ponderar esse pequeno-grande "detalhe". Ele devia saber como poucos por que é que o FCPorto é um clube fechado e até estar agradecido por isso, porque se assim não fosse talvez hoje não pudesse orgulhar-se de ter ganho tantos troféus e campeonatos ao serviço dos dragões.

Se Victor Baía quisesse ser mais correcto e objectivo podia ter dito, por exemplo, que "se houvesse justiça e os media dessem ao FCPorto a mesma atenção e promoção que é dada ao Benfica e ao Sporting, os seus jogadores eram muito mais conhecidos", não havia nada a apontar. Assim, ficando por meias palavras, omitindo a parte mais importante da declaração, foi como se tivesse dado um tiro no próprio pé e uma punhalada no clube. Victor Baía já não é nenhuma criança, sabe bem o que o centralismo tem feito ao FCPorto e não devia oferecer-lhe de bandeja este pretexto para explorar até à exaustão, que é [como iremos ver] o que vai acontecer nas próximas semanas.

Se é verdade que o FCP não tem sido eficiente na sua política de comunicação, inclusivamente com os adeptos, e que tarda em resolver, não é menos verdade que não pode competir com a máquina de propaganda da RTP, SIC, TVI, rádios e jornais ao mesmo tempo! Era destes últimos de quem Victor Baía se devia queixar, e não do clube que tanto lhe deu a ganhar e tão bem o tratou.

Mas, quer-me parecer, que tal como o zé povinho, Victor Baía não está a ver o que se passa no país e está se calhar convencido que é Pinto da Costa quem tem de pagar a crise. 


Canalha

Um dia, poucos mêses depois do 25 de Abril, ouvi um primo meu, homem corajoso, ex-oficial do exército e combatente medalhado das guerras coloniais, dizer ao meu pai: tio, vou pedir a minha passagem à reserva! O meu pai, pessoa profundamente avessa ao regime de Salazar [e de Cerejeira],  ainda debaixo  dos efeitos eufóricos da conquista da Liberdade, perguntou-lhe porquê. A resposta foi esta: porque não estou disposto a colaborar com canalha!

Nunca me hei-de esquecer do impacto negativo que estas palavras provocaram em mim. Tal como meu pai, estava de corpo e alma com a revolução, pelo que aquela frase curta e seca  me  pareceu excessiva e contra-a-corrente do momento histórico que então se vivia. Na altura não gostei mesmo nada de ouvir aquilo, e só o respeito que sentia pela brilhante carreira militar desse familiar atenuou o efeito daquela resposta.

Decorridos 36 anos de uma Liberdade discutível e de uma Democracia completamente corrompida, sou obrigado a dar a mão à palmatória: o meu primo estava cheio de razão e fez bem em sair do exército. Hoje, não dará a ninguém o pretexto de o misturar com a prole de oportunistas que por aí andam.

Canalha, é o termo perfeito para classificar os indivíduos, que de eleição em eleição, passaram o tempo a mentir aos portugueses, a prometer e não cumprir,  expondo sem escrúpulos e com exagerada arrogância as suas impressionantes incapacidades, sem terem nunca a dignidade de abdicar dos cargos.

No Brasil, pelo menos, sabem pôr a boca no trombone...

21 outubro, 2010

Pagamento nas SCUT irrita espanhóis

Em Espanha, o sistema de pagamento nas ex-SCUT é criticado por todos, sendo apelidado de "caótico". Em Portugal, o PS reage dizendo que "não fazia sentido os espanhóis não terem que pagar". O PSD teme que a situação "prejudique a região".

Portugal continua a ser citado nos jornais espanhóis pelos piores motivos: o sistema de portagens das ex-SCUT no Norte é apelidado de "caro" e "complicado". O jornal "Faro de Vigo" tem dado voz às críticas dos automobilistas galegos habituados a vir ao Norte de Portugal, circular pelas SCUT e não pagar. E, sem contestarem a autoridade do Governo português de passar a cobrar portagens, criticam o sistema.

"Portugal transforma-se num labirinto para os milhares de galegos que se deslocam todos os anos ao aeroporto do Porto (Sá Carneiro) ou a grandes superfícies comerciais como o Ikea. Evitar o desembolso dos 77 euros do polémico "chip" é praticamente impossível", escreve o jornal.

O diário "El Mundo" escreveu que Portugal implementou "a portagem mais cara e caótica do Mundo" e a "forma de pagamento é tão complicada que a maioria dos condutores, por ignorância ou por desrespeito, não efectuaram o pagamento no primeiro dia de funcionamento".

Por outro lado, apontam a dificuldade em alugar os dispositivos electrónicos de matrícula que lhes permitiria circular nas ex-SCUT, em particular na A28, a mais usada pelos galegos.

Questões que, para o líder distrital do PS Porto, Renato Sampaio, não são preocupantes e "não vão dificultar as relações entre os dois países". Acrescenta que "o Governo está a estudar uma forma de colocar à venda em Espanha os dispositivos. O que não fazia sentido nenhum era os portugueses pagarem e os espanhóis não pagarem".

Já o líder da distrital do Porto do PSD, Marco António Costa, vê a questão do modelo de pagamento das portagens e os problemas que está a levantar aos espanhóis com "muita preocupação. Prejudicará, do ponto de vista económico, a região Norte de Portugal".

Isto porque, no seu entender, "os galegos não se sentem motivados para cá vir e os portugueses vêem-se galegos para conseguir comprar os dispositivos. É mais uma trapalhada deste Governo".

O porta-voz do Movimento Não às Portagens na A28, Jorge Passos, lamentou a situação criada à volta das portagens nas antigas SCUT, que classifica de "terceiro mundismo" e alertou para os prejuízos que o Governo está a causar nas relações entre o Norte de Portugal e a Galiza. "Está em causa uma relação que se foi construindo nos últimos 20 anos", frisou Jorge Passos.

O porta-voz deste movimento adiantou que tem sido solicitado pela imprensa espanhola para esclarecer algumas situações relacionadas com as portagens. "Esta semana falei com jornalistas espanhóis que me colocaram uma dúvida sobre a validade do dispositivo que está associado ao cartão de pré-pagamentos. Sabe-se que o cartão tem a validade de 90 dias, mas, quanto ao DEM propriamente dito, não há nenhuma indicação", explicou Jorge Passos.

Entretanto, ontem, na Comissão Parlamentar de Obras Públicas, o ministro António Mendonça disse que "não há discriminação dos cidadãos estrangeiros, particularmente dos cidadãos espanhóis". O ministro anunciou que o Governo vai trabalhar no sentido de criar condições para que as portagens nas quatro ex-SCUT (Interior Norte, Beiras Litoral e Alta, Beira Interior e Algarve) sejam introduzidas antes de 15 de Abril de 2011.
[Fonte: JN]

20 outubro, 2010

Trapaceiro!



Não, não se trata de uma decomposição temática do Renovar o Porto. Trata-se tão só de partilhar com os leitores uma magnífica peça/vídeo documental, uma espécie de endoscopia implacável ao carácter de um indivíduo que em tempos não muito distantes já foi [é verdade!]   ministro dos Assuntos Parlamentares.

Não querendo generalizar, porque há sempre honrosas excepções, este, é o protótipo dos políticos portugueses [advogado/dirigente desportivo e comentador...], a quem o povo [cordeiro como sempre], vem dando poderes imperiais e imperialistas. Pessoalmente, nunca lhe confiaria o meu cão, claro, mas isso, sou eu, que devo andar a dormir...

Vejam, observem bem como se torce e contorce um verdadeiro impostor. Deliciem-se.

Regionalização na RTV (Com Pedro Baptista e Paulo Morais)


Verso & Reverso Regionalização from rtv on Vimeo.

Muito gostaria de ter poderes sobrenaturais para descobrir o que é que muitos nortenhos, portuenses e portistas que passam a vida a queixar-se do centralismo lisboeta querem fazer com os seus direitos de cidadania e que apoio tencionam dar ao Movimento Pró Partido do Norte!

Sei que alguns - uns poucos que avaliam o estado do país e da região, pelo recheio das suas contas bancárias -, vão fugir do novo Partido como o diabo da cruz com receio de serem afectados com um novo paradigma político-administrativo. Mas, não é a esses que me refiro, é sobretudo àqueles que têm mil um motivos para se lamentarem da vida e nem por isso decidem levantar o rabinho da cadeira da sua indolência...

19 outubro, 2010

Estamos a caminhar para uma tragédia do Estado social”

Medina Carreira considera que o Governo, com a sua proposta de Orçamento para 2011, está a encaminhar o país para “uma tragédia do Estado Social”, do qual dependem seis milhões de pessoas.

“Estamos a caminhar para uma tragédia do Estado Social, são seis milhões de pessoas que estão penduradas nele. Se os senhores não fizerem nada vão enfrentar um problema social gravíssimo”, alertou, dirigindo-se aos deputados dos vários partidos que estão hoje a participar no colóquio sobre dívida pública, na Assembleia da República.

Durante a sua intervenção, Medina Carreira criticou bastante os cortes nas despesas e prestações sociais, que estão previstos na proposta do Orçamento do Estado (OE) para 2011. Defendendo a necessidade de um estudo económico e financeiro sobre a sustentabilidade do Estado Social, Medina Carreira sublinhou que “o que o Estado está a fazer é um engano à sociedade, é uma burla”.

“Aqueles que andam a falar do Estado Social de cor, porque há uns meses nem sabiam o que ele era, estão a praticar uma burla social que os senhores, enquanto deputados, têm a responsabilidade de evitar”, apelou o ex-ministro das Finanças.

Medina Carreira diz ainda não compreender a preocupação recente com a dívida pública, uma vez que “há muitos anos que sabíamos que íamos chegar aqui”.

Para Medina Carreira Portugal já sabia que iria chegar à situação actual, em que o Governo está a pagar juros elevados para se conseguir financiar nos mercados internacionais.

“A economia desacelerou sempre nos últimos 50 anos e a despesa cresceu sempre”, conclui.



18 outubro, 2010

Don Coelhone, não é rico...

SUBIR O IVA OU AJUDAR A ASCENDI?

18 de Outubro de 2010 

Sabia que mais de metade das receitas projectadas com a subida do IVA vão "direitinhas" para os cofres de uma empresa privada? Sabia que as transferências dos dinheiros do Estado para esta empresa equivalem a mais de metade das poupanças arrecadadas com o corte de salários dos funcionários públicos?

Pois é, é verdade. Pelo menos, é isso o que nos informa o Relatório do Orçamento de Estado para 2011. Como todos sabemos, o projecto de Orçamento de Estado do governo dá azo ao maior aumento da carga fiscal das últimas décadas. Sobe-se o IVA, o IRS, as contribuições sociais, bem como toda uma série de taxas que farão diminuir o rendimento disponível das famílias e aumentar os custos das empresas e dos consumidores. Cortaram-se ainda salários, prestações sociais, despesas com a Saúde e os gastos com a Educação. Tudo em prol do "interesse nacional". Porém, sabia que o mesmo governo que está a querer aumentar o IVA vai igualmente transferir 587,2 milhões de euros para a ASCENDI, com a desculpa de levar a cabo a "reposição da estabilidade financeira" da empresa? E que esse "reforço" equivale a um aumento de 289,6% das verbas pagas à ASCENDI em relação a 2010? (p. 212 do Relatório do OE 2011)

Quem é a ASCENDI? É uma das empresas/grupos económicos que tem ajudado o governo na sua cruzada de "modernização" do país através da construção de mais de 850 quilómetros de auto-estradas em diversos pontos do país. E quem são os principais accionistas da ASCENDI? Depende da concessão em causa, mas são maioritariamente a Mota-Engil (entre 35% e 45% do total), a ES Concessões (detida pela Mota-Engil) e a OPway, entre outros.

Na sua mensagem de missão sobre a parceria da empresa com o nosso Estado, a ASCENDI revela bem o que lhe vai na alma: "Vemos o Estado Português como uma entidade que se confunde com o país, com o bem-estar e com o bem comum."

Pois é. E é esta "entidade que se confunde com o país" que prefere subir o IVA, taxar os contribuintes e cortar nas despesas da Educação e das prestações para reforçar a estabilidade financeira de uma empresa privada.

No entanto, se o Estado não estivesse interessado no "equilíbrio financeiro" da ASCENDI ou se, pelo menos, tivesse tentado renegociar contratos e prazos com esta empresa, talvez tivesse sido possível evitar parte do corte salarial dos funcionários públicos ou, pelo menos, evitar a subida do IVA em um ponto percentual.

Mas não. Afinal, por que é que haveríamos de nos preocupar com a descida do rendimento disponível dos portugueses ou com os efeitos recessivos que a subida do IVA provocará se o que está em causa é o "reforço da estabilidade financeira" da ASCENDI?

Publicada por Alvaro Santos Pereira

Podia ser sobre o Orçamento



Vejo-os na televisão e nos jornais, ouço os seus débeis lamentos nas rádios. Filas espessas de gente submissa, resignada a pagar as estradas que os políticos tinham jurado "que se pagavam a si mesmas". Indecorosamente, o Estado força-os a longas esperas que fazem lembrar as filas que matizavam o Leste europeu antes da queda do Muro de Berlim para conseguirem comprar o aparelho, a única forma de pagar as portagens agora inventadas. Há gente que passou ali a noite. Outros revelam que já lá têm ido dias e dias seguidos mas em vão. E ainda há os que dizem ter chegado ali de madrugada para poderem conquistar as senhas que, ao entardecer, lhes presentearão o privilégio de serem esbulhados electrónica e quotidianamente pelo Estado. Recordo, envergonhado, a imagem de um homem que saiu da loja da Via Verde ostentando um riso que escancarava desmesuradamente a dentadura e agitando o aparelhinho diante das televisões como se tivesse ganho uma medalha de mérito - não percebeu, nem nunca alcançará, certamente, que o seu gesto apenas despertou escárnio por parte de quem manda ao contemplarem como os seus desmandos mais arbitrários são tão pronta e alegremente obedecidos.

O Estado nem se preocupou em disfarçar a sua imensa falta de respeito pelas pessoas. A muito anunciada venda de aparelhos nas estações dos CTT só aconteceu na sexta-feira. Os dispositivos electrónicos esgotaram, desmentindo as profusas declarações prévias dos comissários que o Governo enfiou nas múltiplas entidades que foram cúmplices nesta charada. Um desses "boys" teve até o topete de afirmar que "não estavam a contar com tanta afluência de público"! Ou seja, após anos de ameaças e de muitos meses de preparação ainda não sabiam, nem sequer aproximadamente, quantos automobilistas iriam precisar dos malfadados dispositivos?...

Os políticos da região, mesmo os que ainda protestaram em Junho, abstiveram-se agora de liderar as reclamações. A Comunicação Social nortenha apenas conta com este jornal e com a RTPN como representantes nacionais - o resto, apesar dos seus méritos, é totalmente ignorado de Aveiro para baixo. Os movimentos de protesto contra as portagens ignoraram, canhestramente, que a base de todo o problema nas Scut entre Aveiro e Caminha reside na proverbial falta de consideração do poder por tudo o que não afecte a pacatez dos interesses de Lisboa - cada vez que ouvia falar num buzinão na A28 /29 ou na rotunda dos Produtos Estrela era-me difícil conter uma paradoxal e sofrida vontade de rir. Como se aqueles que mandam se importassem com as barafundas e o trânsito emperrado a centenas de quilómetros dos seus roteiros habituais. Querem eles lá saber disso! Se, ao contrário, os buzinões e as marchas lentas acontecessem na capital, se os protestos furiosos sucedessem em frente aos gabinetes dos decisores, aí sim, eles temeriam os efeitos do seu desprezo pelo país. E bastaria que existisse uma recusa massiva a pagar as portagens para que os planos governamentais aluíssem como um castelo de cartas...

Mas não, os protestos esgotaram-se numa lógica enclaustrada , lesando prioritariamente os cidadãos que já estavam a ser alvo da injustiça das portagens. Foi tudo em vão - e o centralismo obteve uma espantosa vitória.

As pessoas entre Aveiro e Caminha acabaram por aceitar a sua imerecida punição de forma apática, quase bovina. Ninguém sabe ao certo quanto vai pagar. Mas o Poder ficou a saber que pagaremos o que eles quiserem e quando e como eles o definirem. Primeiro no Norte e no resto do país depois. Desembolsaremos taxas, impostos, multas, portagens, coimas, impostos sobre impostos, emolumentos, e tudo o mais que ocorrer na prodigiosa imaginação dos políticos e dos tecnocratas. Pagaremos sem rebuço, dóceis, de chapéu na mão, como eles tanto gostam.

A multidão anestesiada que matinalmente se amontoava nas filas para conseguir pagar aquilo que nunca lhes deveria ser exigido, espelha, infelizmente, o país que somos e já sem hipótese de remédio à vista. É a ilustração perfeita para o adágio com que o rei D. Carlos nos definiu há mais de um século: "Um país de bananas governado por sacanas".

O morcón do Zé Povo


O homem vinha suspeitando que se estava a passar algo de anormal com a sua saúde, e decide ir ao médico. Após realizar vários exames, é-lhe diagnosticada uma determinada doença. Chegado a casa, comunica à família:

- Que bom que é, existirem médicos e hospitais!

A mulher, estranhando a euforia do marido, pergunta-lhe:

- Ó homem, tanta admiração só por isso? Já existem médicos e hospitais há muito tempo!

- Pois é mulher, mas agora já posso dizer com toda a segurança que estou doente!

- E o que é que tem isso de especial? O que interessa é começares a tratar da saúde.

O homem, aborrecido com a incompreensão da companheira, responde:

- Tratar da saúde, filha? Para quê? Para gastar dinheiro com a crise que por aí vai? Nem pensar!

- Ó filho, então tu foste ao médico, fizeste exames e agora não te queres curar?

- Para quê, filha? Os portugueses também sabem que o país está doente há mais de 36 anos e não se querem tratar!

- Que comparação, homem! A culpa do país estar como está, é dos políticos que não sabem tratar dele como deve de ser!

- Ai, é? Então por que é que continuam a votar neles? Por que não mudam de políticos?

- Porque os partidos e os políticos são todos iguais, homem!

- Ai sim? Então, por que é que o Povo não cria novos partidos?

- Porque os que já existem dizem que representam o Povo!

- Ó filha, e o Povo ainda acredita?

- Pelos vistos, sim...

- O Povo, é muito burro!

- Ao que parece...

- Então, por que é que o Povo se queixa nas caixas dos super-mercados, em vez de se revoltar ou criar novos partidos?

- Porque isso dá muito trabalho querido, e as telenovelas e os concursos televisivos têm mais piada...

- Ó mulher, então para que serve a Democracia?

- Olha filho, serve para o mesmo que a tua ida ao médico, ou seja: para nada!

- Ah, afinal estás-me a dar razão, não vale a pena tratar-me...

- A tua saúde é diferente, os remédios estão mais caros, há menos dinheiro, mas trata-se da tua saúde. E, ainda há médicos e hospitais...

- Também não deixas de ter razão... Mas, então por que é que eu não consigo ser feliz por ter a Liberdade de afirmar que os nossos governantes são uns incompetentes e uns oportunistas?

- É simples filho, porque essa Liberdade não te dá poder para decidires, só te permite constatares  factos,  observares e... desabafares [por enquanto].

- Estás a ver mulher, porque é que eu achava que devia ficar satisfeito por me limitar a conhecer a minha  doença?

- Estou filho, mas agora tens de ir comprar os medicamentos para ti. O país, esse, está morto, já não tem cura, nem "remédios" que o valham.

17 outubro, 2010

Galegos sem DEM arriscam ou desistem de vir a Portugal

Carros de matrícula estrangeira. Uns arriscam a multa e continuam a utilizar as SCUT mesmo sem dispositivo, outros tentam cumprir e como não o conseguem alugar o dispositivo optam pelas estradas nacionais, porque temem ser multados.

A cobrança de portagens nas SCUT está a abalar portugueses e a afectar estrangeiros, em particular os galegos que utilizavam frequentemente a A28, a Norte Litoral. As escassas informações, os poucos dispositivos electrónicos de matrícula (DEM) à venda e os valores de caução aplicados estão a afastar muitos do nosso país.

Disso mesmo deu conta ao JN Jorge Passos, um dos responsáveis pelos movimentos de utentes contra as portagens, que pela proximidade com Espanha (Viana do Castelo) mais tem seguido este problema.

"Nota-se que há menos carros espanhóis nas nossas estradas", afirmou Jorge Passos, "o que era previsível".

"Acompanhei todos os pedidos do Eixo Atlântico para que se encontrar uma solução para a venda de dispositivos, mas sem sucesso", acrescenta.

Além disso, "os estrangeiros, especialmente os galegos, quando chegam tentam comprar o DEM nos CTT ou no posto de combustível em Valença, e não conseguem, pois só no posto de combustível de Viana é que têm e como eram poucos foram vendidos todos".

Esta dificuldade foi sentida pelo casal Estevez, que ontem, sábado, se deslocou ao IKEA, em Matosinhos. Tinham planeado esta viagem e tentaram comprar um DEM, mas "estavam esgotados nos CTT, não conseguimos comprar e para evitar ser multados acabamos por fazer um outro percurso, andamos perdidos e perdemos muito tempo, isto não está certo", lamentavam.

Outra postura teve Sandra Sá, que vive com a família em Tui e não se importou de percorrer a A28 mesmo sem ter o dispositivo. "Não sei de nada, não há informação nenhuma como pagar, portanto vamos continuar a circular na SCUT", garantiu esta portuguesa que reside em Espanha, acrescentando : "Espero que o Governo me mande a carta".

Entretanto, os empresários espanhóis quiseram saber junto da União Europeia se Portugal estaria em incumprimento por levantar obstáculos "à livre circulação", ao obrigar os carros de matrícula estrangeira a terem um dispositivo para circular nas SCUT. De acordo com o "El Pais" a Direcção- Geral de Transportes da Comissão Europeia admitiu que "há indícios" disso mesmo.