22 abril, 2011

SEXTA-FEIRA SANTA

Militares de Abril, a excepção da lixeira nacional

"É inconcebível ter feito uma revolução sem sangue para chegar a isto". Depois de Otelo Saraiva de Carvalho ter afirmado "estar arrependido de ter colaborado no 25 de Abril perante o estado actual do país", é a vez do General Carlos Azeredo [no semanário Grande Porto] mostrar a sua indgnação com o trabalho governativo dos últimos anos.

  • "O problema são os partidos e alguns políticos como Sócrates". É inconcebível que continuemos a ter um 1º-Ministro envolvido em tantos escândalos, como o Freeport. Não há vergonha, não há pudor, não há honra, não há nada!"
  • "A Democracia é importante, mas perigosa, quando existem eleitos e eleitores não cultos nem informados para votarem e agirem com responsabilidade e respeito pelos princípios. Já alguém reparou que este senhor, o Sócrates não trabalha? Está na televisão de manhã à tarde e à noite. Gasta dinheiro em blindados para uma reunião e uns meses depois o país está na bancarrota? Com estes políticos está visto que nada vai mudar"
Estas declarações explosivas espelham o inconformismo de alguns portugueses relativamente à crescente degradação da qualidade e do exercício das políticas. E concordo sem quaisquer reservas com todas elas. De facto, é completamente impossível governar um país com homens que consomem parte substancial do seu tempo a dar entrevistas ou a participar em debates  televisivos, como em verdadeiros reality-shows. É inaceitável, que num país com tanto por resolver, lhes possa sobrar tempo,  quando precisariam desse tempo, como do pão para a boca, para fazer o que lhe compete, que é trabalhar para a Nação.  Todos os canais de televisão, sem excepção, estão repletos de políticos no activo ou já retirados, apenas para darem opiniões. E alguns - se não todos mesmo -, são pagos para isso! Isto, é no mínimo indecoroso, sabendo-se que eles foram, ou ainda são, parte do problema! 

Quando o Gen. Carlos Azeredo diz que "até o Salazar morreu de mãos limpas. Estes roubam. Se não há dinheiro para o exército já estou a ver que vão dizer para aguentar por questões de patriotismo...", não está a usar um discurso exagerado e muito menos injusto, está apenas a dizer o que muitos de nós, e muitas figuras públicas pensam, mas não têm coragem que chegue para o confessar. 

Houve um tempo, que se seguiu à Revolução de Abril, que os civis, a reboque da classe política, convidaram as Forças Armadas a recolherem definitivamente aos quartéis, porque em Democracia, era esse o seu lugar. E toda a gente - incluindo os próprios militares -, concordou. A missiva foi consensualmente recebida e respeitada. Desde então [e já se passaram alguns anos], nunca mais ninguém viu os militares a imiscuirem-se na política, ou a envolverem-se em escândalos de carácter económico ou financeiro. Remeteram-se a um discreto silêncio, próprio de quem tem a plena consciência do carácter das suas competências. O Estado, "agradeceu-lhes" o civismo, deixando-os com 200 milhões de euros de salários por pagar... Com as Forças de Segurança o despeito é igual.

Afinal, aonde está a bandalheira? Nas Forças Armadas, ou na classe política? Está provado e comprovado, que na escala dos valores e da ética, os militares ainda estão uns bons patamares acima da sociedade civil .

Com respeito à Instituição Militar, todos lhes devemos desculpas por termos permitido que o 25 de Abril que ela ajudou a implantar, hoje não seja mais que a lembrança de uma revolução utópica.  

21 abril, 2011

É a 2ª vez em poucos dias, que apedrejam a Polícia. Não metam os portistas neste filme.

Eu acreditava...


...porque acredito na competência associada ao orgulho com "o" fechado!

Ps- Agora, que os aziados da comunicação anti-social viram o "glorioso" ser reduzido à vulgaridade do zero, a estratégia para falar pouco dos sucessos portistas, é falar de Mourinho e do Real Madrid...

O patriotismo de vidro, tem destas bizarrias.  

19 abril, 2011

Futebol e política


Eduardo Barroso - O talhante
"Quero lá saber que sejam russos, angolanos, chineses ou lavagem de dinheiro". Quem proferiu estas notáveis afirmações, foi o adepto do Sporting, Eduardo Barroso. Sim, aquele cirurgião estérico e gabarola, que participa num programa da TVI, onde discutir os erros das arbitragens contra as equipas da capital passou a chamar-se futebol. Não faço ideia é, como uma pessoa tão desiquilibrada e estruturalmete tão mal formada, pode ser um bom cirurgião, mas tudo é possível...

Não me interessa aqui discutir se o Rolando fez ou não penalti, porque para isso é que lá esteve [na TVI] o Manel Serrão. O que importa salientar é o tamanho da hipocrisia deste homem e a quase inexistência de verticalidade no seu carácter. Ofende, e depois diz que não queria ofender. Como os piores rastejantes.

Ontem, a uma dada altura do referido programa, depois de ter hiper-dramatizado o lance da polémica [que segundo ele prejudicou a sua equipa], Eduardo Barroso voltou pela enésima vez a mostrar a sua tremenda falta de educação e respeito pelos portistas, tentando impedir o Manuel Serrão de ripostar. Sem esconder o seu mau carácter, a dada altura, virou-se furioso para o Manuel Serrão mandando-o calar, dizendo-lhe que tinha  saudades de Pôncio Monteiro para doirar a pílula.  Depois afirmou que [apreciem a pérola!] os amigos sportinguistas do Serrão não eram tão importantes quanto os seus  amigos portistas! Isto porque, supostamente, os amigos de um concordavam que tinha sido penálti, e os amigos do outro que não tinha! Serrão respondeu-lhe da mesma moeda, perguntando-lhe como é que ele sabia que eram mais importantes, e Barroso foi mais longe: à falta de melhores argumentos, disparou contra Serrão, dizendo que ele estava a mentir, que não tinha nada amigos sportinguistas..!

Bem, em Portugal já vimos de tudo, mas parece que há sempre uma grosseria na calha centralista para nos surpreender! É por estas e por outras que, independentemente da qualidade dos comentadores adeptos do FCPorto, a melhor coisa que, na minha opinião podiam fazer, era deixá-los a falar sozinhos, não cooperar com estes programas medíocres que só destilam ódio e veneno. Isto, é: não participar mais naqueles programas. Com jeito, punhamo-los a competir com a BenficaTV...Porque, para todos os efeitos e digam o que disserem, eles são manipulados pelos pivôts. E não acredito que algum desses comentadores portistas não saibam disso. O tempo de antena é-lhes habilmente surripado em relação aos concorrentes. As perguntas e as imagens dos jogos são criteriosamente seleccionadas no sentido de deixar um manto de suspeição sobre a justeza dos êxitos do FCPorto. É uma situação recorrente em todos os canais.

É por isto e muito mais, que considero fundamental que o negócio Porto Canal/FCPorto avance o mais rapidamente possível. De mais a mais, quando estamos num país onde não existe um Estado de Direito. Tudo lhes é permitido! E eles sentem essa impunidade. Conspirações, filmes, revelações de escutas em segredo de justiça, túneis, agressões, apagões, castigos infundamentados, notas escandalosas a árbitros, manipulação dos organismos associativos e federativos, destruição de leis, etc., etc. Vale tudo para eles! E vale, porque a nossa classe política está minada por medíocres que estão dispostos a tudo permitirem para se manterem no poder, ou para a ele chegarem.

Nunca pensei vir alguma vez a nutrir um sentimento de tolerância para com Salazar. Pois, estes crápulas, democratas fingidos, são mil vezes piores do que ele. A diferença, é que Salazar usava a lei da rolha e a repressão policial. Estes, a estratégia é deixar o povo falar para não morder, mas usam a pior das repressões: uma Democracia desregrada, sem uma autoridade credível, onde os cidadãos não passam de meros figurantes.   Salazar, afinal, foi menos centralista do que todos os Governos do pós 25 de Abril! Apesar de tudo, o Porto tinha mais automia do que agora.

Isto, diz tudo! Não defendo neo-salazarismos, mas defendo, fervorosamente, uma limpeza ética e intelectual da actual classe política, para começar tudo de novo. Como deve ser.

18 abril, 2011

Porto, a cidade reprimida

PORTO with a SONY PMW-F3 from FilmesDaMente on Vimeo.

Mas que dignidade!


Ontem, foi a vez de Francisco Assis do PS sentenciar:
"Este não é o momento" para debater a regionalização"


Depois de, a meio da semana, o dirigente do PSD Miguel Relvas ter dito:
"Com a crise deixou de haver defensores da regionalização"











 

Enquanto os partidos políticos continuarem a eleger para os seus quadros, traidores da democracia e troca-tintas, não será por mim que terão sucesso! Votos? Acabaram! Excepto, se for para os expulsar do pais! 

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EDITORIAL 

A face oculta de Sócrates e companhia
por Ana Sá Lopes, Publicado no i em 18 de Abril de 2011

No dia em que Sócrates for humilhado, muitos auto-amordaçados virão a terreiro afirmar que já diziam isto há muito tempo



Ana Paula Vitorino foi ontem saneada do secretariado e da comissão política do PS. Outrora, a ex-secretária de Estado dos Transportes foi uma estrela em ascensão na constelação socialista, mas as coisas foram mudando devagarinho. Quem leu as escutas do processo Face Oculta percebe claramente o porquê do afastamento de Ana Paula Vitorino: provavelmente, mesmo que não tivesse testemunhado nos termos em que testemunhou no processo, a resistência de Ana Paula Vitorino no governo a variados negócios (como fica claramente sugerido da leitura das escutas) poderia ter sido suficiente para ditar a sua sentença de morte no universo socrático.

Mas Ana Paula Vitorino fez "pior" - quebrou a omertá, o silêncio fundamental à sobrevivência no submundo da política partidária e governativa. O seu depoimento no processo Face Oculta foi considerado pelo juiz Carlos Alexandre o que "merece credibilidade e se apresenta congruente com a prova dos autos", juntamente com o de Luís Pardal. O juiz desvalorizou o depoimento de Mário Lino, que negou ter sensibilizado a sua secretária de Estado para o facto de estarem em causa negócios de "amigos do PS".

Ao depor na justiça, Ana Paula Vitorino aceitou beber a cicuta. Quem se mete com Sócrates e amigos leva, leva sempre. Não é quem se mete ao estilo de Ferro Rodrigues ou de Manuel Alegre, agora recuperados para a família. É quem se mete onde verdadeiramente dói e onde dói a Sócrates não é nas divergências quanto a políticas sociais, legislação laboral ou rendimento social de inserção. O que verdadeiramente dói são assuntos aborrecidos chamados processo Face Oculta, Figo e Taguspark, licenciamento do Freeport em vésperas de eleições, tios e filhos de tios, professores virtuosos, compra de casa de luxo a preços de amigo e offshores metidas pelo meio, e por aí fora.

De vez em quando, tudo isto parece esquecido na vertigem dos dias financeiros. Mas a crise financeira e económica está longe de ser o problema mais grave deste governo (e grande parte do problema tem a ver com a crise internacional, por muito que a direita queira restringir o resgate a um problema Sócrates).

Mas o pior do caso Ana Paula Vitorino é que, tal como aconteceu durante o caso PT/TVI e Face Oculta, a omertá continuará a funcionar alegremente. Os socialistas, com excepções aqui e ali, passaram a ser impressionantemente cobardes e incapazes de afrontar o chefe.

Enquanto não perder estrondosamente as eleições (o que está longe de ser um dado líquido em Junho), José Sócrates continuará a fazer o que bem lhe apetecer, dirigindo o PS apenas a partir da sua cabeça, por vezes dissonante da realidade. No dia em que for humilhado, é evidente que não lhe restarão quaisquer amigos. E a maior parte dos auto-amordaçados de hoje virão a terreiro afirmar que já diziam tudo isto há muito tempo. Será mentira: dizer diziam. Mas diziam muito baixinho.