03 junho, 2011

Ballet(Swan Lake) by Kirove Ballet

Regionalização e os Partidos

PDA/MPPNORTE
Posição enviada pelo PDA ao blogue «Regionalização»


O PDA, pela voz de Ricardo Fonseca, escreveu no nosso blogue a sua posição sobre a Regionalização e reforma administrativa, que passo a transcrever:

«Caros senhores,

como membro do Movimento Partido do Norte, cujos elementos oriundos de todos os cantos do Norte integram como independentes as listas do PDA nos círculos do Norte do País, deixo aqui o endereço para 10 medidas que consideramos urgentes para o País mudar o seu rumo.

Pela leitura que faço desta pré-campanha e agora campanha eleitoral, nenhum dos outros partidos pretende regionalizar o continente, por outro lado, nós abertamente defendemos as autonomias regionais, esta é a nossa bandeira! Por outro lado e pela manifesta negação da classe política para avançar com a Regionalização, na minha modesta opinião, este não é propriamente o período para levantar questões de pormenor, mas sim de juntar esforços para que uma força política possa definitivamente colocar na agenda política nacional o tema.

Gostaria também de os informar que o bloqueio à nossa mensagem é gritante, todos os outros partidos sem expressão parlamentar já tiveram várias aparições na imprensa nacional, por outro lado nós somente temos visibilidade na imprensa regional, o que também deixa transparecer o incómodo que é este assunto para o País, pois em termos noticiosos sempre é alguma coisa diferente para passar no telejornal.»

Ricardo Fonseca

02 junho, 2011

Prosperidade à portuguesa

"Há falta de mão de obra, na indústria do calçado". Foi com este título que o JN abriu a página de economia do passado dia 30. Como podem imaginar, esta originalidade motivou logo a minha curiosidade, até porque abordava um assunto que já me se serviu de inspiração para vários artigos. Fiquei então a saber, que as indústrias de calçado não têm pessoal suficiente para satisfazer as encomendas internacionais, tendo por isso sido obrigadas a adiar encomendas do Verão para o fim do ano. Pela mesma razão, algumas empresas tiveram de assinar um protocolo com o Governo para dar formação ao pessoal e assim lhes facultar condições para serem admitidas. Até aqui, tudo bem.

Segundo o Secretário de Estado do Emprego, há falta de gente no sector inscrita nos centros de Emprego, e a formação é morosa e complexa. Ora, a ser verdade isto, não se consegue compreender o outro lado do problema, ou seja, que o salário máximo de um trabalhador não ultrapasse os 600 euros! O médio, anda pelos 475 euros, que é o valor do salário mínimo nacional! Se cada trabalhador tiver de pagar de renda de casa 300 ou 400 euros, é só fazer as contas para saber quando é que lhes sobra para o resto.

E é assim, entre contrastes desta natureza, que o leitor atento tem grande dificuldade em entender determinado tipo de perguntas, como aquelas que a jornalista do JN fez a um professor de Direito do Trabalho e que começava assim: como observa a prosperidade da indústria do calçado? O inquirido, lá foi dizendo que nem todas as fábricas precisavam de mão de obra, e que essa questão era apenas um sentimento, porque [cito] quando se contratam pessoas para cargos mais altos não se dá o problema dos salários, e o emprego já é interessante. Agora, se falarmos de um operário certamente que não vai ganhar sequer mil euros. [o sublinhado é meu].

Continua, lamentavelmente, a ser esta - medieval e exploradora -, a mentalidade do empresariado português. Fanfarrões, exibicionistas e novos-ricos, e sem qualquer respeito por quem para eles trabalha! A ideia de prosperidade é unipessoal, não admite partilha. Boas casas, bons Ferraris, e vida de sultão, em regime de exclusividade, é essa a sua noção da sociedade e da justiça! Ninguém os convence que um trabalhador mal pago, é potencialmente um trabalhador improdutivo, e alguém cujo poder de compra o impossibilita de contribuir para a prosperidade de outras empresas, logo, para o crescimento da economia nacional. Mas estas, são questões que os senhores jornalistas raramente se lembram de colocar aos sultões. PS e PSD, sabem-no, mas preferem as peixeiradas eleitorais do costume. 
Eles sabem muito bem, o povo que têm...

PS-Resumindo: sempre que ouvirem políticos a atribuir aos subsidiários do Rendimento Mínimo as culpas de todos os males do país, risquem-nos imediatamente da lista de candidatos ao poleiro. 

O mesmo se aplica aos "empresários" que andam para aí a convencer a plebe que as pessoas não querem é trabalhar. Não aceitem trabalhos mal remunerados, porque isso é aquilo que não devem fazer.  

01 junho, 2011

Estranho

Confesso a minha perplexidade, o que pode levar alguém ao voto contra os seus mais elementares interesses?
Que motivo terá um pensionista para votar no congelamento da sua pensão durante três anos? Uma medida que, descontada a inflação previsível, representa uma perda de pelo menos 10 por cento da remuneração, medida em poder de compra... Só consigo encontrar uma explicação. Se a referida reforma for como a de António Vara, talvez a consciência cívica fale mais alto do que a volúpia do dinhero infinito. Mas isso é se o referido pensionista for mesmo da classe dos eleitos. A minha perplexidade paira é sobre o reformado de mil euros, ou o de 500 euros ou o de 291 euros, que se encontra exactamente na média das pensões deste país.

Pergunto-me também sobre o que poderá levar uma funcionária pública, seja ela a mulher de limpeza de uma autarquia, ou uma enfermeira de hospital, ou mesmo uma professora, a poder votar em quem lhe quer congelar o salário e aumentar brutalmente a conta da electricidade?

Nestes casos, os vencimentos oscilam entre os 485 euros de salário mínimo e os 1200 de um salário bem mais alto do que médio, embora longe do auferido por gestores do sector empresarial do Estado. É, confesso, a minha perplexidade.

Uma perplexidade que volta a estar presente quando vejo um jovem, precário como todos os da sua idade, pensar que a abstenção ou o voto nos partidos das jotas pode ser uma saída para a sua condição de adulto condenado à adolescência até aos 40 na casa dos pais. De facto, o que pode levar alguém ao voto contra os seus mais elementares interesses?

A condição material não é tudo. As pessoas preocupam-se, com razão, sobre o modo como o Estado é gerido. E quando votam, fazem-no em nome de uma certa ideia de Estado. Por exemplo, porque votará um eleitor socialista no seu partido quando este, explicitamente, quer que o PSD também vá para o seu governo? Isto seria normal... não se desse o caso do PS dizer cobras e lagartos do PSD. Por outro lado, porque votará uma eleitora social-democrata em Passos Coelho se já se percebeu que o problema deste não é com o PS mas com José Sócrates? Também esta seria uma dificuldade menor, não se desse o caso do discurso oficial ser o de que os laranjas só governarão com os azuis do CDS.

Quer-me bem parecer que, nestes casos, o voto só é útil para quem o recebe. Ou alguém acredita que as virtudes chegam quando se metem todos os despesistas à mesa do orçamento? Mas isto sou eu a conversar com os meus botões e a duvidar de todas as sondagens, salvo no ponto em que dizem que são muitos os que não sabem ou não querem responder...

Miguel Portas

[Jornal SOL] 

31 maio, 2011

O FCPorto e Rui Rio

A estratégia comunicacional do FC Porto e de Rui Rio vem mudando, embora não tenham enterrado o “machado de guerra”. Rio prefere, na câmara, o “CM” ao “JN” (mas não morre de amores pelos media).

O FC Porto identifica o “CM”, “A Bola” e o “Record” com as referências da capital, como elementos dos “inimigos”, representantes (ainda) de uma parte do país que quer dominar o resto. E o espírito do dragão precisa desse tónus, dessa tensão, dessa energia para se revivificar, para ir mais longe e mais alto.

O estratego Pinto da Costa (que estudou latim e as sua locuções) sabe que de gustibus et coloribus non disputandum, por isso não discute gostos e cores, e segue, sem vacilar, o provérbio dos escolásticos da Idade Média, admitindo, sim, que cada um deve pensar e agir como entende. Mas não se for presidente da câmara e ignorar olimpicamente a instituição mais representativa da cidade. Frisa o líder dos dragões que algo semelhante não aconteceria nunca em Lisboa. Claro que não. Mas, na verdade, Rio não se deixa atormentar pelo pensamento de Horácio (“Sátiras”, I, 1, 106): est modus in rebus. Ele não considera que em todas as coisas haja uma medida e evita mesmo tal conselho de moderação, porque há muito decidiu construir a imagem de “político nacional” (como lhe chama Marcelo) e não prestar atenção a um símbolo do burgo que ganhou expressão global. Incomoda-o Pinto da Costa, mas sobretudo relacionar-se “afectivamente” com o azul-branco. Por causa do vermelho e do verde. E devido ao seu futuro. Que ficará mais transparente ou opaco domingo à noite. Feitas as contas aos votos em Sócrates e Passos.

Alfredo Barbosa]
Docente da Universidade Fernando Pessoa

[Jornal "i"]

Nota do RoP
Pela parte que me toca, o futuro de Rui Rio nunca será transparente, como não é o presente e não foi o passado. Rui Rio, é a expressão viva do conflito, inconsequente e estéril. Que o digam, os comerciantes do Bom Sucesso e do Bolhão.

30 maio, 2011

Metro sem dinheiro para pagar as dívidas

De saída da Metro do Porto - acaba por cumprir só um mandato - Ricardo Fonseca confessa decepção pelo congelamento da segunda fase da rede e reitera a gravidade das deficiências do financiamento da empresa. O Governo ainda não deu garantias para pagar a dívida de 200 milhões que vence em Julho. E o metro corre o risco de parar.

Já assumiu que não vai continuar à frente da Metro. Por quê?

São razões pessoais. Quando o Governo manifestou intenção de criar um modelo de gestão articulada entre a Metro e a STCP, disponibilizei-me para participar no grupo de trabalho para definir o novo modelo. Mas disse que não faria um novo mandato na Metro.

Esse modelo é para avançar já?

Não. Embora tenha sido anunciado no final de 2010, o grupo de trabalho ainda não foi criado. É muito provável e desejável que o novo Governo pegue no projecto.
[JN]

Nota do RoP
Não era preciso, mas depois de ler esta notícia, ouvir Sócrates dizer, no meio de uma multidão de carneiros,  "Não há como o povo do Porto", é como se me cravassem um punhal no estômago... Onde pára o povo do Norte? É isto? Porca miséria!



Santuário de Nossa Senhora do Alívio [Vila Verde/Braga]



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29 maio, 2011

Porto e Barcelona, as "aldeias gaulesas" da Ibéria?

O terrível fantasma da abstenção

Tento compreender, sem contudo evitar alguma estupefacção, com a ideia, quase obsessiva, que certa gente continua a ter  contra a abstenção. E não se pense que se trata de  quaisquer pessoas, são pessoas com alguma notoriedade social, e até política, como aquelas que hoje no JN deram a sua opinião sobre a evolução abstencionista em Portugal, desde o 25 de Abril.

Antes de explicar a minha estranheza, interessa revelar o ponto em que concordo com essas pessoas. Tem a ver com a importância de manter bem vivo o hábito de votar, e de o transmitir às novas gerações, lembrando-lhes pedagogicamente os  50 anos de ditadura em que o povo foi impedido de o fazer livremente. Partindo deste "preâmbulo", depois, caberá a cada um, decidir o timing em que deve, ou não, votar. E essa decisão, incluirá, naturalmente, o voto em branco e... a abstenção. E por quê? Porque, o voto em branco, para constituir um efectivo sinal  de protesto, do género "eu quero votar, mas não me revejo nos partidos concorrentes", teria de ser consequente. Isto é, teria de desencadear uma série de acções/reacções conducentes a uma outra iniciativa, a um resultado concreto. Ora, não é nada disso que acontece. O voto em branco, é apenas um gesto, um registo, bem menos dissuasor que um sinal de sentido proibido no trânsito rodoviário ! Nestes casos, quando o infractor é apanhado pelas autoridades, ainda arrisca uma coima, agora votar em branco não tem qualquer consequência para os maus governantes.  

Perante tamanha inocuidade democrática, o cidadão [como já tem acontecido comigo], tem todo o direito de se sentir coagido com a prática de uma acção [votar] para a qual frequentemente não vislumbra qualquer sentido, com a agravante de até se sentir usado por preconceitos políticos.

É por estas e muitas outras razões, que discordo completamente de pessoas, como o Arqº. Alcino Soutinho que chegou ao cúmulo de considerar a abstenção "falta de inteligência" e [cito] "um acto estúpido!". Como assim? Não será o contrário?

Enquanto certas figuras falam da Democracia como se de um bicho de estimação se tratasse, procurando assim, parecer mais democratas que os outros, eu não me canso de argumentar sobre a premência de a aperfeiçoar e fortalecer. Mas, para isso, é preciso fazer algo mais que votar. A Democracia não pode ser tratada como o motor de um automóvel que para funcionar basta ligar a ignição. E o que os eleitores têm andado a fazer com a Democracia, votando em pessoas, partidos políticos, ou em branco, é tratá-la como um carro cuja ignição já não trabalha, mas que se insiste em ligar. Digam-me, será isto inteligente? Quantos de nós já não teriam afastado Sócrates [e outros] do poder? E, quem sabe, quantos prejuízos para o país não teriam sido evitados, se isto fosse possível?

Além de mais, se o voto do cidadão é fundamental para o bom funcionamento da democracia, e serve para eleger governos, também devia existir um processo célere e económico de os demitir, sempre que  se revelassem incompetentes ou corruptos. Se o cidadão pode e deve votar, porque acredita num determinado programa de governo confiando ao respectivo líder os destinos do país, devia igualmente poder votar, para lhe retirar confiança, quando e sempre que tal se justificasse. Isso, sim, seria votar democraticamente, e em segurança, com enormes vantagens para a economia do país.

Quando pessoas fazem declarações públicas, apenas porque gostam de ser politicamente correctas, sem pensar devidamente, acabam por dizer futilidades pouco convincentes. A ideia que fazem passar, é que votam porque parece bem votar. No fundo, parecem querer dizer que, apesar de tudo, de todas as crises e más governações, a coisa não os afecta muito. Mas, talvez fosse bom lembrarem-se que a Democracia foi concebida para estar ao serviço de toda a população, e não só de uns poucos...