27 março, 2013

Mais do mesmo

A.S.S.



E pronto! Passamos a vida nisto, e tão cedo nada irá mudar. A não ser que um rasgo de lucidez colectiva se aposse do cérebro dos portugueses e os leve, de uma vez por todas, a encarar a política a sério, e a exigir para a servir políticos de outra categoria.

Ontem, creio que na TVI24, Augusto Santos Silva, ex-Ministro dos Assuntos Parlamentares, e da Defesa do Governo de Sócrates, em resposta ao moderador, e aos críticos, sobre o regresso do ex-1º.Ministro aos écrans da RTP, como comentador, questionou desta maneira o interlocutor: "se outros ex-governantes o fizeram, porque não havia de fazê-lo José Sócrates? Depois, citou aqueles nomes de comentadores que todos nós estamos fartos de conhecer das tvs, como se a singeleza da resposta contivesse em si mesma um tratado de sabedoria.

Se fosse daqueles que caem facilmente nos discursos armadilhados do politiquez, estaria talvez agora a dizer que A. Santos Silva "até tinha razão", e só não digo por uma razão: é que dar uma resposta destas, significa que quem a dá, além de não ser honesto, não tem pingo de vergonha da figura ridícula que faz perante à opinião pública. Podia também aqui incluir os jornalistas, mas como eles são iguais aos políticos, a falta de vergonha é partilhada.

Se acaso algum jornalista me estiver a ler, teria muito gosto que contestasse, ou fundamentasse aqui, a "injustiça" das críticas que constantemente dirijo à classe, de forma a elucidar-me onde estarei eu a falhar. É que, não consigo encaixar nessa zona de conforto [em que são peritos], que é jogar sempre com um pau de dois bicos. Não gosto da RTP, e de muitos dos seus colaboradores, mas não há órgão de comunicação da concorrência que não fizesse o que ela está agora a fazer, porque as loucura das audiências são a única motivação que os inspira. E foi isso que a RTP se limitou a fazer. Como serviço público, fez mal, é verdade, mas outros fariam o mesmo. É que, o que Augusto Santos Silva, e o próprio moderador, se esqueceram de propor - e aí sim, podiam ter acrescentado algo de novo à mesmice -, era que se acabasse de vez com a corrida às televisões dos comentadores/ex-políticos avençados, porque TODOS foram incompetentes, e como tal, nada têm para dar ao povo, ou para o esclarecer. A não ser, explicar-nos, sem deitar a culpa a terceiros, por que é que nunca assumem as suas responsabilidades. Mas isso, já sei, seria a última coisa que fariam. 

25 março, 2013

E o folclore continua, na querida RTP de serviço público...

Para os portugueses "crescidinhos", que não vão em folclores, a história de Portugal não tem nada de verdadeiramente importante  de que se possam orgulhar. Para os de mente infantil, para os influenciáveis e pouco exigentes, qualquer Ronaldo ou Mourinho chegam, para lhes encher o ego de orgulho. Talvez resida aí a razão pela qual não gosto que se fale da brandura dos nossos costumes, como se eles pudessm traduzir grande virtudes... É que, porque detrás delas podem esconder-se outras coisas, como a resignação, ou até a burrice, o que, diga-se, não é propriamente um elogio à nossa raça.

A pequenez geográfica de Portugal, carregando às costas o eterno "inimigo" espanhol, obrigou-nos a olhar para a frente, onde só havia o Atlântico, e assim ultrapassar medos, que de outra maneira nos teriam impedido o salto para o mar, e levado ao grande feito das descobertas. É desse feito já distante que ainda hoje alimentámos o orgulho-pátrio, embora nunca tenhámos sabido dele tirar o melhor proveito. Hoje, continuamos a ser pequenos na dimensão e na mentalidade, por isso nos agarrámos ao futebol e aos seus ídolos, para nos sentirmos importantes. Entretanto, os nossos empresários e governantes [sem ofensa para quem sabe o que isso significa], continuam histoicamente a "envaidecer-nos" o ego nacional com o centralismo mais fanático da Europa, e níveis de vida abaixo do limiar da pobreza... 

Como me gabo de não pertencer ao clube dos portugueses manipuláveis, não posso considerar digno de um país emancipado, a ideia da RTP contratar José Sócrates para comentar a actualidade política nacional, mesmo que contra um Governo tão irresponsável como o do ex-primeiro ministro. 

A RTP, essa televisão chula,  que é a vergonha do verdadeiro serviço público, não tem respeito por ninguém, porque se tivesse, saberia resistir à paranóia das audiências e não explorar o lado voyeur do povo e de querer fazer da política uma segunda Casa dos Segredos, ordinária e imbecilizante. Sim, porque não é de Sócrates e de Passos que os portugueses precisam. Mas, qual é o espanto! A televisão em Portugal não é mais do que isso. Farsa e vazio. A RTP, aliás, como as outras televisões, não servem o povo, servem-se dele, e de que maneira!

Mas, podem ter a certeza que não serei eu a contribuir para essas audiências. Nem Sócrates, nem Passos entram na minha casa, mesmo que só pela televisão. Nela, mando eu. Nem um, nem outro, estão autorizados a entrar.