31 maio, 2014

O FCPorto estará mesmo sintonizado com o Porto Canal?

É praticamente consensual que a política de comunicação actual do FC Porto não corresponde às expectativas da maioria dos adeptos e associados. O descontentamento é quase geral e patente em todo o lado, tanto na blogoesfera e redes sociais, como nos espaços públicos.

No passado recente todos compreendiam a necessidade do clube se fechar, devido ao aproveitamento sectário e desonesto que a comunicação social fazia de qualquer assunto relacionado com o FCP, por mais comezinho que ele fosse, transformando-o logo em  intrigas, ou mesmo em casos de polícia, com o único objectivo de desestabilizar o clube. Essa discriminação ainda se mantém, e até se intensificou, mas também é verdade que as condições do clube hoje são outras. Se no passado o FC Porto dependia apenas da voz de Pinto da Costa para se defender desses ataques, hoje com o Porto Canal, já não faz muito sentido a estratégia do silêncio, nem se recomenda. No entanto, é aquela que continua a ser usada, para desespero e espanto dos adeptos...

Se politicamente o Porto e o Norte se queixam (com razões) de serem discriminados, de não terem um líder, desportivamente as coisas parecem ir na mesma direcção, coisa que paradoxalmente não acontecia antes da parceria com o Porto Canal. Ninguém compreende esta aparente contradição. Nem eu. Muito menos se compreende certas opções da direcção do Porto Canal. Uma, talvez a que me tem causado mais estranheza e que não tem merecido qualquer explicação da referida direcção, é a ausência de Rui Moreira, o Presidente da Câmara do Porto, sobretudo depois de lá terem estado todos os autarcas do grande Porto e de outras cidades do Norte e Centro do país. Júlio Magalhães nada diz sobre o assunto e o FCPorto também não lho pergunta. E a meu ver devia, quando não sujeita-se a que alguém ou algum órgão de comunicação social centralista o faça por ele...

Outra opção, para mim completamente inaceitável, é o critério de avaliação e selecção usados com alguns convidados para debates e entrevistas. Já referi alguns desses convidados em posts anteriores, portanto não vou repetir-me, agora o mais recente foi precisamente o mesmo a quem Pinto da Costa se referiu em moldes pouco simpáticos (mas merecidos), que foi António Mexia o manda-chuva da EDP.

Todos se devem ainda lembrar do que disse este cavalheiro há poucos mêses, mas não me importo de reproduzir.  Com a leviandade que tem (des)caracterizado as figuras de "relevo" deste anedótico país (incluindo a do sr.Presidente da República), afirmou publicamente que [cito]: "seria bom para a economia NACIONAL que o Benfica fosse campeão". 

Ora, se Pinto da Costa disse, à laia de resposta, que tencionava mudar de fornecedor de energia por causa destas infelizes declarações, o que terá levado Júlio Magalhães a aceitar a sugestão de Luís Filipe Menezes para bajular nos estúdios do Porto Canal aquela criatura, como se os portugueses lhe devessem gratidão pelos preços acessíveis a que pagam a electricidade?

Podem-me dizer o que entenderem, mas estas contradições só servem para atear mais fogo às fogueiras conspirativas dos inimigos de Pinto da Costa e do FC Porto. A não ser que, como já aqui admiti, Pinto da Costa não acompanhe, ou não se interesse pelo trabalho que é produzido no Porto Canal, e se assim fôr, faz mal, muito mal, mesmo.

27 maio, 2014

De cidadão para cidadão...



...gostaria de dizer o seguinte: apesar de em democracia os partidos políticos se constituírem por grupos de cidadãos legalmente organizados para influenciar e tomar o poder, e de até ao momento ainda não ter sido inventada outra forma legítima de organização democrática para esse fim, não devemos nunca desistir de procurar novos caminhos para lá chegar.

Sabemos que a vida está em constante mutação. Na ciência, nas artes e até o próprio planeta, tudo tem sofrido mudanças. Umas ocasiões para melhor, outras para pior. De tão habituados estamos à mudança que às vezes até nos esquecemos que a tuberculose já foi uma doença mortal, que só o vírus da SIDA veio levantar novas suspeitas sobre a estabilidade da sua cura. Picasso e Dali romperam com a tradição conservadora do realismo e revolucionaram completamente a arte. Hoje, os seus quadros valem verdadeiras fortunas... Só uma coisa parece ser avessa à evolução: a democracia. E sabem quem mais tem feito por isso? Sabem, não sabem? Os próprios políticos.

Pela importância social que têm,  são as pessoas mais solicitadas pela comunicação social, portanto, aquelas que mais oportunidades têm para influenciar o povo. Povo esse que, curiosamente, e ao contrário deles, só é chamado a opinar para actos eleitorais, para colocar na urna o papelinho que os fará chegar ao poder com o respectivo cheque de cada voto nosso. Não admira pois, que sejam eles quem mais se insurgem contra os abstencionistas e que tudo fazem para banalizar a sua opção democrática, legítima. Pena é, que muitos de nós ainda não tenhamos percebido isto e nos deixemos influenciar com estes mitos, esta demagogia. com esta falta de respeito pelos cidadãos. Gostava, era de os ver honestamente preocupados com as causas substantivas do abstencionismo e a admitir que os patamares de exigência político-partidária têm de mudar em duas direcções básicas: seriedade absoluta e competência.

Para terminar, e para não ser mal interpretado, porque há sempre quem só leia a parte e não o todo de um texto, quero dizer o seguinte: os políticos são necessários em democracia, pelo menos, enquanto vigorar no léxico nacional o adjectivo, é assim que devem ser tratados. Não temos culpa é que eles próprios, por irresponsabilidade pessoal e partidária, tenham deixado cair tão baixo a reputação. É que, qualquer um de nós se um dia entender militar num partido e se tornar figura relevante, corre o risco de se tornar num deles: político. E só de imaginar a colagem com os que nos precederam é desmoralizante. E essa, é também uma factura cruel que os políticos do passado e do presente estão a passar aos vindouros.

Nota:
São conhecidos alguns bons exemplos de actividade política, principalmente ao nível das autarquias, e em quase todos os partidos, mas infelizmente não são esses que governam o país...

26 maio, 2014

66,1 de eleitores conscientes

TODO O PAÍS

  • 3092 de 3092freguesias apuradas
  • 4.42%votos brancos
  • 3.07%votos nulos
  • 65,34%abstenção
PSPPD/PSD.CDS-PPPCP-PEVMPTB.E.LPANPCTP/MRPPPNDPTPPPMPNRMASPPVPDAPOUS
31.5%
27.7%
12.7%
7.2%
4.6%
2.2%
1.7%
1.7%
0.7%
0.7%
0.5%
0.5%
0.4%
0.4%
0.2%
0.1%


Cada cidadão faz o que entender da sua consciência cívica. Na Alemanha de Hitler houve também quem apoiasse (e votasse, sim) a ascensão ao poder do maior facínora da história europeia, e não foram poucos... Esses, estavam convencidos que só um mão de ferro iluminado podia colocar o país nos eixos e terminar com os abusos usurários dos judeus, como se os judeus fossem os únicos usurários...

Vale isto por dizer, que nos tempos que correm talvez seja mais prudente filtrar e dispensar todas as "recomendações" políticas para aquilo que devemos fazer com o nosso voto, porque os partidos - como os altos níveis de abstenção indicam -, estão ainda muito longe de se poderem arrogar ao direito de passar por provedores dos cidadãos.

Se há ilação que se deve extrair das últimas eleições autárquicas e  europeias, é que as pessoas estão cada vez mais decepcionadas com os partidos políticos, porque, como antes escrevi, a crise ultrapassa a Europa, e tenderá a expandir-se, caso os líderes europeus não arrepiem caminho e corrijam o que é preciso corrigir para salvar as democracias. Ontem, os grandes "vencedores" foram os abstencionistas (66,1%), embora esta seja uma victória de pura repulsa à actual partidocracia.

O drama é que os políticos nunca mais aprendem. Mesmo com estas grandes lições, mesmo sabendo que as suas irresponsabilidades tem permitido às direitas e esquerdas mais extremistas um crescimento até aqui inimagináveis. Os políticos, continuam a errar sem quererem assumir que são eles os principais culpados pelas abstenções. Continuam a querer tapar o sol com a peneira e a procurar responsabilizar a abstenção pelos maus resultados dos seus partidos, o que significa que nem sequer capacidade têm para admitir as suas próprias asneiras.

Se há coisa que me repugna, são as generalizações oportunistas. Não contentes com as humilhações sofridas, os partidos do arco do poder preferem certificar os abstencionistas (entre os quais me incluo) de que a decisão que tomaram foi a correcta, caso contrário não se agarravam ao discurso demagógico de quererem convencer o povo que as pessoas não votam porque não querem sair do conforto da casa... Este discurso só prova a profunda falta de respeito que sentem pelos cidadãos. Eu, quando votava, até gostava de me levantar muito cedo para ser dos primeiros a colocar o papelinho na urna, convencido que estava a tratar dum assunto sério... Regressava a casa com a noção do dever cumprido. Mas se o fizesse hoje tenho a certeza que me ia arrepender mais tarde.    

Se votasse, teria votado em Marinho e Pinto, como tal, não me desagrada que tenha conseguido um lugar no Parlamento Europeu. Mas, como prometi a mim mesmo nunca mais voltar a votar enquanto não tivesse provas das qualidades cívicas e intelectuais dos candidatos, traduzidas nas suas acções, aguardarei para ver se fiz bem, ou mal. Que diabo, se os políticos não são sentenciados quando erram (e erram demais), por que raio teria eu (e outros abstencionistas),  de o ser por não querer errar? Acresce que, políticos e respectivos aparelhos partidários não perdem a credibilidade apenas porque se enganam, mas essencialmente porque enganam compulsivamente os seus eleitores. A gravidade está aí, mas eles recusam-se a compreender.

Outra conclusão a tirar destas eleições, é que os eleitores têm mais confiança hoje nas candidaturas individuais (independentes nunca serão) do que nas promovidas pelos partidos, o que acentua a má reputação destes últimos. Pode ser que esta situação conduza os partidos a uma grande inflecção de conduta, mas a avaliar pelas últimas reacções tudo me leva a crer que nada vai mudar... 


O seu voto vale 12 euros, o apoio público 70 milhões

por SUSETE FRANCISCO [14 de Maio de 2009, DN]


Cada partido vai receber, nas próximas legislativas, 3,15 euros por cada voto individual. Nos quatro anos da próxima legislatura as várias forças partidárias vão receber do Estado um valor global de mais de 70 milhões. Um montante destinado às despesas correntes, a que acrescem as subvenções às campanhas e verbas para os grupos parlamentares.
Nas próximas eleições legislativas, quando votar num partido, estará a dar-lhe não só a sua confiança política, mas também três euros e 15 cêntimos - é o montante que valerá cada voto individual no escrutínio para a Assembleia da República. A multiplicar pelos quatro anos da legislatura, dado que a subvenção do Estado é atribuída anualmente: no total terá contribuído com 12,60 euros para os cofres partidários.
Em termos de valor global, o próximo quadriénio valerá aos vários partidos uma subvenção estatal próxima dos 70 milhões de euros. Isto considerando o valor de cálculo actual - mas que terá actualizações anuais, que se reflectirão em mais dinheiro para os partidos.
De acordo com a lei do financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais, as várias forças recebem por cada voto 1/135 do salário mínimo nacional, no valor fixado para o ano de 2008 (426 euros). Feitas as contas, para estas eleições são 3,15 euros, um acréscimo de 40 cêntimos sobre os 2,75 que receberam nas últimas eleições, em 2005.
Se as próximas legislativas se aproximarem das últimas no número de votos expressos (5,5 milhões) os vários partidos vão receber nos próximos quatro anos qualquer coisa como 69,8 milhões de euros. Durante a última legislatura o PS recebeu anualmente 7,1 milhões; o PSD 4,5; a CDU 1,19; o CDS 1,14; o Bloco de Esquerda um milhão.
Além destes cinco partidos, as próximas eleições legislativas podem trazer uma novidade em termos de financiamento partidário. É que, com as alterações agora introduzidas à lei do financiamento, os partidos que obtenham mais de 25 mil votos podem aceder à subvenção estatal - até agora a barreira estava nos 50 mil. 

O que significa que se o PCTP/MRPP de Garcia Pereira e o Partido da Nova Democracia (PND) repetirem os resultados de 2005, terão direito a financiamento. Os 48 mil votos do PCTP valem este ano 151 mil euros; os 40 mil do PND darão direito a 127 mil euros.


25 maio, 2014

Resultado provisório das eleições europeias




  • 3047 de 3092freguesias apuradas
  • 4.43%votos brancos
  • 3.08%votos nulos
  • 65,52%abstenção
PSPPD/PSD.CDS-PPPCP-PEVMPTB.E.L
31.6%
27.9%
12.5%
7.1%
4.5%
2.1%
Última actualização às 22:30