16 outubro, 2015

Dedicado aos portistas da blogosfera


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Caros amigos portistas,

Cansado de ler os vossos comentários [justíssimos] na blogosfera, contra a comunicação social portuguesa, trauliteira e mafiosa, sem nada poder fazer para vos ajudar, gostava, mesmo assim, de vos dar algumas sugestões. Sei que vocês têm muita razão de queixa pela forma letárgica, quase submissa, como nos últimos anos a Directoria e o próprio Presidente do nosso clube têm reagido às provocações que os moços de recados do regime continuam a fazer ao nosso clube. E têm razão acrescida, quando lembramos que num passado ainda recente, Pinto da Costa nunca deixava este tipo de provocações sem resposta. É verdade. Só que o tempo passa, a idade e a saúde começam a fazer sentir-se e Pinto da Costa tem todo o direito e mesmo o dever de se distanciar um pouco dessas picardias. 

Nada impede porém que, continuando ao leme do FCPorto, não possa delegar em alguém da sua confiança e com perfil para tal, a tarefa de bloquear este tipo de pelejas. Assim, indiferente, é que não pode continuar. Tenho a certeza, que se nada se fizer, esta gente execrável vai continuar a provocar-nos, a usar a nossa imagem para nos chacotear, como é disso "bom" exemplo o recente anúncio do FCPorto - Maccabi Tel-Aviv FC, promovido pela "querida" RTP com imagens de jogadores do Benfica... Isto, é tudo, menos respeitável. Não há argumento, por mais refinada que seja a imaginação, que justifique um anúncio desta natureza. E vocês, amigos, gostaram? Eu, também não. E a SAD portista, o que terá a dizer sobre isto? Encolhe os ombros? Estará disposta a promover o clube rival com um anúncio que só ao FCPorto diz respeito? Seria o cúmulo da parvoíce!

Outra coisa que os sócios podiam fazer, porque têm esse direito, era passar a questionar a Administração portista sobre o andamento do Porto Canal, porque ao contrário do que todos esperávamos, e exceptuando a transmissão dos jogos das modalidades, a programação é uma miséria. Sintonizar o Porto Canal é quase um acto de masoquismo. Receio bem que, os poucos programas de qualidade, como é o caso de "Os caminhos da História", do Joel Cleto, acabem por prejudicar o trabalho dos seus autores, e se transfiram um destes dias para um qualquer canal de Lisboa. Além disso, dá uma péssima imagem do nosso clube. Não há qualquer reciprocidade entre a qualidade do clube e do canal.

Entretanto, e enquanto nada disto mudar, os adeptos, as claques, por exemplo, podiam contribuir de outra maneira para combater estas provocações. O humor, é muitas vezes uma "arma" letal. Cartazes com frases contundentes, irónicas, deviam ser sempre exibidas quando haja motivos para tal (não faltam). E os super-dragões podiam fazê-lo em grandes tarjas, bem colocadas, de modo a que todos vejam, sobretudo as câmaras de tv... Bem sei, que o Porto Canal  também podia (e devia) contribuir para apoiar o clube, de outra  maneira claro, com programas diferentes da porcaria que se faz nos outros canais, mas está visto que não há lá gente, com imaginação e vontade para isso. Júlio Magalhães, não é homem de causas, nem de ideias, está visto. 

O que me parece que devíamos evitar, era a rendição, o conformismo que, decerto modo, a direcção do FCPorto está a transferir para os próprios adeptos.

Ser Porto, acho eu,  não é isso.

15 outubro, 2015

Rui Rio o eterno senhor Nim



Quem estiver interessado em ler o artigo de opinião de Rui Rio, publicado no Jornal de Notícias de hoje (cada vez mais lisbonário), poderá lê-lo na íntegra, aqui. A parte que a mim me interessa destacar [o resto do artigo, são desculpas próprias de quem não tem convicções], é o último ponto, o número 4 :
Num país profundamente centralizado como Portugal, lançar uma candidatura presidencial vencedora e nacionalmente reconhecida a partir de uma cidade que não a capital do país, é uma tarefa muito próxima do impossível. Apesar disso, um conjunto de pessoas independentes e pessoalmente desinteressadas, que apenas têm em mente o interesse público no quadro das suas convicções pessoais, conseguiram lançar nos últimos três meses as bases fundamentais para que o arranque pudesse ser possível do ponto de vista logístico e operacional. A todos eles devo uma sincera palavra de gratidão, de profundo respeito e de admiração por cidadãos que são verdadeiramente exemplares do seu ponto de vista cívico.
Só que, a par destes fatores indispensáveis (e bem raros na política portuguesa), há o elemento político que temos de equacionar. E, esse, tenho a obrigação de o deixar aqui bem explícito perante os portugueses.
Como disse em 2 de setembro, não tinha nem tenho qualquer dúvida que, do ponto de vista tático, devia ter lançado a minha candidatura nessa altura. Só que, como também então o disse, os seus pressupostos não acomodavam condicionantes exclusivamente táticas; acomodavam, como referi, um projeto para o país. E a exequibilidade desse projeto, pelas diversas circunstâncias da vida política nacional, apenas poderiam ficar claras após as eleições de 4 de outubro.
Foi por essa clarificação que esperei e é ela que me permite ter hoje uma leitura política final e uma decisão de não candidatura sustentada e coerente.

Foi este mesmo homem, este Rui Rio, não outro, que para agradar ao tal centralismo de que agora se lamenta, entrou a matar, assim que chegou ao Porto, qual Tarzan agarrado a cipó, não hesitando em desconsiderar a grande maioria dos portuenses, hostilizando frontalmente o maior clube da cidade e o mais representativo e prestigiado do país, o FCPorto. 
Uma frontalidade de coragem duvidosa, pois nunca o vimos incomodado com as poucas vergonhas e as perigosas promiscuidades entre a Câmara de Lisboa e o Benfica. Nunca o vimos proferir uma palavra de repúdio pelas figuras miseráveis, abjectas mesmo, que colegas do seu partido, como Rui Gomes da Silva, e tantos outros, fizeram e continuam a fazer, nas televisões públicas e privadas deste país. Rui Rio, é de compreensão lenta quando as prosmiscuidades sopram do sul... Precisa de tempo, de muito tempo mesmo, para perceber o que se passa na capital... Foi por isso, que antes de sair da Câmara do Porto disse, com a demagogia que o define, que ainda não estava convencido dos benefícios da Regionalização. Mas, finalmente, percebeu, agora, que os amigos dos partido lhe viraram as costas. Terá esta facadinha chegado para o convencer?  
É muito bem feito, Rui Rio! Vais morrer, do mesmo veneno com que ousaste afrontar os portuenses e quiseste engraxar os teus amigos da sempre traiçoeira capital. 
Termino dedicando-te esta singela expressão:


"Quando a verdade dói, a importância das coisas surge, e instala-se a certeza". 

13 outubro, 2015

O medo da direita com a hipótese de uma coligação da esquerda

Esta nunca será uma coligação de estabilidade
Um pouco contra a maré de alarmismo que paira nos media, considero a actual situação política bem mais interessante que a ociosidade dos resultados eleitorais a que assistimos nos últimos anos. Interessante, não pelo lado espectacular que à comunicação social sempre interessa dar, mas antes pela implícita submissão dos partidos de esquerda a um escrutínio de maturidade democrática difícil de gerir e que pode até determinar a sua própria sobrevivência. Para já, repito, para já, felicito toda a esquerda pela inteligência da iniciativa. Depois, veremos.

Mais do que nos preocuparmos com o que poderá acontecer, caso se concretize o acordo de entendimento entre  PS,  PCP e  BE, devíamos meditar nas contradições de quem teme essa eventual união. Eu, que me tenho abstido, e que para alguns, pertenço ao grupo dos eleitores "preguiçosos", e que não ando a apregoar o voto obrigatório a ninguém, até estou entusiasmado com essa possibilidade. Há riscos? Decerto haverá. Mas desde quando votamos sem arriscar? Suspendi o meu direito a votar, precisamente porque me cansei de arriscar, pelo que decidi a mim mesmo ser mais exigente.

Sim, porque ideologias e antagonismos políticos à parte, talvez este seja o momento ideal da história recente portuguesa, para os partidos políticos provarem ao país que o sentido de Estado existe e não é apenas simples retórica. É tempo da esquerda, à esquerda do PS mostrar que pode ser mais que oposição. Espanta-me pois, que sejam fervorosos adeptos do voto e os políticos profissionais a recear a eventualidade de uma coligação de esquerda, e que haja abstencionistas (por imperativo de consciência), como é o meu caso, a não se oporem a ela...

Além de mais, que raio de segurança podem ter os portugueses com uma coligação que fez do acto de governar uma miserável campanha de austeridade, deixando os seus principais responsáveis protegidos? Que garantias podemos esperar? O fim próximo da pobreza? Que o desemprego irá descer? Que a emigração terminou? Que as medidas para gerar emprego comportam condições de trabalho sérias?

Como é bom de entender, as questões que aqui coloco não aceitam como respostas válidas as que Passos Coelho & Ca costumam dar, simplesmente porque são respostas falsas. Haverá maior aventureirismo para os cidadãos que continuar a dar o benefício da dúvida a quem já provou não o merecer? Então, por que é que esta garotada que ocupou - através de um sistema de democracia vulnerável -, lugares para governantes, se acha no direito de duvidar das capacidades de uma coligação de esquerda, quando só prejudicaram o país? Por que insistem os amigos da direita em inventar competências quando olhámos para o país e só vemos desmazelo e pobreza?

Vou repetir-me, mas é propositado: sendo céptico, por força de muitos anos de intrujice política, não arrisco mais o meu voto sem receber garantias. E repare-se bem no que está a acontecer, e na minha opinião, bem: nas negociações que os três partidos de esquerda estão a encetar, serão lavrados contratos de compromissos comuns. Podem não resultar, mas é um bom princípio.

Então, porque não podemos nós, cidadãos, exigir condições similares quando queremos votar?