23 dezembro, 2016

Boas Festas!

Natal Engraçado Imagem 5

É nos pequenos gestos e atitudes do nosso dia-a-dia que devemos proporcionar o mínimo de alegria e compreensão aos que nos cercam. 

Que o espírito natalício ocupe os vossos corações para toda a vida (será possível?). 

Boas Festas e Feliz Ano Novo
aos leitores do Renovar o Porto, especialmente a todos os portistas!

21 dezembro, 2016

Sanguessugas

Pedro Ivo Carvalho
(JN)


Eles movem-se com um à-vontade inquietante. Parecem invisíveis até nos apercebermos do estrondo que fazem quando são notados. Germinam nos partidos de poder, saltitam de galho em galho, ora servindo uns, ora servindo outros. Alimentam-se dessa entidade gigantesca e frágil chamada Estado. Resistem a governos, ministros e ideologias. São as pessoas erradas nos lugares certos. Sempre que eclode mais um escândalo, revelam-se pela sagacidade dos métodos, pelo descaramento dos expedientes, pelo avultado, porque é sempre avultado, rombo que causam nas contas públicas, no dinheiro que é de todos, mas que eles acham que lhes pertence. Eles lá vão, aspirando os recursos à medida que se repetem, ano após ano, legislatura após legislatura, os debates muito sérios e muito estéreis sobre a necessidade de reformar a máquina da Administração Pública. As sangessugas são uma praga bíblica: podemos pensar que as exterminamos de cada vez que a Polícia Judiciária e o Ministério Público desembainham as espadas, mas há sempre uma subespécie que prevalece. E se multiplica.

Ter um Estado que está em todo o lado acarreta esta dimensão perversa de podermos estar a desviar o Estado dos locais onde verdadeiramente ele é necessário. O escândalo da Octapharma é revelador das formas de que o monstro se serve para se manter saciado. Uma grande empresa controla o negócio do plasma, derivado do sangue. Por vontade do Estado. Estabelecem-se teias espessas de cumplicidade e interesses comuns. Ajustes diretos justificados com a economia de mercado. Um empresário e lóbista, Lalanda de Castro, amigo de um médico, Cunha Ribeiro, ex-presidente do INEM e da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, assenhora-se, assim apontam os indícios, de um negócio que é, literalmente, um bem vital para o país. Um pequeno favor aqui, um fechar de olhos ali, com a mesma cadência sincopada com que um coração bomba sangue para o corpo.

E isto, além dos largos milhões de euros que podiam ter sido gastos em camas de hospitais, medicamentos, horas extraordinárias a médicos e a enfermeiros, é o que mais devia indignar-nos. E não me venham dizer que é demagogia. O dinheiro não voou. Podia e devia ter tido um destino de serviço público.

Na verdade, a corrupção a este nível num país que investe (e bem) tanto dos seus recursos numa área determinante como a saúde é a assunção de que já atingimos o grau zero da desfaçatez. Somos nós a aceitar que as sangessugas continuarão sedentas e rechonchudas perante aqueles que insistem em manter o monstro bem nutrido a pretexto do bem comum.

Nota de RoP:
Tudo isto é deplorável, revoltantemente tolerável, porque o povo não reage, como deve, a isto. Sabem por quê? Continua a votar. Apesar das abstenções.





20 dezembro, 2016

Habemos Porto, no Porto Canal?

Quando um clube como o FCPorto tem um presidente que ainda há pouco tempo afirmou numa entrevista ao Porto Canal que as arbitragens não tinham piorado, e passado umas semanas se queixa de 15 grandes penalidades não assinaladas a favor do nosso clube, é caso para perguntar o que o fez ver só agora, o que todos os portistas viram desde o início da temporada. Que confiança nos pode inspirar um homem que muda de opinião tão abruptamente? Deixo a resposta ao critério dos leitores.

A minha opinião já a revelei, mas para que não hajam dúvidas, vou recordá-la: foi a blogosfera azul e branca! Sim, os blogues, esses mesmos a quem Pinto da Costa e o director geral do Porto Canal não "passam cartão", não lêem, embora toda a gente os conheça. Mas, pronto, como diz o ditado, só não mudam os burros, embora quando mudam, nem sempre tenham a nobreza de carácter para reconhecer que erraram.

O jogo de ontem com o Chaves (terra natal de meu pai, que era um portista ferrenho), provou, comprovou e confirmou, que os árbitros estão notoriamente empenhados e comprometidos com o clube do regime. Se há uns que disfarçam melhor a missão de que estão incumbidos, outros roubam à descarada, provocam até, e indignam qualquer espectador idóneo que acompanhe os jogos do FCPorto.

De tantas vezes o repetir, por uma questão de seriedade, estas constatações não são meras desculpas, são factos muito graves que mancham a tão badalada verdade desportiva daqueles que menos autoridade moral têm para a pronunciar (que enfie a carapuça quem se doer).

Por isso, apesar de estarmos a ser muito desconsiderados pelo senhor presidente, que agora só tem olhos para os super-dragões, ainda bem que a nossa resiliência e os nossos comentários fizeram abrir os olhos a quem teimava em mantê-los fechados. E ainda bem, porque agora já podemos assistir a alguns programas e debates onde esta questão dos árbitros começa a ser comentada sem medos nem mariquices, e com alguns testemunhos técnicos e visuais extremamente úteis. É por demais previsível que esta postura provoque uma reacção violenta e tipicamente manipuladora aos nossos inimigos, mas nada temos a temer quando a razão está do nosso lado, que é o lado dos factos, ou seja, sem precisar de argumentos. É uma boa oportunidade que daremos aos homenzinhos da Federação e das arbitragens se retratarem e testar até onde pode ir a sua desfaçatez.

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Fernando Gomes
(Presidente da Federação Portuguesa de Futebol)


























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José Fontela Gomes
(Presidente do Conselho de Arbitragem)


No  programa "Universo do Dragão" transmitido ontem depois do jogo no Porto Canal, apreciei tudo o que lá foi debatido, com particular relevo para o ex-jornalista da RTP, José Cruz e Rita Moreira, que não hesitaram em manifestar toda a indignação que lhes ia na alma. É bom sinal. Pena é, que tenhamos de pagar 3 épocas de verdadeiras pilhagens com influência nos resultados financeiros.

PS-Dos quatro presidentes aqui plasmados, só um tem afinidades com o FCPorto. Não consta que tenha usado a sua influência para beneficiar o clube onde trabalhou. Os demais, sabe-se, à boca pequena, que são todos benfiquistas (e qual é o problema?!)... 

Face ao que se tem passado com as arbitragens, umas, a levar o Benfica ao colo, e outras, a prejudicar exuberantemente o FCPorto, não será caso para pensar num cozinhado previamente marinado. Se foi, quais foram as contrapartidas? 

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Pedro Proença
(Presidente da Liga)


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José Meirim
(Presidente do Conselho de Disciplina)





16 dezembro, 2016

A reforma que não existe (II)

David Pontes
(JN)
Às vezes, desculpem lá, tem mesmo de ser. Temos mesmo de nos fazer os chatos do "eu não vos dizia?" Não para enaltecer as nossas qualidades de videntes, mas para tornar bem claro que há comportamentos que estão escritos nas estrelas e que por muito que deem palha ao burro ele só come se quiser.

Em abril deste ano, escrevi, numa crónica com o mesmo título desta, sobre a morte anunciada da reforma do Governo para as áreas metropolitanas (AM) que, nas palavras do ministro Eduardo Cabrita, faria com que os eleitores tivessem "quatro boletins de voto" nas próximas eleições autárquicas.

Depois de meses de propostas e reuniões, António Costa despejou a banheira e o bebé no último debate quinzenal, deixando cair a eleição direta dos líderes das AM em "benefício de um maior consenso". O consenso já sabemos qual é: em ano de eleições autárquicas ou quando estamos na Oposição, somos a favor da descentralização, depois no Poder é só uma questão de promessa não cumprida.

Para além da conceção esdrúxula desta reforma, já se tinha percebido que dificilmente a solução colheria os votos do PCP ou do PSD e que o presidente da República (que no passado torpedeou a regionalização) dificilmente deixaria passar uma lei sem que ela tivesse a aprovação de dois terços da Assembleia. António Costa, hábil como poucos, remeteu agora a questão para os presidentes das AM a quem convidou para apresentarem as suas propostas aos grupos parlamentares. Reparem, o primeiro-ministro socialista faz depender uma reforma que inscreveu no programa do Governo da iniciativa de um presidente de câmara do PSD e de um independente...

Resta-nos pois esperar que o bom senso de Hermínio Loureiro e de Basílio Horta ajude a que se avance alguma coisa na definição de competências de um organismo que ainda pode melhorar muito. Talvez possamos cultivar uma ténue esperança que a experiência autárquica do primeiro-ministro o incentive a dar alguns passos na descentralização do Estado para os municípios.
Mas se olharmos para a forma como esta "reforma" foi descartada, se lhe somarmos a vontade de, a bem da "geringonça", não ter grandes picardias eleitorais com o PCP, é plausível dizer que um partido, que nem candidato próprio terá na segunda cidade do país, não diz "que se lixem as eleições" autárquicas, mas andará perto de querer levantar ondas o menos possível no próximo ano eleitoral.


Veja as diferenças e as incoerências...



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Como  há dias aqui escrevi,  e é simples de  comprovar, o Jornal de Notícias 
voltou hoje de novo "à carga", colando na página de Justiça o nome de Pinto 
da Costa e de Antero Henrique, despudoradamente e a despropósito... 

A despropósito, para o leitor atento, porque não se consegue enxergar nada de 
novo  nesta  notícia  comparada com a  primeira (pelas minhas contas,  esta  é 
para aí  a sexta!).   O  texto é praticamente o  mesmo.  Sendo uma  não notícia,
é porém bem objectiva nos seus desígnios, que é manter os nomes do presiden-
te portista e do ex-director desportivo do FCPorto sempre ligados ao mundo do 
crime. 

Por outro lado, surge outra não notícia, mas com contornos opostos, que mais
não é que uma nova versão do colinho ao Benfica, agora na página desportiva,
ironicamente o jornal eleito por Pinto da Costa para dar uma entrevista quando 
tinha o Porto Canal para o fazer.

Calculo que tudo isto tenha a ver com aqueles jogos de intrigas entre compadres
desavindos, mas convenhamos, é feio de mais para ser tolerado, quer Pinto da 
Costa, quer especialmente ao Jornal de Notícias,  último baluarte do jornalismo
portuense, agora visivelmente dominado por centralistas, de cá, e de Lisboa.  

PS-Chamo a vossa atenção para a ambiguidade, para não dizer, para
o português abstracto do texto sobre a suspensão do "Orelhas" 

15 dezembro, 2016

Salários de miséria

Rafael Barbosa

1 É um dos mais duros retratos da nossa miséria. Segundo o gabinete de estatísticas da União Europeia (Eurostat), Portugal é um dos países com maior desigualdade salarial, ou seja, em que é maior o fosso entre os que ganham menos e os que ganham mais: os 10% de trabalhadores do fundo da tabela recebem, em média, 3,3 euros por hora; os 10% de trabalhadores do topo da tabela recebem, em média, 14,4 euros por hora, quase cinco vezes mais. Acresce que, feitas as contas, a média está nos 5,1 euros por hora (rendimento bruto a que ainda há que descontar os impostos e as contribuições para a Segurança Social). Como alertava o professor João Loureiro, aqui no JN, o que estes números nos dizem é que aquilo a que chamamos salário mínimo nacional se está a transformar em salário comum. O cenário piora quando se fazem comparações com outros países. Na Suécia, o país da UE em que a desigualdade salarial é menos acentuada, os 10% de trabalhadores mais "pobres" recebem quase tanto por hora como os 10% de trabalhadores portugueses mais "ricos". Números que ajudam a explicar por que razão, em Portugal, ter um trabalho já não constitui uma garantia de uma vida digna. Nos últimos anos aumentou sempre o número de pessoas que, mesmo trabalhando, vive abaixo do limiar da pobreza: são agora 11%.

2 O Bloco de Esquerda fez uma lista de todas as medidas que o Governo PSD/CDS e a troika implementaram, ao longo últimos anos, com a intenção de promover o que chamaram "desvalorização interna", eufemismo para a desvalorização dos rendimentos do trabalho e consequente empobrecimento dos trabalhadores, com o que se pretendia tornar o país mais competitivo. Mas, para além da lista, o Bloco fez também algumas contas, concluindo que, por via das alterações à legislação laboral (menos dias de férias, mais horas de trabalho, redução da remuneração por horas extraordinárias, redução das indemnizações por despedimento, etc...), terá havido uma transferência de rendimentos do trabalho para o capital de cerca de 2,3 mil milhões de euros. Não posso garantir que as contas do BE estejam certas mas, até ao momento, ninguém as desmentiu. E talvez valha a pena notar que, se forem verdadeiras, isso equivale a um desvio de cerca de 511 euros de cada um dos 4,5 milhões de portugueses empregados (incluindo os precários) para os respetivos patrões. Percebe-se assim melhor porque resistem as confederações patronais ao aumento de 27 euros no salário mínimo nacional. Mais um euro por dia no bolso dos trabalhadores representa menos uns milhões nas contas bancárias de um bom número de empresários. Quem não estiver contente com estes salários de miséria pode sempre abandonar a sua zona de conforto e emigrar para a Suécia.

(do JN)

Obs.-
Será que os portugueses pensam, quando falam do orgulho nacional?

13 dezembro, 2016

Os blogues para Pinto da Costa são anónimos...


Prezados portistas,

sócios, não sócios, super-dragões e colectivo ultras-95,

todos nós, pelo menos os portistas que escrevem e comentam na blogosfera, devemos ser uns facciosos, uma versão dragoniana do calimerismo do futebol luso. 

Digo devemos ser, porque quem o insinuou, não fui eu, foi o presidente Pinto da Costa, na décima resposta que deu  à entrevista de ontem no JN. À questão, se "considerava que o actual presidente do conselho de arbitragem da FPF, Fontela Gomes tinha trazido melhorias à arbitragem portuguesa", Pinto da Costa disse que ainda era cedo*para fazer uma análise ao trabalho do referido conselho, que era prematuro estar a fazer comparações com o presidente anterior...

Percebo, a  resposta tão comedida, mas não a aprovo, porque não deixa de ser uma resposta conveniente, de quem parece ter abdicado da sua própria autoridade na defesa do FCPorto e de fazer depender dos humores dos responsáveis federativos o critério de isenção que lhes incumbe, por dever. Tão pouco aceito, como portista, que faça indirectamente dos adeptos um grupo de alienados menos "tolerantes" que ele, porque é inegável que estes últimos anos temos sido indecentemente prejudicados por arbitragens habilidosas, muitas delas com influência directa na classificação geral, o que, a não acontecer, podia ter-nos valido um, ou mais campeonatos. Isto, repito, pela enésima vez, independentemente dos erros desportivos e da qualidade dos nossos planteis e treinadores. Não conheço nenhum portista que não assuma os deméritos competitivos próprios, mas também que não concorde (sem fanatismos) que temos sido constantemente lesados, e ofendidos na nossa própria dignidade enquanto pessoas. E o senhor presidente parece não querer saber disso para nada.

Portanto, o senhor Pinto da Costa está a mentir, quando dá respostas desta natureza. Mente, e ofende-me, enquanto adepto. Mente igualmente a todos os adeptos, mesmo que atrás de uma pseudo estratégia de puxa-saco, para ver se comove os elementos da Comissão de Arbitragem a desistir da pilhagem clara e óbvia em que estão empenhados. Se P. Costa não deu estas respostas de má fé, então é porque anda a ver mal e deve tratar dos olhos.

Há pergunta 13ª, "Tem sido criticado por não falar mais das arbitragens", a resposta foi sintomática: «o que vamos dizer? o que se passou em Chaves foi uma vergonha e toda a gente viu que estava a ser de mais. Continuo a não encontrar explicação para aquela arbitragem, mas os árbitros não vão deixar de errar. Só os animais não erram.».  Mas, o que é isto, senão uma desastrada contradição? Então, diz que não vê explicação para a arbitragem em Chaves? Só essa? E as outras, foram todas erros humanos? Ou não será antes um pretexto do senhor presidente para justificar o afastamento do FCPorto da Taça de Portugal? Esqueça, afinal, como diz, com uma coerência invejável, «só os animais não erram...». Portanto, já ficamos a saber com o que podemos contar. Só lá mais para o fim da temporada é que V. Exa. irá dar a sua opinião sobre a competência do actual presidente da Comissão de Arbitragem. Ou seja, quando e se, já não houver um único troféu para vencer. Perfeito.

Na seguinte questão, o entrevistador insistiu: "Mas reconhece que há adeptos do FCPorto que exigem mais...". Pinto da Costa não esteve com meias medidas: «As pessoas que querem dar opinião têm um sítio para o fazer, dando o rosto nas Assembleias Gerais. Agora, aproveitar os sites e os blogues... Tudo o que não tem um rosto não me diz nada. Criei neste mandato o provedor do associado, que uma vez por semana passa uma tarde no Dragão a receber as pessoas, estamos abertos às críticas, mas não as que aparecem nos sites.»  

Ainda bem que actualmente não sou sócio, mas também pode estar descansado que não me vou inscrever de propósito só para lhe responder como merece. Mas respondo-lhe aqui para lhe dizer que a sua sabedoria em matéria de comunicação pode levá-lo a cometer mais asneiras. É que os blogues, ao contrário do que afirmoutêm um administrador com rosto (está aqui mesmo a minha foto) devidamente identificado pela Google, com residência e nº. telefone, não são geridos por anónimos, como alguém de má fé o informou.

E já que puxou mais uma vez pelos cordões da arrogância, permito-me responder-lhe da mesma moeda, dizendo-lhe que se houve um veículo de comunicação que muito se bateu para que o Porto Canal promovesse programação para defender o clube da discriminação a que continua a ser sujeito, foram os BLOGUES, não foi a televisão, nem a rádio, nem o JN. Jornal de Notícias esse, que de vez em quando, e a despropósito até, se lembra de colocar o seu nome "respeitosamente" na página dedicada à Justiça...

Os jornais sim, são a sua praia, a sua cadeira de sonho. Talvez eu entenda agora porque convidou os amigos da BOLA para a gala dos Dragões de Ouro  (que prestigiante!).

Olhe, para falar francamente, já não sei é o que pensar de si. Estou decepcionado. Quem o viu, e quem o vê.

* é uma verdade, que a Taça de Portugal se finou muito cedo...


   

12 dezembro, 2016

Até o masoquismo tem limites, Julinho!

Por mais que me esforce, não sei onde pretende chegar o director-geral do Porto Canal com o tempo de antena dedicado ao Benfica. Não sei, mas sei a indignação que me causa ver um canal cujo dono maioritário tem sido reiteradamente desconsiderado pelos representantes do Benfica a falar dele como os media centralistas. Às vezes, deixam a ideia que ignoram o nome do principal patrão, que quem lhes paga o salário não é uma sociedade desportiva chamada FCPorto.

O comentador do Porto Canal não se limitou a dar-lhe tempo de antena, exaltou o Benfica com elogios pouco adequados a um canal propriedade do FCPorto... Foi isso mesmo que vi agora mesmo no jornal da tarde. Quem quiser confirmar, é só fazer uma consulta no guia da NOS, ou da MEO, para ficar esclarecido. Não vou alimentar mais ilusões àcerca da bondade da opção editorial Generalista/FCPorto, porque da forma como este negócio está a ser gerido a incompatibilidade é factual, salta a olhos vistos. 

Júlio Magalhães podia informar os espectadores sobre tudo, e todos, até sobre o Benfica, se soubesse fazê-lo com a discrição meteórica que uma notícia dessas "merece". Agora, pôr um gajo qualquer a tecer loas sobre um escabroso adversário da casa que lhe paga o salário, já não é liberdade de expressão, é atiçar os portistas contra o próprio canal. Como interpretar esta patética forma de informar, quando nem a própria RTP, canal pago por TODOS os contribuintes, tem destas gentilezas com os portistas? Esta cínica mania de querer agradar a gregos e troianos nunca deu bons resultados, não é agora que a lenda vai mudar.

Igual perplexidade senti, quando  hoje li a contra-capa do JN a anunciar o  lançamento do projecto Novo JN Directo, com uma entrevista a Pinto da Costa! É impressionante a desfaçatez com que gozam com o Presidente do FCPorto na cara dele. Passam o tempo, dias e dias, a fio, a envolvê-lo, e ao próprio FCPorto em casos de polícia, e o presidente consente caladinho. O JN passou a dar mais protagonismo ao Benfica que ao FCPorto, e ninguém parece incomodar-se com a "renovação editorial". Mesmo assim, o antigo guerreiro do FCPorto deixou-se seduzir pela "honra" do convite, parecendo não perceber que eles querem é vender papel à custa dele e dos portistas, com o velho ardil do cravo e da ferradura.

Tornámo-nos nuns artolas. Que vontade eu tenho ainda de emigrar.

11 dezembro, 2016

Quem inventou o Trump?

Há uma espécie de concurso entre as elites europeias e americanas de esquerda: quem insulta mais Donald Trump? Quem consegue escolher os epítetos mais violentos? Racista, boçal, cretino, sexista, corrupto, inculto e xenófobo estão entre os mais utilizados. Isto para além das classificações brandas de fascista e populista.

No entanto, o problema não é o de qualificar Trump nem de sublinhar a sua incultura e a sua falta de sofisticação. O problema consiste em saber por que razão foi eleito. Contra a opinião sondada e publicada, este senhor foi escolhido por 60 milhões de americanos que, creio, não são todos racistas, machistas, bandidos, milionários, fascistas e corruptos. E, se fossem, a questão era ainda mais difícil: como é possível que houvesse tantos assim?

O problema não é o de classificar os defeitos de Trump e seus apoiantes nem de mostrar como são violentos, intolerantes, xenófobos e déspotas. O problema é o de saber por que razões perderam os virtuosos, os democratas, os liberais, os intelectuais, os jornalistas e os artistas. O problema é o de saber por que razão os pobres, os desempregados e os marginalizados não votaram em quem deveriam votar, isto é, em quem pensa que a solidariedade, a segurança social, o emprego e a igualdade são exclusivos dos democratas e das esquerdas.

As esquerdas em geral, incluindo artistas, intelectuais, jornalistas, liberais americanos e progressistas europeus, não suportam não ter percebido nem ter previsto o que aconteceu. Como não admitem que são, tantas vezes, responsáveis pelas derivas políticas dos seus países.
Já correm pelo mundo explicações fabulosas sobre estas eleições. As mais hilariantes são duas. Uma diz que, além dos machistas e dos racistas, votaram em Trump os analfabetos, os desesperados, os marginalizados pelo progresso, os desempregados e os supersticiosos. A outra diz que o fiasco das sondagens, dos estudos de opinião e dos jornalistas se deve ao facto de os reaccionários terem vergonha de dizer em quem votariam! Por outras palavras: quem não presta votou em Trump; e quem votou em Trump enganou-nos!

Tal como os democratas em geral, as esquerdas atribuem sempre as culpas das suas derrotas aos defeitos dos outros, da extrema-direita, dos ricos, dos padres, dos fascistas, dos proprietários, dos patrões, dos corruptos e agora dos populistas. Não pensam que os culpados são ou também são eles, os democratas, ou elas próprias, as esquerdas. Raramente se dão conta de uma verdade velha, com dezenas de anos, mas sempre esquecida: as democracias não caem por serem atacadas, não são derrubadas pelos seus inimigos, caem por sua própria responsabilidade, porque enfraquecem, porque se dividem, porque perdem tempo e energias com quezílias idiotas e porque deixam que o sistema político perca de vista as populações. Também, finalmente, porque acreditam nas suas virtudes, porque confiam na sua racionalidade e porque consideram que têm o exclusivo da bondade e da compaixão.

As esquerdas (nas suas versões americana e europeia) apresentam-se cada vez mais como uma soma de sindicatos e de clientelas: mulheres, negros, operários da indústria, desempregados, pensionistas, homossexuais, artistas, intelectuais, imigrantes, latinos ou muçulmanos. Todas as minorias imagináveis, incluindo as mulheres que o não são. Às vezes, resulta. Mas acaba sempre por não resultar. As esquerdas abandonaram as ideias e os direitos universais dos cidadãos e valorizam as suas circunstâncias étnicas, sociais ou sexuais. Como também abandonaram a capacidade de pensar a identidade nacional, entidade ainda hoje vigorosa e reduto de referências pessoais e culturais.

Acima de tudo, a arrogância e a superioridade moral, cultural e política das esquerdas têm destes resultados: afastam-nas do povo e favorecem os inimigos da democracia.

(António Barreto) 

09 dezembro, 2016

Um aviso à navegação

Domingo, o FCPorto desloca-se ao campo do Feirense para cumprir a 13ª. jornada da Primeira Liga. O jogo terá início pelas 16H00, duas horas antes do jogo entre vermelhos e verdes, o que significa que, caso saibamos corresponder às expectativas, podemos terminar o encontro reduzindo a distância pontual entre ambas as equipas, ou pelo menos, de uma delas.

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Árbitro Luís Ferreira, nomeado para o Feirense-FCPorto
Não pedimos que o magnífico jogo do FCPorto com Leicester, enfeitado por 5 golos de categoria, se repita, porque cada jogo é um jogo, e porque, independentemente do valor do Feirense ser muito inferior aos reservas do Leicester, temos a obrigação de ganhar. Para isso, convirá não esquecer que estamos em Portugal (lamento muito escrevê-lo, mas é verdade), num país onde as malhas do centralismo ocuparam totalmente o futebol, transformando as arbitragens em autênticos golpes mafiosos a pleno céu aberto para benefício do Benfica. Nem em Itália, terra de origem de Al Capone, consta que o futebol esteja tão minado por arbitragens manhosas, como neste país cinicamente considerado de brandos costumes...

Concluindo: o FCPorto tem de se precaver, não esperando que o árbitro,  seja ele qual fôr, venha instruído para marcar todas as faltas a nosso favor, como aconteceu com o árbitro alemão  no jogo com o Leicaster, ou como o que apitou o do Roma. O que vai acontecer, será mais do mesmo, ou seja, o árbitro apitará as faltas demasiado óbvias, esquecerá outras, e deixará passar a maioria. Não sou eu quem profetiza, são eles próprios que tratam de nos dar essas certezas, jornada após jornada. Como não são estúpidos de todo, ainda que desavergonhados, o mais certo, é que o árbitro nomeado alterne a acumulação de faltas perdoadas ao adversário, com a mostragem de uns inócuos cartõezinhos amarelos, lá mais para o final do tempo complementar... 

Todas as equipas rivais do FCPorto sabem disso. Não o transmitem, porque isso seria honestidade a mais para o nosso futebol (país), mas todos sabem que os árbitros na dúvida, a nós só nos prejudicam, por isso, os adversários não hesitam em dar-nos porrada da grossa nas suas barbas, tornando as accções ofensivas da nossa equipa numa tarefa muito mais árdua do que seria com árbitros bem nascidos. Não será essa a principal causa do longo jejum de golos dos nossos jogadores, mas é sem dúvida uma das causas, quiçá a mais grave.

Espero que Nuno Espírito Santo e os próprios jogadores tenham percebido a diferença entre jogar cá e jogar lá fora, e que todos estejam devidamente acautelados para o que nos espera. Temos de jogar intensamente, metendo o pé, mas lealmente, evitando que a mão pesada dos árbitros e dos cartões se vire contra nós. Pressionar alto, nunca desistir de ganhar a bola e chutar para a baliza como se ela fosse do tamanho do mundo.

Só assim, ela entrará na baliza. Enfim, com muita confiança.  

07 dezembro, 2016

FCPorto 5 - Leicester - 0



São dispensáveis os comentários. Só tenho a dizer, confesso que com grande desgosto, que se este mesmo jogo fosse arbitrado pelo melhor dos árbitros portuguêses, o resultado seria impossível. Não porque o árbitro alemão tivesse beneficiado o FCPorto, porque não é assim que gostamos de vencer, mas pela soberana razão de nos ter calhado um árbitro HONESTO  e competente (nem se deu por ele). Assim mesmo, HONESTO, com maiúsculas!

Estão a ver a frequência com que o André Silva é atropelado pelos adversários no nosso transparente campeonato, dentro e fora da área? Estão? Agora, contem as faltas que têm sido poupadas aos nossos adversários e tirem as vossas conclusões.

Que esta exibição seja para repetir e que os fantasmas tenham sido definitivamente afastados.

PS-Grande jogo colectivo e  individual. O golo do Corona é o meu eleito. À inglesa, sem preparação.

O Porto Canal já arrancou a mordaça? Espero bem que sim

Digam o que disserem, os blogues, sendo simples dispositivos de comunicação, vão fazendo o seu papel, conquistando o seu espaço, e tentando influenciar positivamente a opinião pública e as elites locais nas várias áreas da vida da nossa cidade. Por mais que tentem desvalorizar a blogosfera, está provado que actualmente são os blogues os únicos "media" verdadeiramente autónomos com liberdade e coragem para lutar contra o despotismo centralista.

O Renovar o Porto tem procurado, como sabe e pode, dar o seu pequeno contributo para atingir esse objectivo, criticando quando tem de criticar, mas também louvando e dando sugestões. Na área do desporto, não nos cansamos de sugerir, um melhor aproveitamento do Porto Canal para defender o FCPorto da discriminação e das arbitrariedades com que nos têm "mimado". Escrevemos inúmeros posts sobre o assunto, propondo debates, denunciando, expondo imagens, tirando partido das novas tecnologias para desmentir as opiniões manipuladas dos jornais e televisões do regime. Finalmente, parece que fomos ouvidos. Este trabalho teve o mérito de ser partilhado por muitos outros blogues, o que abona da importância do colectivo (tal como no futebol...), só é pena que não nos tenham dado ouvidos mais cedo. Mesmo assim, ainda há muito caminho a percorrer.

Mesmo que nos neguem essa influência, pela minha parte não me apoquento, desde que o Porto Canal, a partir de agora, dedique mais tempo a olhar mais para a cidade do Porto e para o FCPorto e que responda sem rebuço aos atropelos dos juízos que nos fazem, não com a mesma moeda, porque essa é falsa, mas com a moeda da verdade.

Ontem, no programa Universo Porto onde participaram o ex-jornalista da RTP José Cruz, Francisco Marques do Dragões Diário e Bruno Magalhães, moderado por Paulo Miguel Castro, foram abordados temas muito importantes. Discutiram-se as polémicas arbitragens mais recentes com requintada ironia, mas com a seriedade devida. Cronometrou-se o tempo de jogos desperdiçados pelos adversários do FCPorto (no caso, o guarda-redes Marafona do Braga) com o consentimento dos árbitros. Abordou-se a contratação dos ex-árbitros António Rola e Cosme Machado pelos rivais de Lisboa, enfim, uma série de casos que têm afectado frequentemente o nosso clube. 

José Cruz afirmou algo que não sendo propriamente uma novidade, é elucidativo do estado de resignação a que os portuenses chegaram. Disse ser muito diícil resistir a esta discriminação devido à comunicação social estar nas mãos de 3 ou 4 grupos económicos. Faltou dizer que grupos são esses. É que, mesmo que não possamos travar esta prepotência pelo poder que detém, denunciá-la é já um bom passo que se dá para os pôr em respeito. Os grupos económicos têm os seus representantes e de certeza que não vivem só das fontes que sustentam, os seus interesses são mais abrangentes. Sabendo-se controlados, é possível que comecem a sentir algum desconforto e a ter mais cuidado. 

A pior coisa que se pode fazer é ceder à opressão do dinheiro. Pode estar apenas nas mãos de uns poucos, mas antes de aí chegar, passa pelas mãos de todos nós, e eles sabem-no. De qualquer modo, o Porto Canal deu-nos razão, admita-o, ou não.

05 dezembro, 2016

CENTRO HISTÓRICO DO PORTO É PATRIMÓNIO MUNDIAL HÁ 20 ANOS


Tenho um hábito comigo, que não sei explicar muito bem, que é desconfiar do lançamento de foguetes, antes de saber onde é a festa. Só sei, é que, ao contrário do que acontece com a sorte, pressinto os inconvenientes das euforias mediáticas quando não as vejo sustentadas em fundamentos sólidos, e nestes casos, acerto quase sempre.

Ninguém, mais do que eu, portuense, portista, bairrista (e cosmopolita), se empolga quando lê e ouve, coisas elogiosas sobre o Porto e a região. Agora, esta história de se andar a dizer que "o Porto está na moda", pode, ao primeiro impacto, parecer  uma coisa boa, mas não deixa de me soar estranho comentar a nossa cidade como se tratasse de uma casa de alta costura. As modas são isso mesmo, modas apenas. Renovam-se continuamente para promover o consumo, nada mais. 

Uma cidade, não pode traduzir-se nestes termos, porque o Porto é sobretudo a sua gente. E porque não quero que o Porto seja apenas um capricho de momentos, sujeito a ocasionais ditaduras inspiradas em modas, preferia um slogan mais apropriado e intemporal. O Porto é eterno, não anda ao gosto de quem quer. Em vez de se dizer que o Porto está na moda, devía optar-se por clamar que "o mundo despertou para o Porto", porque a cidade está no mesmo sítio onde sempre esteve. Se esteve fechada tanto tempo foi porque não nos deixaram ir mais além (o centralismo dos governantes).

Pragmaticamente, o Porto modernizou-se (há que reconhecê-lo), sobretudo nestes três anos de mandato de Rui Moreira. A reabilitação urbana avança, o centro histórico regenerou-se a olhos vistos, a actividade cultural saiu da mediocridade inspirada no La Féria (de Rui Rio) para patamares de excelência, e a baixa nunca esteve tão pujante de povo de todo o mundo. Para além de isto, houve dois factores fundamentais responsáveis pela ideia parva de relacionar a moda com o Porto, como seja a modernização do Aeroporto Sá Carneiro (com os vôos low cost), complementada com a implantação do Metro. Estas duas obras, foram as principais dinamizadoras responsáveis pela "descoberta" da cidade para o Mundo. Tudo o resto já cá estava, não fossem as políticas mesquinhas centralistas e o Porto hoje estaria ainda melhor. 

De resto, as minhas únicas inquietações nesta matéria, prendem-se com o fundamental: a população. Urge incentivar o regresso dos portuenses ao centro da cidade, criando fórmulas acessíveis à habitação. O Porto tem de ser uma cidade multi-classista, com gente de diferente matiz. Esta onda algo obssessiva de impulsionar o turismo está a inflaccionar o valor das rendas e a obstar o repovoamento da cidade. É um problema que deve merecer a atenção de Rui Moreira, de modo a evitar que o desenvolvimento do Porto aconteça da pior maneira engendrando uma cidade comercial sem gente para a consumir. Os turistas, vão e nem sempre regressam. Os habitantes são potenciais clientes, não vitalícios, mas para a vida.

PS-Não liguem a este meu estilo de falar frequentemente na primeira pessoa, porque tenho sempre de admitir que nem todos concordem comigo, apesar de sermos todos portuenses.