03 março, 2016

É assim, com eles, a Justiça deixa-os a marinar, antes de os prender

Manuel Damásio (do clube anti-fruta e pro-coca)
Manuel Damásio foi detido há  instantes por suspeitas de branqueamento de capitais e tráfico de influências



O antigo presidente do Benfica Manuel Damásio foi detido à instantes por suspeitas de branqueamento de capitais e tráfico de influências, avança a SIC Notícias.
A detenção ocorre no âmbito da operação Rota do Atlântico, onde também foram detidos o ex-dirigente benfiquista José Veiga, Paulo Santana Lopes e uma advogada no passado dia três de fevereiro.
Manuel Damásio foi presidente do Benfica entre 1994 e 1997

02 março, 2016

Carta aberta a Miguel Sousa Tavares


Caro Miguel,

Pressinto, que após lida esta missiva, não irá ficar muito contente com o que nela digo, nem porventura consigo próprio. Isto, porque, apesar de também ter vivido em Lisboa, como o Miguel, e de me rever em muito do que escreve, sente, e pensa (excepto a atração pelas touradas, e a sua costela centralista), outras coisas há, que não consigo entender na sua forma estranha de ser portista. Vamos por partes.

A primeira, quiça a que mais confusão me trás, a este meu cérebro de provinciano,  a este gajo lá do Norte (é assim que, por aí, gostam de tratar os portuenses) carente dos eruditos ambientes da capital, é você querer convencer-se que, escrevendo no "jornal" A Bola, bem, ou mal, sobre o FCPorto está a prestar um bom serviço à grande comunidade portista (talvez sim à anti-portista)...  Pelo menos, foi isso que  me deu a entender, quando há uns bons anos (para aí dez) lhe escrevi a insurgir-me contra o seu gosto centralista, e o modo como fundamentou apreço pel' A Bola, com o facto de ser o jornal desportivo mais lido do país. Sabe uma coisa, Miguel? Às vezes, fica-se com a impressão que você não conhece a sua terra natal, - apesar de ser por demais badalada por esse mundo fora -, nem faz a mínima ideia da importância que os seus conterrâneos dão a essa coisa que você considera um jornal desportivo. 

Acredite, ou não, este que lhe escreve, desde 1977, ano da graça em que decidi regressar à terra onde nasci e amo, nunca mais gastei um cêntimo para ler, esse punhado de folhas vermelhas a que o Miguel, chama jornal. Faz ideia por quê? Não faz, pois não? Mas eu digo-lhe. Primeiro, porque de jornal  pouco tem, aliás em Portugal (não disse Lisboa) nem abundam, e depois, porque na realidade, para a maioria dos portistas, não passa de um pasquim, onde a ética, o fair play, e o senso democrático, são uma pobreza, muitos graus abaixo daquela a que (como você diz), chegou o nosso FC Porto. Mas, sossegue Miguel, porque também sou um portista ambicioso, exigente, nem estou a gostar nada do que agora está a acontecer ao FCPorto. Já fui um grande admirador de Pinto da Costa, e neste momento deixei de ser, por culpa dele, e por razões explícitas, publicadas num blogue meu, com toda a liberdade, e sem qualquer condicionante pecuniária. 

Só que há uma significativa diferença entre nós: para criticar o nosso Presidente, ou o FCPorto, nunca escolheria um antro como A Bola, que não passa de uma máquina de propaganda benfiquista e anti-portista. Nunca lhes daria o prazer de achicalhar o meu clube nesse ninho de cobras. Mais. Não leio, e muito menos compro, qualquer jornal desportivo. Sabe por quê? Por efeito dessa praga centralista que você tanto condescendia, e que se tem incumbido de esvaziar de autonomia os jornais da nossa cidade e região! Será que o Miguel ainda não se apercebeu do que está a acontecer para além dos muros da capital? Será que também não deu pela mudança subtil do histórico Jornal de Notícias que não precisou da democracia nem de Lisboa para nascer? Vai culpar-nos, Miguel? Vai-me dizer que a culpa é só nossa, dos portuenses, como se tivéssemos voto na matéria? Será que também concorda com o que se está a passar na TAP e contra Rui Moreira? Também ele, há uns anos atrás alinhava nesse preconceito anti-regionalista, mas agora parece ter aberto os olhos. E você, Miguel, continua a ver o Porto como os políticos, inapelavelmente rendido a esse eucalipto ganancioso chamado Terreiro do Paço? 

Voltando ao FCPorto, como pode o Miguel banalizar o nosso plantel, quando o maior erro começou na própria presidencia/Sad com a aquisição de Lopetegui? Acha que os jogadores são mesmo quase todos uma banalidade, que se tivessem sido treinados por um técnico conceituado não rendiam muito mais? Não acha exagerada essa vulgarização, depois de estarem meia época a serem destreinados, condicionados física e psicologicamente, por um sistema de jogo ineficiente, chato e castrador? Há de facto um pequeno lote de jogadores sem categoria para jogar no FCPorto, mas quase todos? Assim mesmo, esse plantel de nabos, foram suficentemente bons para ganhar duas vezes ao entronizado Benfica, clube mimado deste miserável regime.  

A fidelidade ao passado devia ser exigida a quem de direito, mas fazê-lo num meio de "comunicação" onde um simples coçar de cabeça constui crime, se o autor fôr o Presidente Pinto da Costa, é branquear a pouca vergonha e a má fé que desencadeou o Processo Apito Dourado, cujo cooperante empenhado foi o jornal onde escreve. A propósito, diga-me, se assim entender, se A Bola dá o mesmo protagonismo ao "caso Porta 18", do Benfica, onde o tráfico de cocaína se transformou numa espécie de hóstia consagrada pelo silêncio?

Vá lá Miguel, não queira ser mais papista que o(s) papa(s) que inundam A Bola. Aceita uma sugestão? Comece por criticar o que há de pior no jornal A Bola, que é a arbitrariedade, a falta de seriedade, e teste a capacidade de encaixe de quem lhe paga a avença. 

Tenha paciência, mas de tanto querer agradar a gregos e troianos, vai acabar por ter todos os portistas contra si. Esse, será o tiro mais aselha da sua vida de caçador. E não havia nexexidade, porque eles até lhe reconhecem os talentos como escritor (eu, incluído).

Um portista exigente, mas que não dá troco a pasquins (nem que lhe paguem).

PS-Como duvido que o Renovar o Porto chegue aos olhos de Miguel Sousa Tavares, irei hoje mesmo (5ª.feira), enviá-la para a Travessa da Queimada, para a morada do pasquim onde tanto gosta de escrever.

      

01 março, 2016

Economia do hermetismo



Descontando raras excepções, poucas são as pessoas dispostas a preferir pouco dinheiro e boa qualidade de vida, que ter dinheiro a mais, e uma qualidade de vida relativa. E a razão, explica-se bem. 

Em países como Portugal, onde o poder económico subjuga o equilibrio social, com salários cotados na lista dos mais baixos da Europa, é praticamente impossível usufruir de uma boa qualidade de vida. Isto, independentemente do estilo e gostos de cada um, dada a influência perniciosa da promoção consumista típica do liberalismo social.

Mesmo alguns excêntricos, como por exemplo, os hippies (já em vias de extinção), teriam muitas dificuldades para sustentar e educar uma família em Portugal. 

Optando  por viver de modo simples, e convencionalmente no meio da natureza, em roulotes ou cabanas, abdicando da roupagem contemporânea tradicional, da vida citadina, dos gastos por eles considerados surpérfluos, e até da própria higiene pessoal, poucos hippies teriam capacidade para resistir muito tempo às imposições culturais das maiorias regimentais. Bastaria a necessidade de educar os filhos, para os forçar a integrá-los em escolas com crianças e professores com hábitos diferentes, para tornar utópico e dispendioso essa opção de vida.  Em Portugal, só alguns estrangeiros priveligiados (alemães, americanos, ou escandinavos), com boas reformas, é que ainda se podem dar ao "luxo" de viver segundo esse padrão, com alguma qualidade de vida e poucos recursos, sendo que o "poucos recursos" de um alemão, ou de um nórdico, para um português, quer dizer, muitos recursos. 

Tudo isto, para enfatizar o realismo daí decorrente, a inutilidade dos discursos economicistas que nos impingem os media. Na política, a economia jamais ultrapassará o patamar teórico da importância, enquanto não souber contabilizar e provar, em números concretos, a relação causa-efeito da economia com a qualidade de vida dos cidadãos. Para ser levada a sério, essa avaliação deverá comportar obrigatoriamente  o acesso a todos os bens de consumo que esses mesmos media promovem, em benefíco próprio, para um público indiscriminado, como se a distribuição da riqueza fosse equitativa e tivesse uma relação directa com o estudo da produção/distribuição/consumo de bens e serviços (vulgo economia). 

Daí, me parecer inútil, por vezes ridícula, a discussão hermética das questões económicas, enquanto os especialistas na matéria não perceberem que na política, o interesse público é muito mais abrangente e heterogénio que um grupo restrito de economistas. Por isso, também, duvido que enquanto não houver capacidade para simplificar a utilidade da discussão da ciência económica na vida prática das pessoas, sem a enquadrar noutra modelo social, que não este onde vivemos, mais justo e transparente, dificilmente se aliciará o interesse popular pelas questões económicas, e apenas servirá para auto-realizar, mesmo que alucinadamente, os seus conselheiros.

Off topic:


Porto Canal: NOS interpõe providência cautelar contra a MEO

Em causa a suspensão, por parte da MEO, da distribuição do Porto Canal na operadora NOS

A NOS interpôs esta terça-feira uma providência cautelar contra a operadora MEO, no Tribunal da Comarca de Lisboa, no sentido de recuperar o direito de transmissão do Porto Canal. Se o Tribunal atender aos motivos invocados, dará seguimento à providência cautelar, que é uma ação provisória com "validade" de 30 dias, e a MEO será obrigada a libertar o sinal pelo menos durante um mês. Se até lá não houver acordo entre as partes, a NOS terá de avançar com uma ação definitiva contra a operadora concorrente, para fazer valer os direitos que a providência cautelar não acautela.

Recorde-se que a MEO suspendeu o acesso da NOS ao sinal do Porto Canal na última quinta-feira, justificando a decisão com a "ausência de contrapropostas concretas" para a distribuição do canal em causa. A decisão, de resto, foi inédita em Portugal, sendo a primeira vez que um operador suspendeu a emissão de um canal que é detentor dos direitos a outro operador sem que exista um acordo mútuo.


No mesmo sentido, O Porto Canal emitiu um comunicado em que afirmava que o contrato com a NOS havia caducado a 31 de dezembro de 2014, não tendo sido renovado automaticamente por vontade da operadora.