25 maio, 2016

Bairrismo

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Em contra-ciclo com a corrente lisbonária que durante anos procura intoxicar os portuenses pelo seu excesso de bairrismo, e que para desgosto nosso, foi acarinhada por alguns híbridos do burgo - com, e sem responsabilidades públicas -, sempre me opus a esse embuste de urbanidade made in Lisbon.

Em primeiro lugar, porque nunca lhes reconheci a abertura intelectual nem a tolerância próprias de uma cidade cosmopolita que sabe absorver naturalmente a cultura mundana, tanto na qualidade de anfitriões como de visitantes.  Bem pelo contrário. O lisboeta vulgar é sectário, invejoso, saloio e arrogante. Tem a típica mania dos novos ricos, daqueles que tudo fazem para parecerem muito mais do que efectivamente são. Muito mais cultos, mais espertos, mais civilizados, enfim, melhores em tudo. Comportam-se como se o epicentro da virtude humana emanasse de um único ponto: Lisboa. 

Não estou com isto a dizer que em Lisboa não há gente boa, culta e acima de preconceitos, porque ela existe lá, como em toda a parte, só que pouco se revela. Não estou tão pouco a insinuar que os portuenses são todos bons rapazes e superiores a qualquer outro português, de Lisboa a Freixo-de-Espada-à Cinta. O que quero dizer, e tenho como dado adquirido, é que, enquanto o país inteiro é obrigado a olhar para Lisboa por força de um mediatismo hiper-centralista (ene canais de tv, rádios e jornais) o resto do país mal pode dar-se a conhecer pelos mesmos meios, pela simples razão de não os ter.

O Porto, só há poucos anos dispõe de um estação de tv, e mesmo assim em canal fechado. De resto, tudo está concentrado na capital. Digam o que disserem, nenhum cidadão de Lisboa pode contrariar esta realidade: os lisboetas são mais observados que observadores. Comparada com o resto do país - e cuidado que digo resto do país  inconformado -, Lisboa é o palco, a estrela, os "outros" são espectadores, sem direito a aplaudir, ou a rejeitar. Logo, estando mais habituados a olhar para o país a partir do próprio umbigo, com a miopia daí derivante, só o podem ver desfocado, por isso limitam-se a especular, quase sempre secundariamente. No extremo oposto, fica o resto do país, que dessa discriminação medieval só tira uma vantagem: uma ideia mais fiável àcerca do que pensa um lisboeta em relação à "província", do que a noção real de um lisboeta sobre o que pensa e sobretudo sente, o resto do país... Por mais que o neguem, isto é inegável, porque são factos físicos, palpáveis, comprováveis, não apenas emocionais.

Como as coisas são mesmo assim, e não de outra forma, é legítimo dizer que também pela televisão se pode conhecer relativamente bem, não só a mentalidade dos que lá trabalham, como os personagens que ali colaboram, desde actores a políticos e jornalistas, etc.,etc. E é aqui que entra a sabedoria do tempo que ninguém pode negar, sem se assumir embusteiro. Durante longos anos a ver o Porto a ser lesado económica, política e desportivamente, caluniado e até gozado pela sua pronúncia em programas pseudo-humoristas (excluo o Herman, e outros como ele, porque sei distinguir o humor da maldade), não vi nem ouvi um único lisboeta a insurgir-se contra essa segregação miserável. Um único! Mas também (e é aí que dói mais) não vi muitos nortenhos, "portuenses" e até portistas que tiveram oportunidade para o fazer, a indignarem-se com veemência, mas apenas a sussurrarem tímidos lamentos em obediência à mui respeitável avença. Todos se deixaram esmagar pelos recados anti-bairristas e "portocentristas", mais os Big-Brothers estupidificantes, até se tornarem híbridos, assobiadores pipoqueiros despojados de alma, e de Porto.

Quando atrás falei da televisão do Porto, referia-me naturalmente ao Porto Canal sem tocar na sua utilidade, porque aí estamos conversados. Não quero repetir-me, mas porque detesto generalizar, sempre lamentarei que  o efeito dominó do peso da mediocridade acabe por ensombrar programas como "Os caminhos da História", as entrevistas de Walter Hugo Mâe e poucos mais. Tal como sucede na gestão do FCPorto dos últimos 3 anos, a qualidade programática do Porto Canal foi um fracasso e não se vislumbra sinal nem vontade de mudança.

Quando lembro uma frase do Director Geral Júlio Magalhães, que intitulava uma sua entrevista dada à Meios & Publicidade onde dizia  "Os canais de Lisboa não querem saber do país para nada", e depois verifico o tipo e a origem dos convidados e entrevistados (lisboetas), e uma programação política e regionalmente pobre, acrítica, indolente e visivelmente subalterna, tenho tremenda dificuldade em acreditar que toda aquela gente goste do Porto.

Bolas, ninguém lhes exigia que fizessem do Porto Canal um antro de mediocridade arruaceira. Queríamos apenas equilíbrio, resiliência, combatividade, orgulho, bom gosto, seriedade e sobretudo muita originalidade. Nada de debates pseudo-desportivos comprados e tendenciosos, como o Dia Seguinte, ou aqueles de chinela no pé como o "Prolongamento", mas apenas um pouquinho de coragem para não nos fazerem passar por aquilo que nunca fomos: submissos e complexados.


23 maio, 2016

Sobre o respeito...

...direi que é um sinal de boa educação e consideração que muito prezo mas que só funciona na plenitude se fôr recíproco. Digam lá se quando dão prioridade de passagem a outro condutor (sem violar as regras do trânsito) para lhe facilitarem a vida e o próprio tráfego e o gajo não tem um simples aceno de mão para agradecer não ficam logo arrependidos pela cortesia? Há alguns, que até dão vontade de irmos atrás deles para lhes perguntarmos se são órfãos, ou filhos de pais incógnitos que não lhes deram educação. A arrogância é algo que me repele, que me enoja e faz pensar o pior possível de quem gosta de a exibir.

Não é a este tipo de educação e respeito que me quero referir, é de outro género. Reporto-me ao que alguns portistas invocam quando outros criticam o presidente (de agora) do FCPorto, a pretexto do bem que ele fez no passado. Compreendo, mas só parcialmente. Por outro lado, acho isso tão absurdo como a mulher que sempre amou e respeitou o marido e se habituou a ver no companheiro um amigo responsável, e de repente constata que ele mudou, que já não quer saber dela para nada, nem assume as suas responsabilidades familiares tornando-lhe a vida insuportável. Pergunto: não será legítimo que, se não houver um diálogo franco para uma tentativa de reconciliação, e o reconhecimento de culpa por parte do marido, a mulher perder-lhe o respeito? A não ser que seja daquele tipo de mulheres masoquistas daquelas parecidas com certas prostitutas que até gostam que o chulos lhes arreiem no pêlo. 

Mal comparando a analogia com o exemplo anterior, acham que Pinto da Costa continua a merecer o mesmo respeito que merecia quando governava com zêlo e defendia com unhas e dentes o FCPorto? Não foi por ser combativo, bairrista (sim, bairrista!) que ergueu o FCPorto para os patamares de grandeza que conhecemos? Acham que ele ainda conserva essas características? Que tem tido muita consideração e respeito pelos portistas? Pois eu acho que não. Que me interessa se ele foi reeleito se já não acredito nas suas capacidades?

Já falei da falta de comunicação, já falei do silêncio, já falei no negócio com a MEO que privou os portistas do Porto Canal, já falei do aburguesamento, já falei da humilhação da presença de inimigos do FCPorto nas galas do Dragão, enfim, um rol de comportamentos que são o oposto do que fez dele o homem admirado e respeitado por todos os portistas. Esse homem, reconheceu e assumiu frontalmente que errou ? Garantiu-nos que tencionava mudar de atitude? Que não ia mais permitir abusos de quem quer que fosse que prejudicassem o nosso clube? Ouviram-no garantir isso? Então, é porque não tenciona fazê-lo, e se assim fôr, então é altura de deixar o clube.

Claro que, para muitos portistas quando ele sair irá deixar no ar um sentimento de perda, porque ainda têm bem frescas na memória as glórias que conquistou à frente do FCPorto. Mas isso, é se ele quiser sair em grande (coisa em que não acredito), porque se continuar agarrado ao poder sem vencer, os adeptos vão chegar a um ponto que vão querer despachá-lo à força. Ora, pessoalmente, acho que seria bom para ele e para o clube evitar essa situação. Era acertado reconhecer naturalmente já não ter capacidade para lutar pelo clube como outrora, que o deixasse para manter bem vivas as boas recordações. Porque não basta afirmar que se sente bem de saúde se estiver condicionado física e intelectualmente. Mais do que administrar, é preciso comandar, lutar pelo FCPorto! Não quero acreditar que ele já tenha esquecido que o FCPorto foi, e continua a ser, um clube negativamente discriminado, e que para nós não chega negociar bons treinadores e bons  jogadores. Para o FCPorto é preciso, antes de tudo, um guerreiro ao comando, um lutador, já que muitos portugueses, incluindo portuenses, vivem imbecilizados pelo narcótico nacional-benfiquista porque esse guerreiro, chamado Pinto da Costa, agora baixou a guarda e deixou de lutar.

Vai ser difícil encontrar alguém com o perfil do Pinto da Costa do passado, mas a vida continua e não há gente insubstituível. Não é fácil. Cabe aos sócios saberem fazer a escolha certa. Se votarem com o rigôr que elegem os governantes, então vamos ter problemas.


22 maio, 2016

Batemos no fundo não foi sr.Presidente? E V. Exa., não?

Pois é, a sorte nem sempre bate à mesma porta e à mesma hora. Como se viu, não foi garra que faltou à equipa, foi tudo o resto que é necessário para ter direito à estrelinha de campeão.

Nem sequer me atrevo a criticar a defesa portista, já que os dois golos do Braga foram oferecidos de bandeja pelo tresloucado Helton. Outros tantos podíamos ter sofrido por asneiras semelhantes. No 1º. ele sai prematuramente da baliza deixando os dois defesas convencidos que ia ganhar a bola. Não! Saiu da baliza sem convicção nenhuma e deixou os companheiros com o ónus da responsabilidade pelo golo sofrido. No segundo, em vez de pontapear a bola para longe, para o campo do adversárrio decidiu passá-la a um colega que tinha à ilharga um adversário que aproveitou a asneira para a roubar e marcar o 2º.golo. 

Nos penalties, não esteve próximo de defender um único. Umas vezes lançava-se para o lado mesmo antes do jogador adversário chutar a bola. Antes do prolongamento parecia estar com os copos a chutar a bola quando a queria repor em campo sem sequer nela acertar. Uma nódoa completa. Para mim que até nem costumo individualizar os erros, foi o principal responsável pela perda do único trofeu que nos restava para conquistar. Acho que devem renovar contrato com ele, assim como com o Varela...

Quem não foi capaz de corrigir erros velhos é porque nunca mais vai apender. Para mim, o presidente, agora sim, é finito. Lamento, mas já não tenho dúvidas nessa matéria.