18 junho, 2016

Visitas guiadas à história dos jardins do Palácio

Visitas guiadas à história dos jardins do Palácio
Enquadrada nas comemorações dos 150 anos dos jardins do Palácio de Cristal, haverá esta sexta-feira, 17 de junho, pelas 21,30 horas uma visita guiada pelo historiador Joel Cleto subordinada ao tema "Da Torre de Pedro Sem à Torre da Marca".

O percurso inicia-se no Largo da Maternidade e termina nos Jardins do Palácio de Cristal, onde será visitada a Capela de Carlos Alberto.

No dia 26 de junho, pelas 17,30 horas, haverá outra visita, essa conduzida pelo investigador Francisco Queiroz intitulada "Dos Jardins Emil David à Capela Carlos Alberto". O ponto de encontro será junto ao portão principal dos Jardins do Palácio de Cristal.

+Info: Necessária pré-inscrição através do 225 320 080 ou parquesurbanos@cm-porto.pt

14 junho, 2016

Só para ouvir. Rui Moreira, ontem na Rádio Renascença

A luta é (sempre) mais difícil

Eduardo Victor Rodrigues
Presidente da C.M.Gaia


A distribuição das verbas do novo quadro comunitário foi um dos momentos mais negros da Região Norte, território que tem vindo a perder influência e capacidade de reivindicação. Isso já foi evidente nas discussões da água e dos transportes.

O processo começou mal; não era imaginável que o Governo anterior atribuísse tão pobres montantes para a Região. Enquanto o Estado encontrava expedientes para se financiar pelas verbas europeias, retirava recursos às regiões e aos municípios.

Na altura, justiça seja feita, Rui Moreira assumiu a amplificação da voz dos descontentes, onde eu também me incluí, fazendo-o por razões objetivas e não por combate partidário. Outros ficaram calados, mesmo se a sua responsabilidade institucional os obrigaria a reclamar; falou mais alto a defesa das cores partidárias, a vontade de serem obedientes ao poder instituído ou o mero conformismo.

Foi dramática a acomodação às imposições do poder central; mas ainda pior foi o astuto processo de colocar a Região a discutir a distribuição das migalhas.

É clara a falta de músculo político na Região e na Área Metropolitana do Porto. Importa lembrar que o maior desenvolvimento do Norte ocorreu nos tempos dos compromissos regionais exigentes, liderados por gente que não se vergou às orientações da tutela. Fernando Gomes terá sido o seu mais evidente representante. Mas, também, Mário de Almeida, Vieira de Carvalho, Valente de Oliveira e Braga da Cruz. Todos juntos pela Região.

A proposta de financiamento comunitário foi indigna para a Região. Foi exígua nos recursos e foi injusta pelos modelos de distribuição. Basta publicar o mapa da capitação por Município para se perceber que há quem receba per capita três vezes mais do que o vizinho; basta publicar o mapa da distribuição para não se perceber como um Município com menos habitantes receba quase o dobro do outro.

Mas não pode ser este o principal debate. O dinheiro é pouco e o maior favor que podemos fazer à tecnocracia é desatarmos a discutir a divisão do pão, em vez de lutarmos por mais pães. E nisso, alguns foram magistrais, colocando os municípios uns contra os outros.

A verdade é que houve quem aceitou a proposta, presumindo-se contentamento ou resignação (para o caso, tanto faz). Outros não aceitaram, recusando-se a assinar os PEDU sem uma nova tentativa de exigir justiça e mais recursos. Sublinho que uns não são melhores do que os outros, apenas assumiram posturas bem diferentes.

Foi então iniciado um processo reivindicativo público e exigente. Aquilo que alguns chamam de "negociação direta", foi um normal processo reivindicativo. Se os representantes da Região e da Área Metropolitana estavam satisfeitos com o resultado, não restava alternativa aos descontentes que não fosse levar as reivindicações diretamente ao poder central.

O ministro Pedro Marques, em nome deste Governo, assumiu a necessidade de encontrar soluções imediatas de compensação. É verdade que haverá uma reprogramação dos fundos, mas convinha que, antes disso, houvesse reforço de verbas.

À custa dessa luta dos municípios que recusaram assinar à primeira veio um adicional de 20 milhões de euros para a área da inclusão social, domínio em que a Região tem mais debilidades. Não foi extraordinário, é verdade, mas sem a nossa luta esses recursos não viriam.

No final, os que assinaram à primeira também acharam ter direito ao acréscimo que os outros reivindicaram. Mas teríamos sido mais fortes se todos batalhassem.

Contudo, todos têm razão. O dinheiro foi tão escasso que não há os bons e os maus. Mas há os que lutaram por mais e os que não acreditaram na luta. É justo criticar os poucos recursos que vêm para a Região? É justo, mas convinha lutar por mais e melhor, em vez de capitular.

A Região não precisa de gente que se afirme atirando uns contra os outros. A solidariedade tem que ser lutadora e exigente, não deve capitular aos receios do pó do campo de batalha com o poder central. É mais ordeiro, mas não serve a Região.



Nota de RoP:

Fartos de saber como a região Norte em geral, e a área Metropolitana do Porto em particular, têm sido prejudicadas por um centralismo parasita e anti-democrático, alguns autarcas da região, em vez de se unirem em bloco, e apontarem baterias para o inimigo comum, que é o centralismo do Terreiro do Paço, não; preferem obedecer aos interesses partidários que olhar pela vida da população que lhes deu o voto e a quem tinham o dever de servir.

Este artigo do autarca de Eduardo V. Rodrigues, é bem esclarecedor. Por isso, compreendo e concordo com a decisão de Rui Moreira e dos autarcas de Gaia, Matosinhos e Gondomar. Se o Porto só serve para servir de charneira para facilitar os interesses dos outros e não serve para ser por eles apoiado no interesse das regiões, depois não venham com a treta do portocentrismo, porque isso não existe. 
 

13 junho, 2016

Marcelo é fixe, mas às vezes fala demais

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Marcelo e o abraço da praxe a Holland
Os homens não são perfeitos, estamos cansados de saber. Porém, alguns há, que talvez por se acharem perfeitos, ética e intelectualmente, entendem que têm capacidade para governar outros homens, coisa que ainda está por provar, sobretudo num país como Portugal. Se a par dessa já habitual presunção houvesse seriedade, o mínimo que se lhes devia exigir, era que errassem menos, caso contrário muito dificilmente escapam da vulgaridade a que se habituaram (e ainda se queixam de ganhar mal).

Como é evidente, reportava-me aos  auto-considerados modelos de homens "quase" perfeitos que usam a política como trampolim  para vôos mais altos, do tipo cherne barrosão, que é como quem diz políticos fugidios que saltitam sem mais nem para quê do governo para comissários europeus, administradores bancários ou similares. O programa anteriormente plasmado da Quadratura do Círculo, dá-nos uma ideia próxima de quão preciso é recorrer a uma linguagem esteriotipada para caiar o oportunismo instalado na mente dos actores políticos. A perfeição é um mito que todo o homem de bem deve tentar alcançar, e a norma é tanto mais premente quanto maiores forem as responsabilidades de cada um.

Sem o querer encaixar neste quadro, Marcelo Rebelo de Sousa é talvez o Presidente da República eleito desde o 25 de Abril que mais tem surpreendido o país. Ainda é muito cedo para opiniões conclusivas, mas é por demais evidente que o seu estilo descontraído, cooperante, afectuoso, e pouco convencional, tem merecido rasgados elogios por uma grande franja da opinião pública. Neste aspecto também eu aprecio o género. Naturalmente, há sempre aqueles que criticam tudo, até a bondade - que é das melhores qualidades humanas -, mas temos de dar um desconto, porque esses fazem da má língua e da calúnia um modo de ganhar a vida, por sinal com sucesso e muitos seguidores.

Excluindo esta espécie, muito prolífica em Portugal, duvido que a maioria dos portugueses não olhe para o estilo de Marcelo Rebelo de Sousa com simpatia e alguma confiança. Mas, como disse há dias José Pacheco Pereira (com certa razão), será preciso ao actual P.R. controlar um pouco esta nova forma de presidir, porque a função do cargo assim o exige. Trata-se de moderar, não de mudar de estilo. Lá chegará o dia em que terá necessidade de se resguardar por efeito de uma qualquer situação delicada. Continuando neste ritmo, acelerado e dialogante, sobre tudo e sobre nada, a margem de manobra para a contenção será curta se um dia tiver de falar de assuntos importantes, ou impopulares. Nessa altura, o povo terá dificuldade em compreender a mudança. Oxalá me engane.

Marcelo decidiu, quanto a mim bem, comemorar o dia de Portugal em Paris, junto dos emigrantes, uma originalidade que outros nunca ousaram levar por diante. Esteve bem quando discursou junto de François Holland, da maire de Paris e da comunidade lusa. Seria "perfeito" se um dia depois não tivesse exagerado na linguagem com o intuito de alimentar o patriotismo dos presentes. O entusiasmo fê-lo cair numa autêntica ratoeira, precisamente por falar demais.  Esquecendo-se que estava em França, num país anfitrião, e como convidado, disse qualquer coisa como isto: os franceses são excepcionais, mas nós somos muito melhores!

Se quisermos avaliar estas declarações à luz do nacional-porreirismo, como um  estimulante sopro de orgulho para os emigrantes, esquecendo o país de acolhimento onde estas palavras foram proferidas, nada há a objectar.  Sucede, é que esse argumentário nacionalista podia (e ainda pode) ser interpretado pelo país anfitrião, no mínimo, como  soberba, como uma coisa deselegante, com odor a ingratidão. Afinal, qual dos dois países deu as melhores condições de vida aos portugueses em termos de dignidade humana? O país de origem, ou aquele que os acolheu?

Estes orgulhos de circunstância, assentes num passado de país de descobertas, colonizador - que hoje mesmo coloniza "o resto do país" com o centralismo -, que flutua num presente de prosperidade dúbia, e ainda lança para a emigração muita gente, a mim, provocam-me vergonha. É verdade que hoje em dia, toda a Europa está doente, mas não me importava nada de trocar a paz pôdre portuguesa, pela instabilidade da França.

Cá entre nós que ninguém nos ouve: os franceses (e não só) estão a pagar caro o preço de já terem sido um país "el dorado"  para muitos povos, incluindo os portugueses, e de lhes terem escancarado as portas de entrada.

Afinal, a onde é que está a nossa grandeza contemporânea, para lá da bazófia? Exmo. Sr, Presidente: optimismo, venha ele. Demagogia já temos que chegue.