13 outubro, 2016

FCPorto, contas feias e explicações tardias

Fernando Gomes ainda não é o Presidente do FCPorto, pois não?

Não vou entrar em detalhes, porque seria uma perda de tempo rebater a já tão badalada tecla dos 58 milhões de euros de prejuízo do FCPorto.

Da importância dos detalhes do Relatório e Contas, devia obrigatoria e explícitamente constar os vencimentos individuais de todos os elementos da administração (executivos, e não executivos), assim como dos órgãos socias, para sabermos se a intenção de reduzir custos é séria, e se abarca a componente moral que  abranja igualmente os dirigentes. Pelo que ouvi da voz de Fernando Gomes, essa redução  será apenas aplicada ao plantel, o que me parece pouco, e mesmo nada pedagógica. 

Sendo Fernando Gomes a anunciar, de forma um tanto ou quanto polítiqueira (no pior sentido do termo), as tardias decisões de mudar o paradigma despesista de gestão, sem contudo reconhecer erros próprios, tivemos a confirmação do papel secundário que hoje tem o presidente Pinto da Costa na liderança do FCPorto. A verificar-se que a redução de custos não englobem o grupo (desmedido) de quadros superiores, perder-se-à  uma boa oportunidade para atenuar a negligência dos últimos 3 anos de gestão.  Além de que, ficará por saber as consequências que tal decisão provocará na auto-estima e no próprio rendimento dos jogadores...

Sobre o Porto Canal, não se ouviu uma palavra. No entanto, ela surgiu quando foi para justificar o buraco despesista do clube (e que jeito deu!)... Mas, não é para admirar. Se nem os sócios têm direito a esclarecimentos atempados e precisos sobre o futuro do clube, por que raio haviam de o ter sobre uma empresa de comunicação? Pois, é isso mesmo que, no futuro, os sócios deviam exigir: esclarecimentos. Sendo o FCPorto accionista maioritário do Porto Canal, ainda que ambos administrativamente "autónomos", os sócios não podem ser tratados como um corpo estranho ao Porto Canal. Seria bom esclarecer esta situação, se possível, numa próxima Assembleia Geral, ou então convocar uma, expressamente para o efeito. 

Resumindo, caros amigos do dragão abençoado, o futuro próximo depende exclusivamente do treinador, dos jogadores e... da sorte. Porque, de liderança e  comunicação, estamos conversados.


12 outubro, 2016

Ser, é ser diferente


Resultado de imagem para ser cristão é ser diferente

A razão pela qual publiquei o artigo da jornalista Paula Ferreira relacionado com os taxistas deve-se ao facto de se tratar de uma classe profissional que ao longo dos anos pouco ou nada fez para melhorar a péssima imagem que criou na opinião pública.

É uma profissão tão importante como outra qualquer, mas se ainda goza de má reputação deve-se, única e simplesmente à classe, que nunca foi capaz de se adaptar ao fenómeno da concorrência de forma inteligente, começando por alterar comportamentos, que vão da seriedade ao respeito, ou seja, optando pelas regras da boa educação. Nem falo na comodidade do serviço, porque isso sempre implicará custos que provavelmente a maioria  não poderá comportar, mas já posso falar do asseio, por exemplo, que é uma qualidade intrínseca às pessoas civilizadas, e isso, tal como descreve a jornalista, nem sempre é explícito. 

A necessidade de ganhar a vida numa época conturbada como a que vivemos, em que a oferta de emprego não abunda, e as condições são cada vez mais precárias, leva muita gente a aceitar cargos para os quais não tem o menor perfil, e é aí que começam estes (e outros) problemas.

Qualquer cidadão que aceite um emprego sem ponderar bem se reune os requisitos para o desempenhar, sujeita-se a ter muitos dissabores, sobretudo se o lugar exigir o contacto directo com o público. É o caso dos taxistas, e de muitas outras profissões. Quase todos nós passámos por isso alguma vez na vida, mas é conveniente não desistirmos de procurar fazer aquilo de que mais gostamos e que se adequa melhor ao nosso temperamento. Nem sempre é possível, é certo, mas é preciso tentar, caso contrário geramos uma imagem profissional muito negativa que irá afectar todos os colegas, incluindo os que gostam do que fazem e se sentem injustiçados com as generalizações negativas.

Vale isto por dizer, que os taxistas não estão sós no extenso grupo de profissões mal cotadas no mercado de trabalho. Como é sabido, os próprios jornalistas, a quem recorro amiúde publicando aqui os seus artigos (como foi o caso), gozam de uma péssima reputação, e contudo, também sou muito crítico com eles, o que não quer dizer que os considere todos maus. Mas que também gozam de má fama, disso ninguém os livra. Pena é que os bons profissionais tenham medo de enfrentar os maus, e quando assim é são corresponsáveis pela degradação da imagem de toda a classe. E das duas, uma: ou a maioria, são maus jornalistas que dominam os bons pela letargia destes, ou se não dominam significa que os "bons" se acomodam, tornando-se cumplíces dos maus.

Portanto, neste filme,  ninguém está inocente. Portanto, não se queixem das generalizações.

Há uma expressão simples a que sempre atribuí grande importãncia e que reza assim: SER, é ser diferente.  

11 outubro, 2016

Da bondade dos taxistas

Paula Ferreira - (JN)

Os taxistas sabem: a não imposição de um limite ao número de carros da Uber a operar pode ser o princípio do fim. Sabem eles e sabemos todos nós. O ministro do Ambiente, firme na posição de não criar um contingente para essas viaturas, assegura que os táxis têm um contingente por serem um serviço público com todas as vantagens que daí advêm. Mas não deixa os motoristas de táxi de mãos vazias: abre a possibilidade de passarem a operar com carros descaracterizados. Como se isso fosse o problema. Não é. O problema está no interior das viaturas. Quem não foi já maltratado por um motorista de táxi? Quem nunca entrou num carro sujo com um condutor mal-encarado e resmungão, a insultar os outros automobilistas, a culpar o passageiro pelos males do Mundo? A classe, claro, não é toda assim. Serão exceções. Talvez. Mas as imagens que ontem vimos, ao longo de todo o dia, esboçam bem o retrato dos taxistas.

Aqueles homens, por muitas razões que tenham para protesto, perdem o controlo e atacam. Sim, é a palavra: atacam qualquer carro onde suspeitam estar um motorista da empresa rival. Deste modo, perante um espetáculo troglodita, dão aos portugueses razões acrescidas para pensar duas vezes antes de ligar para a central de táxi. A imagem de vários homens a rodear um carro da Uber, com clientes no interior, e a abaná-lo com violência, é a síntese da bondade da classe: ontem, em Lisboa, transformou uma manifestação legal num bloqueio selvagem.

E se é tão simples chamar uma viatura através de uma simples aplicação de telemóvel, ser atendida por uma pessoa cortês, escolher a música e até o tipo de carro que se quer usar, porquê correr o risco de encontrar um daqueles homens ao volante do táxi?

A manifestação ou bloqueio, ontem, em Lisboa, reforça a imagem negativa dos taxistas. Mas essa imagem reflete uma outra, a do Governo: depois de inúmeras reuniões, não está a saber controlar a situação. Os taxistas terão de perceber: prestam um serviço público, e isso é compatível com a reivindicação, mas já não o é com a violência perante a concorrência. Por muito que lhes custe, é a concorrência que está em causa. Se mantiverem tal atitude, será fácil antever um vencedor. A última palavra não é do Governo, mas da escolha dos clientes.
Nota de RoP:
Por mais compreensão que procuremos ter com os problemas dos taxistas, a sua postura grosseira e arrogante, traduz fielmente a péssima fama de que gozam na opinião pública. 

Por isso. subscrevo sem rebuço o que a crónica relata. 
Lá diz o ditado: quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele.