09 junho, 2017

O que devemos esperar das denúncias dos emails vermelhos

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Todos os episódios que pudemos observar ao longo dos últimos 4 anos de verdadeiros assaltos à mão armada  executados pelos árbitros contra o FCPorto, e o respectivo lucro a favor do Benfica, tinham fatalmente de ter uma explicação. Esse momento chegou. Primeiro sorrateiramente, na forma de vauchers, e depois de modo petulante compilado em cartilha e agora corrobado pela troca de emails entre um ex-árbitro e o director da Benfica TV. Nada que não suspeitássemos.

Desde que o FCPorto decidiu denunciar publicamente estas, e outras vergonhas, através do Porto Canal, fui de opinião que não devíamos ficar por ali e entregar discretamente estes casos às autoridades civis, alegando a perda de confiança nos órgãos deportivos que tutelam a justiça. Basta identificar o dirigente do Conselho de Disciplina da Federação, o benfiquista José Meirim, para podermos ter uma ideia do rumo que vai dar a estas coisas... Aliás, até agora tem estado calado que nem um rato, e não devia.

Os outros departamentos, alinham pelo mesmo diapasão. Só Fernando Gomes é portista, mas esse, foi lá colocado para compor o ramalhete desde que não levantasse ondas (é um Durão Barroso do futebol). Deve ser o único portista, e os benfiquistas estão-lhe gratos pela forma pacata e indiferente como tem lidado com o chamado colinho. Isto, resolvia-se facilmente. Vedava-se o acesso a estes cargos a quem tivesse simpatias clubistas. Podem crer que não era impossível, porque ainda há muita gente que não gosta de futebol.  

Uma vez que a opção do FCPorto foi outra, veremos no que isto vai dar. De todo o modo, os elementos da denúncia são demasiado consistentes para serem forjados. Nem estou a ver o Francisco J. Marques a meter-se numa embrulhada dessas se não tivesse dados muito fortes nem a certeza da garantia das fontes. 

Agora, nós já sabemos como aquela gentinha funciona. São "bons" na arte de negar as evidências, de difamar e mentir. Vão usar os seus cães de fila da comunicação social, para continuar a manobrar as massas. Vão fazer tudo para inverter a situação, para fazer do FCPorto o mau da fita, enfim todo aquele jogo sujo repugnante a que nos habituaram (salvo-seja!). Isto, em si mesmo devia ser considerado pela justiça, o problema é saber como ela irá reagir perante factos tão evidentes. Comparados com o Apito Dourado, são tsunamis !

Mesmo assim, o FCPorto pode estar a prestar um serviço precioso ao país e particularmente aos outros clubes. Este trabalho devia competir à Polícia Judiciária, que não fica nada bem na fotografia se estas provas forem (como creio que são) credíveis. Os políticos, empresários, banqueiros, agentes de investigação, o Ministério Público e o próprio Governo, vão esgotar o cinismo todo se tentarem encobrir esta lixeira a céu aberto instalada no futebol. 

Os portistas receiam, e com razão, que tudo isto venha a ser abafado, mas isso só acontecerá se o FCPorto baixar a guarda. Isto não pode ser encarado com ligeireza. Não devemos permitir - porque isso vai de certeza acontecer - que façam de nós parvos, alegando que as denúncias se devem à perda do campeonato. Todos nós portistas sabemos separar as águas. Todos reconhecemos que não jogamos bem, que o treinador falhou e que o presidente já anda a falhar há 4 anos. Mas uma coisa não anula a outra. Isso é o que eles querem. Mas, sinceramente, eu não quero mesmo acreditar que Pinto da Costa se negue a defender o clube no contra-ataque feroz e fanático que nos espera. O que se está a passar não é só grave para o futebol, é igualmente grave para Portugal.

Faites vous jeux messieurs les magistrats!  

Um país que não existe

David Pontes

Acreditem que ele está lá, mas não existe. Ou se existe, é como se não estivesse lá. É enquadramento, paisagem, figura de estilo, casa de férias, a terra dos meus avós, a propriedade que ficou de herança, o caminho para Espanha, o deserto, a gente tão típica, os de lá de cima, os de lá de baixo... Eles não formulam desta forma, mas é a isto que, com a sua atitude, muitos governantes e políticos portugueses reduzem o país que fica para lá da capital.
Um país que está lá, mas que para eles não existe, pelo menos no que respeita à presença de instituições do Estado e às escolhas que são feitas de investimento. O último de uma longuíssima série de episódios de esquecimento e desprezo é a saída da Agência Europeia do Medicamento (EMA) do Reino Unido que o Governo de António Costa decidiu, desde a primeira hora, que não seria uma candidatura de Portugal mas de Lisboa.
Não vale a pena argumentar que deveríamos deixar de ser o contrário dos restantes países da Europa, onde há muitos organismos públicos fora das capitais. Não vale a pena lembrar exemplos anteriores de países em que as cidades competiram para que fosse escolhido o local onde ficariam as agências europeias que albergam. A presidente do Infarmed foi categórica: "É preciso uma infraestrutura hoteleira enorme, um aeroporto com capacidade, escolas, jardins de infância de língua estrangeira". E onde é que há isso? Em Lisboa.
Nota de RoP: Hoje comemora-se na nossa cidade o Dia de Portugal. A Comunicação Social lisbonária devia ser apupada, vaiada, e só não digo maltratada por ainda conservar algum sentido cívico. Mas, era o que aquela canalhada merecia.

08 junho, 2017

Mais depressa se apanha um vigarista que um caracol

Luciano Gonçalves
O Lucas vai apresentar queixa. Fujam! 

O presidente da Associação Portugesa de Árbitros de Futebol (APAF),  senhor Luciano Gonçalves, é a prova acabada do que não deve ser um dirigente. 

Infelizmente, é o típico oportunista dos tempos modernos, reune as condições ideais - segundo o padrão actual - para subir na vida. Agora, é assim, que querem, a honra não conta para quase nada.

Em vez de se manter prudentemente calado, mais que não fosse por uma questão de bom senso, de alguém com a noção (ainda que rudimentar) do que é desempenhar um cargo de elevada responsabilidade, decidiu passar ao ataque, ameaçando com uma queixa o director de comunicação do FCPorto, Francisco J. Marques pelas declarações produzidas no último programa Universo Porto da Bancada. Grande palerma! 

Então, um gajo a quem foi dado tanto poder reaje desta forma? Então, não é capaz de perceber que o nervosismo o pode trair? Esqueceu-se da função que lhe incumbe, que ele não deve reagir como um adepto do Benfica, ou como juiz em causa própria, mesmo que seja para defender outros árbitros (suspeitos)? 

Este cavalheiro ainda não aprendeu que todos os suspeitos de um crime, culpados ou não, declaram-se sempre inocentes, até prova em contrário? Calma amigo, agora vais ter que aguentar a pressão! Olha, pessoalmente já não dou nada por ti, só pela forma comprometida e suspeita como reagiste. Aguarda, pá, que ainda a procissão vai no adro. Lembras-te do Apito Dourado? Talvez tenhas de gramar um vermelhucho, quem sabe? A vida dá tantas voltas...
  

07 junho, 2017

Não, Portugal está longe de ser um oásis

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Na última segunda-feira fiz algo que há muitos mêses não fazia, que foi ligar para a RTP 1. Estava a ser transmitido o programa Prós e Contras, da Fátima C. Ferreira. O tema era qualquer coisa pirosa como isto:  "Portugal, porque te quero". Deixei-me levar pela curiosidade de saber o que ia sair dali, e decidi manter-me ligado, sobretudo para ouvir a plateia e os convidados, os estrangeiros que por cá entenderam viver. Mais adiante, os leitores vão pensar que estou a contradizer-me mas à medida que vão lendo, compreenderão (espero) que assim não é.

Sempre achei o Prós e Contras uma mescla de lavandaria para gente "graúda" com pretensões a debate democrático, e deixei de o ver por isso. O programa de 2ª.feira foi diferente. Como disse anteriormente, alguns dos convidados (três) eram estrangeiros, e todos eles, sem excepção, disseram maravilhas do nosso povo, coisa que muito me agradou, apesar de sentir que a simpatia exteriorizada não correspondia muito à realidade. Mas pronto, se eles continuarem a pensar assim daqui a uns anos, quando nos conhecerem melhor, é sinal que algo mudou, ou que sou eu que avalio mal as coisas. Naturalmente que há gente fantástica no nosso país, mal seria se assim não fosse, e eu conheço alguma, mas isso também podemos encontrar noutros países. De uma coisa contudo tenho a certeza: em ambos os casos, são uma minoria.

Eu vivi uns anos em França, e também lá se encontra de tudo. Os piores franceses, os mais antipáticos, eram os parisienses. Isto, é reconhecido pelos próprios franceses de um modo geral. Por isso, quando precisava de me informar recorria aos gendarmes que naquela época eram muito prestáveis.

Conheci pessoas formidáveis que muito me ajudaram e trataram quase como familiar. Naquela altura (1964/67) os automobilistas franceses, já paravam nas passadeiras e os ciclistas também... Em Portugal, o uso regular da bicicleta é relativamente recente. Há ciclo-vias em muitos locais, mas mesmo assim não lhes basta, usam os passeios dos peões, e até  circulam em contra-mão (estou farto de ver). Somos um grande povo,realmente... Por cá, só há 23 anos começamos a usar o cinto, e teve de ser obrigatório. Só com multa lá fomos.

Mas, há outra coisa que não quero deixar de recordar, a bem do nacional-porreirismo. Nós fomos, e infelizmente ainda somos, um país de emigrantes (o que para alguns é motivo de orgulho). Contudo, a alma generosa de alguns conterrâneos meteu férias quando, ucranianos e brasileiros, vieram para cá ganhar a vida (não por sermos um país de pleno emprego, que não é, nem nunca foi), e começaram a olhar para eles como para alguém que lhes estava a roubar o pão... Amnésia, é também um problema nosso.

Nas filas dos supermercados encontramos gente muito simpática, que nos cede a vez quando temos poucos produtos, mas também ainda vislumbramos aqueles e aquelas espertinhas mortinhos por nos passarem à frente sem darmos por ela... Nas ruas de algumas localidades, continuamos a estacionar em plenas curvas, obrigando outros a circular contra a mão sujeitando-os a baterem no carro que poderá surgir pela frente. A má educação está a fazer escola. As mulheres emitam os homens, e decidiram também falar mal, proferir asneiras do mais ordinário que há em plena via pública, ou no Metro. Muita gente (jovens sobretudo), acham que não têm de pedir licença para passar à nossa frente, no Metro, ou nas escadas rolantes. Isso, é para totós, pensam eles. Agradecer, é uma chatice. Enfim, que mais posso eu dizer para evocar o fantástico civismo dos portugueses?

É que, quando acabei de ver o referido programa da RTP 1, disse cá para mim que devo andar a precisar de rever a minha saúde mental, porque vivo num oásis e ainda não dei por ela. Já quando há uns bons anos António Guterres se lembrou também de inventar o país-oásis agora ressuscitado, fiquei de boca aberta, mas agora que ainda há pouco tívemos a troika à perna, sempre a ameaçar-nos, agora que continuamos sem empregos para os nossos filhos e netos, que somos o país da UE com salários mais baixos e a pagar a electricidade mais cara, estaremos assim tão bem? "Estamos, sim senhor!"

Mas onde vive a Fátima C. Ferreira e toda aquela gente para fazer de uma fase meramente ocasional de alguma estabilidade (a inflacção subiu), um país tão fascinante? Por que temos sempre de fantasiar com piropos exagerados a realidade portuguesa? Isto, é tipicamente lisboeta. Mas o pior, é que por cá temos gente que se deixa iludir com estes actos teatrais.

Poder-me-ão dizer que ouvimos estrangeiros a falar bem de nós, e isso é sem dúvida reconfortante. Eu gostei do que ouvi, mas pensei cá para mim: fossem mesmo assim os portugueses... Pergunto: será que alguém que é bem recebido num país que não é o seu, se atreveria a ir para um programa daqueles para nos maltratar?

Meus caros, não vou decepcionar-vos porque sois tão portugueses como eu e não quero desapontar-vos. Mas, se vos lembrar que boa parte desses portugueses, da televisão, das rádios, dos jornais, nos andam a discriminar nas barbas dos próprios estrangeiros, acham que eles conhecem bem o país para onde decidiram vir e viver?

06 junho, 2017

Revelações selectivas


OS FAMOSOS CMEC
Quando a EDP era pública investiu na construção e manutenção de várias centrais elétricas. Quando preparava a venda da empresa a privados, o Estado criou os Contratos de Aquisição de Energia (CAE), que obrigavam à compra de toda a energia produzida naquelas centrais e barragens.
Depois da privatização, a propaganda do capitalismo popular depressa terminou (chegou a ter 800 mil pequenos acionistas) sob a pressão dos grandes interesses financeiros e a empresa acabou nas mãos do Estado chinês. Mais, a liberalização do mercado que, garantiam, ia trazer a Portugal as maravilhas da concorrência, não resolveu nenhum problema. O mercado continuou concentrado, dominado pela EDP, e a conta da luz astronómica. Porquê? Porque os donos da EDP instalaram-se no melhor de dois mundos: lucros privados com subsídios públicos. A partir de 2007, por ação de governos do PS e depois do PSD, os CAE dão lugar aos Custos de Manutenção de Equilíbrio Contratual (CMEC) a pagar pelos consumidores para sustentar os lucros da empresa. Em poucas palavras, são contratos que garantem que a rentabilidade daquelas centrais da EDP não será inferior a 14% ao ano.
Descobrimos então o segredo do sucesso da EDP, a empresa que lucra mil milhões ao ano, e do seu supergestor milionário, António Mexia. O truque são estas rendas excessivas que a EDP coloca na fatura com a cumplicidade dos governos. Os CMEC já chegaram a atingir um terço dos lucros da elétrica. É também por isto que pagamos uma das eletricidades mais caras da Europa. A promessa de "capitalismo popular" da privatização da EDP mostra a sua verdadeira face: os cidadãos são postos a pagar o suposto sucesso dos gestores no mercado livre.
A investigação judicial que agora decorre, e que constituiu como arguidos o superadministrador Mexia e outros três altos responsáveis da EDP e da REN, é mais uma página desta longa história. Da justiça só podemos esperar que faça o seu trabalho, de forma isenta e célere. Do ponto de vista político, o essencial mantém-se: as rendas da energia são excessivas, resultam da promiscuidade entre política e negócios e têm de ser finalmente cortadas. O acesso automático à tarifa social, proposto pelo Bloco, pôs a EDP a assegurar um desconto significativo para mais de 700 mil famílias carenciadas. É um passo, mas está muito longe de ser suficiente. Basta olharmos para o peso dos custos energéticos na economia das famílias e das empresas. É preciso coragem e vontade política para cortar nestes subsídios e colocar um ponto final no rentismo do setor elétrico.
(de: Mariana Mortágua, no JN)
Nota de RoP: Esta menina, como toda a gente ligada aos partidos, da esquerda à direita, às vezes dizem coisas interessantes e fortemente credíveis. Só têm, um problema: todos sofrem de amnésia quando o vigarista se chama Orelhas. Por que será? Penso, penso, e volto a pensar, e não consigo imaginar... 

04 junho, 2017

A gratidão não é um cheque em branco


A resiliência dos atletas é igual à do presidente, ou
talvez um pouco melhor...
Perdi     o     respeito   pelo senhor  Pinto   da  Costa. E perdi-o porque ele também o perdeu por mim. 

Nestas coisas, não gosto de ficar  atrás.  Que  hei-de  eu fazer,   sou   mesmo  assim. Gosto de retribuir. E pouco me   importa   que    outros portistas gostem  mais dele do que do FCPorto, porque não   só  não  confundo   as coisas,  como  não me sinto confortável   na    pele    de adepto  condicionado   pelo estigma da gratidão... Como não gosto de ser tomado por parvo, devolvo-lha a palha,  sem precisar  de anunciar  redundâncias, como  aquelas que fez quando afirmou que o FCPorto tínha batido no fundo.

Quando leio  comentários de certos portistas, receosos do que possa acontecer se Pinto da Costa deixar o clube, lembro-me logo daquela anedota do miúdo que está horas parado numa rua sem a atravessar, e quando um curioso lhe pergunta por que está ali há tanto tempo o rapaz responde que a mãe lhe tinha dito para só a atravessar quando tivessem passado todos os carros, e que só não o fez porque ainda não tinha passado carro nenhum...   

Vá lá! Será assim tão difícil perceber que, em termos práticos, Pinto da Costa já saiu do clube? Já não está lá na pele de líder, pelo menos há quatro épocas! Temem o caos? Mas ele já está quase instalado! Ou, o que é que imaginam ser o seu papel no FCPorto? Limitar-se a ganhar a vida (e bem) sem fazer o que é preciso para justificar o vencimento milionário que recebe? Não ter uma palavra de consideração e respeito, sobretudo pelos sócios e toda aquela mole humana que se endivida para apoiar as equipas, dentro e fora de casa? Ainda bem que agora não sou sócio , porque se calhar retirava a minha inscrição.

Não vou repetir o que já escrevi várias vezes, mas só deixo isto à reflexão dos leitores: acham que sou bruxo, que descobri algo que ninguém informado não saiba, quando temia que a postura encolhida e permissiva de Pinto da Costa, copiada pelo próprio treinador NES, tivesse efeitos secundários nas diversas modalidades? Bolas, mas não é isso que está a acontecer?

Até no basquete, fomos humilhados no Dragãozinho e  praticamente afastados do título? Querem alma, garra, valentia, quando o comandante se esconde, se demite das suas responsabilidades? Quando limita a "sua" intervenção através de terceiros com a publicação de imagens televisivas dos abusos das arbitragens, sem se dignar levá-los a prestar contas com a justiça que era o mais importante? Mas, o que esperam os portistas deste FCPorto? Disse FCPorto, não disse de Pinto da Costa. São coisas distintas. Importa não esquecer que foi ele quem tratou de separar as águas (dividir), não eu, nem qualquer adepto sem vínculos extra associativos.

Não mudarei o discurso, mesmo que Sérgio Conceição venha a fazer milagres. Se tiver sucesso, será ele o felicitado, não o actual presidente. Estou esgotado de ver este clube a definhar, a cada ano que passa, ser cada vez mais humilhado, e com Pinto da Costa a sorrir.

Para mim, acabou. 


Serralves num domingo à tarde




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