08 dezembro, 2017

É péssimo, habituarmo-nos a conviver pacificamente com a marginalidade

Pinto da Costa fala por arrastamento

O problema deve ser meu, se é que o que vou dizer, é mesmo um problema pessoal. Talvez os leitores que tiveram a efémera alegria de assistir ao derrube da ditadura de Salazar entendam onde quero chegar, quando digo estranhar a indolência das novas gerações na vida cívica. 

Na época do Estado Novo , vivia-se mal, e os trabalhadores não tinham quem os defendesse. Os sindicados eram praticamente inoperantes, nem existiam comissões de trabalhadores, e o patrão era soberano.  Quem ousasse desafiar o regime podia ser perseguido e provavelmente preso, acusado de comunista, ou de atentar contra o Estado. A PIDE-DGS (Polícia Internacional de Defesa do Estado, mais tarde chamada Direcção Geral de Segurança) estava instalada nos locais mais aleatórios, tanto numa repartição pública, como num estabelecimento comercial. As pessoas não se atreviam a participar na política, a não ser que fosse para colaborar com ela. No entanto, houve quem soubesse contornar essa barreira no núcleo de amigos mais íntimos, sem ter sentido demasiado o pêso dessa repressão. A PIDE preferia espiar aqueles que julgassem estar envolvidos em organizações políticas, e por isso não controlava tanto como se apregoa. Além disso, não eram propriamente muito inteligentes... Agora, não há a PIDE, mas há os media e internet. São eles a nova PIDE! Observe-se o que os media do centralismo andam a fazer com  o caso das cartilhas, que não branquear o Benfica e reprimir o FCPorto... 

Mas, se o 25 de Abril de 1974 teve alguma importância, politicamente falando, foi a de nos dar o direito à liberdade de opinião e  reunião. Ou seja, a parte mais simples e menos onerosa da democracia. Pouco mais... De resto, está tudo praticamente na mesma. Fizeram-se umas auto-estradas, e mais umas mariquices, maquilhou-se um pouco o património histórico através de fundos europeus, mas a mentalidade política continua tacanha, assim como a do empresariado (atente-se às posições hiper-egoístas constantes dos representantes dos patrões).  Liberdade, vai havendo, mas já não se pode dizer o  mesmo da democracia. 

O "problema", que referi no início deste artigo, prende-se com a facilidade com que hoje nos habituamos  a aceitar as coisas mais intoleráveis, numa sociedade que se quer sadia, participativa e digna. Isto, a que só os principais beneficiários (políticos) chamam democracia, e que mais não é que um regime de voto livre, onde os partidos vencedores alternam entre si o poder e respectivas benesses, foi a fórmula airosa de governar sem o fantasma da PIDE por perto a desmascará-los. Mas teve esse grande dôlo colateral, que foi abastardar a liberdade, sem olhar para o lado social dos princípios e do respeito. Resultado: passamos a considerar normal que um ex-ministro deste país participe em debates de futebol na televisão, destilando ódio aos adversários do seu clube, insinuando, acusando, e difamando como se fosse um simples varredor. Já quase não nos importamos que um ex-político, se apodere da fortuna de uma pessoa, que a assassine e fuja para o Brasil, e depois de o determos, se mantenha irrisoriamente em prisão domiciliária, gozando a Justiça com sucessivos recursos e com isso ir desfrutando o dinheiro que roubou.  Da mesma maneira que falamos de um Polvo mafioso, de um Estado Lampionico, como se fosse uma anedota, simples motivo de gozo, quando devíamos EXIGIR do GOVERNO uma intervenção imediata junto da Secretaria de Estado, quanto mais não fosse, para obrigar os respectivos responsáveis a tomar uma decisão respeitável, independentemente de o caso estar em investigação. 

A propósito, mas tardiamente, o presidente Jorge Nuno Pinto da Costa, deu hoje uma entrevista ao jornal O JOGO (que pertence ao mesmo grupo Global Media Group do JN centralista), onde finalmente disse aquilo que o Renovar o Porto anda a dizer há mêses. Só não percebo é porque não o fez antes. Talvez assim tivesse travado um pouco os ímpetos vigaristas dos últimos árbitros e com isso evitado perdermos quatro pontos... A diferença entre o falar no momento certo e falar por persuasão externa está nisso. Por aquilo que li, confirma-se mais uma vez a tal habituação às ilegalidades que venho a referir. O senhor presidente não deve dizer que já não espera nada do Governo, porque mesmo que o tenha dito para o "picar", pode deixar no ar a ideia que está a pedir um favor, quando, repito, devia exigir responsabilidades. Até ele, usa um discurso demasiado conformista com o que está a suceder, como se pedir Justiça implicasse comportamentos piedosos.

Caros amigos, podem ter a certeza que se alguma vez fôr chamado a tribunal para responder por algo que tenha desagradado ao Governo ou a qualquer figura pública, não retiro um vírgula do que aqui está escrito porque tenho argumentos suficientemente fortes para defender as minhas teses. Quem não deve, não teme. Devia ser este também o padrão de Pinto da Costa. Lá diz o ditado: quando mais te baixas, mas se te vê o cu.   
   

06 dezembro, 2017

O Governo, não tem dimensão, nem fibra, para suster os sinais da violência. Limita-se a esperar que aconteça.


Como portista que sou, desejo fervorosamente que o FCPorto ganhe o jogo de logo à noite, que faça uma exibição convincente, e se apure para os oitavos de final da Champions League. De resto, deixo para os blogues de futebol a análise da respectiva temática, antes e depois do jogo. De momento, a minha preocupação vai inteirinha para os problemas gravíssimos instalados no futebol português, e que urge resolver com todas as consequências que possam acarretar para os responsáveis.

Como é do conhecimento dos leitores habituais, há muito que ando a lutar contra este estado de coisas. Não era preciso estar a par do esquema das cartilhas montado pelo Benfica, para se perceber a dualidade de critérios dos árbitros nos jogos do FCPorto. Arbitrariedade essa que contribuiu de forma ignóbil, para parte do sucesso  dos últimos campeonatos do Benfica (e estou a ser razoável).

Com o mesmo critério com que critiquei a postura permissiva de Pinto da Costa face a este assalto, seria no mínimo estranho, que não o fizesse com o Governo. Talvez isto ajude os leitores mais conservadores a compreender as razões de fundo  que sustentam a opinião negativa que mantenho dos políticos.

Não vou alongar-me outra vez com o tema dos incêndios, mas é incontornável incluí-lo na lista das incompetências do Governo, porque delas não resultou apenas a morte de árvores e animais, morreram também pessoas. Demasiadas pessoas! Após o primeiro incêndio, onde mais de 60 criaturas perderam a vida, seguiu-se um segundo, onde outras tantas se foram.

Simplificando: mesmo assim, o Governo não percebeu a razão principal para estas tragédias terem atingido tamanhas proporções, porque a avaliar pelas informações vindas a público, o ordenamento do território florestal ficou mais uma vez secundarizado, em contraste com outras soluções:  equipamento (Carros de bombeiro, aviões, helicópteros). 

Mais recentemente assistimos a outra comédia. A decisão estapafúrdia de transferir a INFARMED para o Porto. Não contentes com a asneira de escolher o Porto para a instalação da Agência Europeia do Medicamento, só depois de o Presidente da Câmara ter batido o pé, o Governo tomou uma decisão em cima do joelho, sem ponderar nas consequências. Era previsível a reacção dos funcionários da capital que teriam de ser deslocados para o Porto. Para os portuenses, é uma espécie de presente envenenado, porque o Porto não pode servir apenas de repositório para empregados de Lisboa. Isto, não faz qualquer sentido! O Porto precisa de investimento para os portuenses, privilegiando os portuenses. Mais uma asneira que ainda vai dar muito que falar.

Por último, volto ao mote do Benficagate. Dominado por esta nojenta pouca vergonha, tenho-me interrogado o que pensará António Costa e seus colaboradores deste assunto. Que sugestões, que conselhos predominam entre eles que os leva a remeterem-se ao silêncio perante este espectáculo? Não haverá uma voz sensata que recomende uma atitude prudente, antes que aconteça outra desgraça? Ainda não perceberam que a FPF, a Liga, e a própria Secretaria de Estado do Desporto, não dão conta do recado, caso queiram passar a responsabilidade para terceiros? Consideram a política da rolha, a indicada? A mais profiláctica? Ou, como sucedeu com os incêndios, acham mais respeitável dar outra oportunidade à tragédia para depois, então sim, virem a público  verter as lágrimas de crocodilo do costume? Pelo andar da carruagem, sinto-me inclinado a acreditar que foi essa a opção!

Não acredito que não saibam o que se está a passar. É impossível admitir tal hipótese! O que esperam? Acham correcto, que um clube se dê à liberdade de corromper, espiar, ameaçar, e dominar, o mundo do desporto, prejudicando os adversários? Mesmo, porque quem assim procede, não nos pode impedir de suspeitar que tais esquemas não estejam instalados noutras modalidades, sobretudo quando as arbitragens se assemelhem às do futebol...   

Tenham muita paciência, mas algo de muito grave se instalou na comunicação social para ser o Renovar o Porto a denunciar publicamente estas coisas, sem paninhos quentes, sem proteccionismos, quando os profissionais remunerados assobiam para o lado em côro e se armam em inocentes. Custa-me dizer isto, porque pode cheirar a altivez, mas perante tanta cobardia quase me fazem sentir um herói. 

Haja decência, meus rapazinhos! Cresçam no carácter!

PS:
Que o PSD e o CDS não se iludam pelo facto de este governo ser do PS, porque 
aprendi com o passado das suas políticas , que são tão maus, ou piores que o PS.  O meu drama é esse.

05 dezembro, 2017

Tudo devia uní-los, agora mais do que nunca!


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Estádio do Dragão


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Câmara do Porto












Nunca fui muito à missa  das redes sociais. Cheguei a abrir conta no Facebook assim que apareceu na Internet, mas cedo me apercebi que não era um modelo de convívio da minha preferência. Depressa percebi  que tinha mais visibilidade do que o blogue isolado, mas era uma visibilidade leviana, muito condizente com o conceito de "amigo" dessas mesmas redes. Além de que teria de perder muito tempo a livrar-me dos comentadores imbecis.

Esta opção tem os seus inconvenientes, que é ficar com os contactos um pouco condicionados, impossibilitando-me uma aproximação directa com quem prefere comunicar nessas redes. Por outro lado, um blogue é algo mais privado, mais intimo, mais dirigível. Por mim, prefiro ter mais visitas, que comentários, embora estes últimos sejam sempre bem-vindos, desde que venham por bem, ou para criticar com seriedade e respeito. Nas redes sociais há muita gente, mas também muita anarquia e muita vaidade à mistura. Em suma, para mim: pouco recomendável.

Mesmo assim, nada me impede de continuar a dizer o que penso de um país anão, em tamanho e dignidade, como o nosso. Neste momento penoso para os portistas em particular, precisamos de respostas vindas de quem devia e podia fazer mais, e não as temos. 

Na presidência do FCPorto continua a política da rolha. A Câmara do Porto prossegue numa gestão cautelosa de eventuais acusações promiscuas com o clube, resultante do "síndrome" Rui Rio, com Lisboa sempre à espreita de um deslize para, como é costume, debitar moralidades pífias. 

As relações das duas instituições mais populares da cidade, são aparentemente boas, mas tardam a unirem-se nas causas comuns. As chamadas elites da cidade e da região, continuam afastadas, limitando-se a alguns tímidos comentários de circunstância muito passageiros, ou a um oportuno artigo anti-centralista envergonhado. E contudo, o centralismo continua a crescer, com mais e mais ferocidade e prepotência (Portugal democrático)...   

Numa relação de estranha ambivalência, com portistas próximos, mas ao mesmo tempo tão afastados, não resisto à tentação de deixar no ar algumas questões a figuras públicas da cidade, assumidas como portistas, sobre a coerência entre o que são, e o que fazem.

Começando pelo Porto Canal, e pelo FCPorto, seu principal proprietário, gostaria de saber o que os responsáveis pensam do actual Jornal de Notícias. Se já perceberam a viragem pró-centralista do respectivo alinhamento editorial (que é assustadora), ou se não. E caso tenham  percebido, saber se tencionam continuar a considerá-lo uma excepção à regra - como já ouvi - em comparação com os jornais e televisões de Lisboa! Não suporto ouvir elogiar o JN, quando é mais um jornal fundado no Porto, em vias de extinção. Pior, é uma administração de um jornal que foi do Porto a querer enganar os portuenses, impingindo-lhes mais Lisboa! Queria saber se têm opinião, ou se há alguém com a rolha a abafar-lhes a voz. Curiosidade...

Depois, individualizando um pouco, perguntar a Miguel Guedes (é só um exemplo) se é a avença que recebe do JN que o inibe de se afastar de um jornal apostado em ser mais contra, do que a favor dos interesses da cidade, e dos seus leitores. Quem diz Miguel Guedes, diz todos os portuenses e portistas (porque conheço poucos portuenses benfiquistas que não sejam centralistas) que lá continuam a escrever, desde políticos, jornalistas, reitores universitários, ex-vereadores, etc., e tal.

Questiono estas pessoas, porque acho que para escrever artigos anti-centralistas, não é preciso receber dinheiro em troca. Também eu aqui escrevo há alguns anos, não é de agora, e ninguém me paga para o fazer. Mas a verdade, é que também ninguém restringe o que redijo. Sou livre, porque sou dono da minha própria liberdade, não a hipoteco a nenhum Joaquim Oliveira, ou Proença de Carvalho, e muito menos a peço a ninguém. 

Num jornal como o JN de agora, não é por isso grande façanha escrever contra o centralismo, com um Conselho Directivo empenhado em reforçar esse centralismo com todas as letras do alfabeto. Há portanto aqui  alguma incoerência nos desideratos dos colunistas do Porto, admitamos... Sim, porque se um intruso penetrar na "minha" casa, sem o meu consentimento, não me parece boa política resolver o problema deixando o intruso nela permanecer, dizendo-lhe por escrito (ou pessoalmente) que se deve afastar. Até porque não acredito que os leitores do JN, e sobretudo quem nele escreve, não se tenham apercebido do rumo que o jornal está a levar, e se sintam confortáveis a cooperar nele nestas condições. O JN actual aparenta matriz pidesca. É assim, com o rebuçado da avença, que os centralistas calam as chamadas elites, e outra figuras do burgo.

Mas, tenham paciência, o caminho não é esse. Segui-lo é entrar no jogo centralista, não é combatê-lo. Opiniões condicionadas e contrapostas por alinhamentos de raiz centralista, são opiniões mancas. Só assim se explica a passividade dos portuenses. Falam da história da cidade, evocam os seus heróis, validam as suas gentes, mas são incapazes de os imitar, não por mimetismo serôdio, mas porque é preciso, não só repudiar, como banir de vez, o que, e quem, nos quer mal.  

04 dezembro, 2017

"Governo Sombra" , o espelho de Lisboa. Obrigado pelo ódio cultivado! E resulta! Não posso mesmo convosco!


A cartilha vermelha não é um fait divers, como estes colaboradores se esforçam por fazer crer. É um escândalo com muito maior amplitude e gravidade que as vigarices de Sócrates, os homicídios de Duarte Lima e o oportunismo de Durão Barroso.

A cartilha vermelha tem uma amplitude proporcional aos seus milhões de adeptos.  É indubitavelmente corrupta, multifacetada e pluri-tentacular. Uma profunda desonra à bandeira nacional! Chicos-espertos, mas uns calhaus ao mesmo tempo.

Na emissão do nauseabundo programa "Governo Sombra, datada de 26/11/2017 em que abordam a transferência para o Porto da Agência Europeia para o Medicamento, o pano caiu aqui  mais uma vez. Sem pudor, e com um monte de broncos a aplaudir na plateia, voltam a tentar lançar para os olhos de quem os vê perdigotos de imbecilidade incurável. Apreciem, e digam lá se não são  uns fantásticos patriotas? Vejam todos os vídeos dessa data. Até o Francisco J. Marques não escapa à censura... Asquerosa geração, fósseis prematuros.

Só espero é que o menino Júlio Magalhães não os queira convidar para o próximo Dragão de Ouro, e o Pinto da Costa consinta.

Nesse dia, nunca mais escreverei uma letra sobre o clube que tanto amo! Será a traição suprema.

PS-Sugiro a quem dispôr de TVCabo que procurem ou gravem na TVI24 o programa transmitido no dia 3/12/2017 em que descascam no Francisco J. Marques como se fosse ele um cartilheiro do Benfica.


03 dezembro, 2017

FCPorto, uma comunidade de interesses diferentes que devia estar unida

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Futebol Clube do Porto

Quando uma comunidade, com idiossincrasias aparentemente idênticas é incapaz de se unir no que tem de mais importante, quando os interesses se cruzam e não o faz, é porque aquilo que a une, não é tão forte como aquilo que a separa. É uma comunidade frouxa. 

A maioria dos portistas têm, ou, era suposto terem, a cidade do Porto e o Futebol Clube do Porto a uní-los, mas bem vistas as coisas, infelizmente não é isso que acontece. Sejamos honestos, por questões culturais, sociais ou económicos, a expressão SOMOS PORTO não tem a mesma genuidade simbólica para todos, e isso torna-os mais fracos. Politicamente os portistas não têm a solidariedade que têm com o futebol.

Em termos de gestão administrativa e desportiva, os últimos anos do FCPorto, foram muito diferentes (para pior), daquilo a que os portistas estavam habituados. É um facto, que ninguém poderá desmentir, que esse tempo negativo teve, em parte, a ver com a intrusão do filho do presidente em áreas que não dominava, mas também com algum facilitismo na contratação de jogadores, em paralelo com algum excesso de confiança potenciado pelo inegável afastamento do Presidente Pinto da Costa de áreas que antes eram de sua exclusiva responsabilidade. Este assunto já foi por demais debatido mas convém nunca ser esquecido porque nos ajuda a avaliar melhor tudo o que aconteceu de negativo nestes últimos 4/5 anos.

Sem precisar de levantar demasiado a fasquia, quando digo que as idiossincrasias dos portistas são semelhantes, mas não são iguais, cito apenas um simples exemplo mas que já diz muito. Enquanto o presidente do FCPorto e os seus companheiros da administração, se têm mostrado tímidos e aprisionados pelos compromissos contratuais com os media e patrocinadores (MEO, ou NOS), os adeptos, desfrutando de outra liberdade são de facto mais livres, e por isso mais autênticos e reactivos quando algo de mal acontece com ao FCPorto. São os adeptos a alma e o coração do clube, porque sem eles o negócio futebol era zero!

Separadas e compreendidas, tanto quanto possível, as responsabilidades de uns, e de outros, nada justifica que o clube não possa ser defendido por quem devia, que é o Presidente, e demais administradores. Não o fazendo, sem nada justificar  aos sócios, o silêncio - que mais parece indiferença -,  alguém está a criar uma clivagem de interesses que deviam ser partilhados, e esse alguém é o Presidente e a SAD, não são os adeptos.

É verdade que o FCPorto é uma Sociedade Anónima Desportiva cotada em bolsa, mas é, antes de tudo, uma sociedade desportiva, com milhares de adeptos e associados pagantes de cotas... Portanto, o comportamento da SAD não pode nem deve ter as características de um proprietário de uma empresa comercial ou industrial, porque se trata de géneros diferentes de sociedades, tanto nos procedimentos como nos objectivos.  

Ora, ultimamente, não tem sido essa a conduta de Pinto da Costa & Cª. para  com os sócios. O caso vergonhoso dos e-mails é demasiado grave para o clube e para todo o universo portista, e não pode continuar a ser tratado com o distanciamento dos últimos anos, porque isso só nos tem enfraquecido em todas as vertentes, desportivas e económicas. É preciso que a SAD reconheça os seus próprios erros, e mesmo que não queira assumí-los perante os portistas, então  que os assuma nas atitudes, na política de gestão jurídica. Assim, é que não é nada, além de cobardia.

Podemos continuar a denunciar os cartilheiros, mas como são as próprias autoridades desportivas a ignorar as ocorrências, quase parecendo cúmplices, estamos a dar tempo e espaço ao Benfica para continuar a manobrar nos bastidores e assim conquistar pontos indevidos para si, e a roubá-los a nós. Por incúria da SAD, por este, e outros pontos de vista, perdemos pelos menos dois campeonatos. Estaremos dispostos a perder mais um da mesma forma como perdemos outros, mantendo o mesmo presidente sem olhar pela defesa do FCPorto?

Nem mesmo os jornalistas e os colaboradores que trabalham no FCPorto partilham das mesmas idiossincrasias da comunidade portista, por uma razão muito simples: são pagos pelo clube. Logo, têm de obedecer a quem lhes paga. Mas seria inteligente que eles também se lembrassem das diferenças que atrás indiquei, o FCPorto é uma sociedade desportiva, e os sócios são parte importante, quiçá a mais importante.

Os sócios não podem ser vistos como operários úteis, porque o FCPorto não é seu patrão, é uma instituição à qual pagam cotas, é preciso não confundir um clube desportivo com uma estrutura de trabalho remunerado. Os sócios não recebem, pagam. Se ao presidente Pinto da Costa ainda se toleram alguns abusos (não é o meu caso), aos colaboradores pagos é uma desfaçatez ousar copiar-lhe a sobranceria.

A união entre portistas,  não se consegue com líderes furtivos, independentemente dos interesses mesquinhos que os separam.