23 fevereiro, 2018

Mais um desabafo

Entre viver manifestamente numa ditadura e viver num regime de voto livre - que é diferente de uma democracia  - não sei se haverá assim tantas diferenças. Tenho como certa a convicção que o nosso regime político aponta mais para o intermédio, o voto livre, uma espécie de nim, muito adequado às características portuguesas. Nem é preto, nem é branco, é cinzentão nebuloso, como manda a tradição. Quanto menos visível fôr, melhor para manobrar...

Em Portugal, o voto serve praticamente e apenas para dar emprego à classe política, e para enganar os eleitores através de um regime regrado pelo texto de uma Constituição, permanentemente transgredida, e sujeita aos caprichos dos partidos, (a Regionalização foi a 1ª facada). Uma vez eleito o Governo, o eleitor não tem qualquer outro tipo de poder, nem forma de exprimir o  que pensa da política e dos políticos. Escrever , é um simples desabafo, não chega para mudar o regime.

Depois do voto, segue-se a liberdade de opinião, algo que devíamos considerar natural e positivo, mas que de nada vale quando essa liberdade não estabelece diferenças entre a verdade e a calúnia.  Por isso, não surpreende que haja cada vez mais gente ligada ao mundo do crime e que os maiores protagonistas sejam precisamente os mais poderosos. É irónico e dramático ao mesmo tempo, mas é a realidade que só o bom povo está à altura de ajuízar. Os outros, os poderosos, entre os quais se inclui a comunicação social, gostem ou não, são os principais responsáveis. Para eles, a liberdade não tem limites. Podem caluniar, perseguir, inventar, mentir às claras, que o patoá da liberdade serve para tudo.

Não admira que tenhamos chegado a um ponto tal, que já nem confiamos em ninguém (como é o meu caso).   Durante estes 44 anos de voto livre, não houve um único homem previdente que acautelasse as fragilidades da liberdade, desaconselhando comportamentos desviantes, e promovendo os bons exemplos. As televisões, algumas propriedade de políticos, foram os primeiros a prevaricar, a eleger a bagunça, a confusão, o deboche, para a sua programação. Alguma vez serão responsabilizados?

Tenho dúvidas. Há demasiada gente metida neste barco imenso de anarquia e corrupção.

22 fevereiro, 2018

É proibido proibir...

Bela expressão esta, talvez a mais utópica e venenosa da Democracia. Senão vejamos: são, ou não são os jornalistas quem mais se agarram a esta treta, e simultaneamente quem mais a usa como ferramenta chantagista para fazerem o que bem entendem?

Ainda só passaram poucos dias, lá estavam eles, em uníssono, em todos os canais de tv a fazer o choradinho do costume, acusando o presidente do Sporting de ditador, de ser contra a liberdade de expressão, quando todos sabemos do currículo corporativista e anti-democrático que lavraram pela sua mão , ao fazerem do resto do país uma colónia de Lisboa.

Não é que Bruno Carvalho seja para levar a sério, porque é mais um vigarista disfarçado de homem de barba rija, mas os jornalistas não são mais respeitáveis. Vejam lá a diferença que há entre a forma como abordam os casos relacionados com o FCPorto comparados com os clubes de Lisboa. Aliás, por que se admiram que a má reputação de que gozam esteja tão radicalizada na sociedade se os melhores profissionais não ousam demarcar-se dos que os envergonham?

O caso mais recente saiu hoje nas 1ªas capas dos jornais com a decisão do Tribunal da Relação considerar ilícita a divulgação dos emails benfiquistas como se tratasse de uma absolvição. O JN, o mesmo jornal que serve de cópia ao telejornal do Porto Canal trazia este título: "Juízes calam FCPorto no caso dos emails". Estão a perceber o sentido destas aberrações entre a fonte de informação e o destinatário? Será que o FCPorto não tem nada a ver com o Porto Canal? De onde vem o capital do Porto Canal, quem paga os salários ao pessoal? Será o Jornal de Notícias? Responda quem sabe, e explique quem pode. 


21 fevereiro, 2018

Francisco J. Marques, é director de Comunicação do FCPorto, não é Presidente!

Não conheço pessoalmente o Francisco J. Marques, nem qualquer dos colaboradores do programa Universo Porto da Bancada, e afins.

Feito o esclarecimento, suponho ficar descartada qualquer suspeita de proteccionismo da minha parte sobre a(s) pessoa(s) em causa, ou interesses de outra ordem.

O que sei (e só posso falar daquilo que sei), é que, goste-se, ou não, Francisco J. Marques é a única personalidade da direcção intermédia do FCPorto que vem dando a cara na defesa do clube.

Vou-me cingir apenas à sua figura, sem qualquer motivação protagonista, porque ele não precisa, nem tão pouco desvalorizar a colaboração dos demais comentadores (que é também importante), mas apenas para simplificar o texto. Seja como fôr, é ele o principal responsável pelo que é divulgado. F.J.Marques, não defende o clube  ao mais alto nível, mas defende-o indirectamente com as revelações das ilegalidades do principal adversário do FCPorto, o que já não é pouco.

Se venho alertando para a possibilidade de o programa UPB correr o risco de banalização, a culpa não é de Francisco J. Marques, é de quem tem a autoridade máxima do FCPorto, e essa pessoa é o presidente Pinto da Costa. Quem se recusa a aceitar a realidade dos factos e aponta para outros alvos a responsabilidade do que está a acontecer, é porque recusa também obedecer à ordem natural das coisas: a  hierarquia das competências. Para mim, a escala não pode ser outra, é a que referi.

No programa de ontem, aconteceu o mesmo que vem acontecendo desde o início, vimos Francisco J. Marques apelar (quase suplicar) mais uma vez ao próprio Governo, e também à Ordem dos Advogados, sabendo  de antemão que não é ele, nem ali, que compete apresentar as devidas reclamações, o que indicia um certo desespero, e alguma impotência. Se há quem o critique por não querer ultrapassar competências que não são suas, não serei eu quem o vai imitar, porque essa é uma maneira mesquinha de atirar FJMarques para a fogueira.

Sou incapaz de fazer juízos de valor enquanto não tenho razões ou indícios para o fazer. Até ver, Jota Marques merece-me consideração e respeito, tanto mais quanto nos tempos de hoje é raríssimo encontrar pessoas dispostas a dar o corpo às balas, como costuma dizer-se. Pelo contrário, nesse triste papel estão a colocar-se figuras com responsabilidades de tôpo no clube, que poucos têm a coragem de censurar. 

PS-Grande victória do FCPorto! Grande bofetada de luva branca no sistema, na bagunça que é o futebol português. A parte negativa foi a lesão de Alex Telles, o melhor jogador do FCPorto, para mim 10 vezes melhor que Brahimi (o menino querido de alguns).           

19 fevereiro, 2018

A hipocrisia dos media lisbonários e o dorminhoco Porto Canal


Quem tem espírito crítico e capacidade para não misturar a crítica construtiva, que busca sempre a perfeição consciente e impossível, sem a confundir com o bota-abaixismo, devia ficar grato, em vez de ficar melindrado. 

Júlio Magalhães, é o Director-Geral do Porto canal, mas não gosta de ser criticado, mesmo que seja pela positiva. Foi nele que apostou o presidente Pinto da Costa para liderar o Porto Canal, e não consta  que lhe tenham sido impostas restrições no alinhamento programático e editorial da empresa, ou  qualquer outro tipo de reservas. Do que não terá sido impedido de fazer, imagino, são  programas de qualidade, de grandes audiências, distantes do lixo big-brotherista dos canais lisboetas. 

Costuma dizer-se que a sorte protege os audazes. Às vezes, é preciso ousar desafiar o déjà vue para fazer dinheiro.  Para o efeito é preciso um pedacinho de coragem e outro tanto de paciência. Há negócios de retorno um tanto lento, mas que dignificam, ao contrário de outros (como as Quintas dos Segredos e os Big-Brothers), que prostituem. Vou sugerir um,  sem estar à espera de receber comissão nem agradecimento, relacionado com a comunicação social. É de borla, mas requere um ingrediente sem o qual não vingará: autenticidade. Quarenta e cinco por cento dos programas de TV são politicamente correctos, o que em português autêntico significa: fictícios. Os outros 45 por cento são socialmente degradantes (mas dão dinheiro), e os 10% residuais, positivos e pedagógicos (uma miséria).   

É o seguinte: num momento em que a Comunicação Social de Lisboa decidiu apresentar um protesto de suposta (digo eu) indignação, contra as declarações polémicas de Bruno de Carvalho (presidente do Sporting) que desaconselhavam a aproximação dos adeptos com a comunicação social, não seria um excelente mote para um programa/debate? Por que não ousar fazer o que ainda nenhum canal português fez sem cuidados corporativistas nem perfídias? Alguém acredita que um programa deste tipo, composto por jornalistas corajosos e íntegros e com um excelente pívôt ia ter pouca  audiência? Que estaria condenado ao fracasso? Eu, não acredito. Só que, atingi um nível de descrença tão grande na classe (como na dos político) que, para mim, o mais difícil é saber se ainda existem em Portugal jornalistas corajosos, mas sobretudo íntegros! Essa, é a minha grande dúvida! Se ainda existirem jornalistas independentes (não à moda de Lisboa, claro), penso que um programa desse tipo só podia ser bem sucedido, sobretudo no Porto (no Porto Canal). Havia tanto, mas tanto mesmo para discutir e esclarecer! Bem organizado, frontal e descomprometido, podem ter a certeza que era um programa de audiência nacional e de verdadeiro serviço público!

A outra dúvida, consiste em saber se o actual Presidente do FCPorto, e seus colaboradores próximos, estariam dispostos a conviver sem preconceitos nesse mundo tenebroso e arrojado chamado frontalidade.  

PS: Não gosto do estilo tresloucado e bronco do presidente do Sporting, e muito menos almejo alguém parecido para o FCPorto. Mas, não deixo de lhe reconhecer alguma razão nas queixas dirigidas à comunicação social. Muitas e mais fundamentadas razões, tem o FCPorto. Daí a ideia de realizar um programa no Porto Canal sobre o jornalismo em Portugal.