24 maio, 2018

Assim se vê a força do FCP!

Mais concretamente, falamos na procissão das velas, em Fátima (em mais uma celebração anual das Aparições de Nossa Senhora aos pastorinhos) , do festival da Eurovisão, em Lisboa e, finalmente, na festa dos campeões de futebol (os últimos foram os primeiros, mas a ordem pode ser arbitrária, conforme os interesses de quem lê…), no coração do Porto, junto à Câmara Municipal.
Por desígnio superior, o tempo esteve lindo, depois de ter chovido na véspera.
Na Invicta, tudo foi azul, do céu ao mar de gente que esteve nos Aliados a agradecer aos seus campeões.
Sinceramente, não estávamos à espera de tanto fervor clubístico! A Praça encheu de um povo ansioso por se juntar aos seus ídolos para, com eles e por eles, poder comungar de mais um momento único que não ocorria há 19 anos!
Primeiro, por birra de um presidente que já passou à história e que, hoje, reside em Lisboa onde deveria ter ficado sempre…
A sua antipática atitude nunca foi justificada pois o clube nada tem a ver com partidos como não tem com crenças e raças.
O FC Porto é um símbolo perene de uma cidade, de uma região e de um país. Quem não entender isto, só lhe resta abdicar do trono. Aliás, os cidadãos do Porto até acabaram por eleger um independente, agora. É bom que todos saibam que os portuenses não gostam de ter amarras nem algemas. De qualquer espécie!
Voltando ao S. João antecipado, temos de referir que jamais imaginaríamos tanta gente unida por uma bandeira, tanta gente ansiosa por demonstrar o amor – ou paixão? – a um emblema, a uma cidade, a um desígnio!
Vimos lágrimas a correr pelas faces de muita gente, vimos pessoas de todo o mundo presente, desde a Europa até à África e à América! O visionário e demente benfiquista que um dia disse que o FC Porto era um clube regional, haveria de estar nos Aliados para se poder aperceber da grandeza de um clube e de uma cidade!
Por isso, aquele que ousou, por razões comerciais, por certo, afirmar que o Benfica tem seis milhões de seguidores das quatro, uma : ou é um grande mentiroso, ou estava doente e em estado de delírio, é analfabeto e não sabe contar ou, então, adora narrar anedotas, por ser um grande humorista!
O Porto deu, pois, sábado à noite, uma sonora bofetada com luvas azuis e brancas a esses sonhadores que constroem a realidade em função dos seus desejos!
Foram muitos os cânticos naquela noite inesquecível de regresso à Câmara, mas um sobressaiu que resume tudo : “Xau, xau, Pentaxau, Pentaxau!…”
Não era uma canção. Era um grito! De raiva contida, de ironia e de esperança no tal futuro que devolva ao clube e aos seus adeptos a capacidade de sonhar. Talvez, a partir de agora, se abra um novo ciclo de fé no porvir assente na autêntica verdade desportiva, passe o pleonasmo.
Por outro lado e, neste contexto, os milhares que estiveram nos Aliados deixaram uma mensagem clara à estrutura e aos dirigentes do FC Porto e que julgo ser a seguinte : um emblema da grandeza do Porto não pode nunca estar quatro anos sem ganhar nada!
Admitia – se isso nos tempos negros da ditadura e do centralismo férreo, em que os presidentes da Federação de futebol eram escolhidos entre os principais clubes de Lisboa! Agora, em democracia, tanta grandeza e nobreza não pode ser desperdiçada, esquecida ou apagada! Há que manter um prestígio que demorou a erguer e que custou a muitos sangue, suor e lágrimas!
Os responsáveis do clube têm de estar à altura dos anseios de uma multidão que no sábado encheu a Avenida dos Aliados.
Se não estiverem, se colocarem os seus interesses pessoais acima dos do clube que dizem amar, então que dêem o lugar a outros!
Assim o exige o passado de glória, o presente de festa e o futuro feito de esperança e de vitórias e conquistas.
O céu é azul! Sempre!
(de Manuel Luís Mendes)
Porto24

22 maio, 2018

Que jornalismo queremos?



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Não há regimes bons, nem próximos da perfeição sem hábitos de integridade, que mais não são que o respeito pela verdade, em tudo o que acontece nas relações humanas. Liberdade, sem Democracia, ou vice-versa, são parcerias sem as quais nenhuma funciona como deve funcionar. Sendo esta mistura o principal pilar das democracias evoluídas, deixa de ser democracia se ambas não fôrem levadas a sério. É isto que acontece com Portugal, e que adultera a génese do regime.

Em Portugal, debate-se muita coisa, mas debate-se com muito sectarismo e pouca profundidade. Os jornalistas não são os principais responsáveis, porque isso cabe aos governantes, mas estão logo a seguir na escala. Insinuam-se sempre como bastiões da Liberdade, mas mistério dos mistérios, são incapazes de debater democraticamente os problemas da classe.

É partindo desta convicção que me coíbo de sugerir algo que não sendo utópico, até parece. Era ver o Porto Canal realizar um programa entre jornalistas (independentes), onde o objectivo final fosse saber porque é que entre a classe há tanta gente com tabus.

A oportunidade é esta. Saber porque há tanto silêncio com o pantanal de corrupção do Benfica, e tanto paleio com outros clubes. Suspeito que a ideia seja bem atendida pela classe e pelo próprio Porto Canal, porque a ser acolhida seria necessário livrarem-se do corporativismo que lhes mina a reputação. 



21 maio, 2018

Um enigma chamado jornalismo


Calculo que os nortenhos habituados a ler o Jornal de Notícias já se tenham apercebido da alteração editorial do histórico matutino portuense nos últimos anos. Foi uma alteração aparentemente subtil no conteúdo, mas muito perceptível em colaboradores, jornalistas, e articulistas. Pode dizer-se sem exagero que para a maioria dos portuenses o pessoal que integra agora o JN é constituído por autênticos estranhos. Alguns dos jornalistas são de outras paragens, incluindo a região de Lisboa...

Sendo um jornal criado por portuenses, e sediado no Porto, caracterizou-se durante muitos anos por se dedicar preferencialmente à vasta região do Norte, sempre com grande sucesso e popularidade. Tal como outros jornais da cidade (já desaparecidos), foram concebidos para dar à região a informação que faltava, dado que os de Lisboa, tal como hoje, dominavam  o mercado e marimbavam-se para o que passava no Norte. Fundamentados num cosmopolitismo espúrio, e numa amplitude territorial oportunista, os resultados  do "novo" JN resumem-se a isto: muito mais Sul que Norte. Precisamente o inverso do que faz a imprensa lisboeta, muita Lisboa, muito sul, e pouco norte, só quando lhes dá jeito.  Eis a razão pela qual não vejo com bons olhos a inclinação centralista de Júlio Magalhães para dar mais palco a Lisboa, quando Lisboa nos rouba o pouco que temos. Não consigo digerir a argumentação que a sustenta, porque é quase como dar pérolas a porcos... 

Por que havemos então de nos espantar, que até o Jornal de Notícias se tenha aliado ao grupo imenso e silencioso de jornalistas, no que à corrupção do Benfica respeita, e agora já fazem artigos sobre o tema "Sporting" nas primeiras páginas do jornal com a maior descontração? Dir-me-ão que o JN foi dos poucos jornais a divulgar o que se ia passando sobre o caso dos emails baseando-se na fonte através do Universo Porto da Bancada, no Porto Canal, mas fizeram-no por razões estratégicas, não espontâneas. Eles sabem que não devem imitar o silêncio dos media de Lisboa, porque daria muito nas vistas, que talvez fosse correr um risco elevado sabendo que a maioria dos leitores é do Porto e do Norte . A verdade é que os jornalistas de 1ª-página sempre se furtaram a falar do Benfica e agora já não lhes falta a "coragem" com o que se passa com o Sporting (ler aqui, e aqui) ! Mas que medos são estes? Que tipo de ameaças receia esta gente toda que a faz falar às vezes até à exaustão com uns, e as remete a um silêncio enigmático com outros?  Que valores éticos explicam comportamentos tão aberrantemente antagónicos? Que descaramento lhes dá o direito de criticar terceiros? Por que não escrevem sobre eles próprios?

A sociedade está minada pela hipocrisia e pelo medo, e quem manda é tudo aquilo que está próximo do vil metal (o eterno Grande Irmão).